Se
pudermos olhar todas as coisas sem permitir a intrusão do prazer
– olhar
uma rosa, uma ave, a cor de um sari [traje
nacional das mulheres indianas, constituído de uma longa peça
de pano que envolve e cobre todo o corpo], a beleza de uma extensão
de água rutilando ao Sol ou qualquer coisa deleitável –
se pudermos olhar assim, sem desejarmos que a experiência
se repita, então, não haverá dor, nem medo e, por conseguinte,
haverá uma alegria infinita. É a luta para repetir e perpetuar
o prazer que o converte em dor. A própria exigência da repetição
do prazer produz dor, porque ele nunca é a mesma coisa de ontem.
[In: Liberte-se do Passado
(título do original: Freedom
From The Known), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]
Ao
buscarmos o prazer, inevitavelmente, haverá dor. Se, entretanto,
desejarmos pôr fim ao prazer, o que significa pôr fim à
dor, deveremos estar completamente atentos à estrutura total do prazer.
Mas, não deveremos repeli-lo, como o fazem os monges e os sannyasins,
que, por exemplo, não olham para uma mulher porque é pecado
e, desta maneira, destroem a vitalidade da própria compreensão.
Cumpre, sim, ver todo o significado e toda a importância do prazer.
Encontraremos, então, infinita alegria na vida, ainda que não
se possa pensar na alegria. A alegria é uma coisa imediata, e, se
nela pensarmos, a converteremos em prazer. Viver no presente é a
percepção imediata da beleza e o grande deleite que nela se
encontra, sem dela procurar extrair prazer. [Ibidem.]
A
vontade de domínio é uma forma de agressão. O santo
que busca posição em sua santidade é tão agressivo
como as aves que se bicam em um aviário. E, qual é a causa
desta agressividade? O medo, não? O medo é um dos mais formidáveis
problemas da vida. A mente que está nas garras do medo vive na confusão,
no conflito, e, portanto, tem de ser violenta, tortuosa e agressiva. Não
ousa se afastar dos seus próprios padrões de pensamento, e
isto gera a hipocrisia. Enquanto não nos livrarmos do medo, ainda
que galguemos o mais alto cume, ainda que inventemos toda espécie
de deuses, ficaremos sempre na escuridão. O medo é uma coisa
terrível, que torce, deforma e ensombra os nossos dias. O medo nada
mais é do que o movimento do certo para o incerto. [Ibidem.]

Black
Pete
(João Bafo de Onça)
—
Eu vivia com medo de tudo.
Medo
de mim, medo dos outros,
de
dormir e de acordar,
de
ir e de ficar,
(das
incertezas) da vida,
do
passado e do futuro,
de
a minha estrela se apagar,
da
sombra dos meus 'pecados'
—
dos que já cometi e dos que cometerei —
dos
maus pensamentos que pensei,
das
más palavras que falei,
das
más ações que obrei,
das
omissões que negligenciei,
do
desamparo e do abandono,
de
me ver como realmente sou
—
de,
talvez, constatar que,
realmente,
eu não sou
o
que eu penso que sou...
The
Picture of Dorian Gray
(O
Retrato de Dorian Gray)
—
De perder o meu emprego,
de não ter dinheiro,
de
ficar a neném,
de
não poder pagar meu plano de saúde,
de
não ter comida,
de
não ter onde morar,
do
frio do inverno,
das
monções e da chuva,
dos
relâmpagos e dos trovões,
das
inundações e dos alagamentos,
dos terremotos e dos derruimentos,
dos
tsunamis e das destruições,
dos
tornados e das assolações,
dos
vulcões e dos incêndios,
das
ditaduras e das torturas,
das
inquisições e das fogueiras,
do
terrorismo e das degolas,
do
PT e do PSL,
do
PSDB e do PCdoB,
da
REDE e do NOVO,
do
SOLIDARIEDADE e do PATRI,
do
PSOL e do PDT,
do
Donald Trump e do Kim Jong-un,
do
Bashar al-Assad e do Vladimir Putin,
do
Nicolás Maduro e do Ali Khamenei,
do
Lobo Mau e do João Bafo de Onça,
dos
Irmãos Metralha e do Coringa...

The
Joker
—
Do que pensam de mim,
do
que não pensam de mim,
de
voltar a prevaricar,
de
voltar a mensalãozar,
de
voltar a petrolãozar,
de
voltar a falcatruar,
de
a Lava Jato me pegar,
de
o Juiz Moro me encanar,
de
voltar a beber,
de
voltar a fumar,
de
voltar a cheirar...
—
De não ser um sucesso,
de
viver derrotado,
de
perder minha posição,
de
ser desprezado,
de ser ridicularizado,
da doença e da dor,
da
velhice e da brochidão,
de
ser dominado,
de
não conhecer o amor,
de
não ser amado,
de
perder os meus pais,
de
perder a minha esposa,
de
perder os meus filhos,
de
perder o meu gato,
de
não corresponder
à imagem que fazem de mim,
do
ponto final e da morte,
de viver num mundo igual à morte
—
um mundo de tédio
sem fim...
—
De
perder a minha fé,
de
perder
a minha força,
de
assombrações e de fantasmas,
de
maus-olhados e de bozós,
de
imprecações e de maldições,
da
Magia Negra,
das
injustiças e dos debacles,
dos
sacis-pererês,
das
mulas-sem-cabeça,
dos
licantropos,
do
seiscentos e sessenta e seis,
de
pecar e de não ser perdoado,
dos
dogmas em que sempre acreditei,
de
escorregar e cair,
do
Dia do Juízo Final,
de
não ser arrebatado,
da
ira e do castigo de Deus,
do
Barco do Caronte,
do
calor do inferno,
do
tridente do demônio...
—
Então, para fugir dos medos,
eu inventava imagens para encobri-los,
que
acabavam produzindo mais medos.
E, cada vez mais, meus medos ficavam maiores!
—
Aí, descobri que meus pensamentos
eram velhos,
e
que meus medos também eram velhos
–
ambos criados pela minha ignorância,
uma
mistura de miragens e de ilusões.
Descobri
que o medo é um movimento único,
que se expressa de diferentes maneiras.
Descobri
que os meus pensamentos
eram os responsáveis pelos meus medos.
Parei
de pensar no passado e no futuro,
e
passei a viver completa e totalmente no presente,
e, assim, minha mente não teve mais medo.
Então,
lentamente, pude Compreender,
em
seguida, Transcompreender.1
E
pude ouvir o Deus do meu Coração,
pude
entrever a Santa LLuz,
pude
ouvir a Sagrada Canção
e
pude, finalmente, me Libertar
de
mim mesmo...
Então,
dancei um pouquinho.

_____
Nota:
1. Algumas
vezes, em outros rascunhos, eu afirmei que só a Compreensão
Liberta. Isto não está inteiramente correto, pois, esta Compreensão
Libertadora é, digamos assim, para menos, porque é racional
(seja dianóica, seja noética). Na realidade, a verdadeira
Libertação é Translibertação, que só
poderá advir da Transcompreensão, que produz um estado de
Transrazão para mais. Mas, Translibertação, Transcompreensão
e Transrazão, ainda que sempre relativas, só poderão
vir a acontecer Iniciaticamente. Não há um substitutivo que
se iguale ou mesmo que supere a Iniciação.
Música
de fundo:
Judgement
Day
Composição e interpretação: D-Devils
Fonte:
http://mp3linova.net/search/Dj+Devil+-+Judgement+Day
Páginas
da Internet consultadas:
https://www.shutterstock.com/
https://allaboutcareerssite.com/
https://www.rvcj.com/
http://rebloggy.com/
https://giphy.com/
https://design.tutsplus.com/
http://disney.wikia.com/wiki/The_Disney_Wiki
Direitos autorais:
As animações,
as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo)
neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar
o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright
são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a
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