Eu
disse que não iria mais tocar neste assunto, mas desisti.
A desgraceira é de tal ordem que eu não posso ficar
calado.
Desde
o início dos protestos contra o Presidente Bashar al-Assad,
mais de dezessete mil pessoas já morreram na Síria.
Outras milhares estão refugiadas, dentro ou fora do país.
Depois destes dezessete meses de caos, durante os quais a violência
se tornou parte do cotidiano, não se vê solução
no horizonte. Mas a oposição garante: os conflitos
só acabarão quando o regime for destituído.
O povo
sírio chegou ao ponto no qual não há retorno.
Ele continuará sua revolução até serem
alcançados todos os seus objetivos, independentemente dos
sacrifícios que custarem, resume Abdulbaset Sieda,
Presidente do Conselho Nacional Sírio (CNS).
A
extensão e o custo humano do conflito sírio desafiam
a diplomacia internacional, que, sem consenso, fracassa na busca
de acordos que pacifiquem o confronto e possibilitem uma solução
política. Abdulbaset Sieda lamenta as vítimas e torce
pela intervenção, mas garante que a resistência
seguirá até o fim, independentemente do que quer e
não quer da comunidade internacional. O
povo sírio sabe que, com certeza, o preço da revolução
será caro, mas muito caro. A menos que ocorra uma intervenção
da comunidade internacional, diz Sieda.
Na
semana passada, o enviado especial da Organização
das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, viajou pelo Oriente
Médio tentando angariar apoio e sondando as posições
dos países para trabalhar em prol da solução
do conflito. A solução, se houver, talvez precise
ser regional, e isto reflete o perigo de o próprio conflito
extravasar as fronteiras sírias e afetar a região
como um todo. O
melhor é que ocorra uma intervenção da comunidade
internacional, antes que seja tarde demais. Caso contrário,
a paz e a segurança regionais estarão em risco,
insiste Sieda.
Até
agora, nós não vimos os esforços internacionais
atingirem o nível exigido, a fim de interromper os ataques
na Síria. Mas, nós dizemos sempre que o nosso povo
não vai parar, mas, vai continuar, sim,
em sua revolução.
E quando o povo perder a esperança de qualquer apoio da comunidade
internacional, ele vai depender de suas próprias forças,
e, então, o País vai entrar em uma guerra interna,
uma guerra que não afetará somente a sociedade síria,
mas irá se mover para as regiões vizinhas. Portanto,
o melhor é que ocorra uma intervenção da comunidade
internacional, antes que seja tarde demais. Caso contrário,
a paz e a segurança regionais estarão em risco,
conclui Sieda.
Eu,
particularmente, não estou convencido de que uma intervenção
da comunidade internacional, como quer o senhor Abdulbaset
Sieda, seja a solução para o problema sírio.
Penso que existam outros meios, que já deveriam ter sido
implementados, para pôr fim à sangueira. Não
se resolve uma hemorragia arrombando mais a ferida ou deixando a
coisa se resolver por si mesma. Mas, enquanto a Federação
Russa e a República Popular da China usarem o absurdo e obsoleto
poder de veto que detêm no Conselho de Segurança da
ONU, o morticínio continuará, pois o senhor Bashar
al-Assad fará de tudo,
como vem fazendo, para não largar o osso. Não por
muito tempo, pois o imbróglio etnocêntrico sírio
está chegando ao fim, mas muitas vidas ainda haverão
de ser ceifadas. E, que ninguém se engane: o que virá
depois também não será um mar de leite, pois,
uma estratégia concertada de entendimento deverá atender
às vontades de sunitas, de alauítas (ramo do xiismo
francamente minoritário na população síria),
dos cristãos e de mais não sei quem.
Matéria
editada da fonte:
http://www.istoe.com.br/r
Observação:
Para entender
melhor toda esta confusão, consulte o texto Síria
à Beira do Abismo, de autoria de Luis Dolhnikoff, no
endereço:
http://www.sibila.com.br/index.php
/mix/2134-siria-a-beira-do-abismo