James
Ingall Wedgewood
A
meditação é, nesta ordem, usualmente dividida
em três estágios: concentração, meditação
e contemplação. A meditação é
uma ciência para toda a vida, de modo que ninguém deve
esperar atingir o estágio da pura contemplação
em seus primeiros esforços. O terceiro estágio –
a contemplação – está além das
palavras. É o relicário inefavelmente real e sagrado
de seu próprio ser – o altar sobre o qual a própria
Divina Shekinah (Graça Divina ou LLuz Primordial Eterna)
se manifesta.
É
de pouca utilidade se pôr a trabalhar na séria prática
da meditação até que o controle e o uso do
pensamento e da emoção tenham sido dominados, e até
que o aspirante tenha saído do estágio de diletante
do ocultismo.
Recolha-se
dentro de você mesmo e olhe. E se você não se
achar belo, faça como o escultor de uma estátua que
a deve tornar bela: ele desbasta aqui, suaviza ali, torna este contorno
mais delicado, aquele outro mais puro, até que se revele
um formoso rosto na estátua. Faça o mesmo: remova
tudo o que é excessivo, endireite tudo o que estiver torto,
leve luz a tudo o que for sombrio, trabalhe para transformar tudo
em incandescente de beleza, e não pare de cinzelar sua estátua
até que de lá brilhe sobre você o divinal esplendor
da virtude, até que você possa ver a bondade final
firmemente instalada no sacrário imaculado. (Sobre
o Belo, Plotino, tradução a partir da versão
inglesa de Stephen MacKenna, apresentada como introdução
na obra Meditação para Iniciantes, de autoria
de James Ingall Wedgewood, 1883 – 1951).
A
meditação consiste na tentativa de trazer à
mente consciente, isto é, à mente em seu estado normal
de atividade, alguma percepção da superconsciência,
de criar pelo poder da aspiração um canal através
do qual a influência do Princípio Espiritual ou Divino
– o Homem Real – possa se irradiar à personalidade
inferior.
'Meditação
é o inexprimível anelo do homem interior pelo Infinito'.
(Helena
Petrovna Blavatsky, apud James Ingall Wedgewood).
Na
meditação, há sempre o desejo de o eu particular
se tornar uno com o Eu Universal.
Na
meditação, o ideal escolhido deve ser abstrato. Poderá
ser uma virtude, tal como simpatia ou justiça; poderá
ser o pensamento sobre a Luz Interna, aquela Divina Essência
que é a realidade mais íntima da natureza humana.
Ela pode mesmo ser reconhecida apenas como uma vaga e pálida
sensação do que há de mais alto em nós.
Ou o ideal pode ser personificado em um Mestre – um Instrutor
Divino.
O primeiro passo na meditação
consiste em cultivar o pensamento até que se torne habitual
que o corpo físico é um instrumento do Espírito.
A estimulação
dos corpos superiores à maior atividade é auxiliada
ao estarmos dentro da aura de pessoas suprafisicamente desenvolvidas.
Como um resultado natural, esta expansão da natureza interna
começa a modificar a consciência desperta, e o conhecimento
do Homem Superior lentamente é filtrado para dentro do cérebro
físico [eu
objetivo].
Conseqüência: o estudante verá seu panorama da
vida sofrendo grande mudança. Uma expansão da consciência
se torna perceptível, novos horizontes de pensamento e de
sentimento se abrem diante de si, e seu ambiente na vida assume
um novo significado à medida que desperta para eles.
'Ajude
a Natureza e trabalhe com ela, e a Natureza o verá como um
de seus criadores e lhe será obediente'. (A
Voz do Silêncio, Helena
Petrovna Blavatsky, apud James Ingall Wedgewood).
Temos
apenas que entender as Leis da Natureza, e, então, se corretamente
selecionadas e aplicadas, elas se tornarão nossas servidoras
obedientes. E o que ocorre lenta e gradualmente no decurso comum
do tempo poderá ser acelerado com um esforço inteligente
e bem direcionado. Por isto, o primeiro exercício do estudante
em meditação pode apropriadamente ter em vista a aspiração
de perceber conscientemente o Homem Superior.
Na meditação,
o estudante deverá começar pensando no corpo físico.
Então, deverá considerar possível controlá-lo
e dirigi-lo, e, então, em pensamento se separar dele. Considere
o corpo físico tão-somente como um veículo,
e se imagine, então, por alguns momentos, vivendo conscientemente
no corpo astral [fora
do corpo físico].
Reflita, então, que o
corpo astral poderá controlar suas emoções
e desejos, e, com um grande esforço, repudie este mesmo corpo
astral, e perceba que ele não é este corpo de paixões,
desejos e emoções em erupção e combate.
Imagine-se, agora, vivendo no corpo mental, e considere, mais uma
vez, que poderá controlar seus pensamentos, e que tem o poder
de orientar sua mente para pensar em qualquer coisa que queira,
e, novamente, com um esforço suplementar, repudie o corpo
mental. Agora, o estudante deverá se deixar pairar na livre
atmosfera do Espírito, onde há Paz Profunda e Eterna,
e, descansando lá por algum tempo, deverá procurar,
com grande intensidade, perceber Aquele que é o seu Verdadeiro
Eu. Depois de alguns instantes, desça novamente, trazendo
consigo a Paz do Espírito através dos diferentes corpos.
Imagine a aura do corpo mental irradiando à sua volta, e
deixe que a influência desta Paz Profunda o inunde, enquanto
reafirma que ele é o Eu que usou o corpo mental como um instrumento
a seu serviço. Então, descendo para o corpo astral,
novamente permita que a Paz Profunda se irradie através da
sua aura, enquanto reafirma que ele é Aquele que usa as emoções
como suas servas. E, finalmente, retorne ao corpo físico,
reconhecendo-o como um instrumento e um centro da divina Paz Profunda,
haja o que houver no mundo.
O iniciante deve sempre ter
em conta que está procurando desfazer hábitos mentais
de anos, e, portanto, não deve se impacientar por resultados
imediatos. Possivelmente, muito tempo poderá passar antes
que sua intuição lhe assegure infalivelmente que há
um Poder Maior dentro de si, guiando suas ações e
moldando seu curso pela vida. Uma prática regular e persistente
é necessária para conduzir à obtenção
de resultados efetivos. Quão nítidos serão
estes resultados e com que rapidez eles aparecerão, naturalmente
dependerá do temperamento, da diligência e das possibilidades
do indivíduo.
O
corpo físico (em suas atividades voluntárias) apenas
vibra em resposta ao Homem Superior. Apartando-se em pensamento
do corpo físico e examinando-o com a fria discriminação
da mente, o estudante deverá tentar perceber que o corpo
físico é apenas um veículo, um instrumento,
uma vestimenta de carne. A fim de que a Consciência –
que é a manifestação do Espírito –
possa contatar o mundo físico, ela deverá habitar
um tabernáculo de matéria física relativo e
afinado àquele mundo físico, pois somente um veículo
físico de consciência pode entrar em relação
vibratória com a matéria física. Pela multiplicidade
de experiências a serem obtidas do mundo físico e pela
gradual adequação do instrumento físico, o
Espírito desdobra seus poderes inatos da latência à
potência.
Pelo
consciente controle da mente, o estudante será capaz de eliminar
à vontade qualquer pensamento inoportuno.
A
partir do momento que o estudante, pela prática da meditação
e por seu reiterado pensamento durante o dia, passar a considerar
a si mesmo como o Homem Interno, trabalhando externamente no mundo
através da instrumentalidade de um corpo físico, poderá,
então, passar para formas mais elaboradas e científicas
de meditação. Ele poderá começar a trabalhar
com o mais completo entendimento de seus vários pormenores
e estágios, considerando a meditação, ao mesmo
tempo, como um meio de regeneração espiritual e de
crescimento – uma ciência de controle da mente e dos
sentimentos fugidios.
Estas
migalhas espirituais foram garimpadas e editadas da obra Meditação
para Iniciantes, de autoria de James Ingall Wedgewood (1883
– 1951), que poderá ser lida no endereço:
http://teosofia.levir.com.br/libris.php?msg
=29#SIGNIFICADO DA MEDITAÇÃO