Meditationes

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Não há quem não seja capaz
de (todos os calabouços) se libertar.

 

 

 

 

 

James Ingall Wedgewood

James Ingall Wedgewood

 

 

 

A meditação é, nesta ordem, usualmente dividida em três estágios: concentração, meditação e contemplação. A meditação é uma ciência para toda a vida, de modo que ninguém deve esperar atingir o estágio da pura contemplação em seus primeiros esforços. O terceiro estágio – a contemplação – está além das palavras. É o relicário inefavelmente real e sagrado de seu próprio ser – o altar sobre o qual a própria Divina Shekinah (Graça Divina ou LLuz Primordial Eterna) se manifesta.

 

É de pouca utilidade se pôr a trabalhar na séria prática da meditação até que o controle e o uso do pensamento e da emoção tenham sido dominados, e até que o aspirante tenha saído do estágio de diletante do ocultismo.

 

Recolha-se dentro de você mesmo e olhe. E se você não se achar belo, faça como o escultor de uma estátua que a deve tornar bela: ele desbasta aqui, suaviza ali, torna este contorno mais delicado, aquele outro mais puro, até que se revele um formoso rosto na estátua. Faça o mesmo: remova tudo o que é excessivo, endireite tudo o que estiver torto, leve luz a tudo o que for sombrio, trabalhe para transformar tudo em incandescente de beleza, e não pare de cinzelar sua estátua até que de lá brilhe sobre você o divinal esplendor da virtude, até que você possa ver a bondade final firmemente instalada no sacrário imaculado. (Sobre o Belo, Plotino, tradução a partir da versão inglesa de Stephen MacKenna, apresentada como introdução na obra Meditação para Iniciantes, de autoria de James Ingall Wedgewood, 1883 – 1951).

 

A meditação consiste na tentativa de trazer à mente consciente, isto é, à mente em seu estado normal de atividade, alguma percepção da superconsciência, de criar pelo poder da aspiração um canal através do qual a influência do Princípio Espiritual ou Divino – o Homem Real – possa se irradiar à personalidade inferior.

 

'Meditação é o inexprimível anelo do homem interior pelo Infinito'. (Helena Petrovna Blavatsky, apud James Ingall Wedgewood).

 

Na meditação, há sempre o desejo de o eu particular se tornar uno com o Eu Universal.

 

Na meditação, o ideal escolhido deve ser abstrato. Poderá ser uma virtude, tal como simpatia ou justiça; poderá ser o pensamento sobre a Luz Interna, aquela Divina Essência que é a realidade mais íntima da natureza humana. Ela pode mesmo ser reconhecida apenas como uma vaga e pálida sensação do que há de mais alto em nós. Ou o ideal pode ser personificado em um Mestre – um Instrutor Divino.

 

O primeiro passo na meditação consiste em cultivar o pensamento até que se torne habitual que o corpo físico é um instrumento do Espírito.

 

A estimulação dos corpos superiores à maior atividade é auxiliada ao estarmos dentro da aura de pessoas suprafisicamente desenvolvidas. Como um resultado natural, esta expansão da natureza interna começa a modificar a consciência desperta, e o conhecimento do Homem Superior lentamente é filtrado para dentro do cérebro físico [eu objetivo]. Conseqüência: o estudante verá seu panorama da vida sofrendo grande mudança. Uma expansão da consciência se torna perceptível, novos horizontes de pensamento e de sentimento se abrem diante de si, e seu ambiente na vida assume um novo significado à medida que desperta para eles.

 

'Ajude a Natureza e trabalhe com ela, e a Natureza o verá como um de seus criadores e lhe será obediente'. (A Voz do Silêncio, Helena Petrovna Blavatsky, apud James Ingall Wedgewood).

 

Temos apenas que entender as Leis da Natureza, e, então, se corretamente selecionadas e aplicadas, elas se tornarão nossas servidoras obedientes. E o que ocorre lenta e gradualmente no decurso comum do tempo poderá ser acelerado com um esforço inteligente e bem direcionado. Por isto, o primeiro exercício do estudante em meditação pode apropriadamente ter em vista a aspiração de perceber conscientemente o Homem Superior.

 

Na meditação, o estudante deverá começar pensando no corpo físico. Então, deverá considerar possível controlá-lo e dirigi-lo, e, então, em pensamento se separar dele. Considere o corpo físico tão-somente como um veículo, e se imagine, então, por alguns momentos, vivendo conscientemente no corpo astral [fora do corpo físico]. Reflita, então, que o corpo astral poderá controlar suas emoções e desejos, e, com um grande esforço, repudie este mesmo corpo astral, e perceba que ele não é este corpo de paixões, desejos e emoções em erupção e combate. Imagine-se, agora, vivendo no corpo mental, e considere, mais uma vez, que poderá controlar seus pensamentos, e que tem o poder de orientar sua mente para pensar em qualquer coisa que queira, e, novamente, com um esforço suplementar, repudie o corpo mental. Agora, o estudante deverá se deixar pairar na livre atmosfera do Espírito, onde há Paz Profunda e Eterna, e, descansando lá por algum tempo, deverá procurar, com grande intensidade, perceber Aquele que é o seu Verdadeiro Eu. Depois de alguns instantes, desça novamente, trazendo consigo a Paz do Espírito através dos diferentes corpos. Imagine a aura do corpo mental irradiando à sua volta, e deixe que a influência desta Paz Profunda o inunde, enquanto reafirma que ele é o Eu que usou o corpo mental como um instrumento a seu serviço. Então, descendo para o corpo astral, novamente permita que a Paz Profunda se irradie através da sua aura, enquanto reafirma que ele é Aquele que usa as emoções como suas servas. E, finalmente, retorne ao corpo físico, reconhecendo-o como um instrumento e um centro da divina Paz Profunda, haja o que houver no mundo.

 

O iniciante deve sempre ter em conta que está procurando desfazer hábitos mentais de anos, e, portanto, não deve se impacientar por resultados imediatos. Possivelmente, muito tempo poderá passar antes que sua intuição lhe assegure infalivelmente que há um Poder Maior dentro de si, guiando suas ações e moldando seu curso pela vida. Uma prática regular e persistente é necessária para conduzir à obtenção de resultados efetivos. Quão nítidos serão estes resultados e com que rapidez eles aparecerão, naturalmente dependerá do temperamento, da diligência e das possibilidades do indivíduo.

 

O corpo físico (em suas atividades voluntárias) apenas vibra em resposta ao Homem Superior. Apartando-se em pensamento do corpo físico e examinando-o com a fria discriminação da mente, o estudante deverá tentar perceber que o corpo físico é apenas um veículo, um instrumento, uma vestimenta de carne. A fim de que a Consciência – que é a manifestação do Espírito – possa contatar o mundo físico, ela deverá habitar um tabernáculo de matéria física relativo e afinado àquele mundo físico, pois somente um veículo físico de consciência pode entrar em relação vibratória com a matéria física. Pela multiplicidade de experiências a serem obtidas do mundo físico e pela gradual adequação do instrumento físico, o Espírito desdobra seus poderes inatos da latência à potência.

 

Pelo consciente controle da mente, o estudante será capaz de eliminar à vontade qualquer pensamento inoportuno.

 

A partir do momento que o estudante, pela prática da meditação e por seu reiterado pensamento durante o dia, passar a considerar a si mesmo como o Homem Interno, trabalhando externamente no mundo através da instrumentalidade de um corpo físico, poderá, então, passar para formas mais elaboradas e científicas de meditação. Ele poderá começar a trabalhar com o mais completo entendimento de seus vários pormenores e estágios, considerando a meditação, ao mesmo tempo, como um meio de regeneração espiritual e de crescimento – uma ciência de controle da mente e dos sentimentos fugidios.

 

Estas migalhas espirituais foram garimpadas e editadas da obra Meditação para Iniciantes, de autoria de James Ingall Wedgewood (1883 – 1951), que poderá ser lida no endereço:

http://teosofia.levir.com.br/libris.php?msg
=29#SIGNIFICADO DA MEDITAÇÃO

 

 

 


 

 

 

Dia colorizado de noite...

Gáudio que foi perdido...

Relembrança que é açoite...

 

Meditei. Apenas encontrei

pesar, pecado e ilusão.

Um dia, não acreditei:

ouvi a Voz do meu Coração!

 

Então, foi o começo de tudo.

E eu – que era demente,

restrito, surdo e mudo –

da LLuz me tornei consciente.

 

Já não preciso mais de estopa.

Nada desejo, nada quero.

Pus de lado a velha chopa

e engaiolei o pé-de-gancho fero.

 

Em mim, vibra uma certa Paz,

que me pede para avisar:

Não há quem não seja capaz

de (todos os calabouços) se libertar.

 

 

 

Do meu calabouço, nasceu minha Rosa!

 

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://bestanimations.com/
Nature/Flora/Roses/Roses2.html

http://pt-br.grandchase.wikia.com/wiki/
Arquivo:Calabou%C3%A7o_de_Gorgos.png

http://www.terrificator.com/
horror-gifs.php?id=243

 

Fundo musical:

Something to Remind You
Composição: Pat Metheny & Lyle Mays

Fonte:

http://www.emiliomendonca.com.br/partitura.htm