Rodolfo Domenico
Pizzinga
(Skrik)
O Grito
Arrematada
ontem, quarta-feira, 2 de maio de 2012, por US$ 119,9 milhões
(cento e dezenove milhões e novecentos mil dólares
americanos), a obra 'O Grito', do pintor norueguês
Edvard Munch (Løten, 12 de dezembro de 1863 – Ekely,
23 de janeiro de 1944), datada de 1893, portanto, tendo sido pintada
quando o pintor estava com trinta anos, representa uma figura em
um momento de profunda angústia e desespero existencial,
e se tornou a pintura mais cara da história a ser vendida
em um leilão. Sete
candidatos lutaram por mais de 12 minutos antes de o martelo descer
e estabelecer o novo recorde mundial, informou a Sotheby's
– Casa onde aconteceu o leilão, em Nova York.
A
fonte de inspiração de 'O Grito' talvez possa
ser encontrada na vida pessoal do próprio Munch, um homem
educado por um pai controlador, que assistiu, quando criança,
à morte da mãe e de uma irmã. Decidido a lutar
pelo sonho de se dedicar à pintura, Munch cortou relações
com o pai e integrou a cena artística de Oslo. A escolha
não lhe trouxe a paz desejada, bem pelo contrário.
Munch acabou por se envolver com uma mulher casada que só
lhe trouxe mágoa e desespero, e, no início da década
de 1890, Laura, a sua irmã favorita, foi diagnosticada com
doença bipolar e internada em um asilo psiquiátrico.
O seu estado de espírito está bem patente nas linhas
que escreveu no seu diário: Passeava
com dois amigos ao pôr do Sol – o céu, de súbito,
ficou
vermelho-sangue
– eu parei, exausto, e me inclinei sobre a mureta –
havia sangue e línguas de fogo sobre o azul escuro do fiorde
e sobre a cidade – os meus amigos continuaram, mas eu fiquei
ali a tremer de ansiedade – e senti o grito infinito da Natureza.
Enfim, 'O Grito'
é considerada como uma das obras mais importantes do movimento
expressionista, e adquiriu um status de ícone cultural,
a par da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci (1452 – 1519).
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ritam
os que nada têm,
exorando uma côdea
de pão.
Gritam os que tudo têm,
para arrematar em um leilão.
ritam
os esquecidos
por um tico de solidariedade.
Gritam os bem-nascidos
para ostentar sua uberdade.
ritam
os injustiçados,
imputados de estorvar
a ordem.
Gritam os paus-mandados,
a vantajar com a desordem.
ritam
os pobres animais
massacrados e vivisseccionados.
Gritam os empedernidos
boçais,
mas compensarão
compulsados.
ritam
os indefesos vegetais
horizontalizados e calcinados.
Gritam os que só
querem mais,
mas a retribuir serão
chamados.
ritam
os que já morreram;
mas, quem os pode escutar?
Egotistas, enquanto viveram,
se esqueceram de fraternizar.
ritam,
atormentados,
os perversos e os assassinos.
Por eles, oram, contristados,
os bem-amados Pequeninos.