Não
existe tal coisa chamada acidente ou, pelo menos, um acidente que termine
em fatalidade. A vida de qualquer pessoa, quanto à sua duração,
é geralmente determinada antes do nascimento. Mas há certas
ocasiões na vida em que nos deparamos com algumas encruzilhadas no
caminho, onde certas oportunidades de crescimento são colocadas diante
de nós, que poderemos aceitá-las ou deixá-las escapar.
Quando falhamos em aproveitar estas oportunidades, a vida se precipita em
um beco sem saída, terminando logo em seguida. No entanto, este não
é geralmente o caso que ocorre em um acidente. Pode haver certas
razões pelas quais é preferível que o homem seja arremessado
para fora do seu corpo de maneira violenta. Ele fica na mesma situação
que todos os outros quando morrem; inicia imediatamente sua existência
no Purgatório. No caso da vítima de um assassinato, como no
caso do suicida, é diferente. O homem, devido à sua natureza
divina, é o único ser que possui a prerrogativa de desordenar
o esquema do seu desenvolvimento. Da mesma forma que pode pôr fim
à sua vida usando a própria vontade, também pode pôr
um fim à vida do seu próximo antes que o tempo dele tenha
chegado. O sofrimento do suicida seria também o sofrimento da vítima
do assassinato, pois o arquétipo do seu corpo estaria juntando material
que vai ser impossível assimilar. Mas, no seu caso, a intervenção
de outras entidades impede este sofrimento, e ele será encontrado
vagueando aqui e ali no seu Corpo de Desejos, em um estado letárgico,
pelo período de tempo que teria normalmente vivido. Se o assassino
for levado à justiça e condenado à pena capital, a
tração magnética irá levá-lo para junto
de sua vítima, que permanecerá constantemente diante de sua
visão, e isto é realmente um castigo bem mais severo do que
qualquer outro que poderia lhe ser dado. Todavia, a vítima não
sabe nada da presença do assassino.
Regozijar-se
quando uma criança nasce e lamentar quando a morte a libera, é
o mesmo que se alegrar quando um amigo é preso, e chorar e deplorar
histericamente quando é posto em liberdade.
A
morte não existe.
De
forma geral, durante o ato da prece, a postura do corpo é secundária.
É o fervor e a sinceridade que tornam a oração eficaz.
Embora
seus joelhos nunca se dobrem,/De
hora em hora ao céu suas preces sobem./E sejam elas para
o bem ou para o mal formuladas,/Ainda assim são respondidas
e gravadas. (Ralph
Waldo Emerson, 1803 – 1882).
A
faculdade de emitir um pensamento e o poder que este pensamento tem para
cumprir o propósito pelo qual foi enviado depende da nitidez mental
do pensador no visualizar aquilo que deseja realizar.
Aqueles
que chamamos de mortos não se afastam geralmente da casa onde viveram
senão algum tempo depois de ter ocorrido o funeral. Permanecem nos
aposentos familiares e se movimentam ao nosso redor, embora invisíveis
para nós, Naturalmente, quando chega o momento em que devem prosseguir,
não permanecem mais nas nossas casas, mas nos visitam freqüentemente,
até não terem mais consciência desta esfera física,
no sentido de terem lares, amigos ou parentes.
Não
há poder transformador na morte. A morte não acrescenta qualquer
habilidade especial, e uma pessoa falecida não influenciará
realmente nos nossos problemas, de forma que não seria correto considerá-la
como nosso anjo guardião. Os mortos são meros espectadores
interessados, com exceção de alguns poucos casos específicos
em que um amor intenso os capacita a nos dar algum ligeiro auxílio
em caso de grande necessidade. Este auxílio, no entanto, nunca seria
usado para nos enriquecer ou qualquer coisa desse gênero, mas uma
forma de nos avisar de algum perigo ou algo parecido.
Uma
das maiores bênçãos conferidas ao homem consiste em
nada saber sobre suas prévias experiências [encarnações]
até que tenha alcançado um avanço espiritual considerável,
porque há nas nossas vidas passadas (quando éramos bem mais
ignorantes do que somos agora) atos sombrios que requerem justa compensação.
Esta dívida está sendo liquidada gradualmente. Se tivéssemos
conhecimento das nossas vidas passadas ou se soubéssemos como e quando
a Lei de Causa e Efeito atuaria, trazendo-nos a retribuição
por faltas passadas, veríamos esta calamidade suspensa sobre nós,
e o temor do nosso destino nos despojaria da força de vontade para
enfrentar a retribuição, e, no momento do ajuste, nos encontraríamos
amedrontados e indefesos. Não sabendo o que aconteceu anteriormente,
não precisaremos saber o que nos espera. Portanto, aprenderemos as
lições sem estarmos despojados da nossa determinação
em virtude do medo. Além disto, para aqueles que desejam saber, existem
certos meios de reconhecer as lições que temos de aprender
e qual a melhor forma de proceder. Por exemplo, a nossa consciência
nos diz o que temos ou não de fazer. Se nos sentirmos inclinados
a estudar a ciência da Astrologia, o horóscopo revelará
nossas tendências e as linhas de menor resistência. Trabalhando
com estas Leis da Natureza, poderemos avançar rapidamente e, na medida
em que seguirmos os ditames da nossa consciência e estudarmos mais
as Leis Cósmicas, tais como reveladas pela Astronomia, mais rapidamente
estaremos em condições de receber o conhecimento direto. Em
Zanoni, Bulwer Lytton fala-nos de um espectro temível que encontrou
com Glyndon, quando este tentava dar um passo no caminho do desenvolvimento
ainda não alcançado. No ocultismo, este espectro é
chamado O Guardião do Umbral. No intervalo entre a morte e um novo
nascimento, este Guardião do Umbral não é visto pelo
homem, mas é a incorporação de todas as suas más
ações passadas, que devem primeiro ser superadas por quem
deseja penetrar nos mundos internos conscientemente e atingir um conhecimento
pleno das condições ali existentes. Mas, há também
outro Guardião, que é a incorporação de todas
as nossas boas ações, e podemos afirmar que ele é o
nosso Anjo da Guarda. Se tivermos a coragem de passar pelo espectro hediondo,
percebido primeiro por ser formado da grosseira matéria de desejos,
obteremos logo o auxílio consciente do outro Guardião. Então,
teremos a força de resistir sem medo às tormentas malignas
que atingem todos os que se esforçam por trilhar o caminho do altruísmo.
A
entrada dos espíritos nos corpos humanos, como são constituídos
atualmente, começou no estágio da solidificação
do mundo, conhecido como a Época Lemúrica. O processo completou-se
inteiramente nos meados da Época Atlante – período de
tempo que se estendeu por milhões de anos. Desde então, não
houve mais ingresso de espíritos na Terra. A porta está definitivamente
fechada. Temos atualmente evoluído tanto que aqueles que, naquela
época, não conseguiram alcançar o estágio para
manipular um corpo humano, estariam muito atrasados em relação
a nós, e seria impossível que acompanhassem o nosso desenvolvimento.
Desde aquela época, os espíritos que incorporaram formas humanas
têm evoluído através de repetidos renascimentos. Assim,
sem exceção, cada um dos seres humanos existentes atualmente
na Terra encarnou em diferentes épocas e lugares.
Retornamos
à esta Terra até aprendermos as lições que podem
ser aqui vivenciadas.1
O
progresso é ilimitado; logo as limitações são
impossíveis.2
As
nossas antipatias e simpatias instintivas são guiadas por experiências
anteriores que, geralmente, mostrarão ser confiáveis à
luz de experiências posteriores.
Geralmente,
esquecemos tudo sobre as experiências pelas quais passamos durante
a aprendizagem, mas a nossa faculdade permanece e está pronta para
ser usada a qualquer momento. De uma maneira similar, as experiências
obtidas nas diferentes vidas são geralmente esquecidas pelo homem,
mas as faculdades que cultivou permanecem e estão prontas para serem
usadas quando forem necessárias.
Embora
não lembremos, sempre retemos as faculdades cultivadas em nossas
vidas passadas e podemos pô-las a nosso serviço. É isto
que faz a diferença entre um homem e outro; entre o ignorante e o
sábio.
A força centrífuga
de repulsão – que tende a expelir as imagens dos desejos, das
cobiças, das paixões e dos maus atos cometidos – é
o que causa a dor experimentada nas regiões inferiores do Mundo do
Desejo.
Há
uma doutrina entre algumas das tribos mais ignorantes do Oriente que apregoa
a teoria da transmigração, segundo a qual o espírito
humano pode encarnar nos corpos de animais. Mas isto é bem diferente
da doutrina da reencarnação, que sustenta que o homem é
um ser em evolução, progredindo através da escola da
vida por meio de repetidos renascimentos em corpos de textura gradualmente
aprimorada. A transmigração é uma impossibilidade em
a Natureza, pois há em cada corpo humano um espírito interno
individual, enquanto cada categoria de animais é regida por um espírito
comum – o Espírito-grupo – do qual todos animais formam
uma parte. Nenhum Ego autoconsciente pode entrar em um corpo governado por
outro.
Quando
lidamos com um problema matemático, não nos preocupamos em
saber quem o resolveu primeiro. Tudo quanto nos interessa é: será
que foi adequadamente resolvido? Da mesma maneira, com a Doutrina-lei da
Reencarnação não importa quem a formulou primeiro,
mas é a única que resolverá todos os problemas da vida
de uma forma racional. A teoria segundo a qual um homem, que talvez jamais
tenha demonstrado interesse pela música e que nunca teve noção
dos fundamentos da harmonia, desenvolverá imediatamente, após
a sua morte, uma insaciável paixão por esta arte e ficará
feliz em tocar uma trombeta ou dedilhar uma harpa por toda a eternidade
é um tanto ridícula.