O
mercado se rege por critérios de eficiência e rentabilidade,
não de justiça ou de eqüidade. Ele é um soberbo
órgão de criação de riqueza, mas não
um mecanismo competente de distribuição de renda.
Pessoalmente,
há muitos anos, eu me espanto com a irresponsabilidade de alguns
intelectuais, que tendem a minimizar, em nome de uma vesga modernice, o
problema do ensino básico, da alfabetização, de dotar
as pessoas com instrumental mínimo do pensamento articulado, que
é a capacidade de falar e de escrever corretamente. Fala-se mal,
escreve-se mal, pensa-se mal no Brasil.
O rigor intelectual não é
inimigo do bom humor.
Se você quer estudar letras,
prepare-se: que idéia faz você, já não digo da
metalinguagem, mas, pelo menos, da gramática generativa do código
poético? Qual a sua opinião sobre o rendimento, na tarefa
de equacionar a literariedade do poemático, de microscopias montadas
na fórmula poesia da gramática/gramática
da poesia? Quantos actantes você é capaz de discernir na textualidade
dos romances que provavelmente (tres-)leu? E que me diz do 'plural do texto'
de Barthes – é possível assimilá-lo ao genotexto
da famigerada Kristeva? Sente-se você em condições de
detectar o trabalho do significante no 'nouveau roman', por exemplo, por
meio de uma 'decodificação semannalítica' de bases
glossemáticas? Ou prefere perseguir a 'significância', mercê
de alguns cortes epistemológicos, no terreno da forclusão,
tão limpidamente exposta no arquipedante seminário de Lacan?
Citar
em profusão não é necessariamente um pedantismo.
No epílogo das cinco estações
entre o verão setentrional de 1989 – a chamada Revolução
de 1789 – e o aprofundamento da crise do Leste europeu, a que se veio
somar o conflito do Golfo, a fermentação política desse
inquietante virar-a-década soa como um desmentido brutal à
tese do ex-diretor-adjunto de planejamento no Departamento de Estado, Francis
Fukuyama, sobre 'o fim da História'. E que desmentido, se considerar
a presunção profética desse harvardiano transformado
em tecnocrata das relações internacionais! A História
continua quente, nem há dúvida – quente, explosiva e
imprevisível. Em vez de assistirmos ao seu fim, o que estamos é
testemunhando a agonia do historicismo: a morte – já vai tarde!
– das arrogantes teorias de uma lógica da História.
Um
dia, lá se vão vários anos, no solar da Rua D. Mariana,
com a meiga e tácita aprovação de Dona Annah, sua esposa
e companheira de toda a vida, Mestre Afonso Arinos decidiu me presentear
com uma foto histórica: o instantâneo de sua passagem do cargo
de Ministro das Relações Exteriores a seu velho amigo San
Thiago Dantas. Guardo com o maior carinho esse emblema da nossa aristocracia
política. Arinos e San Thiago sorriem um para o outro na serena alegria
de uma cumplicidade patriótica, acima e além de tudo quanto
a política possa conter de mesquinho. Quando é que esse escol
servirá de escola entre nós? Os liberais da era Afonso Arinos
eram juristas e tribunos como ele; os de hoje são sociólogos
e economistas, raça que ele, discreta e algo preconceituosamente,
tendia a desprezar. Não importa: a política da
liberdade não precisa só de lucidez econômica. Precisa
também de inspiração humanística
como a que nós íamos tantas vezes beber, entre livros e pássaros,
no seu velho casarão de Botafogo, no convívio inigualável
de Afonso Arinos, nosso último patrício. (Negrito
e sublinhado meus).
Você
não precisa ser marxista para se preocupar com justiça social
e querer corrigir abusos, onde eles se manifestem.
Sobre
Gláuber Rocha: Com a lucidez da sua loucura, é
o melhor sismógrafo da turma de 60.
Depois
que a crítica moderna descobriu, pela experiência de Auschwitz
e Dachau, o realismo premonitório de Kafka, depois que foi levada
a revelar o visionário como origem mal disfarçada de muito
realista tido por exemplar – Hoffmann como fonte de Balzac –
já não parece haver dúvida sobre a legitimidade do
imaginário enquanto realismo.
A
análise imanente e a análise cultural do discurso literário
podem vir amalgamadas.
O fantástico só se
realiza quando o extraordinário abrange um universo completo. Porém,
desse universo, que rompe a norma do natural, qual é a lei suprema,
a lei que autoriza a inversão das regras ordinárias? 'É
a revolta dos meios contra os fins', responde Sartre. No mundo do fantástico,
os objetos-meios se esquivam ao nosso uso, rebelam-se contra os fins que
lhes são normalmente assinalados.
O
homem que constata o absurdo renuncia a todos os projetos; não reconhece
mais nenhuma finalidade. O herói do mundo fantástico, entretanto,
continua perseguindo os fins num universo que a insolência dos meios
torna hostil, torna cruel, torna indecifrável – mas não
absurdo.
Se
o fantástico é um universo completo, vale dizer, onde tudo
é homogeneamente extraordinário, no plano do visionário
o mundo é, diversamente, um universo misto. Misto ou híbrido,
no universo visionário convivem o insólito e o natural, o
maravilhoso e o vulgar. O plano do visionário é eminentemente
transitivo: nele, o espantoso irrompe e desaparece com a mesma naturalidade.
Seu ingresso abrupto e sua não menos brusca reconversão ao
natural são fenômenos freqüentes numa esfera em permanente
processo. Em oposição ao estático do fantástico,
o mundo visionário é vivamente dinâmico. Heterogêneo,
aí se chocam vários elementos contraditórios, num procedimento
dialético jamais reduzido à imobilidade. Nenhuma situação
é fixa; nenhuma se exime de ser envolvida pelo processo. Assim, se
os meios, às vezes, se rebelam, se os utensílios ameaçam
trair sua função, nunca se pode dizer, do homem desse universo,
que tenha perdido sem apelação a liberdade de sua consciência.
O habitante do visionário não é, como o do fantástico,
um burocrata medular. Ele perde-e-recupera, perde-mas-recupera o seu 'status'
humano de detentor supremo de finalidades. Tampouco habita um mundo sem
significação (absurdo) ou de significação irremediavelmente
oculta (fantástico). Por mais que vacile, por mais que se contradiga,
atribui sempre ao mundo um sentido inteligível, de leitura parcial
e não raro difícil, mas nunca impossível. A concepção
do mundo do visionário é, portanto, aberta ao entendimento
de uma lógica do acontecer, de uma razão histórica
e de uma ordem temporal – embora não seja esta simplesmente
linear.
O
rótulo de libertário é efetivamente o melhor para indicar
Michel Foucault enquanto teórico social. Mais precisamente, ele foi
(mesmo que não tenha utilizado essa palavra) um anarquista moderno.
Em sintonia ainda mais acentuada com a mais pura tradição
anarquista, Foucault era convicto na sua falta de crença nas instituições
(mesmo naquelas revolucionárias, como demonstra a dissensão
em relação aos maoístas no que diz respeito à
justiça revolucionária, concebível somente além
dos ritos, estruturas, tribunais e coreografias típicas da burguesia).
Negativismo e irracionalismo são os elementos de fundo na crítica
radical da contracultura contemporânea, que Foucault e Marcuse representam,
oficializando seu matrimônio com o Anarquismo, com prejuízo,
assim, para o Marxismo.
Quanto
a essa questão de corrente fria do Marxismo e corrente quente do
Marxismo, eu sempre achei que isso era um Marxismo de torneira.
Como
dizia meu saudoso amigo Murilo Mendes, 'precisamos ser contemporâneos,
e não apenas sobreviventes de nós mesmos.'
Nenhum
exílio pode servir de álibi para a esterilidade intelectual.
No
Brasil, quem sabe três coisas é considerado gênio por
quem sabe duas. Um dia, alguém vai demonstrar que minha famosa erudição
não passa de uma imagem em negativo da famigerada ignorância
das pessoas a quem ela incomoda.
Em
Quincas Borba, em que o motivo da dissimulação já preludia
D. Casmurro, a arte machadiana se compraz na retórica do subentendido.
Nesse estilo velado, impera a metonímia: o registro dos efeitos sugere
as causas, sem explicitá-las. Por exemplo: o constrangimento ambíguo
de Palha, quando Sofia lhe conta a declaração de amor que
lhe fez Rubião, transparece na lacônica referência ao
seu gesto.
Boa
consciência e má-fé andam de braços dados.
Em
certo sentido, a sociedade industrial é – quanto mais avançada
–
profundamente igualitária: vê a cena social inteira pelos óculos
da igualdade, e, ao contrário das sociedades pregressas, não
considera o princípio da hierarquia ou da desigualdade algo intrinsecamente
legítimo. Na nossa cultura, a desigualdade, como, aliás, a
autoridade, têm sempre que se justificar –
o que por si só
revela a alma igualitária, tocquevilleana, da sociedade moderna.
O Estado não é só
o Governo.
Sobre
o debate intelectual no Brasil: Uma das características
defeituosas do nosso debate intelectual – quando ele ocorre, pois
a outra característica é que ele é muito subdesenvolvido
e raramente ocorre
– é
a tendência à imediata ideologização. Os problemas
são sempre apresentados de maneira abstrata, principista e apriorista.
Portanto, o coeficiente de análise empírica, de exame concreto
de realidades verificáveis, é muito pequeno. O irlandês
Oscar Wilde dizia que os patrões falam de coisas e os criados de
pessoas. No debate político e intelectual brasileiro, há muito
pouca gente falando de coisas ou pessoas. Fala-se de noções
abstratas. O resultado, em outras palavras, é que se restaurou no
Brasil o estilo escolástico de debate. Uma das melhores definições
de escolástica como estilo retórico diz que ela era uma maneira
precisa de falar de coisas vagas.
Não
se pode sacralizar a pureza do intelectual nem demonizar o poder do Estado,
que não é um mal em si.
A vanguarda é uma forma extrema
de arte pela arte, e nisso é herdeira do Romantismo. Mas, ao passo
que românticos como Shelley, Lamartine e Hugo acreditavam no progresso,
os modernistas são socialmente reacionários. É o caso
de Yeats, Eliot e Pound.
Os
neoliberais brasileiros – que, aliás, andam precisando de correção
semântica, pois na verdade são paleoliberais1
–
juntaram-se à
esquerda nessa festa de rejeição do Estado. Porque num país
como o nosso o Estado é, ou pelo menos deve ser, um promotor de progresso,
do equilíbrio social. Mas os paleoliberais rejeitam essa função
do Estado, e, por isso, se juntaram aos gramscianos na criação
do mito da sociedade civil, chamada a resolver os problemas brasileiros
sem a interferência do Estado ou contra ela. Isso é uma bobagem.
No
fundo da visão conservadora, existe um elemento muito positivo, que
consiste em acreditar que nem todos os males humanos têm causas sociais,
sendo, portanto, elimináveis através de mudanças sociais.
Do lado liberal, a idéia básica, também verdadeira,
é que a finalidade do Estado é dar segurança, sem esclerosar
a sociedade com um sistema demasiado refratário à iniciativa
individual. Enfim, o Socialismo tem de válida a idéia de que
o pessimismo antropológico, por trás da posição
conservadora, não deve ter o poder absolutista de evitar as reformas
sociais citadas pelo reformismo esclarecido.
Teses
não são necessariamente feitas para ser publicadas. Na Inglaterra,
que tem excelentes costumes acadêmicos, encontram-se intelectuais
notáveis, reputadíssimos, que aos sessenta anos, com uma carreira
acadêmica plenamente realizada, têm dois ou três livros
publicados. Mas são livros de verdade.
O
método de organizar autores por ordem cronológica é
um equívoco. O importante é a tendência literária,
não a cronologia.
Meu
agradecimento só pode tomar a forma de uma renovada fidelidade à
defesa das letras contra toda superstição ideológica.
A
vanguarda brasileira anda muito quieta, tão quieta que não
a estou notando, ou se dissolveu, e não sou eu quem vai botar luto
por isso. A última vanguarda fecunda no Brasil foi a de 1922 –
a geração modernista.
O
luxo de ontem virou o conforto ao alcance de muitos Na sociedade moderna,
a posição do indivíduo não é predeterminada;
a desigualdade deixou de ser um destino.
O
progresso é um crescimento cumulativo que jamais poderia ser
totalmente planejado. Nesse sentido, o progresso é um processo de
adaptação bem sucedida, não um construto laboratorial.
A
Economia, e não a guerra, foi o veículo institucional do salto
para o progresso enquanto condição permanente da civilização.
O Igualitarismo da retórica
dos regimes socialistas não agüenta a acareação
com a realidade. A 'nomenklatura' soviética reforça o mito
por trás dessa crença. O igualitarismo pratica o que a distopia
de Orwell enfatiza: todos são iguais, mas uns são bem mais
iguais que os outros...
'É
mais fácil encontrar gente apta a se governar a si
mesma do que gente apta a governar os outros.' (Lord
Acton, apud Merquior).
O
império da lei é justamente o que compatibiliza o princípio
da ordem com o ânimo individualista da cultura moderna.
A
natureza do processo é o progresso da liberdade.
No
Brasil, há uma intelectualidade, mas não uma 'intelligentsia'.
A diferença entre uma coisa e outra é a mesma que distingue
o gênero da espécie. A 'intelligentsia' é
um tipo de intelectualidade. Um tipo cujo modelo histórico foram
os intelectuais da Europa oriental no século passado, sobretudo no
império czarista. O que a caracteriza é a separação
em que os intelectuais vivem em relação à sociedade.
São párias, até pela situação de sua
renda e seu status. Os intelectuais brasileiros mais radicais, não
são párias de nossa sociedade, nem pela renda nem pelo 'status'.
Se disserem que são, eu respondo com uma gargalhada. Eles se beneficiaram
do progresso econômico, subiram socialmente nos últimos anos
como o resto da classe média. Por isso, têm uma retórica
muito radical. Fingem que são uma 'intelligentsia'. Mas, na prática,
se comportam como um setor do salariado, têm impulsos corporativistas.
No
Brasil,
quando um intelectual se sente incomodado por um crítico, ele
não contra-ataca as idéias do crítico; ataca o próprio
crítico.
Uma
das características de toda seita é o puritanismo, a intransigência
no plano da conduta e o dogmatismo.
O
mal da grafocracia (termo cunhado pelo marxista austríaco Karl Renner,
depois da II Guerra, para designar essa vocação moderna do
intelectual para exercer o poder através do que ensina ou escreve)
é que, com ela, o humanismo deixa de ser um movimento intelectual,
para se transformar em uma ideologia, no sentido marxista da palavra, isto
é, um sistema que reflete os interesses de uma camada intelectual
que se comporta como clero.
Minha
preocupação com a erudição é instrumental.
Quero equipar-me com ela para tratar de determinados problemas. Mas essa
conversa do erudito que leu o último livro é uma bobagem.
Ninguém leu o último livro. Essa época acabou na Renascença,
quando as grandes bibliotecas tinham 500 volumes. A minha tem 7.000 volumes
e não tem o último livro. Por outro lado, a erudição
também vai ganhando um ar pejorativo, que serve para descartar certas
idéias, um certo tipo de pensamento a pretexto de que 'são
coisas de erudito'. A insinuação é de que existe outro
saber, por graça infusa, que dispensa seus iluminados do trabalho
de serem eruditos. Basta estar na posição 'correta'. Eu gostaria
de saber quem dá esse atestado de dispensa.
Eu
me sinto um pouco um iluminista. Tenho confiança no progresso, acredito
no progresso pela racionalidade. Essa crença já foi característica
dos socialistas, mas, hoje, os socialistas mais sofisticados abandonaram
seu compromisso histórico com o Evolucionismo. Direita e esquerda
ficaram muito parecidas neste aspecto: o repúdio aos tempos modernos.
Adorno, que se proclamava neomarxista, chamou nossa época de satânica.
No século XVIII, quem acreditava no progresso eram os filósofos.
Atualmente, intelectual que acredita no progresso é coisa rara. Hoje
em dia, quem acredita no progresso, felizmente, são as massas.
No
reino dos mestres e doutores em letras, há os que entendem (quando
entendem) de um autor e de um método, mas não entendem lhufas
de Literatura.
O
autor compõe. O público interpõe. O crítico
decompõe. Mas a obra dispõe.
Antes
de verter lágrimas de crocodilo ante a perspectiva de emagrecimento
do Estado, nossa esquerda bem pensante deveria compreender que, além
de ser bastante ineficiente como amo e senhor da Economia, o Estado latino-americano
típico, e o brasileiro em particular, está longe de ser filantrópico.
Nosso Estado 'social', na verdade, reproduz privilégios, ao mesmo
tempo em que cerceia a dinâmica de crescimento por alimentar a inflação
crônica, interminavelmente reabastecida pelas atitudes e demandas
cartoriais de grupos sociais particularistas. Por isto, emagrecer o Estado
– o que não significa, ao contrário do que pretende
o Liberalismo conservador, aboli-lo ou reduzi-lo a mero gendarme –
é um imperativo atualmente embutido na própria exigência
das reformas de estrutura sugeridas pelo diagnóstico das nossas taras
sociais. Pois somente o emagrecimento do Estado permitirá a redefinição
de suas funções, em favor do social e do planejamento sem
estatismo... Uma vez emagrecido e agilizado (emagrecido para se tornar mais
ágil) o Estado fica de mãos livres para promover o investimento
público produtivo... E este Estado, fiscalmente forte e investidor,
ganha condições de realizar duas coisas essenciais à
melhoria do nível de vida popular: (a) gera, direta e indiretamente
empregos; e (b) torna-se apto a atacar, com vigor e escalas inéditos,
programas de alto sentido social na área da saúde, da moradia
e da educação.
Em
uma reunião no Palácio do Planalto, com vistas a impedir a
construção do Memorial JK, desenhado por Niemeyer, Merquior
fez o seguinte comentário aos adversários do projeto:
Acaba de sair em Londres uma obra importante, 'Makers of Modern Culture',
onde só foram incluídos dois brasileiros: Carlos Drummond
de Andrade e Oscar Niemeyer. Peço considerarem o fato. O
Memorial acabou sendo erguido.
É
a conjunção de Estado forte e Economia dinâmica que
reduz os diferenciais de renda, aumentando o consumo de massa pela constituição
definitiva de um amplo mercado interno. O distributivismo imediatista, inibindo
a Economia pelo afugentamento do lucro, só é 'social' de maneira
fugaz e contraditória. No fim da linha, seu resultado não
é o bem-estar da população, e, sim, o empobrecimento
causado pela desarticulação da máquina econômica.
E sabemos que esse distributivismo escamoteia a reforma do Estado, privando-se,
assim, do mais poderoso instrumento de superação das iniqüidades
da nossa estrutura social.
Aquilo
que as sociedades modernas aspiram positivamente não é o igualitarismo
da miséria, a justiça na penúria, e, sim, a participação
livre e razoavelmente igualitária nos frutos do progresso e do conforto.
O Socialismo, em suas origens intelectuais,
não era uma teoria política, e, sim, uma teoria econômica.
Mais precisamente, uma teoria que procurava reorganizar a sociedade industrial.
Os primeiros ideólogos socialistas – os que Engels chamou de
'socialistas utópicos' –
simplesmente não
cogitavam de instituições políticas. O Socialismo só
se politizou com Marx, que fundiu a crítica do Liberalismo Econômico
com a tradição revolucionária e igualitária
do Comunismo.
Os
contatos entre a Antropologia e a Psicanálise foram, em seu começo,
marcados pela hostilidade dos antropólogos às generalizações
freudianas tipo Totem e Tabu (1913), onde a 'explicação' da
cultura em termos de impulsos da libido não podia resistir à
seriedade crítica. Ainda por cima, Freud extraiu a maior parte de
seu material antropológico, de maneira freqüentemente ingênua,
do Evolucionismo e da Antropologia de 'gabinete' do século XIX e
dos inícios do atual: de Spencer e Wundt, de McLennan e Taylor, de
Lange, sobretudo, de Frazer. Em tais condições, o prazer bem
maligno de Malinowski, ao arrasar a aplicação ortodoxa do
complexo de Édipo ao estudo das origens culturais, encontra sua razão
ao combate que a Antropologia moderna, sob o signo do Funcionalismo, moveu
contra os 'pais' oitocentistas dessa ciência. O Determinismo e o Unilateralismo
interpretativo de livros como Totem e Tabu, tanto nas fontes quanto na orientação,
só poderiam indignar as novas tendências antropológicas.
Ao
contrário de Freud, Jung teve uma longa vivência clínica
da loucura, e nessa sua prática terapêutica se enraíza
uma de suas melhores contribuições à teoria psicológica:
a distinção entre introversão e extroversão.
Procurando captar a especificidade do comportamento esquizofrênico,
ele supôs que este consiste numa tentativa, por parte do doente mental,
de conferir sentido à sua experiência, protegendo-se do mundo
hostil (é fácil reconhecer o quanto essa caracterização
se aplica como uma luva às paranóias). Até aí,
tudo perfeito. Mas acontece que, ao construir sua Psicologia Analítica
como visão do mundo, Jung partiu para uma generalização
indébita, descrevendo o homem moderno como alguém no fundo
tão necessitado quanto o esquizofrênico de dar sentido à
sua vida.
No
Brasil, temos, ao mesmo tempo, Estado demais e Estado de menos. Demais na
Economia, onde o Estado emperra, desperdiça, onera e atravanca. De
menos, no plano social, onde são gritantes e inadmissíveis
tantas carências em matéria de saúde, educação
e moradia. Por isto, há, muitas vezes, um diálogo de surdos:
de um lado liberais se esquecem, ao condenar a ação do Estado,
de ressalvar nossas tremendas necessidades no campo assistencial; de outro,
os que se dizem defensores 'do social' condenam todas as posições
liberais.
Liberalismo
com preocupações sociais é a única doutrina
política atual que leva profundamente a sério o ideal democrático
no sentido rigoroso da palavra, de Governo do povo. Os socialismos de Estado
dizem ser democráticos, mas ninguém se atreveria a dizer que
praticaram a Democracia como forma de Governo. A Democracia Liberal Social
é realmente Democracia, variando apenas no grau do seu teor democrático.
O argumento liberal não precisa fugir à realidade; mas o antiliberalismo
socialista só consegue basear-se no idealismo e em promessas sempre
refeitas e adiadas de um paraíso de liberdade.
A
verdadeira Democracia Liberal tem duas paixões — as paixões
de Rousseau: liberdade e igualdade.
Temos
coisa melhor a fazer do que permitir que nosso pensamento e sensibilidade
se escravizem a uma sovada e infundada ideologia de negação
e de desespero.
Em 1955, sem tostão para comprar
sequer uma tela, o grande pioneiro do 'pop-art', Robert Rauschenberg, pegou
o edredom de sua cama, estendeu-o no chão, juntou-lhe o travesseiro
e pintou vigorosamente o conjunto. Batizada como Cama, essa insólita
salada de lençol, cobertor e fronhas, espessamente pintados, foi
há pouco oferecida pelo conhecido 'marchand' Leo Castelli ao Museu
de Arte Moderna, o famoso MoMA [Museum
of Modern]
de Nova York. Valor atual estimado: perto de 10 milhões de dólares.
É o caso de dizer: faça a cama e deite-se na fama...
A terrível trepidação
da vida-reflexo, banindo a vida da reflexão, se casa ao reino da
grossura para nos negar o refúgio da arte – a pausa da qual
se volta intimamente mais rico ao debate cotidiano.
Sobre
a arte moderna: Há pelo menos duas décadas, com
a fadiga do abstrato, o paradigma da pintura ocidental voltou à imagem.
À imagem violenta ou plácida, impessoal ou retratística:
daí o triunfo de Bacon ou de Balthus, dos hiper-realistas ou de um
Lucien Freud. Mas, como advertiram os primeiros denunciantes da penúria
do abstracionismo, o retorno à figuração só
ganharia consistência se passasse por um novo rigor da técnica
e da composição. Na plástica brasileira dos últimos
anos, ninguém encarna esse requisito com mais consciência que
Marcos Duprat. Tranqüilamente, alheio ao frenesi neofágico das
propostas vanguardeiras, Duprat se refugiou na mais estrita fidelidade ao
que ele chama 'o enigma da realidade visível'. Esse enigma, os óleos
de Marcos Duprat o armam, decifram e rearmam num estilo translúcido,
cristalino, onde as mudanças cromáticas sugerem momentos de
mágicas metamorfoses. Os planos são dispostos, as camadas
superpostas, a cor nasce da 'velatura' – um processo colorístico
de nobre linhagem, que exige um trabalho em ritmo artesanal, a léguas
da herança turbulenta, e ainda tão influente, de Pollock e
sua tribo. Uma pintura lenta, em adágio, propícia à
meditação do duplo, à ponderação da série,
à perquirição da profundidade – todos temas desses
olhos peritos em focalizar o prolongamento de uma imagem noutra, o reflexo
no espelho ou na água, os corredores engavetados em túnel,
a delicada modulação de seqüências. Quando ele
aborda a figura humana, especialmente nua, Duprat sabe ser tão sereno
quanto Balthus – mas sem fazer da cena o prelúdio a um drama
de vício e malícia. Quando prefere objetos, o silêncio
das formas é tão lírico quanto um Morandi.
O
Liberalismo, como se sabe, é pluralista desde as suas origens. Caracteriza-se
pela multiplicidade de seus clássicos e pela variedade de suas distintas
elaborações, que respondem a problemas colocados por contextos
sócio-político-culturais, heterogêneos no tempo e no
espaço. Por esse motivo, tem vertentes econômicas, políticas,
jurídicas e culturais muito variadas nos seus propósitos,
razão pela qual convém falar em Liberalismos no plural, e
não em Liberalismo no singular.
Os
Liberalismos de José Guilherme Merquior: Protoliberalismo
- A noção de direitos e limites constitucionais surge na Idade
Média. A Renascença contribui com a ideologia do humanismo
e da cidadania. O culminar do processo de formação do Liberalismo
nasce com o Iluminismo do século dezoito. Tendo como base os anteriores,
o Romantismo coloca ênfase na importância do indivíduo.
Liberalismo Clássico - Dá forma à
moderna teoria da liberdade com Constant e do sistema político moderno
com os pais fundadores da Democracia Americana. A tese econômica clássica
com Smith e Ricardo e a teoria da liberdade econômica constituem o
legado central do Liberalismo Clássico. A teoria da democracia com
Bentham e Tocqueville, bem como a teoria do individualismo liberal de John
Stuart Mill fazem parte dos cânones clássicos. Liberalismo
Conservador - A meio do século dezenove, os excessos da
revolução Francesa e o 'nascimento' de Napoleão Bonaparte
dão origem a uma busca de mecanismos que protejam contra os aspectos
negativos da Democracia. Autores como Bagehot, Spencer, os alemães
do Rechsstaat, Croce e Ortega advogam um Liberalismo Elitista. Novo
Liberalismo - No final do século XIX surge uma nova forma
de Liberalismo fortemente preocupada com o bem-estar social. Green, Hobhouse,
Kelsen, Keynes e Dewey formulam as posições do Liberalismo
Social. Por outro lado, o Totalitarismo Comunista e Fascista gera uma contra-ofensiva
liberal com Popper, Orwell, Camus e Berlin. Rawls e Bobbio expõem
já mais recentemente uma nova modalidade de Liberalismo Social. Neoliberalismo
- Em oposição ao Liberalismo Social, o Neoliberalismo mantém
uma posição conservadora e advoga uma muito maior minimização
do Estado e o crescimento da Economia de Mercado. Liberalismo Sociológico
- Pensadores contemporâneos, como Aron e Dahrendorf, relembram a necessidade
de um equilíbrio entre os direitos e as obrigações,
entre a expansão da liberdade e uma maior eqüidade social.
O
Liberalismo moderno é um Social-liberalismo; é um Liberalismo
que não tem mais aquela ingenuidade, aquela inocência diante
da complexidade do fenômeno social, e em particular do chamado problema
social, que o Liberalismo clássico tinha. O Liberalismo moderno não
possui complexos frente à questão social, que ele assume.
É a essa visão do Liberalismo que eu me filio.
Não
compartilho dessa visão pateta do Brasil de que os grandes astros
da música popular são intelectuais. Caetano Veloso é
um pseudo-intelectual de miolo mole.2
Não
gosto da expressão ‘fazer a cabeça’. Acho-a alienada.
Quem faz as minhas idéias, com muita dificuldade, sou eu mesmo.
Sobre
a validade dos conceitos de direita e esquerda: Eu acho que esse
tipo de conceituação está em grande parte esvaziado
pelo uso demasiado sloganesco que dele tem sido feito. O problema da direita
'versus' esquerda, usado na base do clichê, tem levado realmente a
muito pouca análise. É o caso típico em que a discussão
produz mais calor do que luz. Trata-se de palavras dotadas de uma grande
carga emocional, e que são usadas para fins puramente polêmicos
na vida política e no combate ideológico. Eu, hoje, sou um
cético em relação ao uso dessas categorias.
Como
imaginar o Brasil da Nova República? Talvez não seja mau começar
por uma constatação: a de quanto o nosso País, até
aqui, já conseguiu desmentir os estereótipos mais renitentes
sobre a América Latina em seu conjunto... Graças a seu senso
histórico-filosófico do papel do Estado, Tancredo Neves regenera
a noção da autoridade legítima entre nós. Daí
a tranqüila, suave impressão que cerca, nesse homem proverbialmente
afável, o sentido, no entanto, vivíssimo da autoridade. Reparem
nas montanhas de Minas: delas emana uma majestade amena, muito diversa da
monumentalidade abrupta de outros relevos. Algo semelhante deflui da 'imago
potestatis' de Tancredo. Essa 'majestas' sem pompa, mas sempre cônscia
da própria dignidade, é a que melhor consulta os requisitos
do poder em reconstrução na transição democratizante...
No discurso de Vitória, Tancredo preconizou o reforço da Democracia
e a reanimação do princípio federal. O poder, na Nova
República, admite, deseja desconcentrar-se. E pode fazê-lo,
porque o que perder em concentração será ganho em autoridade.
No ciclo atribulado da nossa Quarta República, Juscelino nos ensinou
o convívio com o desenvolvimento. A grande e sóbria esperança
da Nova República é que com Tancredo, nosso príncipe
civil, a nação interiorize de vez a vivência da Democracia.
Qualquer coisa aquém disso seria indigna do Brasil moderno.
Os juízos estéticos
de Silvio Romero são às vezes claudicantes, às vezes
insustentáveis (por exemplo o endeusamento de Tobias – dado
por superior à Castro Alves... – a subestimação
parcialíssima de Machado de Assis); contudo, o estilo ágil
e combativo facilita a leitura, e o patriotismo sem ufanismo faz desse colosso
historiográfico, ao qual se deve a fixação definitiva
(em termos globais) do nosso 'corpus' literário, um depoimento fundamental
sobre o itinerário da cultura brasileira.
Entre
a biografia do herói e essa melodia tragicômica, Machado de
Assis tece um contraponto sutil. Brás Cubas é um fátuo,
um prisioneiro dos desejos, que aspira egoisticamente ao gozo, ao poder
e à glória. Sua história evolui num palco onde reina
a decomposição dos seres e das experiências: a beleza
de Marcela, o seu amor por Virgília, a sua ternura pela irmã,
tudo se esvai, tudo apodrece. Não é à-toa que o narrador
avisa que o livro ‘cheira a sepulcro’. A destruição,
a crueldade é a norma da vida.
Cuba,
hoje, não oferece maiores perigos na América do Sul. O guevarismo
já era. E o reatamento tem pelo menos três vantagens para nós:
a)
abriria um significativo potencial de exportações brasileiras;
b) permitiria ao Brasil influir, em boa medida, na conduta internacional
de Havana, como faz o México, em sentido moderador e realista; e
c) evitaria que, no futuro, nosso reatamento se desse a reboque de uma reconciliação
diplomática Cuba/USA, reconciliação essa,
a médio prazo, tão certa quanto o foi o reconhecimento de
Pequim por Washington, na década passada.
Desconfio que a próxima edição
do perspicaz Tratado Geral dos Chatos, de Guilherme Figueiredo, trará
um capítulo especialmente consagrado ao chato analisando, que, decretando
'todo mundo neurótico', não descansa enquanto não vence
a 'resistência' (ou torra os países baixos) dos amigos e até
conhecidos, no ignóbil afã de prostrá-los no divã.
As
críticas que venho dirigindo à Psicanálise certamente
possuem uma quota de sátira, irresistivelmente provocada pela própria
beatice que costumam exibir os círculos devotos de Freud. No entanto,
desde o início, isto é, desde junho de 1980, quando foi lançado
o livro O Fantasma Romântico, todos os textos em que procurei questionar
a validez científica, terapêutica e cultural da Psicanálise
expõem vários argumentos e várias referências
a pesquisas empíricas, uns e outras inteiramente independentes, em
si mesmos, do tom de sátira ou ironia presente nesses escritos.
No
Brasil, ultra-românticos foram os poetas-estudantes, quase todos falecidos
na segunda adolescência, membros de rodas boêmias, dilacerados
entre um erotismo lânguido e o sarcasmo obsceno. Os que dobraram a
casa dos vinte e cinco acumularam os fracassos profissionais e os rasgos
de instabilidade, confirmando a índole desajustada desses 'poetas
da dúvida', a que faltam por completo a afirmatividade dos românticos
indianistas e a combatividade dos condoreiros.
Diálogo
entre Fernando Collor, 32º Presidente do Brasil, e José Guilherme
Merquior:
Collor:
— Embaixador,
preciso de uma base ideológica. Falam que eu sou de direita, e para
mim a direita é o Delfim Netto e o Roberto Campos. O senhor me vê
como político de direita?
Merquior:
— Não.
O vejo como um socialista liberal.
Collor:
— Mas não
há uma contradição entre o Socialismo e o Liberalismo?
Merquior,
apoiando-se nas teorias do cientista político
italiano Norberto Bobbio:
— Não.
O Norberto Bobbio usa e defende essa classificação.
É
Rapidinho
Não
acredito que o Liberalismo
ou
qualquer outro tipo de -ismo
–
e, talvez, o próprio Misticismo –
possam...
–
despojadas de qualquer vaidade
e
de toda estéril hipoteticidade –
poderão...
Então,
tudo depende do homem,
que
ainda é meio que infra-homem,
mas
que – um dia! – Deus-homem
será!
______
Notas:
1.
Pale(o)- = do grego palaiós,
á, ón, antepositivo
que significa velho, antigo.
2. Mais
tarde, Caetano afirmou que Merquior estava certo.
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.crestock.com/blog/photography/
13-fantastic-free-wallpaper-images-80.aspx
http://pt.wikipedia.org/wiki/Direitos_fundamentais#
Efic.C3.A1cia_horizontal_dos_direitos_fundamentais
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberalismo
http://www.academia.org.br/
abl/media/depoimentos5.pdf
http://www.bresserpereira.org.br/
view.asp?cod=1071
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arch2006-12-17_2006-12-23.html
http://lisandronogueira.blogspot.com/2011/01/
caetano-veloso-filhos-drogas-sexo.html
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jose_guilherme_merquior/219
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frase-permanente-enquanto-durar-jose.html
http://frases.netsaber.com.br/busca_up.php?l=
&buscapor=Jos%E9%20Guilherme%20Merquior
Música
de fundo:
Soomaaliyeey Toosoo
(Hino Nacional da Somália)
Composição: Ali Mire Awale
Fonte:
http://ultradownloads.uol.com.br/download/
Hino-Nacional-da-Somalia-MP3/