—
Sempre
busquei desculpas
para poder 'deixarpralá'.
Enfiava nos outros as culpas,
pois, eu achava que era pulá.
—
Fosse
qual fosse o estorvo,
para mim, servia como motivo.
Tudo era justificativa de torvo;
tudo era enervante e irritativo.
—
Um
dia, uma preguiça falou:
–
Ninguém irá lá das pernas,
se trocar um ou por outro ou.
Assim, só parirá bozernas!
—
Senti
um cheiro de merda,
que
me deixou esmerdalhado.
Aí, percebi o quanto fui berda,
e o quanto fedeu meu passado.
—
Estranho,
mas, a preguiça
me auxiliou a compreender
minha entorpecente boboriça.
Então, mudancei o vir-a-ser!
—
E
o que cheirava a merda
passou a ter cheirinho de rosa.
E eu, que só empilhava perda,
descobri, 'in Corde', u'a Rosa!
—
Doía
aqui... Doía ali...
Doía até pra fazer xixi!
Tudo cuca! Só não-sou!
—
Alegre,
dei de Servir,
e recolori meu devenir.
Com Amor e desapego,
fui alinhando meu ego.
—
E
terminei com essa
de só dolor +
compressa.
Hoje, Sirvo à Hierarquia,
para instituir a Alforria.
—
Sei
que o Cristo voltará,
e que o treco todo mudará.
Mas, temos que nos mancar,
e o zero em + 1
transmutar.
0 + 0 =
+ 1
0 –
0 = + 1
—
Logo,
a volta do Cristo
vai de extirparmos o cisto.
O
cisto da ignorabilidade
–›
genitor
da separatividade.
—
Nisso,
pintou Rei Gonzaga,
que
me deixou zuruó +
zanaga:
—
Ora, desse jeito não, não, não;
é
preciso acender o Lampião.
—
E
continuou o Gonzagão:
–
Não misture xote com baião.
Enquanto
vigorar o oba-oba,
neguinho continuará
foba.
—
Desse
jeito não dá não;
tem
que deixar de ser cagão.
Oxente!
Tem que enfrentar!
Sus!
Tem que trocançar!
—
É
foguete... É cangonha...
É
asnice... É desvergonha...
É
muralha... É separação...
É canalhada... É traição...
—
É
bufunfa... É petrolão...
É
dando mingau ao dragão...
É
só de joelhos pedinchando...
É
querendo, importunando...
—
Armando...
Catervando...
Em
ficar rico só pensando...
É
miragem... É quimera...
Dum
milagre, uma espera...
—
Enrolando...
Só mentira...
A
vida ardendo na pira...
É
o medo que não deixa...
É
sem barco... Só fateixa...
—
Um
deserto... Na cabeça...
É
sem rodas na caleça...
É
a Noite... Só pobreza...
É
o sono... Só moleza...
—
Falta
muito. Esqueci.
Mas,
um treco aprendi:
se
não fizermos por onde,
não pegaremos o Bonde!
—
Toda
plexo-solarização
prende
o zé na
contramão.
Eu,
que agora 'stou no céu,
digo:
não dá cria o labéu!
—
Nem
se chover cadeado
ou ficar sóbrio
o caneado,
a
gente só sairá da prisão
Chega
de Caixa de Pandora!
Só
se houver desprendimento,
terminará
o aniquilamento!