Rodolfo Domenico
Pizzinga
—
Olha eu aqui! Adoro mirabolar!
ma das maiores prisões é o remedo;
pode ser
desconhecimento, talvez, medo.
Temos
de fazer;
não depender do custódio.1
haverão
de ver navios em suas ânsias.
Os que
imitam, sem fazer uso da razão,
como
diferenciarão a ovelha do cão?
In
hora mortis, estes bobos imitadores
só
terão acumulado insciências e dores,
desencarnando
sem saber por que vieram
e por
que as coisas sempre sobrevieram.
Por
que mirabolar que chegue maio
para poder
se libertar do velho balaio?
Por que
torcer por uma formidabilidade,
enquanto
o tempo voa e vem a idade?
Não
há milagre
que cure a ignorância,
não
há milagre
que cure a mirabolância.2
Só
buscando e tentando compreender
O Mirabolante
dominado pelo não-ser
É vergonhoso
morrer como um boçal
com o
cérebro na área abdominoscrotal
– palavrinha difícil,
mas bem apropriada
para definir uma existência
esburacada.
—
Sou um boçal esburacado, sim; mas, quem não é?