Rodolfo
Domenico Pizzinga
O
Website da Fraternidade
Rosacruz Max Heindel oferece para leitura em sua biblioteca on-line
amplo e diversificado material sobre o Rosacrucianismo de vertente heindeliana.
Nesta oportunidade, estou divulgando a Quinta Carta Rosacruz, que remonta
ao século XVIII, escrita por um antigo membro da Ordem. Ao final, apresentarei
alguns comentários.
Em
tua resposta à minha última carta, manifestaste a opinião
de que o expoente de espiritualidade exigido pela nossa Filosofia
e que combina o intelecto com a moral, é demasiadamente elevado
para que o homem possa alcançá-lo. E duvidas que alguém
alguma vez o tivesse alcançado.
Permite
dizer que muitos daqueles a quem a Igreja Cristã chama santos
e muitos outros habitualmente conhecidos por pagãos, obtiveram
aquele estado, alcançaram poderes espirituais e realizaram
coisas extraordinárias a que é costume chamar
milagres.
Se
examinares a vida dos santos, acharás muitas coisas grotescas,
fabulosas e falsas. Os que só conhecem as lendas conhecem pouco
ou nada das Leis misteriosas da Natureza. Relatam fenômenos
autênticos ou apócrifos mas, não podendo explicá-los,
atribuem-lhes causas de sua própria invenção.
Em todos esses escombros encontrarás uma parte de verdade,
o que demonstra que a inteligência de pessoas sem ilustração
pode ser Illuminada pela Divina Sabedoria, se tais pessoas vivem santamente.
Verás que, muitas vezes, frades e freiras pobres e ignorantes,
segundo o mundo, sem nenhuma instrução, alcançaram
tal Sabedoria que foram consultados por papas e reis; e verás
que, muitos deles, atingiram o poder de abandonar os corpos físicos
para, em corpos sutis, visitar lugares distantes e aparecer em forma
material em pontos remotos.
As
ocorrências desta espécie foram tão numerosas
que deixaram de parecer extraordinárias, e nem será
necessário descrevê-las porque são todas já
bastante conhecidas. Na vida de Santa Catarina de Sena, na de São
Francisco Xavier e nas de muitos outros santos, encontrarás
a descrição de semelhantes incidentes. A história
profana também abunda em narrações referentes
a homens e mulheres extraordinários. Limito-me a recordar-te
a história de Joana d'Arc, que possuiu dons espirituais e a
de Jacob Boheme, sapateiro inculto Illuminado pela Sabedoria Divina.
Nada
seria mais absurdo do que disputar sobre semelhantes coisas com um
cético ou um materialista. Equivaleria a discutir sobre a existência
da luz com um cego de nascença. Nenhum tribunal de cegos pode
falar sobre a existência ou não-existência da luz
e, não obstante, ela existiu e existe. Podemos dar aos cegos
alguma idéia sobre a LLuz, mas não podemos provar a
eles cientificamente enquanto permanecerem cegos à razão
e à lógica.
A
'civilização moderna' a tal ponto tem degradado os conceitos
sobre os valores, que, para muita gente, todos os afãs se concentram
no dinheiro como meio de satisfazer seus apetites, comodidades, afeições
ou luxos. Tais pessoas não compreendem que se possa praticar
algum ato fora da mira de enriquecer, comer, beber, dormir e gozar
de todo o conforto da vida.
Não
obstante, tais pessoas não são felizes; vivem inquietas
e ansiosas, correndo atrás de ilusões que se desfazem
ao tocá-las ou que geram desejos mais violentos para outras
ilusões.
Felizmente,
há muitas pessoas em quem a centelha divina da espiritualidade
não foi abafada pelo materialismo; algumas, até, converteram
esta centelha em chama pelo sopro do Espírito Santo, sopro
que Illumina as inteligências, e de tal modo penetra os corpos
físicos que, mesmo observadores superficiais, se apercebem
do caráter extraordinário destas pessoas. Indivíduos
desta natureza habitam em diversas partes do mundo e constituem uma
Fraternidade pouco conhecida. Nem
é desejável que seja divulgada porque excitaria a inveja
e a cólera dos ignorantes e dos malvados, pondo em atividade
uma força hostil a si própria.
Todavia,
como desejas conhecer a verdade não por mera curiosidade, mas
pelo desejo de seguir o caminho, foi-me permitido dar-te as seguintes
notícias (o que segue foi extraído de uma carta original
escrita por Karl von Eckartshausen, em Munich, cerca do ano de 1792):
Os
Irmãos de quem falamos vivem desconhecidos para o mundo.
A história nada sabe deles, contudo, são os maiores
da Humanidade. Quando se converterem em pó os monumentos
erigidos em honra dos conquistadores do mundo e deixarem de existir
os reinos e tronos, estes escolhidos ainda viverão. Tempo
chegará em que os homens abandonarão as ilusões
e começarão a estimar o que é digno de apreço;
então, os Irmãos serão conhecidos e apreciada
a sua Sabedoria.
Os
nomes dos grandes da Terra estão escritos no pó, mas
os nomes destes Filhos da LLuz estão escritos no Templo da
Eternidade. Farei que conheças estes Irmãos; poderás
converter-te num deles. Iniciados nos mistérios da religião,
não pertencem a nenhuma sociedade secreta, como essas que
profanam as coisas sagradas com cerimônias e pompas, e cujos
membros presumem ser iniciados. Não! Somente o Espírito
de Deus pode Iniciar o homem na Sabedoria Divina [SOPhIA]
e Illuminar sua inteligência. Só o Hierofante pode
guiar o candidato para o altar onde arde o Fogo Divino, mas é
o candidato que, por si, deve chegar ao altar. Quem deseja ser Iniciado
deve se fazer digno de obter dons espirituais, deve beber na Fonte
que a todos se oferece, mas que não sacia a sede aqueles
que a si mesmo se excluem.
Enquanto
ateus, materialistas e céticos da moderna civilização
falseiam a palavra Filosofia e, aparentando celestial sabedoria,
pontificam com as lucubrações dos próprios
cérebros, os Irmãos, tranqüilamente, Illuminados
por uma LLuz mais alta, constroem, para o Eterno Espírito,
um Templo que permanecerá, mesmo depois do desaparecimento
dos mundos. Seu labor consiste no cultivo dos poderes da alma. O
torvelinho do mundo e suas ilusões não os afetam;
no Livro Misterioso da Natureza lêem as letras vivas de Deus.
Reconhecem e gozam das harmonias divinas do Universo. Enquanto os
sábios do mundo reduzem a níveis intelectuais e morais
o que é sagrado e exaltado, estes Irmãos se elevam
ao Plano da LLuz Divina, e nele encontram tudo quanto, em Natureza,
é bom, verdadeiro e justo.
Não
se limitam a crer; conhecem a Verdade por contemplação
espiritual ou fé viva. Suas obras estão em harmonia
com sua fé: fazem o bem por amor do bem e sabem o que é
o bem. Sabem que um homem não pode se converter em verdadeiro
cristão só por abraçar certa crença.
Em um cristão verdadeiro, a conversão significa se
transformar em um Cristo, elevar-se acima da personalidade e consubstanciar,
no seio do Divino Eu, tudo o que existe nos céus e na Terra.
É um estado inconcebível por quem nunca o alcançou.
Significa uma condição em que o homem é, real
e conscientemente, o Templo onde reside, com todo seu poder, a Trindade
Divina. Só nesta LLuz ou Princípio, a que chamamos
Cristo, que outros povos conhecem por outros nomes, podemos encontrar
a Verdade.
Entra
nesta LLuz e aprenderás a conhecer os Irmãos que Nela
vivem. É o santuário de todos os poderes e meios chamados
sobrenaturais, e proporciona a energia necessária para restabelecer
a união que, em remotas eras, ligava o homem à Fonte
Divina de onde procede. Se os homens conhecessem a dignidade das
próprias almas e as possibilidades dos seus poderes latentes,
só o desejo deste conhecimento os encheria de respeitoso
temor. Deus é Uno e só existe uma Verdade, uma Ciência
e um Caminho para chegar a Ele. Dá-se a este Caminho o nome
de Religião; portanto, só existe uma religião,
ainda que haja muitas confissões diferentes. E o Caminho
necessário para conhecer Deus está, integralmente,
em a Natureza. As verdades que a religião pode ensinar existiram
desde o princípio do mundo e existirão até
que o mundo acabe. Em todas as nações deste Planeta
brilhou sempre a LLuz, mas as trevas não a compreenderam.
Em certas regiões a LLuz foi muito brilhante; noutras, menos.
Mas brilhou sempre proporcionalmente à capacidade receptiva
do povo e à pureza de sua vontade. Todas as vezes que encontrou
grande acolhimento apareceu com dilatado resplendor, e os homens
capacitados perceberam-na mais claramente. A Verdade é universal;
não pode ser monopolizada por ninguém.
Os
Mistérios mais augustos da religião, tais como a Trindade,
a Queda da Mônada humana, sua Redenção pelo
amor etc., encontram-se tanto nos sistemas antigos de religião
como nos modernos. Conhecê-los é conhecer o Universo,
é conhecer a Ciência Universal, ciência infinitamente
superior a todas as ciências materiais do mundo. Se é
certo que estas examinam algumas particularidades, alguns pormenores
da existência, não locam, porém, as grandes
verdades universais que são fundamento da existência,
e até com desprezo tratam semelhantes conhecimentos porque
seus olhos estão fechados à Luz do Espírito.
As
coisas externas podem ser examinadas com a luz externa; as especulações
intelectuais requerem a luz da inteligência, mas a percepção
das verdades espirituais precisa da Luz do Espírito. Uma
luz intelectual, sem a Iluminação Espiritual, conduzirá
os homens ao erro.
Os
que desejam conhecer as Verdades Espirituais devem buscar a LLuz
no seu íntimo, e não em qualquer espécie de
fórmulas ou cerimônias externas. Quando tiverem encontrado
Cristo dentro de si serão cristãos. Era esta a religião
prática, a ciência e o saber dos antigos sábios,
muito tempo antes de aparecer o Catolicismo. Era também a
religião prática dos primitivos cristãos que,
como verdadeiros discípulos de Cristo, estavam Espiritualmente
Illuminados.
À
medida que o Catolicismo se difundia, as interpretações
falsas foram suplantando a verdadeira doutrina, e os símbolos
sagrados perderam sua real significação. As organizações
eclesiásticas inventaram ritos e cerimônias, e a fraude
e um mórbido misticismo usurparam o trono da religião
e da verdade. Os homens destronaram Deus para se assentarem no seu
trono. A ciência de tais homens não é Sabedoria.
Suas experiências não vão além das sensações
corporais. Sua lógica se funda em argumentos falsos. Jamais
conheceram as relações do homem finito com o Espírito
Infinito. Arrogam-se poderes divinos que não possuem e induzem
os seus semelhantes a buscar neles a LLuz que só irradia
do Divino Eu. E, assim, os enganam com esperanças
vãs e sugerem falsas seguranças que conduzem à
perdição.
Eis
aí as conseqüências do poder material acumulado
pelas modernas igrejas. Que demonstra a história? Que o aumento
do poder material de uma igreja diminui o seu poder espiritual.
Ela não pode dizer: 'Não possuo nem ouro nem prata'.
Também não pode dizer ao enfermo: 'Levanta-te e caminha'!
Se
não for infundida nova vida nos antigos sistemas religiosos,
sua decadência é certa. Sua ineficácia está
patente na difusão universal do materialismo, do ceticismo
e da libertinagem. A religião não poderá se
reavivar aumentando o poder e a autoridade material do clero.
O
poder central que dá vida e movimento a todas as coisas é
o Amor. Uma religião só pode ser forte e verdadeira
quando vivificada pelo Amor. A religião que se fundasse no
Amor Universal conteria os elementos de uma Religião Universal.
Se
o princípio de amor não for praticamente reconhecido
pela igreja, não haverá nela verdadeiros cristãos
nem adeptos, o os poderes espirituais que o clero pretende possuir
só existirão em sua imaginação. Cesse
o clero das distintas denominações de excitar o espírito
de intolerância, desista de convidar o povo à guerra
e ao sangue, às disputas e questões. Reconheça
que todos os homens, de qualquer nacionalidade, professem a religião
que professarem, têm uma origem comum e os aguarda o mesmo
destino. Todos são fundamentalmente idênticos, diferindo
uns dos outros apenas nas condições externas. Quando
as igrejas pensarem mais no interesse da Humanidade do que nos seus
interesses temporais, então, e só então, reconquistarão
seus poderes internos e formarão santos e adeptos.
Outra
vez obterão dons espirituais. Os fatos milagrosos se repetirão,
e serão mais apropriados do que todas as especulações
teológicas para convencer a Humanidade de que, além
do reino sensível da ilusão material, existe um Poder
Supremo, Universal e Divino que diviniza os que se identificam com
este Poder. A verdadeira religião consiste no reconhecimento
de Deus, mas Deus só pode ser reconhecido por meio de sua
manifestação. Ainda que toda a Natureza seja uma manifestação
de Deus, o grau mais alto desta manifestação é
a Divindade no homem. Unir o homem com Deus,
fazer todos os homens divinos, eis o objetivo final da religião.
Reconhecer a Divindade em todos é
o meio para atingir aquele fim.
O
reconhecimento de Deus significa o reconhecimento do princípio
universal do amor divino. Quem reconhece plenamente este princípio
abre os sentidos internos e a mente à Illuminação
da SOPhIa Divina. Quando todos os homens tiverem chegado a este
cume, a LLuz do Espírito iluminará o mundo, assim
como, agora, o ilumina a luz do Sol. Então, o saber substituirá
a dúvida, a fé substituirá a crença
e o amor universal reinará em vez do amor pessoal. A majestade
de Deus Universal e a harmonia de Suas Leis serão reconhecidas
em a Natureza e no homem. E nas jóias que adornam o trono
do Eterno – jóias que só os Adeptos conhecem
– resplandecerá a LLuz do Espírito.
Fonte:
http://www.fraternidaderosacruz.org/cartarc5.htm
|
Três
Comentários
Citação
1:
... e
realizaram coisas extraordinárias a que é costume chamar
milagres. Nesta
matéria, o extraordinário é comumente chamado de milagre,
porque, por ser um ato ou um acontecimento fora do comum, é geralmente
inexplicável pelas Leis Naturais conhecidas, provocando admiração,
inquietação
e genuflexão. Só que milagres inexistem, e não podem
acontecer, pois, se acontecessem, burlariam, por assim dizer, uma ou mais
Leis Cósmicas. Defino milagre mais ou menos assim: acontecimento que
foge do usual ou ao previsto, que não é ordinário, e,
portanto, é fora do comum para aqueles que desconhecem o funcionamento
da(s) Lei(s) Cósmica(s), que o faz acontecer ou se manifestar; neste
sentido, crer em milagre é o tributo pago pela ingenuidade à
credudilidade ignorante. E assim, como está escrito nesta Carta, aqueles
que conhecem
pouco ou nada das Leis misteriosas da Natureza, relatam fenômenos autênticos
ou apócrifos, mas, não podendo explicá-los, atribuem-lhes
causas de sua própria invenção.
As maravilhas feitas por Jesus, o Cristo, relatadas na Bíblia, como,
por exemplo e nomeadamente, as curas (restritas a uma área muito pequena
e delimitada da Terra), em nada foram milagrosas porque nada tinham de milagre
ou de sobrenatural. Jesus, por ser um Alto Iniciado e um Hierofante, simplesmente
sabia perfeitamente como operar as Leis Cósmicas, e, particularmente,
quando curava, estava cônscio de que o doente a quem estava restaurando
já havia relativamente compreendido os delitos cometidos (que geraram
o estado mórbido em que se encontrava), tendo cumprido, assim, pela
compreensibilidade, repito, a necessária compensação.
(Se a compensação havia sido cumprida parcial ou totalmente,
isto é outro caso). Portanto, seja como for, sabia o Mestre Jesus que
um cego
continuar cego,
um
paralítico
continuar
paralítico,
um hemorrágico
continuar
hemorrágico
ou o que fosse não tinha mais função educativa cármico-retributiva.
Se isto é assim, penso que a maior misericórdia que se possa
praticar não é a cura de um doente, mas educá-lo no sentido
de compreender o porquê de estar naquele estado. Todavia, se alguém,
hoje, perceber que um dado carma está (relativamente) cumprido e souber
como curar, poderá e deverá curar. Jesus não possuía
– e não disse que possuía –
o monopólio
da cura; muito pelo contrário. Ilustração gera compreensão;
compreensão
produz libertação. São
palavras registradas no Evangelho de João, V, 14: Eis
que estás são; não peques mais para que não te
suceda alguma coisa pior. Entenda-se: 1º)
estás são
= compensação educativa concluída; 2º) não
peques mais = não transgredir
a(s) Lei(s) Cósmica(s); 3º)
para
que não te suceda alguma coisa pior
= na reincidência, sempre,
o processo educativo é mais intenso e mais doloroso. Enfim, o Cósmico
não pune nem premia: por ser neutro, por assim dizer, em relação
a tudo, inconscientemente nos educa. Ao destruirmos o harmonium,
pagaremos o preço da destruição. E, na sucessão
de delitos e de irresponsabilidades – desejos
imoderados, cobiças desregradas e paixões degradantes –
quanto maior for o conhecimento
relativo, maior será a dor para que o equilíbrio (harmonium)
possa ser restabelecido.
Renunciar é inútil; só a compreensão poderá
libertar.
Citação
2: Não
obstante, tais pessoas não são felizes; vivem inquietas e ansiosas,
correndo atrás de ilusões que se desfazem ao tocá-las
ou que geram desejos mais violentos para outras ilusões.
Uma
cedência menor gerará uma cedência maior. Um apetite saciado
produzirá outros apetites que precisarão ser saciados.
Um shylockismo1
aqui engendrará outros shylockismos
alhures. Malfeito procriará,
multiplicará e atrairá malfeito.
E a bola de neve aumentará e engordará como pastel de vento.
Por isto, é muito difícil nos livrarmos da Terceira Dimensão,
quando, por incúria, não retrocedemos para Planos menos elegantes.
É por isto que certa vez recomendei: aquele que se dispõe a
melhorar, em princípio, não deve tentar solucionar e dominar,
de uma vez, todas as suas mazelas. Isto é quase impossível.
Então, se em uma encarnação transmutarmos uma única
falha de caráter sairemos desta vida vencedores. Entretanto, se é
fato que uma transigência menor poderá gerar transigências
maiores, a mesma coisa vale para a transmutação de nossos pecados,
pois uma transmutação
nos impulsionará e incentivará a realizar outras.
Citação
3: À
medida que o Catolicismo se difundia, as interpretações falsas
foram suplantando a verdadeira doutrina, e os símbolos sagrados perderam
sua real significação. As organizações eclesiásticas
inventaram ritos e cerimônias, e a fraude e um mórbido misticismo
usurparam o trono da religião e da verdade. Os homens destronaram Deus
para se assentarem no seu trono. A ciência de tais homens não
é Sabedoria. Suas experiências não vão além
das sensações corporais. Sua lógica se funda em argumentos
falsos. Jamais conheceram as relações do homem finito com o
Espírito Infinito. Arrogam-se poderes divinos que não possuem
e induzem os seus semelhantes a buscar neles a LLuz que só irradia
do Divino Eu. E, assim, os enganam com esperanças
vãs e sugerem falsas seguranças que conduzem à perdição.
Já
que o autor fez este comentário sobre o Catolicismo, lembrarei apenas
algumas distorções desta proveniência, hoje completamente
deturpada, do Cristianismo.
1ª)
Indulgência: remissão, diante de Deus, da pena temporal devida
pelos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente
disposto e em certas e determinadas condições, alcança
por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui
e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo
e dos Santos.
A indulgência é parcial (que poderá ser ganha diversas
vezes ao dia, se expressamente não se determinar o contrário)
ou plenária (que só poderá ser ganha uma vez ao dia),
conforme liberte, em parte ou no todo, da pena temporal devida pelos pecados.
O fiel católico que usa objetos de piedade (crucifixo ou cruz, rosário,
escapulário, medalha) devidamente abençoados por qualquer sacerdote
ou diácono, ganha indulgência parcial. Se os mesmos objetos forem
bentos pelo Sumo Pontífice ou por qualquer Bispo, o fiel, ao usá-los
com piedade, pode alcançar até a indulgência plenária
na solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, se acrescentar alguma
fórmula legitima de profissão de fé. Com uma só
confissão podem ser ganhas várias indulgências, mas com
uma só comunhão e uma só oração se alcança
uma só indulgência plenária. Ao fiel que visitar devotamente
um cemitério e rezar, mesmo em espírito, pelos defuntos, concede-se
indulgência aplicável somente às almas do purgatório.
Esta indulgência será plenária, cada dia, de 1 a 8 de
novembro; nos outros dias será parcial. Concede-se indulgência
plenária aos fiéis que se aproximarem pela primeira vez da Sagrada
Comunhão ou que assistam a outros que se aproximam.
2ª)
Confissão: reconciliação, sacramento da penitência
ou sacramento do perdão é um sacramento que envolve a remissão
de pecados perante um padre (presbítero) ou bispo, que neste momento
atua em nome de Cristo, perdoando em nome de Deus as faltas confessadas, impondo
uma penitência (reparação de danos causados pelo pecado).
A confissão é praticada na Igreja Católica, na Igreja
Ortodoxa e em algumas comunidades religiosas da Igreja Anglicana. A Igreja
Católica pune automaticamente com excomunhão qualquer sacerdote
que revelar o que lhe foi dito em confissão.
3ª)
Ressurreição: Jesus ressuscitou dentre os mortos e subiu ao
céu em Corpo e Alma.
4ª)
O pecado de Adão: o pecado é a morte da alma, e se propaga de
Adão a todos seus descendentes por geração e não
por imitação, sendo inerente a cada indivíduo.
5ª)
Perpétua Virgindade de Maria: Maria é virgem antes, durante
e depois do parto.
6ª)
Mãe de Deus: Maria é verdadeiramente a mãe de Deus (Mater
Dei, em latim e Theotokos,
em grego) encarnado em Jesus Cristo.
7ª)
Imaculada Conceição da Virgem Maria: Maria foi concebida sem
pecado original. A Imaculada Conceição de Maria, a mãe
de Jesus, foi feita sem qualquer mancha de pecado original, no ventre da sua
mãe. Assim, desde o primeiro momento da sua existência, ela foi
preservada por Deus do pecado que aflige a Humanidade, pois ela é sempre
cheia de graça divina.
8ª)
Infalibilidade papal: o Papa é infalível sempre que se pronuncia
ex cathedra.
O Papa em comunhão com o Sagrado Magistério, quando delibera
e define (clarifica) solenemente algo em matéria de fé ou moral
(os costumes) está sempre correto. Na clarificação solene
e definitiva destas matérias, o Papa goza de assistência sobrenatural
do Espírito Santo, que o preserva de todo o erro.
9ª)
Juízo Final: Julgamento Final, Dia do Juízo Final ou Dia do
Senhor é o julgamento final e eterno feito por Deus sobre todas as
nações. Terá lugar depois da ressurreição
dos mortos e da Segunda Vinda de Cristo.
10ª)
Grande Tribulação: termo bíblico que descreve o período
aflitivo que antecederia a parúsia (segunda vinda de Jesus, o Cristo,
à Terra).
11ª)
Arrebatamento: momento no qual Jesus resgatará os salvos para o reino
dos céus – Nova Jerusalém – deixando na Terra os
demais seres humanos que não o aceitaram como Salvador. Após
o Arrebatamento, haverá um grande caos na Terra durante sete anos (três
anos e meio de falsa paz e três anos e meio de guerras), com o governo
do anticristo (líder político mundial), do falso profeta (líder
religioso ecumênico) e da besta (o deus da religião do futuro).
Este período é chamado de Grande Tribulação. Após
os sete anos, Jesus voltará novamente junto com os salvos para reinar
no nosso Planeta por mil anos. Após o milênio, irá acontecer
o Juízo Final e a construção do 'novo céu' e da
'nova Terra'.
12ª)
Nove primeiras sextas-feiras: promessa do Sagrado Coração de
Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque (Verosvres, 22 de agosto de 1647 –
Paray-le-Monial, 17 de outubro de 1690), em Paray-le-Monial (França):
Eu prometo, na excessiva
misericórdia do meu Coração, que meu amor todo-poderoso
concederá a todos aqueles que comungarem, em nove primeiras sextas-feiras
do mês seguidas, a graça da penitência final, que não
morrerão na minha desgraça, nem sem receberem seus sacramentos,
e que o meu Divino Coração será o seu asilo seguro no
último momento.
13ª)
Escapulário do Carmo: sinal externo de devoção mariana.
Os seus utilizadores (sejam religiosos, sejam leigos) pertencem automaticamete
à Ordem Carmelita, e se consagram à Virgem Maria, na esperança
de obter a sua especial proteção e intercessão. Quem
usar o Escapulário e ser devoto a ele, obtém vários privilégios,
tais como: proteção
e intercessão especiais da Virgem Maria em todos os momentos da vida,
da morte e mais além; saída do Purgatório o quanto antes
possível para quem morrer devotamente com ele; várias indulgências
plenárias e parciais.
14ª)
Limbo: lugar, fora dos limites do Céu, onde se vive a plena felicidade
natural, mas privado da visão beatífica de Deus e, por isto,
da felicidade suprema e eterna. Mais precisamente, o Limbo é o lugar
para onde vão as almas inocentes que, sem terem cometido pecados mortais,
estão para sempre privadas da presença de Deus, pois seu pecado
original não foi submetido à remissão através
do Batismo. Vão para o limbo, por exemplo, as crianças não-batizadas
e as almas justas que viveram antes da existência terrena de Jesus Cristo,
como, por exemplo, Tutmés IV, Amen-hotep III, Akhenaton, Pitágoras,
Sidarta Gautama, Sócrates e Platão. Bem, isto era assim, pois
a Igreja Católica Romana, com a concordância do Papa Bento XVI,
enterrou em 2007 definitivamente o conceito de limbo-terra-de-ninguém,
nem tórrido nem gélido, nem chanfalhão nem atrabiliário
(incorporado aos ensinamentos da Igreja Católica no século XIII),
por considerá-lo uma visão excessivamente restritiva da salvação,
não refletindo o amor especial de Cristo, particularmente pelas crianças.
Aqui, duas coisas não foram respondidas. Primeira: onde foram parar
as alminhas dos que, antes, estavam limbicamente no limbo? Segunda: como fica
o dogma de que para entrar no reino dos céus é preciso renascer
pela água e pelo espírito?
Como
se pode observar, estes catorze pontos fundamentais do Catolicismo –
apresentados como certos e indiscutíveis, cuja verdade se espera que
os devotos aceitem sem questionar e deglutam sem mastigar – são,
em todos os sentidos, hipotéticos, e hipotéticos são
porque hipoteticamente foram inventados pelo homem. Só que há
uma coisa que muitos católicos ainda não perceberam: tudo o
que é hipotético não tem valor algum. Tudo aquilo que
é feito na base do se, do porque, do para, do então, do quem-sabe-eu-ganho,
do toma-lá-dá-cá, do dá-cá-toma-lá,
da promessa, do sacrifício, da mortificação, do óbolo
interesseiro, do medo do inferno etc. é vitalmente fútil e cosmicamente
inútil. Na verdade, penso que todas estas coisas foram fabricadas apenas
para dar sustentação ao poder temporal da Igreja. Só
isto. E é exatamente por isto que esta mesma Igreja vai de mal a pior.
Enfim,
tudo deve mesmo ser como está escrito na Carta:
Unir o homem com Deus, fazer todos os homens
divinos, eis o objetivo final da religião. Reconhecer a Divindade em
todos é o meio para atingir aquele fim.
Somos todos filhos do Um.
Tudo está interligado!
_____
Nota:
1.
Shylock é um personagem fictício da peça The Merchant
of Venice (O Mercador de Veneza), do poeta e dramaturgo inglês
William Shakespeare (Stratford-upon-Avon, 26 de abril de 1564 – Stratford-upon-Avon,
23 de abril de 1616). Na peça, Shylock é um agiota judeu que
empresta dinheiro a seu rival cristão, Antônio, impondo como
fiança uma libra da carne de Antônio. Quando este, após
se ver falido, não consegue pagar o empréstimo, Shylock exige
a libra de carne, como vingança por Antônio o ter insultado e
cuspido anteriormente. Durante a época de Shakespeare, a agiotagem
era uma ocupação comum entre os judeus, por ser uma das poucas
profissões que eram permitidas aos judeus exercer na Europa medieval,
tendo em vista que as leis daquela época proibiamaos judeus qualquer
outro tipo de ocupação.
Música
de fundo:
Lost
Horizon
Composição: Burt Bacharach & Hal David
Interpretação: Shawn Phillips
Fonte:
http://beemp3.com/
Páginas
da Internet consultadas:
http://domvob.wordpress.com/2011/04/26/949/
http://g1.globo.com/Noticias/
Mundo/0,,MUL24736-5602,00.html
http://www.lepanto.com.br/dados/indulgencia.html
http://rosariopermanente.leiame.net/devocoes/
sagradocoracao/as9sextasfeiras.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ex_cathedra
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dogmas_e_
doutrinas_marianas_da_Igreja_Cat%C3%B3lica
http://wonderfullymadebelliesandbabies.blogspot
.com/2010/08/hands-hands-of-nurse.html
http://jessicaannevcosta.blogspot.com/
2009/09/avareza.html
http://www.goldensun-syndicate.net/
sprites/psynergy/
http://lanotadelosvampiros.blogspot.com/
http://www.baixaki.com.br/
papel-de-parede/304-star-wars.htm
http://colunas.imirante.com/
platb/mariocarvalho/page/25/