ZYGMUNT BAUMAN
(Pensamentos)

 

 

 

Zygmunt Bauman

Zygmunt Bauman

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Objetivo Deste Estudo

 

 

 

Este estudo tem por objetivo apresentar para reflexão alguns pensamentos do sociólogo polonês recentemente falecido Zygmunt Bauman. Há alguns anos, eu publiquei um texto contendo algumas reflexões deste famoso-incansável sociólogo, logo, considere o presente como uma continuação daquele estudo anterior. Neste estudo, para homenageá-lo, coloquei uma música de fundo polonesa muito alegre e muito simpática.

 

 

 

Breve Biografia Zygmunt

 

 

 

Zygmunt Bauman

Zygmunt Bauman

 

 

 

Zygmunt Bauman (Poznan, 19 de novembro de 1925 – Leeds, 9 de janeiro de 2017) foi um sociólogo polonês. Serviu na Segunda Guerra Mundial pelo exército da União Soviética e conheceu sua esposa, Janine Bauman, nos acampamentos de refugiados polacos. Nos anos 40 e 50 foi militante entusiasmado do Partido Comunista Polaco, até se desligar da organização devido ao fracasso da experiência socialista no leste europeu.

 

Graduou-se em Sociologia na URSS e, por seu status de combatente, conseguiu ascender socialmente: saiu da condição modesta que seus pais lhe propiciaram durante a juventude e se tornou professor universitário. Iniciou sua carreira na Universidade de Varsóvia, de onde foi afastado em 1968, após ter vários livros e artigos censurados. Emigrou, então, da Polônia, por motivo de perseguições anti-semitas, e na Grã-Bretanha se tornou professor titular da Universidade de Leeds (1971 em diante). Recebeu os prêmios Amalfi (1989, por sua obra Modernidade e Holocausto) e Adorno (1998, pelo conjunto de sua obra). Foi professor emérito de Sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia.

 

Bauman tem mais de trinta obras publicadas no Brasil, dentre as quais Amor Líquido, Globalização: as Conseqüências Humanas e Vidas Desperdiçadas. Tornou-se conhecido por suas análises do consumismo pós-moderno e das ligações entre modernidade e holocausto.

 

 

 

Pensamentos de Zygmunt Bauman

 

 

 

A única coisa que podemos ter certeza, é a incerteza.

 

A incerteza foi sempre o chão familiar da escolha.

 

A incerteza é o habitat natural da vida humana - ainda que a esperança de escapar da incerteza seja o motor de atividade das atividades humanas. Escapar da incerteza é um ingrediente fundamental presumido de todas e quaisquer imagens compósitas da felicidade genuína, adequada e total sempre parece residir em algum lugar à frente: tal como o horizonte, que recua quando se tenta chegar mais perto dele.

 

Nos tempos atuais, as relações escorrem pelo vão dos dedos.

 

As principais fontes de lucro (dos grandes lucros em especial e, portanto, do Capital de amanhã) tendem a ser, numa escala sempre em expansão, idéias e não objetos materiais.

 

O que aprendemos com a amarga experiência é que essa situação de ter sido abandonado à própria sorte, sem ter com quem contar quando necessário, quem nos console e nos dê a mão, é terrível e assustadora. Mas, nunca se está mais só e abandonado do que quando se luta para ter a certeza de que agora existe de fato alguém com quem se pode contar, amanhã e depois, para fazer tudo isso se - quando - a roda da fortuna começar a girar em outra direção.

 

A preocupação com a administração da vida parece distanciar o ser humano da reflexão moral.

 

Como se pode lutar contra as adversidades do destino sozinho, sem a ajuda de amigos fiéis e dedicados, sem um companheiro de vida, pronto para compartilhar os altos e baixos?

 

Os relacionamentos são como Vitamina C: em altas doses provocam náuseas e podem prejudicar a saúde.1

 

 

A Vitamina C e o Mr. Bean

 

Loucos são apenas os significados não compartilhados. A loucura não é loucura quando compartilhada.

 

Há dois valores essenciais que são absolutamente indispensáveis para uma vida satisfatória, recompensadora e relativamente feliz. Um é segurança e o outro é liberdade. Você não consegue ser feliz e ter uma vida digna na ausência de um deles, certo? Segurança sem liberdade é escravidão e liberdade sem segurança é um completo caos, incapacidade de fazer nada, planejar nada, nem mesmo sonhar com isso. Então você precisa dos dois.

 

A incapacidade de escolher entre atração e repulsão, entre esperanças e temores, redunda na incapacidade de agir.

 

Na era da informação, a invisibilidade é equivalente à morte.2

 

A vida é muito maior que a soma de seus momentos.

 

Nenhuma sociedade que esquece a arte de questionar pode esperar encontrar respostas para os problemas que a afligem.3

 

 

 

 

O problema, hoje, não é que os Partidos estejam equivocados, e, sim, o fato de que não controlam os instrumentos.

 

As pessoas seguem a correnteza, obedecendo às suas rotinas diárias, e, antecipadamente, resignadas diante da impossibilidade de mudá-la, e, acima de tudo, convencidas da irrelevância e da ineficácia de suas ações ou de sua recusa em agir.

 

Se os direitos políticos podem ser usados para enraizar e solidificar as liberdades pessoais assentadas no poder econômico, dificilmente garantirão liberdades pessoais aos despossuídos, que não têm direito aos recursos, sem os quais a liberdade pessoal não pode ser obtida nem, na prática, desfrutada.

 

Nós somos responsáveis pelo outro, estando atentos a isto ou não, desejando ou não, torcendo positivamente ou indo contra, pela simples razão de que, em nosso mundo globalizado, tudo o que fazemos (ou deixamos de fazer) tem impacto na vida de todo mundo, e tudo o que as pessoas fazem (ou se privam de fazer) acaba afetando nossas vidas.4

 

Sem humildade e coragem não há Amor. Estas duas qualidades são exigidas, em escalas enormes e contínuas, quando se ingressa numa terra inexplorada e não-mapeada. E é a esse território que o Amor conduz ao se instalar entre dois ou mais seres humanos.

 

Tomar distância, tomar tempo – a fim de separar o destino e a fatalidade, de emancipar o destino da fatalidade, de torná-lo livre para confrontar a fatalidade e desafiá-la – esta é a vocação da Sociologia.5

 

O fascínio da procura de uma rosa sem espinhos nunca está muito longe, e é sempre difícil de resistir.

 

Desejo e amor. Irmãos. Por vezes gêmeos; nunca, porém, gêmeos idênticos (univitelinos).

 

A escuridão não constitui a causa do perigo, mas, é o habitat natural da incerteza, e, portanto, do medo.

 

O Capitalismo é um sistema parasitário. Como todos os parasitas, pode prosperar durante certo período, desde que encontre um organismo ainda não explorado que lhe forneça alimento.

 

 

 

 

Interrupção, incoerência e surpresa são as condições comuns da nossa vida. Elas se tornaram mesmo necessidades reais para muitas pessoas, cujas mentes deixaram de ser alimentadas por outra coisa que não mudanças repentinas e estímulos constantemente renovados… Não podemos mais tolerar o que dura. Não sabemos mais fazer com que o tédio dê frutos. Assim, toda a questão se reduz a isto: poderá a mente humana dominar o que a mente humana criou?

 

 

 

Sinto-me em casa em qualquer lugar, embora não haja um lugar que eu possa chamar de lar.

 

Quem quiser conservar um enxame de abelhas num curso desejável, se dará melhor cuidando das flores no campo, não adestrando cada abelha.

 

Vivemos o fim do futuro.

 

Hoje, o medo da exposição foi abafado pela alegria de ser notado.

 

 

 

 

A paixão por se fazer notar é um exemplo importante, talvez o mais gritante, dos nossos tempos, nos quais a versão atualizada do 'Cogito' (penso) de Descartes seria: 'Sou visto (observado, notado, registrado), logo existo'.

 

A Internet e o Facebook nos tranqüilizam e nos dão a sensação de proteção e de abrigo, afastando o medo inconsciente de sermos abandonados. Na verdade, muitas vezes você está cercado de pessoas tão solitárias quanto você!

 

Os otimistas acreditam que este mundo é o melhor possível, ao passo que os pessimistas suspeitam que os otimistas possam estar certos.

 

Tudo é temporário. A modernidade – tal como os líquidos – caracteriza-se pela incapacidade de manter a forma.

 

Para Ivan Klima6, poucas coisas se parecem tanto com a morte quanto o amor realizado. Cada chegada de um dos dois é sempre única, mas também definitiva: não suporta repetição, não permite recurso nem promete prorrogação. Deve sustentar-se “por si mesmo” – e consegue. Cada um deles nasce, ou renasce, no próprio momento em que surge, sempre a partir do nada, da escuridão do não-ser sem passado nem futuro; começa sempre do começo, desnudando o caráter supérfluo das tramas passadas e a utilidade dos enredos futuros.

 

Indivíduos frágeis, destinados a conduzir suas vidas numa realidade porosa, sentem-se como que patinando sobre gelo fino; e ao patinar sobre gelo fino, observou Ralph Waldo Emerson7 em seu ensaio Prudence, nossa segurança está em nossa velocidade. Indivíduos, frágeis ou não, precisam de segurança, anseiam por segurança, buscam a segurança, e assim tentam, ao máximo, fazer o que fazem com a máxima velocidade. Estando entre os corredores rápidos, diminuir a velocidade significa ser deixado para trás; ao patinar em gelo fino, diminuir a velocidade também significa a ameaça real de se afogar. Portanto, a velocidade sobe para o topo da lista dos valores de sobrevivência. A velocidade, no entanto não é propícia ao pensamento, pelo menos ao pensamento de longo prazo. O pensamento demanda pausa e descanso, “tomar seu tempo”, recapitular os passos já dados, examinar mais de perto o ponto alcançado e a sabedoria (ou imprudência, se for o caso) de o ter alcançado. Pensar tira nossa mente da tarefa em curso, que requer sempre a corrida e a manutenção da velocidade. E na falta do pensamento, o patinar sobre o gelo fino, que é uma fatalidade para todos os indivíduos frágeis na realidade porosa, pode ser equivocadamente tomado como seu destino.

 

O fatalismo é um erro do juízo, pois, de fato, a fatalidade “tem origem natural e basicamente compreensível”. Além disso, embora não seja uma questão de livre escolha, e particularmente de livre escolha individual, a fatalidade “tem origem na vida de um homem ou de um povo”. Para ver tudo isso, para notar a diferença e a distância entre fatalidade e destino, e escapar à armadilha do fatalismo, são necessários recursos difíceis de obter, quando se patina sobre gelo fino: tempo para pensar e distanciamento para uma visão de conjunto.

 

Os adolescentes8, equipados com confessionários eletrônicos portáteis, são apenas aprendizes treinando e treinados na arte de viver em uma sociedade confessional – uma sociedade notória por eliminar a fronteira que antes separava o privado do público, por transformar o ato de expor publicamente o privado em uma virtude e em um dever público.

 

 

 

Bulimia e anorexia são as reações patológicas mais comuns para as contradições e os desafios típicos de nosso modo de vida, em particular, dos aspectos egocêntricos e consumistas.

 

Em uma sociedade de consumo, compartilhar a dependência de consumidor – a dependência universal das compras – é a condição sine qua non de toda a liberdade individual. Acima de tudo, na liberdade de ser diferente, de ter identidade.

 

Sua dependência não se limita ao ato da compra. Lembre-se, por exemplo, o formidável poder que os meios de comunicação de massa exercem sobre a imaginação popular coletiva e individual. Imagens poderosas, mais reais que a realidade, em telas ubíquas, estabelecem os padrões da realidade e de sua avaliação, e também a necessidade de tornar mais palatável a realidade vivida. A vida desejada tende a ser a vida “vista na TV”. A vida na telinha diminui e tira o charme da vida vivida: é a vida vivida que parece irreal, e continuará a parecer irreal enquanto não for remodelada na forma de imagens que possam aparecer na tela.

 

Como observou T. H. Marshall9, quando muitas pessoas correm simultaneamente na mesma direção, é preciso perguntar duas coisas: atrás do quê estão correndo e do quê estão correndo?

 

Ainda que possa ser algo mais, o comprar compulsivo é também um ritual feito à luz do dia, para exorcizar as horrendas aparições da incerteza e da insegurança que assombram as noites.

 

Em uma sociedade sinóptica [que permite ver de uma só vez as diversas partes de um conjunto] de viciados em comprar/assistir, os pobres não podem desviar os olhos; não há mais para onde olhar. Quanto maior a liberdade na tela e quanto mais sedutoras as tentações que emanam das vitrines, e mais profundo o sentido da realidade empobrecida, tanto mais irresistível se torna o desejo de experimentar, ainda que por um momento fugaz, o êxtase da escolha. Quanto mais escolha parecem ter os ricos, tanto mais a vida sem escolha parece insuportável para nós [os pobres].

 

A infame frase de efeito de Margaret Thatcher não existe essa coisa de sociedade é, ao mesmo tempo, uma reflexão perspicaz sobre a mudança no caráter do Capitalismo – uma declaração de intenções – e uma profecia autocumprida. Em seus rastros veio o desmantelamento das redes normativas e protetoras, que ajudavam o mundo em seu percurso de se tornar carne. “Não-sociedade” significa não ter utopia nem distopia.

 

O mundo está cheio de possibilidades, é como uma mesa de bufê com tantos pratos deliciosos, que nem o mais dedicado comensal poderia provar todos. Os comensais são os consumidores. A mais custosa e irritante das tarefas que se pode pôr diante de um consumidor é a necessidade de estabelecer prioridades: a necessidade de dispensar algumas opções inexploradas e abandoná-las. A infelicidade dos consumidores deriva do excesso e não da falta de escolha. “Será que utilizei os meios à minha disposição da melhor maneira possível?” É a pergunta mais assombrosa, e causa insônia ao consumidor!

 

Ninguém ficaria surpreso ou intrigado pela evidente escassez de pessoas que se disporiam a ser revolucionárias: o tipo de pessoas que articulam o desejo de mudar seus planos individuais como projeto para mudar a ordem da sociedade. A tarefa de construir uma ordem nova e melhor para substituir a velha ordem defeituosa não está hoje na agenda – pelo menos não na agenda que se supõe que resida na ação política.

 

No seu último encontro anual, realizado em setembro de 1997, em Hong Kong, os diretores do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial criticaram severamente os métodos alemães e franceses para trazer mais gente de volta ao mercado de trabalho. Achavam que esses esforços iam contra a natureza “flexível do mercado de trabalho”. O que este requer, disseram, é a revogação de leis “favoráveis demais” à proteção do emprego e do salário, a eliminação de todas as “distorções” que se colocam no caminho da autêntica competição e a quebra da resistência da mão-de-obra a desistir de seus “privilégios” adquiridos – isto é, de tudo que se relacione à estabilidade do emprego e à proteção do trabalho e sua remuneração.

 

 

FMI = Foda-se o Mundo Inteiro

 

Por que eu escrevo livros? Por que eu penso? Por que devo ser apaixonado? Porque as coisas poderiam ser diferentes, poderiam ser melhores.

 

 

 

 

No que diz respeito ao Amor, a posse,o poder, a fusão e o desencanto são os Quatro Cavaleiros do Apocalipse.

 

Ao contrário das"relações reais", as "relações virtuais" são mais fáceis de entrar e sair. Eles parecem ser mais inteligentes, mais limpas e mais cômodas de ser usadas, quando comparadas com o pesado, bagunçado e lento movimento das coisas reais.

 

As relações, como os carros, devem passar por manutenções regulares, para nos certificarmos de que ainda estão funcionando a contento.

 

Vivemos em um mundo globalizado. Isto significa que todos nós, conscientemente ou não, dependemos uns dos outros. O que quer que façamos ou nos abstenhamos de fazer afeta as vidas das pessoas que vivem em lugares que nunca iremos visitar.

 

A atenção humana tende a se concentrar nas satisfações que são esperadas das relações, porque, precisamente, de alguma forma, elas não são verdadeiramente satisfatórias. E, se satisfazem, o preço desta satisfação é freqüentemente o inaceitável.

 

Nós já temos – graças à tecnologia, ao desenvolvimento, às habilidades e à eficiência do nosso trabalho – recursos suficientes para satisfazer todas as necessidades humanas. Mas, não temos, e é improvável que venhamos a ter, recursos suficientes para satisfazer a ganância humana.

 

Vivemos em um mundo de comunicação – todos têm e obtém informações sobre todos. Há comparação universal, e você não se compara apenas com as pessoas ao lado; você se compara às pessoas de todo o mundo, e com o que está sendo apresentado como uma vida decente, adequada e digna. É o crime da humilhação.

 

O risco de um novo Holocausto não é que ele tenha sido esquecido, mas que será embalsamado, cercado por monumentos e usado para absolver todos os pecados futuros.

 

Eu estava à esquerda, estou à esquerda e vou morrer à esquerda.

 

A civilização, o mundo ordenado em que vivemos, é frágil. Estamos patinando em gelo fino. Há um medo de um desastre coletivo. Terrorismo, genocídio, gripe, tsunamis.

 

Pare de falar, e você está fora. O silêncio equivale à exclusão.10

 

Como a Fênix, o Socialismo renasce de cada pilha de cinzas deixada, dia após dia, por sonhos humanos carbonizados e esperanças incineradas.

 

Em nosso mundo de desenfreada individualização, as relações são bênçãos misturadas. Elas oscilam entre um doce sonho e um pesadelo, e não há como dizer quando um se transforma no outro.

 

Devemos estar permanentemente a serviço da liberdade.

 

 

 

A cultura consumista insiste em jurar eterna lealdade a qualquer coisa e a qualquer um, já que neste mundo novas oportunidades brilhantes surgem diariamente.

 

O Capitalismo prossegue através da destruição criativa. O que é criado é o mesmo Capitalismo em uma forma nova e melhorada, e o que é destruído é a capacidade auto-sustentável, a subsistência e a dignidade dos seus inúmeros e multiplicados "organismos hospedeiros", e para o qual todos nós somos atraídos/seduzidos de uma maneira ou de outra.

 

Este terrível conceito de subclasse é realmente horrível. Você não é classe baixa, você está excluído, está fora.

 

Poder, em poucas palavras, é a capacidade de fazer as coisas, e a política é a capacidade de decidir quais coisas precisam ser feitas.

 

Em um mundo de dependências globais sem nenhuma política global correspondente e poucas ferramentas de justiça universal, os ricos do mundo são livres para perseguir seus próprios interesses sem prestar atenção ao resto.

 

Questionar as premissas ostensivamente inquestionáveis do nosso modo de vida é, sem dúvida, o mais urgente dos serviços que devemos a nossos semelhantes humanos e a nós mesmos.

 

Para que um seja livre deve haver pelo menos dois.

 

O diálogo real não é falar com pessoas que acreditam nas mesmas coisas que você.

 

O que foi cortado não pode ser colado novamente. Abandone toda a esperança da totalidade, do futuro e do passado, você que entrou no mundo da modernidade fluida.11

 

Onde esperamos pousar (embora por um momento fugaz, o suficiente apenas para descansar nossas asas cansadas e para pegar o vento de novo) é um "lá" que nós imaginamos tão pouco e sabemos de menos ainda!

 

Fiel à sua natureza, o amor se esforça para perpetuar o desejo. O desejo, por outro lado, evita os grilhões do amor.

 

Se os direitos políticos são necessários para estabelecer os direitos sociais, os direitos sociais são indispensáveis para tornar os direitos políticos reais e mantê-los em funcionamento. Os dois direitos, portanto, necessitam um do outro para a sua sobrevivência, sobrevivência esta que só pode ser conquistada de maneira conjunta.

 

Precisar se tornar o que já se é é a característica da vida moderna.

 

A verdade que liberta os homens é, em grande parte, a verdade que os homens preferem não ouvir.

 

O raciocínio circular12 é infalível, mesmo que não seja exatamente lógico, e é por isto que muitos de nós tão freqüentemente recorremos a ele, não tanto para resolver problemas desconcertantes, mas, para sermos absolvidos da obrigação de nos preocuparmos com eles.

 

Não há alternativa, a não ser tentar e tentar e tentar novamente.

 

Uma atitude consumista pode lubrificar as rodas da Economia; mas, o fato é que ela polvilha areia nos rumos da moralidade.

 

 

Os Soluços da Indecorosidade

 

Ser dois significa aceitar um futuro indeteminado.

 

A diferença entre a comunidade e a rede é que você pertence à comunidade, mas, a rede pertence a você. É possível adicionar e deletar amigos, e controlar as pessoas com quem você se relaciona. Isto faz com que os indivíduos se sintam um pouco melhor, porque a solidão é a grande ameaça nesses tempos individualistas. Mas, nas redes, é tão fácil adicionar e deletar amigos, que as habilidades sociais não são necessárias. Elas são desenvolvidas na rua, ou no trabalho, ou ao encontrar gente com quem se precisa ter uma interação razoável. Aí você tem que enfrentar as dificuldades, se envolver em um diálogo... As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa não para unir, não para ampliar seus horizontes, mas, ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde a única coisa que vêem são os reflexos de suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas, são uma armadilha.

 

Algum tipo de sofrimento é um efeito colateral da vida em uma sociedade de consumo. Em uma sociedade assim, os caminhos são muitos e dispersos, mas, todos eles levam às lojas. Qualquer busca existencial, e principalmente a busca da dignidade, da auto-estima e da felicidade, exige a mediação do mercado.

 

Na hierarquia herdada dos valores reconhecidos, a ‘síndrome consumista’ destronou a duração, promoveu a transitoriedade e colocou o valor da novidade acima do valor da permanência.

 

Apostar todas as suas fichas em um só número é o máximo da insensatez!

 

A racionalidade dos governados é sempre a arma dos governantes.

 

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. O químico quântico, bioquímico, cristalógrafo, biólogo molecular e pesquisador médico – Prêmio Nobel de Química, em 1954, e Prêmio Nobel da Paz, em 1962 – Linus Carl Pauling (Portland, Oregon, 28 de fevereiro de 1901 – Big Sur, Califórnia, 19 de agosto de 1994) dizia que se preocupava mais com as idéias do que com as fórmulas, e se interessava mais em entender, explicar e prever fenômenos, deixando a formulação matemática em segundo plano. Dedicou-se também ao estudo da vitamina C, molécula que considerava importante para a prevenção e a cura de várias doenças. No final dos anos 1960, começou a trabalhar na Universidade de Stanford. Foi ali que, mediante a técnica da difração dos raios X, criou um novo método para revelar a estrutura dos cristais. Isto permitiu à ciência desvendar a estrutura de várias moléculas orgânicas. Nos seus últimos anos de vida, publicou um trabalho relatando que concentrações significativas de vitamina C podem impedir a duplicação do vírus HIV. Foi um pesquisador ativo até a sua morte, quando atuava como Diretor de Pesquisa no Instituto Linus Pauling de Ciências e Medicina, em Palo Alto.

2. Penso que a coisa seja exatamente o contrário: seja qual for a era, a invisibilidade é equivalente à Vida.

3. À arte de questionar devem ser acrescentadas muitas outras artes: a arte de Amar, a Arte de ser Inofensivo, a Arte de ser Tolerante, a Arte de ser Fraterno, a Arte de ser Misericordioso, a Arte de não ser Separativo, a Arte de não ser Preconceituoso, a Arte de não ser Beligerante... E está faltando Arte aí!

4. Não somos responsáveis apenas pelo outro (o outro entendido como um ser-humano-aí-no-mundo); somos, também, guardiões e responsáveis pelos 3º, 2º e 1º Reinos da Natureza, isto é, pelos animais, pelos vegetais e pelos minerais.

5. Haveremos de compreender que não existem fatalidades, por acaso nem balas perdidas. O que há, em todo o Universo, são causas que geram efeitos. Ao desconhecimento da Lei da Causa (remota ou próxima) e do Efeito (imediato ou posterior) chamamos de fatalidade. Quem tiraria férias, hoje, na República Árabe da Síria ou na República do Iraque?

6. Ivan Klíma (nascido em 14 de setembro de 1931 em Praga) é um escritor e dramaturgo checo.

7. Ralph Waldo Emerson (25 de maio de 1803, Boston – 27 de abril de 1882, Concord, Massachusetts) foi um famoso escritor, filósofo e poeta estadunidense.

8. Só os adolescentes ou everybody macacada?

9. Thomas Humphrey Marshall (19 de dezembro de 1893, Londres – 29 de novembro de 1981, Cambridge) foi um sociólogo britânico, conhecido principalmente por seus ensaios, entre os quais se destaca Citizenship and Social Class (Cidadania e Classe Social), publicado em 1950.

10. Leia silêncio, aqui, como sendo neutralidade, ou seja, pusilanimidade conveniente ou oportuna.

Eu sou neutro porque
não vou me comprometer.
E sou neutro porque
não quero me envolver.

Eu sou neutro porque
calado não come mosca.
E sou neutro porque
um mudo não se enrosca.

Eu sou neutro porque
não me move dar pitaco.
E sou neutro porque
não me meto em barraco.

Eu sou neutro porque
tenho horror às querelas.
E sou neutro porque
não abro minhas janelas.

Eu sou neutro porque
está mui cara a gasolina.
E sou neutro porque
sou fanzoca da Angelina.

Eu sou neutro porque
basifiquei o ácido acético.
E sou neutro porque
intrometer-se é ser aético.

Eu sou neutro porque
não quero me indispor.
E sou neutro porque
não quero me contrapor.

Eu sou neutro porque
não quero ser criticado.
E sou neutro porque
não quero ser coimado.

Eu sou neutro porque
tenho medo de ser excluído.
E sou neutro porque
me aterrora ser demitido.

Eu sou neutro porque
não topo fazer alarde.
E sou neutro porque
sou um grande covarde.

Eu sou neutro porque
anteponho conveniência.
E sou neutro porque
maisquero displicência.

Eu sou neutro porque
gosto de comodidade.
E sou neutro porque
dou valor à facilidade.

Eu sou neutro porque
nado na insuficiência.
E sou neutro porque
cultivo a inconsciência.

Eu sou neutro porque
o outro não me interessa.
E sou neutro porque
participar só me estressa.

Eu sou neutro porque
só penso em mim mesmo.
E sou neutro porque
agüento mal o tenesmo.

Eu sou neutro porque
porra!
eu sou vacilante!
E sou neutro porque
foda-se! eu sou farsante!

 

11. Aqui, me lembrei do escritor, poeta e político florentino Dante Alighieri (1265 d.C. – 1321) e do seu Inferno: Lasciate ogne speranza, voi ch' intrate.

12. Raciocínio circular é a mesma coisa que sofisma (argumento ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da verdade, que, embora simule um acordo com as regras da Lógica, apresenta, na realidade, uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente enganosa). É, portanto, uma forma de falácia lógica, ou seja, um raciocínio errado com aparência de verdadeiro. No raciocínio circular, usa-se uma premissa como sendo igual à conclusão. Um exemplo clássico disto é: a Bíblia é verdadeira porque contém a verdade e contém a verdade porque é verdadeira. Ora, isto não é argumento; é molhar o molhado ou secar o que já está seco.

 

Música de fundo:

Karolinka
Solo: Ignacio Arendt

Fonte:

http://www.naphi.co/baixar/Musicas-Polonesas/1/mp3

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.brasilpost.com.br/2017/01/09/
pensamentos-bauman-_n_14061252.html

http://psicoativo.com/2017/01/zygmunt
-bauman-16-frases-e-pensamentos.html

https://www.pexels.com/search/sand/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fal%C3%A1cia

https://www.goodreads.com/author/
quotes/26260.Zygmunt_Bauman

https://www.brainyquote.com/quotes/
authors/z/zygmunt_bauman.html

http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014
/09/fmi-emprestimos-de-nova-guerra-fria.html

http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia
/fmi-ajuda-ou-prejudica.htm

http://www.free-power-point-templates.com/articles/create-
custom-smartphone-clipart-for-powerpoint-with-swipe-effect/

http://colunastortas.com.br/2015/03/15
/zygmunt-bauman-frases/

http://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/a-filosofia-de-
zygmunt-bauman-o-pensador-da-modernidade-liquida/

http://bestanimations.com/Careers/
Entertainment/Clowns/Clowns.html

https://www.tumblr.com/search/atomic%20bomb%20gif

https://pensador.uol.com.br/autor/zygmunt_bauman/2/

http://www.marieclaire.fr/,5-astuces-pou
r-trouver-le-sommeil,736796.asp

http://onlythegifs.blogspot.com.br/2012/05
/mr-bean-is-dancing_11.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8
1cido_asc%C3%B3rbico

https://pensador.uol.com.br/autor/
zygmunt_bauman/

http://www.citador.pt/cliv.php?op=
7&author=20298&firstrec=0

https://pt.wikipedia.org/wiki/Zygmunt_Bauman

https://pt.wikiquote.org/wiki/Zygmunt_Bauman

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.