O ZUMBI DE HELL STREET
(A Paz da Morte)

 

 

 

Zumbi

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

É bom ter um certo conforto físico, mas, exagerar neste conforto, atribuir grande importância a ele, é estar com a mente sonolenta. Assim, quando a mente está apegada a qualquer espécie de conforto por exemplo, a um hábito, a uma crença ou a determinado lugar a que chama "minha casa" começa a dormir. A mente que é muito ativa, alerta e vigilante nunca se apega ao conforto; para ela, luxo nada significa. Enfim, o importante é sermos interiormente muito simples, muito austeros, quer dizer, não termos uma mente entupida de crenças, de temores e de desejos inumeráveis, porque só então a mente será capaz de pensar, de explorar e de realmente descobrir. [In: A Cultura e o Problema Humano (título do original: This Matter of Culture), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

 

 

Pato Rico

 

 

A felicidade é uma coisa que não se encontra na esfera da consciência. Portanto, buscar a felicidade é absurdo, porque só poderá haver felicidade quando não mais a buscarmos. Pode-se cultivar a humildade? Se, todas as manhãs, repetíssemos "serei humilde", isto seria humildade? Ou a humildade surge, espontânea, quando já não há mais orgulho, vaidade? Da mesma maneira, quando desaparecem as coisas que impedem a felicidade, quando a ansiedade, a frustração, a busca de segurança própria, deixaram de existir, há, então, felicidade, e não é necessário procurá-la. [Ibidem.]

 

Se meramente aceitarmos o ambiente em que vivemos, se admitirmos as coisas como são, se não nos revoltarmos, haverá, em nós, sim, uma espécie de paz, mas, é a paz da morte. Todavia, se lutarmos para romper o ambiente e descobrir por nós mesmos o que é verdadeiro, encontraremos, então, uma paz de ordem diferente, a qual não será mera estagnação, mera resignação, mera submissão, mera inatividade, mera paralisação. Se buscarmos a paz pela mera aceitação do ambiente em que vivemos e pela mera admissibilidade das coisas como são, ficaremos dormindo, e, neste caso, tanto vale estar vivo como morto. [Ibidem.]

 

 

 

Esqueleto

 

 

 

Disseram-me para sempre aceitar,

e eu, zumbi-submisso, aceitei.

Disseram-me para nunca perguntar,

e eu, zumbi-submisso, jamais perguntei.

Disseram-me para que me amoldasse,

e eu, zumbi-submisso, me amoldei.

Disseram-me para acreditar,

e eu, zumbi-submisso, acreditei.

Disseram-me para jamais duvidar,

e eu, zumbi-submisso, nunca duvidei.

Disseram-me para ajoelhar,

e eu, zumbi-submisso, ajoelhei.

Disseram-me para a mão beijar,

e eu, zumbi-submisso, a mão sempre beijei.

Disseram-me para me conformar,

e eu, zumbi-submisso, me conformei.

Disseram-me para me resignar,

e eu, zumbi-submisso, me resignei.

Disseram-me para não contestar,

e eu, zumbi-submisso, não contestei.

Disseram-me para não me sublevar,

e eu, zumbi-submisso, não me sublevei.

Disseram-me para não questionar,

e eu, zumbi-submisso, não questionei.

Disseram-me para apoiar,

e eu, zumbi-submisso, apoiei.

Disseram-me para concordar,

e eu, zumbi-submisso, concordei.

Disseram-me para nele votar,

e eu, zumbi-submisso, nele votei.

 

 

Ampulheta

 

 

E o tempo foi passando...

E o inverno foi chegando...

E a noite foi esfriando...

E o gelo foi se formando...

E eu, zumbi-friorento,

com frio, fui avelhentando...

 

 

Velho

 

 

E eu, zumbi-pau-mandado,

vivi sempre aceitando...

E eu, zumbi-pau-mandado,

vivi nunca perguntando...

E eu, zumbi-pau-mandado,

vivi sempre me amoldando...

E eu, zumbi-pau-mandado,

vivi sempre acreditando...

E eu, zumbi-pau-mandado,

vivi nunca duvidando...

E eu, zumbi-pau-mandado,

vivi sempre ajoelhando...

E eu, zumbi-pau-mandado,

vivi sempre a mão beijando...

E eu, zumbi-pau-mandado,

vivi sempre me conformando...

E eu, zumbi-pau-mandado,

vivi sempre me resignando...

E eu, zumbi-pau-mandado,

vivi sempre não contestando...

E eu, zumbi-pau-mandado,

vivi sempre não me sublevando...

E eu, zumbi-pau-mandado,

vivi sempre não questionando...

E eu, zumbi-pau-mandado,

vivi sempre apoiando...

E eu, zumbi-pau-mandado,

vivi sempre concordando...

E eu, zumbi-pau-mandado,

vivi sempre nele votando...

E assim, zumbi-pau-mandado,

sempre fiz o que me mandaram...

 

 

 

 

E, como um zumbi-babaca de Hell Street,

aparentemente livre estava,

mas, zumbi-cativo vivi,

aparentemente vendo estava,

mas, zumbi-cego vivi,

aparentemente ouvindo estava,

mas, zumbi-surdo vivi,

aparentemente falando estava,

mas, zumbi-tartamudo vivi,

aparentemente despreocupado estava,

mas, zumbi-atormentado vivi,

aparentemente independente estava,

mas, zumbi-sem-vontade-própria vivi,

aparentemente autônomo estava,

mas, zumbi-inocente-útil vivi,

aparentemente equilibrado estava,

mas, zumbi-alienado vivi,

aparentemente vivo estava,

mas, zumbi-morto-vivo vivi.

Aparentemente, em paz eu estava,

mas, foi na paz da morte que vivi.

 

 

 

Zumbi

 

 

 

Música de fundo:

Zombie Sound Effects

Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=wg8u3AQj1Ac

 

Páginas da Internet consultadas:

http://clipart-library.com/sad-man-gif.html

https://www.mathworks.com/

http://blog.willdotadams.co.uk/

http://photobucket.com/gifs/old%20man%20cane

http://rebloggy.com/

https://aminoapps.com/

https://giphy.com/

https://plus.google.com/1096591520
58408797294/posts/jZX4egaNtuF

http://photobucket.com/gifs/happy%20new
%20year%20hourglass%20animation

 

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