A VIRTUDE DO ZEN
(Parte IV)

 

 

Manly Palmer Hall

Manly Palmer Hall

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

Introdução

 

 

 

Este estudo se compõe da Parte IV e última de uma coletânea de fragmentos garimpados na obra A Clara Virtude do Zen, de autoria de Manly Palmer Hall, que o considerava não um sistema de credo abstrato, mas, um guia imediato de conduta.

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Manly Palmer Hall (Peterborough, Ontario, 18 de março de 1901 – 29 de agosto de 1990, Los Angeles, California) foi um místico e autor canadense de mais de cem livros, dentre eles The Secret Teachings of All Ages: An Encyclopedic Outline of Masonic, Hermetic, Qabbalistic and Rosicrucian Symbolical Philosophy, que ele publicou aos 25 anos de idade.

 

Em 1934, Hall fundou a Philosophical Research Society, em Los Angeles, EUA, dedicada ao ideal de buscar soluções para os problemas humanos.

 

Uma biografia mais detalhada está disponível em:

http://www.christianrosenkreuz.org/mph_biografia.htm

 

 

 

Fragmentos da Obra

 

 

 

Nenhuma pessoa tem o direito de se declarar verdadeiramente religiosa ou religiosamente esclarecida, a menos que esse esclarecimento, de alguma forma, afete seu caráter para melhor. [Uma das mais daninhas ilusões é a ilusão religiosa, em que a pessoa delirante supõe ser o que não é.]

 

Quando a Compreensão é Verdadeira, a própria coisa traz consigo a inevitável Compreensão de si mesma. Não há esforço para Compreender. Isto é: ocorre uma Experiência Universal de uma Realidade Total da Coisa Não-nascida. [Por isto, este tipo de Experiência é pessoal e intransferível. Não há palavras para explicá-La nem para defini-La. É uma experiência de eternidade capturada por um momento dentro do espaço-tempo da nossa forma de vida. Enfim, Ela não pode ser ensinada.]

 

Precisamos aprender a nos libertar dos pensamentos, das manias, dos desejos, das cobiças, das paixões e das crenças que nos assombram, nos limitam e nos escravizam.

 

 

 

 

De repente, um Dia, como um relâmpago, sob a força da Consciência Búdica pelo Mistério da Illuminação Interior todos os nossos sentidos, faculdades e forças serão redimidos pela Sabedoria, e serão convertidos ao Serviço da Compreensão Illuminada. Através de uma Alquimia Interna, saberemos que sabemos. Uma vez que esta Experiência acontece, nunca poderá ser removida. Ela se torna a Nova Realidade, a Única Realidade.

 

O indivíduo sempre é a soma de suas próprias partes. Portanto, ele não é um ser infalível em um corpo falível; é um verdadeiro ser falível em um corpo falível, e toda a sua vida está sujeita não aos perigos e aflições das gerações em que vive, mas à insuficiência de si mesmo. [Insuficiência esta derivada dos desejos, das cobiças, das paixões, dos preconceitos, das outrofobias, das separatividades, enfim, da ignorância da unicidade cósmica e das Leis Universais.]

 

Princípio essencial da Filosofia Budista: Cada indivíduo tem como sua primeira tarefa neste mundo descobrir a realidade sobre si mesmo e, sobre esse fato, construir um caminho de vida consistente com a Verdade. [Esta Verdade, para nós e para todos, sempre foi, é e sempre será relativa. Por isto, a nossa caminhada nunca teve princípio e jamais terá fim. Portanto, dormir ou desistir não são opções.]

 

 

 

 

Cada um de nós deve aprender a analisar e compreender a natureza dos objetos dentro de si, que produzem sons rítmicos e específicos. Até que nós descubramos completamente a natureza desses objetos e que sons são esses, nossa harmonia com a Vida será sempre inadequada e desarmônica.

 

Cada um de nós só pode experimentar sua própria morte. E cada um de nós experimentará a morte exatamente de acordo com as situações que existem dentro do seu próprio conjunto de faculdades e de forças. Enfim, cada pessoa se aproxima da transição equipada apenas com os recursos de sua própria consciência. [Devo repetir: todas as experiências da nossa existência (pregressa, presente e futura) são pessoais e intransferíveis. Portanto, querer que o outro seja de uma maneira ou de outra, desta maneira ou daquela, é uma estupidez sesquipedal. Ajudar os outros em suas existências terrenas é um coisa; impor aos outros um tipo de comportamento que achamos adequado não tem o menor cabimento. O nosso frio e o nosso calor são diferentes dos frios e dos calores dos outros.]

 

 

 

 

São exatamente os modos diferentes de compreendermos e de percebermos as coisas, muitos deles violentamente opostos entre si, apesar de cada um de nós estar convencido de que sua interpretação está correta, que nascem a intolerância, o ressentimento e a miséria que tanto deformam uma parte das nossas vidas.

 

 

 

 

Os edifícios existem. A diferença entre gostarmos ou não deles não tem nada a ver com o edifício. Tem a ver, sim, com alguma experiência que ocorre no interior de nós mesmos. [É importante que compreendamos isto direitinho, para evitarmos ficar fazendo juízo de valor (julgamento que expressa uma apreciação, avaliação ou interpretação sobre a realidade, sem compromisso com o ideal da neutralidade científica) das coisas e das pessoas. Precisamos compreender que todo e qualquer juízo de valor do que quer que seja que fizermos será sempre equivocado e preconceituoso. Desta forma, todas as nossas associações na vida são o que são porque somos o que somos. Se fôssemos diferentes, seriam diferentes.]

 

Há dois tipos de delinqüentes juvenis. Um é a criança que é desencaminhada por companhias miseráveis, descuido e coisas dessa natureza; o outro é a criança que nasce desajustada e nunca se adaptará. [Um exemplo disto é a psicopatia. Psicopata é a designação atribuída a um indivíduo com um padrão comportamental e/ou traço de personalidade, caracterizados, em parte, por um comportamento anti-social, diminuição da capacidade de empatia/remorso e baixo controle comportamental ou, também, pela presença de uma atitude de dominância desmedida. Esse tipo de comportamento é relacionado com a ocorrência de delinqüência, crime, falta de remorso e dominância, mas, também, é associado com competência social e liderança. A psicopatia, descrita como um padrão de alta ocorrência de comportamentos violentos e manipulatórios, freqüentemente, é considerada uma expressão patológica da agressão instrumental, além da falta de remorso e de empatia. De maneira geral, nos homens, o transtorno tende a ser mais evidente antes dos 15 anos de idade, e nas mulheres pode passar despercebido por muito tempo, principalmente porque as mulheres psicopatas parecem ser mais discretas e menos impulsivas do que os homens. Por se tratar de um transtorno de personalidade, o distúrbio tem eclosão evidente no final da adolescência ou no começo da idade adulta, por volta dos 18 anos, e, geralmente, acompanha por toda a vida. Pode-se dizer que a psicopatia é incurável.]

 

 

Jack Nicholson — Jack Torrance
(The Shining — O Iluminado)

 

 

Theodore Ted Robert Bundy
(Assassino Serial Americano)

 

 

Adolf Hitler
(Todo mundo sabe quem é)

 

 

Quando somos ou estamos inadaptados, não podemos encontrar um mundo normal porque não temos o potencial de experimentá-lo dentro de nós mesmos. Para nós, o mundo sempre será difícil, abominável e trágico, porque criamos uma situação em nossa própria natureza que não nos permite experimentar o mundo de outra maneira. [E assim, ao longo da História, no limite do absurdo e do inimaginável, desceram do inferno e apareceram aqui na Terra, por exemplo, Calígula, Nero, Augusto Pinochet, Jorge Videla, Idi Amin Dada, Átila, o Huno, Genghis Khan, Pol Pot, Vlad, o Empalador, Ivan, o Terrível, Adolf Eichmann, Leopoldo II, Josef Stalin, Lavrenti Beria, Paul Marcinkus, o Banqueiro de Deus, Carlos Alberto Brilhante Ustra, Doutor Tibiriçá, Paulo Malhães, Doutor Pablo, Antonina Makárova, Daria Saltykova, Irma Grese, o anjo da morte, Belle Gunness, Maria Tudor, entre muitos e muitos outros maluquetes e despirocados. Mas, em um certo sentido Oculto, Alquímico e Iniciático, normalmente incompreendido pela maioria das pessoas, sem que eles soubessem e nós também não, todos eles fizeram parte do corpo docente dos nossos professores alquimiadores. E, ainda que eles, por demérito e crueldade, tenham descendido na escala humana e no Teclado Cósmico, pois, houve um rompimento dos seus Princípios, nós, por mérito e dignidade, Ascendemos. Enfim, a questão não é termos Ascendido, mas, sim, perenemente, mantermos acesa a Chama da Ascensão. Por último, precisamos ter em mente que a Alquimia (que sempre é Iniciática) não é só no sentido (digamos assim, do pior para o melhor); eventual e raramente, poderá ser no sentido (do melhor para o pior, o que poderia ser denominado, talvez, de antialquimia). Seja como for, nós somos responsáveis por tudo, e, particularmente, pela construção do nosso futuro, que não deverá ser no futuro, mas, sim, hoje, já, agora.]

 

(Simbolicamente)

 

 

De alguma maneira, precisamos aprender a observar qualquer objeto e isolá-lo de nossa falsa interpretação. Interpretamos mal as coisas porque nos valemos das aparências das coisas, que não correspondem às atualidades das coisas nem as suas intrínsecas naturezas. [Isto significa que, de maneira geral, vivemos no mundo de o-que-não-é, um mundo de miragens e de ilusões, sem acessar O-QUE-É.]

 

As sombras dos objetos são meramente acidentais, não tendo nada a ver com a realidade dos objetos.

 

Para os jovens, o mundo está no futuro; para os idosos, o mundo está no passado. Mas, o próprio mundo nunca muda. [Aqui, devo discordar de Manly, pois, não é bem assim. Na verdade, não é assim, pois, o mundo muda. Sim. Tudo muda. Tudo está em movimento. O que não se movimenta não pode existir. Já ensinava o filósofo pré-socrático Heráclito de Éfeso (Éfeso, aproximadamente, 500 a.C. – 450 a.C.) panta rei, "tudo flui", sintetizando a idéia de um mundo em mudança permanente e em movimento perpétuo. O fato de o mundo, para uns, estar no futuro significa esperança; o fato de o mundo, para outros, estar no passado significa saudade.]

 

 

Heráclito de Éfeso
(Por Johannes Moreelse)

 

 

As coisas não são boas nem más. Somos nós que colorimos [e descolorimos] a História, as artes e as ciências. [Na verdade, nós colorimos e descolorimos tudo.]

 

 

Terra Plana

 

 

A vida da imensa maioria das pessoas se resume a uma série de aceitações e de rejeições, não com base em fatos, mas, sempre com base nas pressões das suas próprias personalidades. Somente reduzindo a pressão de nossas próprias faculdades interpretativas poderemos nos livrar dos erros e das falácias que consideramos invariáveis uma palavra que, neste caso, significa "sem valor", pois, são tergiversações e deformações dos fatos embora, geralmente, não a reconheçamos como tal.

 

LGBTQIA+ bom é LGBTQIA+ morto.
Negro bom é negro morto.
Judeu bom é judeu morto.
Muçulmano bom é muçulmano morto.
Índio bom é índio morto.
Curiboca bom é curiboca morto.
Nordestino bom é nordestino morto.
Mestiço bom é mestiço morto.
Comunista bom é comunista morto.
Ministro do STF bom é Ministro do STF morto.
Ministro do TSE bom é Ministro do TSE morto.
Adversário bom é adversário morto.
Reivindicador bom é reivindicador morto.
Babalorixá bom é babalorixá morto.
Tchetcheno bom é tchetcheno morto.
Afegão bom é afegão morto.
Alepiense bom é alepiense morto.
Ucraniano bom é ucraniano morto.
(Basta perguntar ao
e à sua entourage oligárquica, que é tão cruel quanto ele.)
O outro bom é o outro morto.
Eu bom sou eu vivo.

 

 

 

 

A Natureza simplesmente permite que continuemos em nosso próprio caminho, até que o erro se torne insuportável, [e sejamos obrigados a corrigi-lo].

 

Talvez, a razão pela qual o homem se torne neurótico seja porque ele é o único membro da sociedade natural visível que pode ser egoísta.

 

Não podemos depender de ninguém para mudar nosso modo de ser. [A mudança é interna, pessoal e, em um nível mais elevado, transracional.]

 

A única pessoa que poderemos mudar somos nós mesmos. Poderemos até influenciar um pouco os outros e, às vezes, modificar seus caminhos, mas, somente se já possuem em si a inclinação para essa modificação. [Eu penso que ninguém muda ninguém. Em nada. O ato de mudar é um processo interior, ao qual só nós podemos ter acesso. E isto, fundamentalmente, envolve cultura, razão, reflexão e disposição interior para mudar. Quem pode fazer isso por nós? Bem, precisamos saber que o catalisador da e para a mudança está em nosso Coração! Enfim, impor ao outro qualquer tipo de mudança é tirania e despotismo.]

 

 

 

 

O humor verdadeiro é quando aprendemos a rir de nós mesmos, e não dos outros. Precisamos parar com essa babaquice de nos levar a sério demais.

 

Nenhum homem precisa ser punido com nenhuma coisa pior do que ser forçado a viver em companhia de si mesmo.

 

 

 

 

Tomar uma decisão é muito menos difícil do que não tomá-la.

 

A maior defesa de todas contra a injustiça é aquela que não a aceita nem a rejeita.

 

Não podemos ser persuadidos a culpar outra pessoa, a menos que tenhamos permitido que ela nos engane ou nos convença.

 

Para não termos que nos arrepender de nossos erros, em primeiro lugar, não os devemos causar.

 

O propósito fundamental do Zen é descobrir a sublime identificação com a Vida Universal, [que está em nosso interior].

 

Eu quis encontrar a Paz do lado fora;
nunca a encontrei.
Eu quis encontrar o Bem do lado fora;
nunca o encontrei.
Eu quis encontrar a Beleza do lado fora;
nunca a encontrei.
Eu quis encontrar o Amor do lado fora;
nunca o encontrei.
Eu quis encontrar a Vida do lado fora;
nunca a encontrei.
Eu quis encontrar a LLuz do lado fora;
nunca a encontrei.
Eu quis encontrar a Harmonia do lado fora;
nunca a encontrei.
Eu quis encontrar a Compreensão do lado fora;
nunca a encontrei.
Eu quis encontrar a Liberdade do lado fora;
nunca a encontrei.
Eu quis encontrar a Eternidade do lado fora;
nunca a encontrei.
Eu quis encontrar a Divindade do lado fora;
nunca a encontrei.
Um dia, de repente, descobri que tudo isto
estava em meu interior.

 

Cada um de nós tem um mecanismo de autocorreção em seu interior. Nenhum ser humano poderá fazer esta correção pelo outro, mas, cada um pode fazê-la por si mesmo. Cada indivíduo tem uma LLuz dentro de si mesmo, e por esta LLuz poderá efetuar todas as correções necessárias. Este é o ensinamento da Lei.

 

O nosso karma terreno não poderá terminar, até que sejamos Illuminados.

 

O Zen diz claramente que é extremamente importante que o indivíduo se torne um cidadão do Uni[multi]verso enquanto estiver aqui, na Terra, para que, quando a transição inevitável vier, ele não se sinta perturbado. [E, depois da transição, não há perturbação maior do que os nossos apegos, quisquer que sejam eles.]

 

Todos os nossos infortúnios surgem da nossa ignorância e da nossa própria falta de consciência das coisas.

 

Todos os ditadores, todos os déspotas e todos os cruéis podem escravizar, podem genocidar e podem destruir tudo neste plano de existência, mas, no nível mais amplo das coisas, a Grande Quietude os engolirá com toda a sua tribo. [Certamente, é o que acontecerá, por exemplo, com o senhor e toda a sua entourage oligárquica. A Grande Quietude cobrará do senhor o que ele fez na Chechênia, na Geórgia, na Criméia, na Síria, na Armênia e no Azerbaijão, no Cazaquistão e, mais recentemente, na Ucrânia – onde está acontecendo o maior genocídio deste século XXI. A quantidade de cadáveres aumenta todos os dias e todas as horas na conta cósmica do senhor . Bem, seja como for, o resultado, no final, será apenas paz paz de alma, paz de discernimento, a despeito da criminosa e desumana destruição da Ucrânia e da matança dos ucranianos.]

 

Não somos importantes como simples pessoas, mas, seremos irreversivelmente importantes quando nos unificarmos com o que é Eterno, [ou seja, quando nos tornarmos Deuses Conscientes.]

 

Devemos estar permanentemente vigilantes para que o egoísmo e o interesse próprio não nos afastem da Realidade. [Eu traduziria esta Realidade como sendo o Bom Combate e a busca da Illuminação.]

 

 

 

 

Muitos vivem um vida inteira com base em suposições e, à medida que avançam, quase sempre chegam a momentos em que as suposições parecem ser inadequadas. Isto gera uma crise, porque se uma suposição fosse provada como totalmente falsa, a pessoa poderia ser lançada em um estado de confusão que seria muito difícil de ser aceito. [Um exemplo simples disto é a suposição (crença infundada) que há um céu e um inferno. Ora, se, de repente, a pessoa comprovasse a falsidade desta suposição, entraria em uma crise existencial extremamente complicada e de difícil solução, pois, teimosamente, defender a suposição e, estupidamente, negar ou ignorar a validez da evidência contrária não adiantam nada. Só pioram a crise. A mesma coisa acontecerá depois da morte ou transição, quando – ao iniciarmos a nossa Grande Aventura – confrontarmos a realidade da Grande Quietude, e verificarmos que a maioria das coisas que acreditávamos quando estávamos encarnados eram uma mistura de miragens delirantes com ilusões descabidas. Esta, talvez, seja a maior crise que teremos que enfrentar futuramente. Por isto, nada é mais importante do que tentarmos compreender as coisas (Leis Cósmicas) agora. Certamente não compreenderemos tudo, mas, é melhor compreender um pouco (por menos que seja) do que nada.]

 

Para muitas pessoas, infelizmente, suas vidas se tornam, de certa forma, apologias para suas próprias suposições. [Mais notadamente, isto acontece na esfera religiosa. Nada pode ser mais dramático do que estarmos seguros de que desconhecemos e não realizamos.]

 

Precisamos compreender que a suposição trata de um estado de coisas fenomenal, isto é: um estado em que os valores que buscamos [ou que acreditamos] realmente não existem. [No processo de Compreensão-Libertação precisaremos pôr um fim nas suposições.]

 

Todas as nossas dores, todas as nossas tristezas e todos os nossos infortúnios são atribuíveis, de alguma forma, à nossa incapacidade de superar a fixação [fixidez] da nossa própria natureza.

 

No momento em que um desejo é alcançado, um outro desejo impulsiona novamente a pessoa para a conquista de outra coisa. Muito freqüentemente, também, a realização de um desejo requer mais conquistas para ser sustentado ou coloca o indivíduo em um novo molde de ambições ou de desejos, de cobiças e de paixões.

 

 

 

 

De maneira geral, os desejos, as cobiças, as paixões e a suposição de qualquer necessidade são inteiramente falsos. [A única necessidade que temos – como necessidade primária – é Compreendermos as Leis Cósmicas, nos Libertarmos e, conscientemente, nos Divinizarmos. A decorreência natural disso é o Serviço.]

 

Pitágoras de Samos (Samos, cerca de 570 Metaponto, cerca de 495 a.C.) advertia seus discípulos a não pedirem nada aos Deuses. [Ora, não temos que pedir ou rogar lhufas a ninguém; temos, sim, que nos esforçar, aprender a fazer as coisas... E fazê-las. Bem, quando dá pau no meu computador, eu chamo o Arthur para consertar. Eu também não sei operar um cérebro e não irei mais aprender. Então, o que eu quis dizer com devemos nos esforçar, aprender a fazer as coisas e fazê-las é que não devemos ficar esperando ou rogando por um milagre. Ele não acontecerá, até porque milagres não existem. Seja como for, os Deuses já sabem o que precisamos, enquanto nós costumamos querer o que não precisamos. Com relação a tudo isto, devo dizer que nada peço para mim. Nada. Bem, como sou uma besta, de vez em quando, meio sem jeito, peço, sim: Luz, Discernimento e Compreensão, para melhor poder Servir à Humanidade. Só isso. O que mais me apavora, e apavora pra caramba, é rassiossinar e pençar desastradamente e encinar uma coisa errada. Por isso, sou muito parcimonioso e econômico nas minhas afirmações.]

 

A história é um registro do sempre querer, com este querer nunca levando a qualquer satisfação final, útil ou duradoura. Sempre desejando, as pessoas, geralmente, sacrificam o Propósito Universal [O-QUE-É], para alcançar os fins particulares desejados. [Resultado final: água de barrela ou águas de bacalhau.]

 

 

 

 

Cada cobiça, paixão ou desejo alcançados é um momento de prazer que, inevitavelmente, leva a causar dor. Quanto a isto, o Zen nos diz que a única solução possível para toda esta situação é a educação gradual do desejo e a Illuminação gradual da suposição.

 

A vida infeliz é o inevitável resultado da atitude quimérica em relação à própria vida.

 

A verdadeira felicidade deve ser altruísta.

 

Buddha disse muito simplesmente que o transcendente é, por sua própria natureza, aquilo que não pode ser definido, pois, se pudesse ser definido, não seria transcendente. Portanto, de acordo com o Buddha, o Verdadeiro Eu não é o que não existe, mas, sim, o que não pode ser concebido pelo homem transitório. A Realidade é, portanto, a Verdade além da concepção. Da Atual, Eterna e Transcendente Substância não podemos ter uma experiência imediata, porque Ela pertence a uma condição que está além dos três fogos da nossa individualidade. Portanto, Ela não pode ser definida. [Quando muito, se tanto, a Atual, Eterna e Transcendente Substância pode ser denominada de O-QUE-É ou AQUILO. Aquilo-que-não-é não tem energia, nem poder, nem capacidade de experimentar O-QUE-É.]

 

Só quando não houver mais desejos, cobiças e paixões (de qualquer natureza) dentro de si mesmo (que está vinculado à Lei da Causa e do Efeito e à Lei do Renascimento), o que requer uma tremenda realização cumulativa de muitas vidas, o ser humano poderá encontrar e concretizar a única Felicidade Duradoura que pode ser conhecida.

 

Basicamente, nós reencarnamos pela pressão cármica dos nossos desejos, das nossas cobiças, das nossas paixões, das nossas miragens e das nossas ilusões. [Isto é a mesma coisa que dizer pressão cármica da nossa ignorância (que, de modo geral, é decrescente).]

 

 

 

 

Buddha ensinou que a moderação do desejo é desenvolvida de forma mais completa e direta por meio de uma consideração cautelosa do Nobre Caminho Óctuplo. [Nobre Caminho Óctuplo: Compreensão Correta, Pensamento Correto, Fala Correta, Ação Correta, Meio de Vida Correto, Esforço Correto, Consciência Correta e Concentração Correta.]

 

 

Dharmachakra

 

Os nossos desejos autocráticos serão derrubados com o estabelecimento gradual de um estado democrático dentro da nossa própria consciência. [O verdadeiro e desejado Estado Democrático de Direito só será definitivamente alcançado na Terra quando, em cada ser-humano-aí-no-mundo, prevalecer um Estado Democrático Espiritual Interior. Antes não. O maior exemplo disto é o que está acontecendo no Brasil na atualidade, em pleno século XXI, com o apoio de, pelo menos, 25% da população brasileira, o que é inacreditável, em que as ameaças à Democracia e à Liberdade, desde a redemocratização do País, com a implantação progressiva de maiores direitos civis, desde o final da ditadura militar, em 1985, nunca foram tão intensas, tão escalafobéticas, tão falaciosas e tão variadas. Isto é mesmo inacreditável!]

 

Para que haja moderação do desejo individual é indispensável que ocorra a realização da prosperidade coletiva. [Prosperidade Coletiva da Humanidade Repartição Equânime da Renda Mundial. Como é possível que Elon Musk (Tesla): US$ 219 bilhões, Jeff Bezos (Amazon): US$ 171 bilhões, Bernard Arnault (Louis Vuitton): US$ 158 bilhões, Bill Gates (Microsoft): US$ 129 bilhões, Warren Buffett (Berkshire Hathaway): US$ 118 bilhões e Larry Page (Google): US$ 111 bilhões, por exemplo, sejam proprietários dessas fortunas? É claro que, no futuro, ao longo das 6ª e 7ª Raças-raízes, esses (e outros) desequilíbrios se ajustarão e se reequilibrarão. Haveremos de aprender e de saber que a única coisa que podemos possuir com segurança é o domínio sobre as excentricidades de nossa própria natureza.]

 

Para haver Illuminação, o desejo deverá morrer inteiramente. [Se houver 0,1% de desejo (apego) em nossa consciência, não seremos Illuminados! Assim é a Lei. Neste caso, 0,1% = 100%.]

 

Nenhum de nós é perfeito, mas, devemos nos esforçar para nos afastar do ódio, do desespero, da raiva e da discórdia, e tentar tornar a nossa vida tão plácida, suave e sincera quanto a nossa natureza permitir.

 

O Budismo, originalmente uma filosofia ou, talvez, mais corretamente, uma psicologia ética acabou se tornando, gradualmente, uma religião. Isso não mudou a base da doutrina, mas, a tornou mais aceitável para aqueles que ainda estavam muito envolvidos em suas dificuldades físicas encarnativas.

 

O Budismo ensina que não devemos ser bons por medo de desagradar a Deus; devemos ser bons porque, se não o formos, não seremos capazes de manter nossa própria integridade. Não podemos escapar do sofrimento. Desta forma, o bem reduz o sofrimento. O caráter, à medida que se desenvolve, reduz o sofrimento. E o sofrimento pode ser notavelmente modificado ou reduzido, sem que nós tenhamos que nos mover no âmbito de uma situação abstrata que não entendemos. E isto, evidentemente, passa pela progressiva redução dos desejos e dos apegos.

 

Uma vez que apenas pensar não levará à superação das nossas fragilidades [fundamentalmente, desejos, cobiças e paixões], e que nenhuma quantidade de pensamentos nos fará alcançar um estado de elevação espiritual, ao determos o pensamento [não-mentalização – atividade mental imaginativa], mais próximo ficaremos da Sabedoria [não-nascida e eterna]. A experiência da não-mentalização é a primeira experiência de paz do homem. É também, quer percebamos imediatamente ou não, a primeira introdução a uma felicidade que não é perecível. A experiência da não-mentalização, repentinamente, nos libertará da condição humana apegadiça, sem perda da nossa identidade.

 

Nós não precisamos morrer como método para não estar no mundo, nem temos que morrer para nos livrar da pressão do mundo, porque essa pressão nada mais é do que nossa própria maquinaria mental em ação.

 

Na realização contemplativa interior de não-mentalização (estado de não-condição ou estado incondicionado) ocorre uma redução progressiva da condição humana, e o indivíduo supera o espaço-tempo, o mundo e o seu próprio corpo.

 

A não-mentalização do estado incondicionado nos conduz a um nível de existência individual em um Uni[multi]verso adimensional, ainda que a integralidade do estado incondicionado não possa ser experimentado enquanto o indivíduo estiver encarnado. Portanto, mesmo o mais alto grau de contemplação de um ser encarnado não pode ser perfeito. O Paranirvana completo só poderá ser alcançado no momento da transição, quando o indivíduo é capaz de passar, na etapa final dessa mudança, do transitório para o eterno. Isto não significa penetrar em um estado de não-ser, mas, sim, de existir em um estado de ser não-condicionado. [O-que-não-é —› O-QUE-É.] O próprio Buddha nunca tentou dar uma descrição positiva desse estado. Ele nunca tentou definir essa alegria, essa felicidade e essa serenidade perfeita que superam todos os conceitos humanos, mas, afirmou que elas existem. [E por que o Senhor Buddha nunca definiu as condições prevalecentes e sempre existentes do Paranirvana? Porque sabia que qualquer definição que desse jamais poderia ser compreendida por quem não O tivesse pessoalmente vivenciado, e que isto, o que é pior, poderia transformar o Estado Incondicionado Paranirvânico (sem causa e sem efeito) em um estado dependente e condicionado pela expectativa, como, por exemplo, é o inexistente céu do Catolicismo – inventado torpemente pelos teólogos esquizofrênicos e mal-intencionados da Baixa Idade Média e, até hoje, acreditado pelos fideístas crédulos e ajoelhadores.]

 

As dúvidas sempre surgem na consciência do deslumbrado, [por quem se deixa ingenuamente fascinar por algo que lhe falta]. Portanto, a única mente que está completamente livre de dúvidas é aquela que não pensa, ou seja, aquela mente que deixou de funcionar [de querer, de sonhar e de delirar], e que, portanto, não pode gerar coisas nem dúvidas acerca das coisas, [sejam existentes, sejam inexistentes, ainda que a maioria das nossas dúvidas e aflições estejam relacionadas com coisas inexistentes, como, por exemplo, acreditar que quem se vacina vira jacaré.]

 

As nossas dúvidas só poderão ser [relativamente] removidas por uma circunstância que é a própria meditação. Se, na meditação, o indivíduo experimentar, mesmo que seja por um breve instante, a condição direta de não-pensar, então, ele saberá o que experimentou, e confirmará que a fórmula é verdadeira. Seja como for, a experiência da não-mentalização, de repente, dá ao discípulo a Chave para o Uni[multi]verso. E a Roda não girará mais. E a Roda não existirá mais.

 

Quanto mais Esclarecidos e Illuminados nos tornamos, menos pessoais e iludidos ficamos.

 

Juramento de Kuan Yin Bodisatva associada com a Compaixão e com a Misericórdia e símbolo máximo da Pureza Espiritual: Não entrarei no Nirvana, até que eu possa receber todos os seres Nele.

 

Buddha apontou claramente que é apenas o grau das nossas próprias intensidades que determina a medida do nosso universo. Redimir nossas faculdades conduz ao que Buddha chamou de a mais afortunada reincorporação. Em cada realização que levamos a cabo, ganhamos não apenas uma virtude imediata, mas, também, uma modificação da continuidade da consciência ao longo do [inexistente] tempo.

 

Eu não quero me redimir em nada;
remissão é coisa de mané-coco.
Quero mentir, enrolar todo mundo
e ver o circo nacional pegar fogo.
Eu não quero me redimir em nada;
quero ver a desgraceira imperar
e a Humanidade sofrer e chorar.
Eu não quero me redimir em nada;
quero que a macacada vire jacaré.
Eu não quero me redimir em nada;
quero corromper e morrer corrupto.
Eu não quero me redimir em nada;
quero escravizar o mundo inteiro.
Eu não quero me redimir em nada;
quero vandalizar as imagens religiosas.
Eu não quero me redimir em nada;
quero pedofilizar os impúberes.
Eu não quero me redimir em nada;
quero preconceituar os LGBTQIA+.
Eu não quero me redimir em nada;
quero segregar árabes e judeus.
Eu não quero me redimir em nada;
quero humilhar negros e índios.
Eu não quero me redimir em nada;
quero desdenhar marafas e cafiolas.
Eu não quero me redimir em nada;
quero arrochar ceguetas e pernetas.
Eu não quero me redimir em nada;
quero sacanear pedintes e mendigos.
Eu não quero me redimir em nada;
quero rebaixar beberrões e abstêmios.
Eu não quero me redimir em nada;
quero esbandalhar os minerais.
Eu não quero me redimir em nada;
quero devastar os vegetais.
Eu não quero me redimir em nada;
quero massacrar os animais.
Eu não quero me redimir em nada;
quero destruir toda a Ucrânia.
Eu não quero me redimir em nada;
quero matar todos os ucranianos.
Eu não quero transmutar minha consciência;
quero continuar inconsciente até o fim.
Eu não quero me redimir em nada;
sou um demônio e morrerei um demônio.
Não ligo para a
afortunada reincorporação;
o meu universo é o inferno que criei.
E, nesse inferno, que não saio nem a pau,
espero a evaporação da minha Cósmica,
e, em delírio, a hora da minha entropia
e a minha desintegração na Oitava Esfera.

 

 

 

 

 

A pessoa Zen, movendo-se constantemente em direção à serenidade, à gentileza e ao cultivo da beleza, naturalmente, reduz a tensão.

 

Precisamos compreender que cada pessoa deverá se mover por si mesma. Não temos o direito de tentar controlar o destino de ninguém nem tomar decisões pelos outros.

 

A mente Zen não reage, e porque não reage ela não sofre. Não se defende, portanto, não pode ser atacada. Não aceita o mal, e assim, não pode ser danificada.

 

Servir o outro é simplesmente o instinto natural do não-pensar, quando o preconceito foi removido. Auxiliar o próximo, fazer o bem e o que é bom e não se comover com as conseqüências do que foi feito é fazer sem mentalizar [e sem desejar qualquer tipo de recompensa].

 

Quando colocamos qualquer dor em movimento, a dor, de alguma forma, terá que retornar a nós.

 

 

 

 

O momento de tensão é mortal, porque é nesse momento que puxamos o gatilho da pistola.

 

Se a mente se tornar sujeita a medos e dúvidas, ipso facto, se transformará em uma mente destrutiva e antinatural.

 

Todas as nossas enfermidades estão diretamente relacionadas com as nossas cobiças, com os nossos desejos e com as nossas paixões. Todas as enfermidades, sem exceção. A vida que, desesperadamente, busca os valores impermanentes, correspondentemente, será limitada, desarmônica, doentia e aflita.

 

O valor do método Zen é que ele reduz o estresse no sistema nervoso central. Fisiologicamente, torna o corpo saudável, porque possibilita que as energias se movam sem pressão. Também previne a doença dos nervos, quando eles excedem o controle da máquina mental, e, simplesmente, correm soltos por conta própria. Os nervos são muito sensíveis e muito facilmente são estragados. Portanto, vale muito a pena aplicarmos o nosso tempo em tentar alcançar a quietude (não-mentalização).

 

A nossa superação é muito mais do que apenas paz. É, efetivamente, o início de uma existência na ETERNA REALIDADE.

 

O Estado Essencial é aquele em que seremos um com O-QUE-É.

 

Todas as religiões um dia serão esquecidas, e darão origem a outras. [Todos os deuses serão esquecidos e ultrapassados, e a Humanidade se incumbirá de criar outros, até que...]

 

Todas as grandes conquistas que marcam a descoberta da consciência humana devem ser produzidas em nós mesmos, por nós mesmos e para nós mesmos.

 

O céu e o inferno estão dentro de nós mesmos.

 

A VERDADE se manifesta através do homem, e não para o homem. [Na realidade, nós não temos que procurar a VERDADE, pois, de fato, ELA sempre esteve, está e sempre estará em nós. Só precisamos deixar que ELA se manifeste. O nome disto é desamordaçamento.]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Nota:

Música de fundo:

A Time For Us
Compositor: Nino Rota

Fonte:

http://www.midi-karaoke.info/20cc1671.html

 

Páginas da Internet consultadas:

https://imagensemoldes.com.br/

https://pt.dreamstime.com/

http://www.christianrosenkreuz.org/mph_biografia.htm

https://www.istockphoto.com/br

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Her%C3%A1clito

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicopata

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