O TRISTE FIM DO ZÉ-BOCETA
Rodolfo Domenico Pizzinga
A Boceta do Zé-Boceta
— Esta é a triste história do Zé-Boceta
– que, na verdade, se chamava Orozimbo Silva,
igualzinho ao antigo Presidente do STF,
que se chamava Orozimbo Nonato da Silva –
um politiqueiro do baixo clero
que tinha verdadeiro horror de boceta.
E não sou eu que estou inventando isto:
está registradinho nos anais
da câmara federal dos deputados,
das ilhas desafortunadas,
lá longe, no oceano lateral setentrional.
Para confirmar esta fofoca que estou contando,
basta ir lá, nas ilhas, e consultar os tais anais.
Enfim, o Zé-Boceta costumava dizer:
— Eu tenho horror de boceta,
porque é hirsuta e fede a bacalhau.
Dou preferência a um picolé chicabom,
que eu chupo, sim, com o maior prazer.
Agora, : refiro-me ao picolé.
— Mas... Como? Um Zé-Boceta
que não gosta de boceta?
Simplesmente, isto é inacreditável!
Há algo de podre no reino da Dinamarca,
quer dizer, no reino das ilhas desafortunadas!
Mais ainda: na cuca do Zé-Boceta!
Ora, o cheirinho de bacalhau
é que dá o toque aconchegante.
Boceta que se preza tem que ser meio fedida.
Bolas! Nem em convento de monjas existe isso.
E por que, então, ele era um Zé-Boceta?
— Bem, isto é muito fácil de entender.
É que o Zé, apesar de não gostar de boceta,
tinha uma boceta de cristal negro,
lindíssima, cheia de rococós,
não de fumo, nem de rapé, nem de farinha,
como, por aí, sói acontecer,
mas, só de maldades malignas,
coisa que é mui difícil de se ver.
Por isto, por causa da sua boceta rococó,
ganhou este apelido nada honroso,
mas que, no fundo, ele adorava de montão.
— Só na antiga Mitologia Grega,
Madame Pandora, a primeira mulher,
criada, a pedido de Zeus,
por Hefesto – artista celestial –
e Atena – deusa da estratégia –
era proprietária exclusiva
de uma boceta pior do que essa.
E vai botando pior nessa bocetona esquisita!
Pandora
(Com a sua Boceta nas Mãos)
(Por Jules Joseph Lefebvre, 1882)
— Se o Zé acordasse de ovo virado,
abria violentamente a sua boceta,
e soltava uma maldade numa rede social.
— Hoje, chamam isso de fake news.
Mas, no caso do Zé-Boceta,
a coisa era muito mais macabra:
a fake tinha endereço certo
e finalidade previamente definida.
O Zé não batia prego sem estopa;
ele sempre visava um interesse pessoal.
O mais dramático nisso tudo,
é que o povão não se dava conta da tramóia,
e aplaudia e fazia o que o Zé postava.
— Mas, o Zé não queria nem saber:
doesse o quanto tivesse que doer,
pervertesse o que tivesse que perverter,
fodesse quem tivesse que foder,
ele botava mesmo pra derreter.
E as ilhas desafortunadas
começaram a enturvecer.
E os ilhéus desafortunados
começaram a padecer.
E a Democracia das ilhas desafortunadas
começou a se perverter.
E isto era tudo o que o Zé queria.
— E o tempo foi passando...
E as maldades aumentando...
E a boceta do Zé bocetando...
E as ilhas afundando...
E os ilhéus se debilitando...
— E o tempo foi passando...
Mas, o Zé sempre postando...
E só cagando e andando...
— Um dia, o Zé variou de vez,
e cismou de dar um golpe insulado,
de amordaçar a imprensa,
de fechar o Congresso Nacional,
de anular o Supremo Tribunal Federal,
de 'ato-institucionalizar' as Democracia
e de se tornar ditador perpétuo
das tristes ilhas desafortunadas.
— Mas, as maldades da sua boceta,
que eram más, sim, mas, republicaníssimas
– mais do que o Dr. Ulysses e o Dr. Sobrinho,
e, acima de tudo, adoravam as suas ilhas –
não toparam participar do golpe.
— Assim também já é demais!
Ditadura nunca mais! — disseram elas.
— E, quando o Zé-Boceta
abriu a sua boceta de cristal
para perpetrar estas infames bocetices
contra o povão desafortunadense,
todas as maldades voaram em ziguezague,
e o enclausuraram na hora.
O Zé-Boceta, apavorado
e chorando como criança,
ainda implorou por seu mandato,
argüindo que havia sido legitimamente eleito,
porém, as maldades contra-argüiram:
— Maldade que dá em porreta
também dá em Zé-Boceta.
Há um limite pra descer a marreta.
Vá mamar em outra teta.
— Este foi o triste fim do Zé-Boceta,
um político que acabou enclausurado
pelas maldades da sua própria boceta!
O Fim Político do Zé-Boceta
Música de fundo:
The Summer Knows
Composição: Michel Legrand
Interpretação: Michel Legrand and His OrchestraFonte:
https://theme-from-summer-of-42
-the-summer-knows.mp3quack.com
Páginas da Internet consultadas:
https://br.pinterest.com/pin/778419116821114698/
https://www.youtube.com/watch?v=M2b671kx9qk
https://www.acaidodudu.com.br/inicio/index2.php
https://br.pinterest.com/pin/533043305894222295/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pandora
https://br.pinterest.com/pin/304555993531527471/
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