ZANELI RAMOS
(Pensamentos Rosacruzes)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução e Objetivo do Estudo

 

 

 

Frater Zaneli, não entendi; você poderia me explicar? Frater Zaneli, não entendi; você poderia me explicar? Frater Zaneli, não entendi; você poderia me explicar? Assim ocorreu por todo o ano de 1969 – ano em que fui admitido como neófito da Ordem Rosacruz – AMORC. Nesta época, o Frater Zaneli Ramos era o responsável pelo Departamento de Instrução da Grande Loja do Brasil da AMORC, e tudo aquilo que eu não conseguia compreender, escrevia para lá pedindo uma explicação. Zaneli, com toda a paciência do mundo, respondeu a todas as minhas quinze ou vinte cartas que enviei. Até que, de repente, algo estalou dentro de minha cachola, e, devagar, comecei a andar por minhas próprias pernas.

 

Zaneli Ramos foi uma pessoa importantíssima na minha formação Rosacruz, assim como também foi Pedro d'Alcântara Freire Neto (1925 – 1999). Este estudo, portanto, apresenta para reflexão alguns pensamentos (às vezes, para facilitar o entendimento, editados) de Zaneli Ramos, FRC, contidos nas obras que publicou e que estão citadas na bibliografia, ao final do trabalho. Mas, começo dizendo o seguinte:

 

 

Frater Zaneli, está doendo;

não estou entendendo.

Rodolfo, espera só um pouco;

um dia, serás um Louco.

 

Frater Zaneli, até quando;

não agüento o desando.

Rodolfo, em ti está a LLuz;

a cada Rosa, uma Cruz!

 

 

 

O Louco

O Louco

 

 

 

Zaneli Ramos
(Pensamentos Rosacruzes)

 

 

 

Em natureza, somos compostos de corpo, espírito e alma. O corpo é o aspecto material e mais evidente da nossa constituição. O espírito é o elemento imaterial... A alma é o aspecto essencial, sublime e divino da nossa natureza, que pode se manifestar através do nosso espírito em sabedoria, poder e amor.

 

 

 

 

O corpo é o aspecto inferior da nossa natureza e suas funções devem servir aos outros aspectos; elas constituem a necessidade e o valor da nossa existência, mas não podem constituir sua finalidade.

 

Durante sua permanência em cada corpo no mundo, o espírito se modifica em sentido evolutivo em função de suas experiências ou vivências mentais. Esta evolução abrange aumento da capacidade e do poder no uso das funções espirituais (próprias do espírito) e mudança para melhor na qualidade das idéias, das atitudes e do comportamento do espírito no mundo, refletindo-se em: 1º) melhor escolha de valores...; 2º) manifestação natural de gostos mais apurados...; e 3º) tendência ou dedicação a interesses e objetivos mais elevados...

 

Somos todos irmãos por divina genealogia.

 

O bem-estar do indivíduo é função do melhor ajuste que ele próprio pode conseguir ante os estímulos e pressões das circunstâncias a que está sujeito. Inversamente, seu mal-estar é conseqüência de que ele não consiga um bom ajuste (físico e psíquico) aos mesmos estímulos e pressões.

 

A Filosofia Rosacruz integra os dois aspectos da vida: o indivíduo no mundo e o mesmo indivíduo em sua relação com o Cosmos. Portanto, a Filosofia Rosacruz não é ascética nem materialista.

 

Criação mental: uso volitivo de funções da mente para que se obtenha alguma coisa ou para que seja alcançada alguma situação desejada.

 

No processo de visualização, a mente consciente deve ser evocada, ou seja, é necessário nela fazer acontecer as sensações, as emoções e os pensamentos próprios da situação que temos como objetivo... A visualização requer disciplina mental, pela concentração na situação-problema.

 

Olha bem, que está aqui. Sempre esteve aqui; sempre estará aqui. Olha bem... mas pára de olhar. Procura bem... mas pára de procurar. Pensa bem... mas pára de pensar. Queres ver? Então, pára de olhar, fixa teus olhos e os mantém desfocados do mundo. Queres ver a verdade olhando para o que é finito? És tolo! Quanto mais olhas, menos vês; mais cego ficas. Queres encontrar? Então, pára de procurar; senta-te aqui comigo, que está aqui; sempre esteve e sempre estará aqui; não precisas ir a parte alguma. Queres entender? Então, pára de pensar. Quando o conseguires, sentirás e entenderás; não terás pensado; terá sido pensado em ti. Vem. Senta-te aqui comigo, fixa os olhos, desfocados do mundo, e pára de procurar e de pensar. Fica aqui, agora; sempre. Deixa que seja visto, encontrado e pensado em ti.

 

Um homem ama e vai contar o que foi o seu amor a um outro, que nunca amou. Ocorre amor nesse outro? Não. Ele fica mais ou menos informado sobre o amor, conforme o discernimento, a inteligência, o talento e a eloqüência do primeiro. Poderá, depois, dizer: — agora eu conheço o amor; já me explicaram o que é. Equívoco. Não conhece. Está informado sobre o amor; talvez, mesmo incentivado ou motivado a amar e preparado para reconhecer. Isto é o máximo... Está informado; só. Não conhece. Conhecerá quando vivenciar, experienciar, sentir diretamente. Por isto, é mais importante sentir do que pensar com as palavras [alheias].

 

Não se envaideça de ser inteligente. A vaidade impede a ligação como o Computador Cósmico.

 

 

 

 

Nossa vida no mundo não é a finalidade de nossa existência como seres humanos. Mas é o meio pelo qual esta finalidade é cumprida.

 

Não conheço maior justiça nem mais amorosa Lei: Ser e deixar ser; viver e deixar viver.

 

Antes de adormecer, contemple um pouco a Certeza – a Confiança Absoluta que será inspirada na abstração do sono. Mas, não faça disto uma preocupação, porque, assim, prejudicará o sono e poderá provocar sonhos (bons ou pesadelos). Apenas contemple serenamente aquela Certeza ou Confiança Absoluta. O resto é automático.

 

Precisamos realmente nos purificar. Precisamos nos libertar da condicionada concepção do nosso ser, do Universo e da vida. Os prazeres da vida minúscula são geradores de desejos e paixões, que acabam transformando esta mesma vida em um verdadeiro inferno. Só com a mente incondicionada poderemos conhecer a Vida Maiúscula.

 

Somos divinos no aspecto mais profundo da nossa natureza e devemos nos empenhar em abrir nosso espírito à influência e à inspiração da alma.

 

Necessariamente, a vida é meio para um fim que a transcende.

 

 

 

 

O conhecimento intuitivo é obtido por intuição ou por metacognição (conhecimento direto por via metafísica), requerendo, portanto, atitude meditativa.

 

A contemplação refere-se à passividade intelectual, ou seja, cessação de atividade mental objetiva (sensória) e subjetiva (de pensamento e de sentimento), para ensejar o evento da translucidez (transparência psíquica à manifestação da Luz do Ser Essencial) espiritual ou mística.

 

Carma é controle e direcionamento cibernéticos da atualização das potencialidades do Ser Essencial.

 

A Iluminação é o fenômeno do influxo da potencialidade da Luz do Ser Essencial na inteligência da psique humana. É viabilizada pela translucidez da psique.

 

Em essência, tudo é um Ser único, transcendente, eterno, infinito e vivo: o Ser.

 

No Universo, tudo – coisa, ser vivo ou fenômeno – é manifestação temporal e espacial de atributos do Ser Essencial, mediante atualização das potencialidades de sua natureza.

 

Somente o Ser Essencial é substantivo em natureza. Todas as suas manifestações – que constituem o Universo e a Vida – são verbos.

 

O ser humano é verbo. Emana do Ser Essencial, efetiva-se nele, para funções da vida dele. A vida do ser humano é parte da Vida do Ser Essencial e subsidiária a esta.

 

O ego ou espírito humano não tem natureza própria, em si mesmo, e sua vida no mundo deve, afinal, cumprir uma função que transcende sua existência, mas se realizará através dela.

 

O sentido místico-metafísico de ser no Ser é: 1º) tornar-se progressivamente menos focalizado em si mesmo... 2º) sentir-se progressivamente menos ser-substantivo e mais ser-verbo, e tornar-se progressivamente menos fim e mais meio; 3º) motivar-se progressivamente menos por valores, gostos, interesses e objetivos (pessoais e culturais) próprios do ego e de sua vida efêmera no mundo, e mais por valores, gostos, interesses e objetivos nobres inspirados pelas impulsões da potencialidade do Ser Essencial presente no núcleo do próprio ego; e 4º) motivar-se e orientar-se progressivamente menos por conceitos científicos e filosóficos, e mais por conceitos obtidos por metacognição.

 

 

 

 

O ser humano deve priorizar gradativamente sua natureza transcendente (anímica), ensejando cada vez mais o influxo dessa natureza na sua propensão à animalidade e à racionalidade.

 

A motivação mística consiste na propensão do ego para a vida contemplativa e introspectiva, no intuito de crescente espiritualização.

 

Amor é a função unificadora e harmonizadora da natureza do Ser, em essência e manifestação.

 

Todo ser espiritualizado é relativamente tranqüilo quanto à sua morte pessoal, ao seu próprio renascimento e ao seu destino.

 

Há um só Deus! Sublime, transcendente, eterno, infinito e vivo, manifestando-Se por Sua Luz em Sua Vida no Universo, cuja unicidade se mantém por seu atributo excelso e harmonizador de Amor.

 

Sei que o ser humano é manifestação na Vida de Deus, evoluindo segundo a Sua Luz e pelo poder unificante do seu Amor. Eu sei que sou de Deus, em Deus e para Deus.

 

Que a Luz, a Vida e o Amor de Deus se manifestem cada vez mais na mente e no Coração de toda a Humanidade, inspirando sua Idéia, aprofundando e a harmonizando sua Atitude e seu Comportamento, para que nela prevaleça um estado de Concórdia, em permanente e verdadeira Fraternidade!

 

A Luz de Deus se faz manifesta na minha mente e impele sua evolução de inteligência em consciência mística, sabedoria, humildade e retidão. A Vida de Deus se faz manifesta em meu ser e por ele realiza seu poder de existência evolutiva em sublime e gloriosa bem-aventurança. O Amor de Deus se faz manifesto em meu Coração e o impele à evolução afetiva em bondade, desprendimento e universal harmonização.

 

 

 

Um Pitaquinho Pessoal

 

 

 

Ontem,

eu era mesmo ignorante,

e nada conhecia da LLuz.

Hoje,

ainda sou meio ignorante,

mas sei um tico da LLuz.

Amanhã,

talvez ainda ignorante,

mas não desistirei da LLuz.

Um dia

– eu espero! – já designorante,

serei Um com a LLuz

 

 

 

Tudo é (inconscientemente) um
na LLuz-Desde-Sempre-Uma!

 

 

 

Bibliografia:

RAMOS, Zaneli. O espírito do espaço. Biblioteca Rosacruz. Coordenação de Charles Vega Parucker. Curitiba/Paraná: Ordem Rosacruz, AMORC, 1990.

_____. Curso Rosacruz de criação mental. 2ª edição. Vol. III. Biblioteca Rosacruz. Coordenação de Charles Vega Parucker. Curitiba/Paraná: Ordem Rosacruz, AMORC, 1995.

_____. Curso Rosacruz de criação mental. 3ª edição. Vol. II. Biblioteca Rosacruz. Coordenação de Charles Vega Parucker. Curitiba/Paraná: Ordem Rosacruz, AMORC, 2002.

_____. Ser no ser. Biblioteca Rosacruz. Coordenação de Charles Vega Parucker. Curitiba/Paraná: Ordem Rosacruz, AMORC, 2004.

 

Fundo musical:

An Affair To Remember
Compositores: Harold Adamson, Leo McCarey & Harry Warren
Interpretação: Ray Conniff e sua orquestra

Fonte:

http://www.umnovoencontromusical.com/
Ray-Conniff.htm