DONALD WINNICOTT
(Reflexões)

 

 

 

 

Donald Woods Winnicott

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução e Objetivo da Pesquisa

 

 

 

Esta pesquisa (que dedico à todas as mães) se constitui de uma pequena coletânea de reflexões do pediatra e psicanalista britânico Donald Woods Winnicott (Plymouth, 7 de abril de 1896 – Londres, 28 de janeiro 1971), que foi conhecido por seus estudos sobre o desenvolvimento e amadurecimento infantil, e que continua sendo particularmente influente no campo da Teoria das Relações Objetais. Preliminarmente, como couvert, de Winnicott, destaco o seguinte aforismo: A submissão traz consigo um sentido de inutilidade e está associada à idéia de que nada importa e de que não vale a pena viver a vida. Particularmente, eu não conheci um subserviente que fosse feliz, que fosse saudável e que tivesse conseguido vencer na vida; todos eram sombriamente opacos. O servilismo, mais do que um simples estado de espírito ou modo de vida, é uma doença, e, como tal, necessita de tratamento profissional adequado e competente. O grande problema é que quem é servil e papagaio de pirata adora ser assim e não quer deixar de sê-lo.

 

 

 

A Doença da Servidão

 

 

Em termos psicanalíticos, as relações objetais se referem às relações emocionais entre o sujeito e o objeto amado que, através de um processo de identificação comum, contribuem para o desenvolvimento do self (ego, si-mesmo). Entende-se por 'objeto' uma pessoa ou a sua representação, com a qual o sujeito forma uma relação emocional intensa, que lhe possibilita se identificar com o outro.

 

Estas relações foram definidas em 1924 pelo psicanalista alemão Karl Abraham (1877 – 1925) – um dos primeiros discípulos de Sigmund Freud (1856 – 1939) – que desenvolveu as idéias de Freud acerca da sexualidade infantil e da manifestação da libido.

 

A Teoria das Relações Objetais tem se tornado um dos temas centrais da Psicanálise pós-freudiana, em especial com os psicanalistas Melanie Klein (1882 – 1960) e Donald Winnicott. Apesar de as teorias de cada um serem complementares, fizeram diferentes abordagens de análise, que contribuíram para as teorias do desenvolvimento baseadas nas relações parentais precoces.

 

Assim, as relações objetais seriam as ligações que a criança estabelece com as figuras parentais e a forma como estas delineiam a atividade da criança. Particularmente, para Melanie Klein, ao longo do desenvolvimento, a mesma figura parental tem aspetos positivos e negativos que a criança terá de introjetar (processo de identificação/interiorização por meio do qual uma pessoa absorve, como parte integrante do ego, objetos e qualidades inerentes a estes objetos; direcionamento afetivo dos impulsos e reações de uma pessoa mais para uma imagem subjetiva e internalizada de um objeto do que para o próprio objeto). Melanie Klein admitia que, apesar do sentido negativo que se costuma dar ao 'mau' objeto, o desenvolvimento harmonioso da criança necessita tanto do 'bom' objeto quanto do 'mau' objeto, mas deve sempre predominar a presença do 'bom' objeto.

 

 

 

Breve Biografia de Winnicott

 

 

 

Donald Woods Winnicott (Plymouth, 7 de abril de 1896 – Londres, 28 de janeiro 1971) foi um pediatra e psicanalista inglês que foi particularmente influente no campo da Teoria das Relações Objetais, que, segundo o psiquiatra Glen Owens Gabbard (1949 – ), enfatiza os relacionamentos internalizados entre as representações do self e dos objetos.

 

Winnicott, o caçula de John Frederick Winnicott e Elizabeth Martha Woods Winnicott, veio ao mundo na noite de terça-feira, 7 de abril de 1896, nos últimos anos do reinado da Rainha Vitória. Era uma época de relativo descanso e confiança, em que a maioria das pessoas não trancava as portas de suas casas. As senhoras usavam espartilhos, os cavalheiros fumavam charutos após a ceia e a maioria dos cidadãos britânicos que possuía terras e dinheiro sentiam orgulho da expansão e do status internacional crescentes do Império.

 

A família Winnicott vivia em Plymouth, Devon, uma tranqüila cidade costeira distante da correria e do alvoroço londrino, tendo vivido na região oeste do País por várias gerações. É muito provável que o sobrenome da família derive de winn, palavra saxônica que possivelmente signifique amigo, e de cott, casa. Em Devon, até hoje existe uma pequena cidade chamada Winnicott.

 

A família Winnicott vivia em uma casa espaçosa conhecida como Rockville, situada na Seymour Road, no bairro de Mannamead, em Plymouth. Rockville era composta por uma casa grande, jardins espaçosos em não menos de quatro níveis, um campo de croquet, um pomar, uma fonte e uma horta, e era rodeada por árvores altas e vistosas. Rockville ainda existe, e é uma residência particular bela e impressionante, com vários dormitórios.

 

A preponderância das mulheres na infância de Winnicott – suas múltiplas mães – estimulou nele um grande fascínio pelo mundo interno feminino, interesse que acabou se tornando o trabalho ao qual dedicaria a sua vida; como profissional, passou mais de quarenta anos explorando e pesquisando a essência da maternidade e a relação entre a criança e a mãe. De um modo ou de outro, o jovem Donald Winnicott estava sempre se confrontando com a natureza feminina.

 

A Teoria Psicanalítica clássica concentrou-se sempre na posição da criança com relação a ambos os pais. O drama de Édipo da teoria freudiana requer três participantes: mãe, pai e filho. Winnicott, no entanto, escreveu muito pouco sobre a figura paterna; a maior parte de seu trabalho é centrada apenas na mãe e no bebê. Conhecendo suas experiências infantis, esta relativa omissão da figura do pai não nos deveria surpreender. Sem dúvida, a ênfase que ele dedicou à figura materna – sua contribuição vital para a pesquisa psicanalítica – também derivou dos fortes laços entre Winnicott e as mulheres–(mães) que dele cuidaram. É interessante notar que mesmo estudantes de Psicologia de nossos dias muitas vezes ficam sinceramente surpresos quando descobrem que D. W. Winnicott é de fato um homem. Ele escreve sobre mães e bebês com tamanha intimidade que as pessoas imaginam que ele pessoalmente amamentou várias crianças.

 

De modo geral, Winnicott parece ter tido uma infância bastante sólida e previsível. Ele não sofreu qualquer tipo de angústia ou perda física, não teve irmãos mais novos que lhe tirassem o lugar e foi criado com enorme estabilidade e consistência. No perfil de Winnicott, publicado pouco depois seu 65º aniversário, um jornalista escreveu: Teve uma infância feliz, e ele se vê como particularmente afortunado, pois o lar de sua infância ainda permanece como era quando ele tinha 18 meses de idade, de forma que sempre ele pôde voltar e relembrar os sentimentos de sua história passada. O jovem Donald brincava exaustivamente com suas irmãs e primas e vivia feliz com o fato de ter suas necessidades regularmente antecipadas. Muitos anos mais tarde, ele recordaria: Lembro-me de que, quando tinha quatro anos, acordei na manhã de Natal, e descobri que havia ganhado um carrinho de mão suíço, desses que as pessoas de lá utilizam para levar lenha para casa. Como é que meus pais sabiam que era exatamente isto o que eu queria? Além do mais, sua relação tão próxima com a babá Allie durou mais de quinze anos. Winnicott manteve-se realmente interessado pelo bem-estar da babá até a sua morte, e deve ter recebido um grande apoio deste relacionamento.

 

O jovem Winnicott teve um objeto transicional – uma posse especial da infância: uma boneca chamada Lily, que havia pertencido à Kathleen, a mais nova de suas irmãs. Violet e Kathleen tinham outra boneca, Rosie, e aos três anos de idade Donald quebrou o nariz de Lily com um malho de croquet, possivelmente em um ataque simbólico a uma de suas irmãs. Frederick Winnicott, seu pai, usando palitos de fósforos, aqueceu o nariz de cera da boneca e conseguiu remoldar seu rosto. Este episódio parece ter impressionado Donald profundamente, por representar uma experiência de agressão sem que houvesse, necessariamente, destruição – idéia que lhe daria forças e inspiração durante a sua prática psicanalítica. De fato, Winnicott viria a crer, mais tarde, que a possibilidade de expressar hostilidade sem aniquilar o objeto de nossa fúria é de importância vital. Basicamente, Frederick Winnicott demonstrou a seu filho, de forma involuntária, que o comportamento violento pode ser controlado e superado, e que até mesmo os destroços de ataques hostis podem ser consertados. Talvez não seja surpreendente, portanto, que mais tarde Winnicott se interessasse pelo trabalho com pacientes violentos e delinqüentes.

 

Muitos anos mais tarde, Clare Winnicott, a segunda esposa de Winnicott, comentaria que a infância de seu marido parece ter sido boa demais para ser verdade; mas, o fato é que ela foi boa, e ainda que tente não posso mostrá-la sob qualquer outra luz.

 

Winnicott expressou um reconhecimento totalmente lúcido e emocionado por sua mãe e sua generosidade. Sem dúvida, Elizabeth Winnicott representava uma estabilidade palpável para seus filhos. Certa vez, quando a caixa d'água da casa dos Winnicott se rompeu, causando uma terrível enchente, a família tratou o acontecimento como uma aventura e não como uma catástrofe, como a maioria das outras famílias teria feito. Este episódio, certamente, ilustra a flexibilidade e a estabilidade da vida familiar dos Winnicott.

 

Além da solidez que Winnicott adquiriu de seus protetores confiáveis e constantes, ele teve a permissão de se manter livre e inabalável com relação aos dogmas. Certo dia, ao voltar da igreja com seu pai, Donald fez algumas perguntas a respeito de religião. Frederick Winnicott respondeu: — Escute, meu filho. Você lê a Bíblia – o que estiver lá. E decide sozinho o que quer. Você é livre, não tem que acreditar no que eu penso. Tome sua própria posição a respeito disto. Apenas leia a Bíblia. Tampouco deve nos surpreender que, nas décadas seguintes, Winnicott se tornasse o líder da tradição independente dentro da Psicanálise britânica, desprendido da rigidez de posições teóricas mais ortodoxas.

 

Donald Winnicott pode ter desfrutado de segurança e paz consideráveis durante os anos de sua formação, mas algo o perturbava, acabando por levá-lo a se dedicar ao estudo de doenças mentais graves. Sendo o único filho homem da família, ele deveria ter se envolvido com os negócios de seu pai, mas, ao invés disto, desafiou as convenções e se tornou médico e, depois, psicanalista. A presença de suas múltiplas mães pode, de fato, explicar de forma bastante satisfatória porque ele escreveu tanto sobre a Psicologia do laço entre a mãe e a criança, mas a presença de tantas figuras maternas não nos dá praticamente qualquer luz sobre porque ele teria escolhido se tornar psicanalista. Dado o grande conforto que Winnicott sentia em meio às mulheres, ele poderia, por exemplo, ter se tornado costureiro ou ginecologista. Winnicott nunca discutiu, nos seus textos publicados, seus motivos profundos para buscar a formação analítica; entretanto, aos 67 anos, escreveu um comovente poema sobre sua mãe, Elizabeth, que nos dá um bom indício a respeito da fonte de seu interesse profundo pelo tratamento dos problemas emocionais. Winnicott enviou o poema ao seu cunhado, James Britton, com a seguinte nota: Você se importaria de dar uma olhada nesta minha ferida? O poema A Árvore é composto pelos seguintes versos cheios de ternura:

 

A Árvore

 

Mamãe, lá embaixo,
chora, chora, chora.
Assim a conheci.
Um dia, deitado em seu colo,
como agora nesta árvore morta,
aprendi a fazê-la sorrir,
a estancar suas lágrimas,
a desfazer sua culpa,
a curar sua íntima morte.
Alegrá-la era a minha vida.

 

O poema insinua que sua mãe, Elizabeth Winnicott, teria sofrido de depressão, e que, como menino, Donald teria assumido a função de animá-la. Colega de Winnicott, a Dra. Margaret I. Little confirmou, mais tarde, que Elizabeth Winnicott de fato passava por períodos de depressão. Winnicott teria subentendido, ainda, que seu pai, sempre ocupado, delegara-lhe inconscientemente a tarefa de cuidar da mãe desamparada. Na sua autobiografia não publicada, ele constata que seu pai, Frederick Winnicott, deixou-me demais com todas as minhas mães. As coisas nunca se consertaram totalmente. Assim, tudo indica que Winnicott viu a presença de suas múltiplas mães não somente como uma grande vantagem, mas também como uma responsabilidade psicológica.

 

A psicoterapeuta Alice Miller escreveu um ensaio muito esclarecedor a respeito das experiências infantis de vários psicanalistas, postulando que muitos destes clínicos buscaram a profissão após fazer uma formação analítica durante a infância, como psicoterapeutas mirins, ouvindo os sofrimentos e lamentos de seus pais deprimidos e confortando-os em períodos de angústia. Quem mais, exceto os filhos de mães ou pais infelizes, desejaria dedicar sua carreira ao estudo dos problemas emocionais? Quando criança, Winnicott foi forte o bastante para resistir aos períodos de depressão de sua mãe, além de receber a base suficiente para ser alegre e criativo. Mas a experiência de se preocupar com as necessidades de uma mãe triste pode ter estimulado no jovem Donald algum tipo de fantasia de resgate, levando-o finalmente a dedicar a vida ao cuidado de outras pessoas deprimidas. Alguns anos mais tarde, ele escreveria que a análise é o trabalho que escolhi, é onde sinto que lido melhor com a minha própria culpa, onde posso me expressar de forma construtiva. No ensaio Reparation in Respect to Mother's Organized Defence Against Depression, Donald Winnicott indica que, muitas vezes, os filhos entram em harmonia com o estado mental da mãe: Sua função primeira é lidar com o humor da mãe. Sem dúvida, Winnicott estava se baseando em uma experiência pessoal profunda, e pode ter se sentido terrivelmente culpado por, mais tarde, não conseguir curar sua mãe ou salvá-la de uma morte precoce (por congestão pulmonar catarral e infiltração cardíaca adiposa), em 1925.

 

Donald teve uma infância rica, cheia de diversão e companheirismo. Ele não somente escreveu poemas e participou de teatro amador, como ainda se destacou cantando e tocando piano, além de se envolver com empenho em diversas atividades esportivas, de forma especial a natação e a corrida. De fato, Winnicott corria tão bem que tinha a intenção de entrar para a equipe olímpica britânica e representar seu País nos Jogos Olímpicos. Infelizmente, um problema nos quadris impediu-o de participar. Se houvesse conquistado uma vaga na equipe britânica, Winnicott teria começado o árduo treinamento para os Sextos Jogos Olímpicos, marcados para 1916, em Berlim. Não é necessário dizer que o espetáculo nunca se realizou, devido à eclosão da Primeira Guerra Mundial – conflito bélico mundial ocorrido entre 28 de julho de 1914 e 11 de novembro de 1918. Na época dos Sétimos Jogos Olímpicos, realizados em Antuérpia, em 1920, ele já havia iniciado a carreira médica.

 

Winnicott gostava muito de nadar nas águas da Plymouth Sound, próxima de sua casa. Anos mais tarde, ele dizia ainda recordar a bela imagem da luz do Sol refletida nas ondas. Ele também se divertia muito com pequenos animais, e quando criança criava ratos, nos quais costumava observar a interação entre a mãe e os filhotes. Em uma ocasião, construiu um campo de concentração para bichos-de-conta, prendendo-os dentro dele. Depois, durante vários anos, continuou sentindo pontadas de culpa.

 

Winnicott cursou uma escola preparatória em Plymouth, perto de sua casa. Saiu-se extraordinariamente bem em todas as matérias, exceto por um breve período, durante a sétima série, em que fez uma confusão com os cadernos e recebeu notas baixas nas provas. Não há qualquer detalhe específico sobre esta fase; mas é tentador especular que sua mãe poderia ter passado por mais um período de depressão, afetando o humor de Donald e, conseqüentemente, seu desempenho na escola.

 

Como um todo, o jovem Donald Winnicott teve uma infância muito boa. Seus pais, certamente, lhe forneceram amor e proteção suficientes para impedi-lo de sofrer qualquer grande problema mental ao longo de sua vida. Entretanto, a longa sombra das depressões de Elizabeth Winnicott e a incomum constelação psicossexual formada por suas múltiplas mães estimularam em Winnicott o desenvolvimento de fantasias de resgate de mulheres atormentadas. Em 1923, ele reconstruiria o cenário de sua infância, casando-se com uma mulher muito doente, que lhe trouxe vários anos de angústia e tormento. Apesar destas tribulações, a família de Winnicott propiciou-lhe a base necessária para que ele buscasse uma vida plena e criativa, abençoada pelo gênio e por grandes realizações.

 

Winnicott morreu em 28 de janeiro de 1971, após o último de uma série de ataques de coração. Foi cremado em Londres. Diz Neyza Prochet: Passados quarenta anos de sua morte, sua obra continua viva, atual, antecipando, em algumas décadas, muitas das concepções postuladas pelas Teorias da Complexidade e da Intersubjetividade, encontrando, hoje, dimensões insuspeitadas. Se fosse necessário sintetizar toda a riqueza de sua obra em uma só palavra, escolheria criatividade.

 

 

 

Fragmentos Winnicottianos

 

 

 

O pior paciente não é aquele que mais sofre, mas aquele que não tem esperança.

 

 

 

 

Pode-se dizer que existem dois caminhos para a verdade: o poético e o científico. O poeta que existe em mim alcança a verdade num lampejo, e o cientista que há em mim busca uma faceta da verdade.

 

Pude ver que, pelo resto da minha vida, se ficasse doente, teria de depender dos médicos. A única saída para esta posição era me tornar médico eu próprio.

 

Elizabeth II é um ser humano que posso ver, enquanto espero por um táxi, saindo em seu carro do Palácio de Buckingham para cumprir alguma obrigação, a qual faz parte do desempenho do papel que o destino lhe designou.

 

Sigmund Freud proporcionou-me a capacidade crescente de valorizar a investigação dos fatores emocionais.

 

Muitas das minhas idéias clínicas surgiram simplesmente seguindo a orientação que me foi fornecida por um cuidadoso histórico clínico em inúmeros casos.

 

Talvez, a maior expressão da gratidão de Winnicott para com as pessoas que ele tratou esteja na dedicatória de seu livro publicado postumamente, Playing and Reality, que diz, simplesmente: A meus pacientes, que me pagaram para me ensinar.

 

Para estudar o conceito de mente, deve-se sempre estudar um indivíduo – um indivíduo total – incluindo o desenvolvimento deste indivíduo desde os primórdios de sua existência psicossomática. Caso se aceite esta disciplina, então se poderá estudar a mente de um indivíduo à medida que ela se especializa a partir da parte psíquica da psique-soma.

 

Avaliar em que exatamente consistem os elementos mentais irredutíveis, especialmente os de natureza dinâmica, constitui, na minha opinião, um dos nossos objetivos finais mais fascinantes. Estes elementos têm necessariamente um equivalente somático e provavelmente neurológico e, desta forma, através do método científico, deveríamos ter estreitado bastante a antiga distância entre a mente e o corpo. Aventuro-me a dizer que, então, considerar-se-á a antítese que se constituiu em um estorvo para todos os filósofos como algo baseado em uma ilusão.

 

 

 

 

A elaboração psíquica do funcionamento fisiológico é bastante diferente do trabalho intelectual que facilmente se torna artificialmente uma coisa em si e falsamente um lugar onde a psique pode se alojar.

 

A prática da Psicanálise requer paciência, solidariedade, além de outras qualidades...

 

A boneca é muito mais do que um bebê não-vivo.

 

É através da apercepção criativa, mais do que qualquer outra coisa, que o indivíduo sente que a vida é digna de ser vivida. Em contraste, existe um relacionamento de submissão com a realidade externa, onde o mundo, em todos seus pormenores, é reconhecido apenas como algo a que se ajustar ou a exigir adaptação. A submissão traz consigo um sentido de inutilidade, e está associada à idéia de que nada importa, e de que não vale a pena viver a vida. Muitos indivíduos experimentaram suficientemente o viver criativo para reconhecer, de maneira tantalizante, a forma não-criativa pela qual estão vivendo, como se estivessem presos à criatividade de outrem ou de uma máquina.

 

 

 

 

É preciso atentar para o fato de que a fraqueza, o retraimento e a omissão são tão agressivos quanto à manifestação aberta de agressividade. Ser roubado é tão agressivo quanto roubar. O suicídio é fundamentalmente igual ao assassinato. (Grifo meu).

 

É uma alegria estar escondido, mas um desastre não ser achado.

 

O precursor do espelho é o rosto da mãe. A sua expressão, o seu olhar, a sua voz... É como se o bebe pensasse: 'olho e sou visto, logo, existo!'

 

O buscar só pode vir a partir do funcionamento amorfo e desconexo ou, talvez, do brincar rudimentar, como em uma espécie zona neutra. É apenas aqui, neste estado não-integrado da personalidade, que o criativo poderá emergir.

 

Não existe esta coisa chamada bebê; o bebê é sempre ele mais a mãe.1

 

Às vezes, na puberdade, um menino não consegue utilizar o novo poder de sua fala masculina, falando em falsete ou imitando, inconscientemente, a voz de uma menina ou mulher que conhece.2

 

Tenho um reconhecimento totalmente lúcido e emocionado por minha mãe e sua generosidade.

 

A criança joga (brinca) para expressar agressão, adquirir experiência, controlar ansiedades, estabelecer contatos sociais, como integração da personalidade e por prazer.

 

A criança pode usufruir o uso dos impulsos instintivos, incluindo os agressivos, convertendo em bem na vida real o que era dano na fantasia. Isto constitui a base do brincar e do trabalho.

 

O que quer que se diga sobre o brincar de crianças aplica-se também aos adultos; apenas a descrição se torna mais difícil quando o material do paciente aparece principalmente em termos de comunicação verbal. Sugiro que devemos encontrar o brincar tão em evidência nas análises de adultos quanto o é no caso de nosso trabalho com crianças. Manifesta-se, por exemplo, na escolha das palavras, nas inflexões de voz e, na verdade, no senso de humor.

 

Quando os pais não podem providenciar um contato significativo com os filhos, as crianças, privadas de certos elementos essenciais da vida familiar, tendem a alimentar um ressentimento permanente, sentem uma certa má vontade contra algo, mas como não sabem em que consiste este algo, tornam-se crianças anti-sociais.

 

Quando a ouço falar da Psicanálise como uma arte, vejo-me em dificuldades, não desejando discordar completamente, mas, temendo que se dê a este seu comentário importância excessiva.

 

A idéia da Psicanálise como uma arte deveria ceder seu lugar gradualmente ao estudo da adaptação ambiental referente à regressão dos pacientes. Mas, enquanto o estudo científico da adaptação ambiental não se desenvolve, suponho que os analistas deverão continuar a agir como artistas em seu trabalho. Os psicanalistas podem ser realmente bons artistas, mas (conforme perguntei diversas vezes): que paciente deseja ser o poema ou o quadro de alguém?

 

O que acontece é que saio catando isto e aquilo, aqui e acolá, concentrando-me na experiência clínica, formando as minhas próprias teorias, e, então, depois de tudo, me interesso em descobrir de onde eu furtei o quê.

 

Os fenômenos transicionais são universais, todavia, a experiência que cada indivíduo adquire a partir deles é singular.

 

 

Lei da Gravitação Universal

 

 

 

A liberdade absoluta é essencial para que cada modificação, se adequada, possa ser aceita.

 

Para mim, o termo regressão indica simplesmente o contrário de progresso. Este progresso, em si mesmo, consiste na evolução do indivíduo, psicossoma, personalidade e mente junto com a formação do caráter e a socialização. Assim, imediatamente, percebemos que não pode existir uma simples reversão do progresso. Para que este progresso seja revertido, é preciso que haja no indivíduo uma organização que possibilite o acontecimento de uma regressão.

 

No que diz respeito ao amadurecimento, Winnicott admitia que existem dois tipos de regressão: um deles, retrocedendo para uma situação anterior de falha; o outro, para uma antiga situação de êxito.

 

Sobre a prática da lobotomia3: não assumirei jamais a responsabilidade por transformar a pessoa que sofre em alguma outra coisa, em um ser humano parcial que não sofre, mas que tampouco é a pessoa que foi trazida para o tratamento.

 

A linguagem que serve para descrever um estágio se torna errada quando usada para outro.

 

Sugiro que, ao final dos nove meses de gestação, o bebê torna-se maduro para o desenvolvimento emocional, e que, se um bebê nasce depois do tempo, ele atingiu este estádio no útero, forçando-nos a considerar seus sentimentos antes e durante o nascimento. Por outro lado, um bebê prematuro não vivencia muitas coisas importantíssimas até alcançar a época em que deveria nascer.

 

É da psicose que um paciente pode se recuperar espontaneamente, enquanto a psiconeurose não permite a recuperação espontânea, tornando o psicanalista realmente necessário. A psicose tem um vínculo estreito com a saúde, pelo qual um grande número de falhas ambientais congeladas pode ser recuperado e descongelado pelos muitos fenômenos curativos da vida cotidiana, tais como as amizades, os cuidados recebidos durante uma doença física, a poesia etc.

 

Os psicanalistas experientes concordariam em que há uma gradação da normalidade, não no sentido da neurose, mas, também, da psicose, e que a relação íntima entre depressão e normalidade já foi ressaltada. Pode ser verdade que haja, em certos aspectos, um elo mais íntimo entre a normalidade e a psicose do que entre a normalidade e a neurose. Por exemplo, o artista tem a habilidade e a coragem de estar em contato com os processos primitivos aos quais o neurótico não tolera chegar, e que as pessoas sadias podem deixar passar para o seu próprio empobrecimento.

 

Muitos casos considerados inadequados para a análise serão realmente inadequados, se não soubermos lidar com as dificuldades surgidas na transferência em razão da falta essencial de uma verdadeira relação com a realidade externa. Quando aceitamos analisar psicóticos, descobrimos que em alguns casos esta falta [falha] essencial de uma verdadeira relação com o mundo externo é quase a história toda.

 

Essa nova ênfase nas fantasias do paciente sobre si mesmo abriu o vasto campo da análise da hipocondria,4 no qual as fantasias do paciente sobre seu mundo interno incluem a fantasia de que este se localiza no interior de seu corpo.

 

Se usarmos dois termos em oposição para descrever alguma doença, nos veremos imediatamente em apuros. Os distúrbios psicossomáticos, a meio caminho entre o mental e o físico, estarão colocados em uma posição inteiramente precária. Por outro lado, os neurocirurgiões vêm agindo sobre o cérebro normal ou saudável na tentativa de modificar ou melhorar os estados mentais. Estas terapias 'físicas' estão totalmente à deriva com suas teorias. Muito curiosamente, parecem que elas deixam de lado a importância do corpo físico, do qual o cérebro é uma parte integrante.

 

A Psicologia da criança surge a partir das necessidades corporais, que gradualmente se tornam necessidades do ego, a partir da elaboração imaginativa da experiência física.

 

A saúde, no desenvolvimento inicial do indivíduo, leva a uma continuidade de existência.

 

A tarefa de aceitação da realidade nunca é completada. Nenhum ser humano está livre da tensão de relacionar as realidades interna e externa, e o alívio desta tensão é proporcionado por uma área intermediária da experiência que não é contestada (artes, religião etc.). Esta área intermediária está em continuidade direta com a área do brincar da criança pequena que se 'perde' no brincar.

 

Em alguns casos de psicose clínica, o que verificamos representa um colapso de defesas. Novas defesas têm de ser erigidas de um tipo ainda mais primitivo, mas o quadro clínico é dominado pelo colapso de defesas, de qualquer modo, temporariamente; isto é o que usualmente queremos dizer com colapso nervoso, no qual as defesas se tornaram insatisfatórias, e o paciente tem que ser cuidado enquanto novas defesas estão sendo organizadas. Além de tudo, o colapso nervoso é teoricamente um estado de caos, mas o colapso completo deve ser uma raridade clínica, se é que é possível, e indicaria uma mudança irreversível no sentido contrário ao crescimento pessoal e no sentido de fragmentação.

 

A psicose representa uma organização das defesas, e por trás de toda defesa organizada há a ameaça de confusão, que, na verdade, constitui uma ruptura da integração.

 

O caos é, primeiramente, uma quebra na linha do ser, e a recuperação só ocorre através de uma revivência de continuidade. O caos se torna significativo exatamente no momento em que já é possível discernir algum tipo de ordem, e ao mesmo tempo em que o próprio caos pode ser vivenciado pelo indivíduo, tendo ele já se transformado em uma espécie de ordem – um estado que pode se tornar organizado como defesa contra ansiedades associadas à ordem A desintegração é caótica.

 

A tendência a se integrar é ajudada por um conjunto de experiências básicas: a técnica pela qual alguém mantém a criança aquecida, segura-a e lhe dá banho, balança-a e a chama pelo nome.

 

A mãe que desenvolve o estado ao que chamei 'preocupação materna primária' fornece um contexto para que a constituição da criança comece a se manifestar, para que as tendências ao desenvolvimento comecem a se desdobrar, e para que o bebê comece a experimentar um movimento espontâneo, e se torne dono das sensações correspondentes a esta etapa inicial da vida. A vida instintiva não precisa ser mencionada aqui porque o que estou descrevendo tem início antes do estabelecimento de padrões instintivos.

 

O sentimento de que a mãe existe dura x minutos. Se a mãe ficar distante mais do que x minutos, então, a imago se esmaece, e, juntamente com ela, cessa a capacidade de o bebê utilizar o símbolo da união. O bebê fica aflito [estado excitado], mas esta aflição é logo corrigida, se a mãe retornar em x + y minutos. Em x + y minutos, o bebê, provavelmente, não se alterará. Mas, se a mãe retornar só em x + y + z minutos, o bebê poderá ficar traumatizado.

 

 

 

 

Devemos lembrar sempre que a conclusão final sobre o desenvolvimento do ego é o narcisismo primário. No narcisismo primário, o ambiente sustenta o indivíduo, e o indivíduo ao mesmo tempo nada sabe sobre ambiente algum – é uno com ele.

 

Não há possibilidade alguma de um bebê progredir do princípio de prazer para o princípio de realidade ou no sentido, e para além dela, da identificação primária, a menos que exista uma mãe suficientemente boa. A mãe suficientemente boa (não necessariamente a própria mãe do bebê) é aquela que efetua uma adaptação ativa às necessidades do bebê, uma adaptação que diminui gradativamente, segundo a crescente capacidade deste em aquilatar o fracasso da adaptação e em tolerar os resultados da frustração. Naturalmente, a própria mãe do bebê tem mais probabilidade de ser suficientemente boa do que alguma outra pessoa, já que esta adaptação ativa exige uma preocupação fácil e sem ressentimentos com determinado bebê. Na verdade, o êxito no cuidado infantil depende da devoção, e não de jeito ou de esclarecimento intelectual.

 

A criança, no colo ou deitada no berço, não está consciente de estar a salvo de uma queda infinita. Uma leve falha em ser segura, contudo, traz à criança a sensação de uma queda sem fim.

 

A criança considerada normal é capaz de brincar, ficar excitada quando brinca e se sentir satisfeita com o brinquedo, sem se sentir ameaçada pelo orgasmo físico de excitação local. Em contraste, uma criança impelida a fazer alguma coisa, com tendência anti-social, ou qualquer criança com a marca da inquietação maníaco-defensiva é incapaz de apreciar o brinquedo porque o corpo se tona fisicamente incluído.

 

O analista permite que o paciente marque o ritmo e faz também a melhor coisa possível depois de dar ao paciente a liberdade de decidir quando vir ou ir embora: ele fixa a hora e a duração das sessões, e atém-se ao tempo por ele fixado... Quanto a mim, preferiria ser antes lembrado por sustentar que entre o paciente e o analista está a atitude profissional do analista. Afirmo isto agora sem receio porque não sou um intelectual, e, na verdade, executo meu trabalho muito mais a partir de meu eu corporal.

 

Para mim, o 'self' é a pessoa que eu sou, que possui uma totalidade baseada no processo de maturação. Ao mesmo tempo, o 'self' tem partes, e, na realidade, é constituído dessas partes. O 'self' acaba por chegar a um relacionamento significante entre a criança e a soma das identificações que (após suficiente incorporação e introjeção de representações mentais) se organizam sob a forma de uma realidade psíquica interna viva.

 

É no jogo e só no jogo que a criança ou o adulto, como indivíduos, são capazes de ser criativos e de utilizar o todo de suas personalidades, e só ao serem criativos os indivíduos se descobrem a si-mesmos.

 

Liderança é ação, não posição.

 

As maiores loucuras são as mais sensatas alegrias, pois tudo que fizermos hoje ficará na memória daqueles que um dia sonharão em ser como nós: Loucos, porém, felizes!

 

Prefiro ser odiado por ser quem sou do que ser amado por ser quem não sou.

 

Minha tese é que, na terapia, tentamos imitar o processo natural que caracteriza o comportamento de qualquer mãe em relação à sua criança. Se a tese estiver correta, deduz-se que é o par mãe-criança que pode nos ensinar os princípios básicos sobre os quais deve fundar-se nosso trabalho terapêutico, quando estivermos tratando de crianças (ou de adultos) cuja primeira relação com a mãe não foi 'boa o suficiente' ou foi interrompida.

 

Se você me odeia, entra na fila. Se você me ama, pense bem. Talvez eu não mereça.

 

Amigo autêntico é aquele que mesmo sabendo tudo sobre você ainda continua sendo seu amigo.

 

Sabe viver quem dedica um dia ao sonho e outro a realidade.

 

A cada dia, todos nós passamos pelo céu e pelo inferno!

 

Existe o bom em todos nós, e acho que eu simplesmente amo as pessoas demais, tanto que chego a me sentir mal.

 

Brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde.

 

Se o bebê deseja ser alimentado, e a mãe oferece o seio ou a mamadeira no momento certo; se o bebê sorri, e a mãe sorri de volta como validação; se o bebê fica úmido e chora, e a mãe responde trocando a fralda, então, o bebê irá construir a noção de que suas expressões espontâneas são eficazes.

 

Quando a onipotência do bebê é respeitada, desenvolve-se um verdadeiro 'self'; entretanto, quando não se sente eficiente, a criança se sente desamparada e tende a se adaptar às necessidades da mãe, a fim de obter o que deseja. Neste caso, ela desenvolve um falso 'self'.

 

É necessário atender as necessidades do paciente, em vez de forçar o paciente a se ajustar aos horários e às necessidades do analista. Isto só irá reforçar um falso 'self' no paciente. Acima de tudo, é a correspondência empática e a satisfação das necessidades do verdadeiro 'self' do paciente o objetivo durante a psicanálise.

 

A mãe só poderá exercer a preocupação materna primária se houver um pai suficientemente bom.

 

Há uma terceira parte da vida de qualquer ser humano, parte que não podemos ignorar, que constitui uma área intermediária de experimentação, para a qual contribuem tanto a realidade interna quanto a vida externa. Trata-se de uma área que não é disputada porque nenhuma reivindicação é feita em seu nome, exceto que ela existe como lugar de repouso para o indivíduo empenhado na perpétua tarefa humana de manter as realidades interna e externa separadas, ainda que inter-relacionadas.

 

A sessão psicanalítica é um momento sagrado.

 

Os padrões estabelecidos na tenra infância podem persistir na infância propriamente dita, de modo que o objeto macio original continua a ser absolutamente necessário na hora de dormir, em momentos de solidão ou quando um humor depressivo ameaça se manifestar. Na saúde, contudo, dá-se uma ampliação gradual do âmbito de interesses, e, por fim, este âmbito ampliado é mantido, mesmo quando a ansiedade depressiva se aproxima. A necessidade de um objeto específico ou de um padrão de comportamento que começou em data muito primitiva pode reaparecer em uma idade posterior, quando a privação ameaça.

 

É necessário explorar as possibilidades de que a saúde mental, no sentido da menor vulnerabilidade aos estados esquizóides e à esquizofrenia, é constituída nas etapas muito iniciais, quando o bebê está sendo gradualmente apresentado à realidade externa.

 

Todas as coisas andam juntas e se combinam na sensação do se sentir real, de ser e de haver experiências realimentando a realidade psíquica, enriquecendo-a, dando-lhe direção.

 

Não tenho mais a paixão. Então, lembrem: é melhor queimar do que ir apagando aos poucos.

 

Eu quero estar vivo na hora da minha morte.

 

 

 

 

 

 

Três Trovinhas

 

 

 

Se vivemos, não Vivemos;

se morremos, não Morremos.

Somos o que escolhemos;

somos o que apre(e)ndemos.

 

Para todos, há um Tudo.

Por que continuar carrancudo?

Vencerá quem é agalhudo;

é desvirtude perdurar cabaçudo.

 

É infértil azular dos pecados;

os pecados devem ser dominados.

Não podemos viver apartados;

só juntos mudaremos os Quadrados.

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Não discordo de Winnicott, mas vou reformular esta afirmação porque a considero incompleta: Não existe esta coisa chamada bebê. O bebê é sempre: o bebê + a mãe + o pai (+ os irmãos + os avós + os tios + os primos + ...).

2. O pior que se poderá fazer em uma situação destas é chacotear, criticar ou ameaçar, o que é uma calamidade calamitosa. Entre outras desgraças, isto poderá levar a que o pubescente passe a detestar o som de sua própria voz. Mas há efeitos colaterais piores. Isto me fez lembrar a antiga boçalidade de forçar um canhoto a 'mudar de mão' quando criança. Freqüentemente, costuma acontecer a ocorrência de gagueira e dislexia – uma perturbação na aprendizagem da leitura, da escrita e da soletração pela dificuldade no reconhecimento da correspondência entre os símbolos gráficos e os fonemas, bem como na transformação de signos escritos em signos verbais. Eu escapei sem seqüelas; nasci canhoto e me obrigaram a ser destro. Naquela época, ser canhoto era uma coisa meio diabólica, até porque um dos sinônimos absolutos para diabo é canhoto!

3. A lobotomia – mais apropriadamente chamada leucotomia (já que lobotomia se refere a cortar as ligações de qualquer lobo cerebral) – é uma intervenção cirúrgica no cérebro, onde são seccionadas as vias que ligam os lobos frontais ao tálamo e outras vias frontais associadas. A lobotomia foi utilizada no passado em casos graves de esquizofrenia, mas não é mais praticada. Se você não viu, vale a pena ver o filme One Flew Over the Cuckoo's Nest (Um Estranho no Ninho). Neste filme, Jack Nicholson (Randle Patrick McMurphy) – um malandro que, após ser preso, se finge de louco para ir para um hospital psiquiátrico, e assim se esquivar de trabalhos forçados na prisão – interpretou tão bem o papel que ganhou o Oscar de 1976 de melhor ator.

4. A hipocondria – também conhecida por nosomifalia – é um estado psíquico em que a pessoa tem crença infundada de padecer de uma doença grave. Costuma vir associada a um medo irracional da morte, à uma obsessão com sintomas ou com defeitos físicos irrelevantes, à uma preocupação/auto-observação constante do corpo, e até, às vezes, à descrença nos diagnósticos médicos. Muitas vezes encarada como algo engraçado, a patologia é séria e prejudica a vida de pacientes e parentes.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.bligoo.com/explore/tag/servilismo

http://xicorobski.blogspot.com/

http://www.toonpool.com/cartoons/
Isaac%20Newton_41274

http://www.dwwinnicott.com/suavida/suavida.htm

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2008/12/melanie-klein-donald-winnicott-heinz.html

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http://thegifinyourfolder.tumblr.com/post/5630625011
/the-109th-gif-in-your-folder-is-your-reaction-to-seeing

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipocondria

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lobotomia

http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/
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http://www.apsicanalise.com/

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http://pt-br.facebook.com/pages/
Donald-Winnicott/106564626050277?sk=wiki

http://en.wikipedia.org/wiki/Donald_Winnicott

http://www.infopedia.pt/$relacoes-objectais

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010
2-37722003000200005&script=sci_arttext

 

Música de fundo:

That Old Black Magic
Música: Harold Arlen
Letra: Johnny Mercer
Interpretação: Ella Fitzgerald

Fonte:

http://beemp3.com/