WILLIAM BLAKE – PENSAMENTOS

 

 

 

William Blake

Retrato de William Blake
(por Thomas Phillips, 1770 – 1845)

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo é uma pequena coletânea de pensamentos de William Blake, poeta, pintor, gravador e tipógrafo inglês. Minhas concordâncias e discordâncias com o autor, assim como algumas ponderações necessárias, como sempre, aparecem nas notas ao final do trabalho.

 

 

 

Nota Biográfica

 

 

 

William Blake (Londres, 28 de novembro de 1757 – Londres, 12 de agosto de 1827) foi um poeta, tipógrafo e pintor inglês, sendo sua pintura definida como pintura fantástica.

 

Blake viveu em um período significativo da História, marcado pelo Iluminismo (movimento cultural de elite de intelectuais do século XVIII na Europa, que procurou mobilizar o poder da razão, a fim de reformar a sociedade e o conhecimento prévio) e pela Revolução Industrial (conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social, iniciadas no Reino Unido em meados do século XVIII, e se expandindo pelo mundo a partir do século XIX), na Inglaterra. A Literatura estava no auge do que se pode chamar de clássico augustano, uma espécie de paraíso para os conformados às convenções sociais, mas não para Blake que, neste sentido, era romântico, pois enxergava o que muitos se negavam a ver: a pobreza, a injustiça social, a negatividade do poder da Igreja Anglicana e do Estado. Em 1790, publicou sua prosa mais conhecida, O Matrimônio do Céu e do Inferno, em que formula uma posição religiosa e política revolucionária na época: a negação da realidade da matéria, da punição eterna e da autoridade.

 

No dia de sua morte, Blake trabalhava exaustivamente em A Divina Comédia, de Dante Alighieri (1265 – 1321), apesar da péssima condição física que culminaria no seu fim. Seu funeral, bastante humilde, foi pago pelo responsável pelas ilustrações do livro, e apesar de sua situação financeira constantemente precária, Blake morreu sem dívidas.

 

Hoje, Blake é reconhecido como um santo pela Igreja Gnóstica Católica, e o prêmio Blake Prize for Religious Art (Prêmio Blake para Arte Sacra) é entregue anualmente na Austrália em sua homenagem.

 

 

 

Algumas Obras de William Blake

 

 

 


 

 

Alguns Pensamentos Blakeanos

 

 

 

Aquele que se deixa prender por uma Alegria/Rasga as asas da vida;/Aquele que beija a Alegria enquanto ela voa/Vive no amanhecer da Eternidade.

 

Quem cumpre o seu dever não teme nenhum mal.

 

Cada prostituta foi virgem uma vez.

 

Grandes coisas são feitas quando homens e montanhas se encontram.

 

Eu estou em você e você em mim, em amor mútuo e divino.

 

A glória do Cristianismo é conquistar pelo perdão.

 

As horas de insensatez são medidas pelo relógio, mas, as de sabedoria nenhum relógio pode medir.

 

Faça o que você quiser, este mundo é uma ficção e é feito de contradição.

 

O mundo da imaginação é o mundo da Eternidade. É o seio para o qual nos dirigimos após a morte do corpo vegetativo. Este mundo é infinito e eterno, enquanto o mundo da procriação é finito e temporal. Todas as coisas, em suas formas eternas, estão dentro do Corpo Divino do Salvador – a verdadeira voz da Eternidade.

 

 

Imaginação

 

O amor não busca agradar a si mesmo/Nem destina qualquer cuidado a si próprio/Mas se dá facilmente ao outro,/E constrói um paraíso no desespero do inferno.

 

A grande meia verdade: liberdade.

 

A gratidão é o próprio paraíso. Se as portas da percepção fossem limpas, tudo apareceria ao homem como realmente é: infinito.1

 

Ver um mundo em um grão de areia/e um céu em uma flor selvagem/é ter o infinito na palma da mão/e a eternidade em uma hora.

 

Quem faz o bem ao outro deve fazê-lo nos mínimos detalhes. O bem geral é a justificativa do imoral, do hipócrita e do falso.

 

Ouve a reprovação do tolo! É um elogio soberano!

 

A crueldade tem humano coração,
E tem a intolerância humano rosto;
O terror a divina humana forma,
O secretismo humano traje posto.

O humano traje é ferro forjado,
A humana forma, forja incendiada,
O humano rosto, fornalha bem selada,
Humano coração, abismo seu esfaimado.

 

É mais fácil perdoar nossos inimigos do que nossos amigos.

 

A ave constrói o ninho; a aranha, a teia; o homem, a amizade.

 

Quem nunca altera a sua opinião é como a água parada, e começa a criar répteis no espírito.2

 

A Energia é a eterna Alegria.3

 

Se o doido persistisse na sua loucura se tornaria sensato.

 

Aquilo que hoje está provado não foi outrora mais do que imaginado.

 

Antes não se imaginava o que agora é provado.

 

O homem não tem um corpo separado da alma.4 Aquilo que chamamos de corpo é a parte da alma que se distingue pelos seus cinco sentidos.

 

Exuberância é Beleza.

 

Aqueles que refreiam o desejo o fazem porque o deles é fraco o bastante para ser refreado; e o freio ou razão usurpa seu lugar e governa o relutante.5

 

A estrada do excesso conduz ao palácio da sabedoria. E sendo refreado, ele se torna gradualmente passivo, até que seja apenas a sombra do desejo.6

 

Onde o homem não está, a Natureza é um deserto.

 

Estai sempre dispostos a falar com franqueza e evitareis a companhia dos homens perversos.

 

Compaixão, Pena, Paz e Amor
– Todos lhes rezam no seu sofrimento.
E a estas virtudes de tanto fulgor
Entregam o seu agradecimento.

Compaixão, Pena, Paz e Amor
É Deus, nosso Pai Adorado.
Compaixão, Pena, Paz e Amor
É o homem, Seu filho amado.

Tem Compaixão humano coração,
E tem a Pena uma face humana,
Amor, a forma divina de eleição,
E a Paz, o traje que irmana.

Todo o homem, em todo o clima,
Que, com dor, reza como é capaz,
Reza à forma humana divina
Amor, Compaixão, Pena e Paz.

A humana forma amar é um dever,
Para os ateus, os turcos, os judeus.
Compaixão, Amor e Pena, haja onde houver,
Também é lá que encontrareis Deus.

 

Todas as divindades residem no peito humano.

 

Muitos são incapazes de uma firme persuasão em qualquer coisa.

 

É honesto aquele que resiste a seu gênio e à sua consciência apenas por causa de tranqüilidade ou de gratificação presente?

 

Toda a criação será consumida e se mostrará infinita e sagrada, assim como se mostra agora finita e corrupta.

 

O homem se fechou em si mesmo, e só vê as coisas através de estreitas fissuras de sua caverna.

 

A adoração de Deus é honrar seus dons em outros homens – cada um de acordo com seu gênio e amar mais os maiores homens; aqueles que invejam ou caluniam grandes homens odeiam Deus, pois não há outro Deus.

 

Quando a imprensa não fala, o povo é que não fala. Não se cala a imprensa. Cala-se o povo.

 

A raiz da humildade, atenta, espera.

 

Verme e mosca se sustentam/Do mistério que ambos acalentam.

 

O Jardim do Amor fui visitar,
E vi, então, o que jamais notara:
Lá, bem no meio, estava uma capela,
Onde eu no prado correra e brincara.

E os portões desta capela não abriam,
E 'Não farás' sobre a porta escrito estava;
E, voltei-me, então, para o Jardim do Amor
Lá, onde toda a doce flor se dava.

E os túmulos enchiam todo o campo,
E eram esteias funerárias as flores;
E padres, de preto, em seu passeio secreto,
Atando com pavores minhas alegrias e amores.

 

A abelha atarefada não tem tempo para a tristeza.

 

 

Abelha Atarefada

 

 

A tua amizade já me fez sofrer muitas vezes; sê meu inimigo em nome da amizade.

 

Nós dois lemos a Bíblia dia e noite, mas tu lês negro onde eu leio branco.

 

Nunca saberás o que é suficiente enquanto não souberes o que é mais do que suficiente.

 

Uma verdade que é dita com má intenção derrota todas as mentiras que possamos inventar.

 

A prudência é uma rica rapariga que não casou, a quem a incapacidade faz a corte.

 

No tempo da semeadura, aprende: na colheita, ensina; no inverno, desfruta.

 

Conduz teu carro e teu arado por sobre os ossos dos mortos.7

 

Quem deseja mas não age gera a pestilência.

 

A minhoca cortada perdoa o arado.

 

A vergonha é o disfarce do orgulho.

 

Mergulha no rio quem gosta de água.8

 

O tolo não vê a mesma árvore que o sábio.

 

As alterações de olhar alteram tudo.

 

Aquele cujo rosto não se ilumina jamais haverá de ser uma estrela.

 

A Eternidade anda apaixonada pelas produções do tempo.

 

 

Eternidade

 

 

Os alimentos sadios não são apanhados com armadilhas ou com redes.

 

O ato mais sublime é colocar outro diante de ti.

 

Um cadáver não vinga as injúrias.9

 

As prisões se constroem com as pedras da lei, já os bordéis, com os tijolos da religião.

 

A luxúria do bode é a glória de Deus. A fúria do leão é a sabedoria de Deus. A nudez da mulher é a obra de Deus.

 

O excesso de tristeza ri; o excesso de alegria chora.10

 

A ratazana, o camundongo, a raposa e o coelho olham as raízes; o leão, o tigre, o cavalo e o elefante olham os frutos.11

 

A cisterna contém; a fonte derrama.

 

A tradição ancestral que afirma que o mundo será consumido pelo fogo ao final de seiscentos anos é verdadeira, como ouvimos lá no inferno. Para os anjos, com suas espadas de fogo, será necessário baixar sua guarda em prol da Árvore da Vida, e quando Ele chegar, toda a criação será consumida, se desvelará o Infinito e o sagrado dará lugar ao finito e perverso. Todo o crivo deverá ser o melhoramento do prazer sensual. Mas, a primeira noção que o homem tem para poder distinguir seu corpo de sua alma será riscada, assim eu o farei, utilizando o método infernal, por corrosão, o que aqui, no Inferno, é salutar e medicinal, derretendo suas cascas e exibindo o infinito que ali reside. Quando as portas da percepção forem abertas, tudo será como é: Infinito! Para o homem, fechado em si mesmo, avise-o para olhar através das brechas de sua própria caverna.

 

Um só pensamento preenche a imensidão.

 

Dize sempre o que pensas, e o homem torpe te evitará.

 

Tudo o que se pode acreditar já é uma imagem da verdade. A águia nunca perdeu tanto o seu tempo como quando resolveu aprender com o corvo.

 

De manhã, pensa; ao meio-dia, age; no entardecer, come; de noite, dorme.

 

O fraco na coragem é forte na esperteza.

 

Em cada grito de terror de uma criança eu ouço as correntes forjadas pela mente.

 

Uma mesma lei para o leão e para o boi é opressão.

 

Há um sorriso que é de amor;
Há um sorriso que é de maldade.
E há um sorriso de sorrisos,
Onde os dois sorrisos têm parte.

Há uma careta de ódio;
Há uma careta de desdém.
E há uma careta de caretas,
Que te esforças em vão para esquecê-la bem.

Pois ela fere o Coração no cerne,
E finca fundo na espinha dorsal.
E não um sorriso que nunca tenha sido sorrido,
Mas só um sorriso solitário.

Que, entre o berço e o túmulo,
Somente uma vez se sorri assim;
Mas, quando é sorrido uma vez,
Todas a tristeza tem seu fim.

 

A essência do doce prazer jamais poderá ser maculada.

 

Assim como a lagarta escolhe as mais belas folhas para deitar seus ovos, assim o padreca lança sua maldição sobre as alegrias mais belas.

 

Criar uma florzinha é o labor de séculos.

 

Orações não aram! Louvores não colhem! Júbilos não riem! Tristezas não choram!

 

A Cabeça, o Sublime; o Coração, o Sentimento; os Genitais, a Beleza; as Mãos e os Pés, a Proporção.

 

 

Proporção

 

 

Como o ar é para o pássaro ou o mar é para o peixe, assim é o desprezo para o desprezível.

 

A gralha gostaria que tudo fosse preto; a coruja, que tudo fosse branco.

 

Se o leão fosse aconselhado pela raposa, seria ardiloso.

 

Mostro a todos vós um mundo pleno de vida em uma partícula de pó que exala o alento de sua alegria.

 

Eu, pecador, absoluto em meu pecado, todo-poderoso construtor dos meus desvarios, confesso-me a mim. Persigno-me, persigo-me e prossigo nesta impossível-impassível jornada, trama indecifrável. Eu, pecador, crivado pelas setas e espinhos da dúvida, indivíduo no mundo, persigo meu sonho. E meu sonho se intromete em minha vigília, soltando no ar os seres que povoam minha mente. Assim estava, assim pensava ele, abandonado ao tépido calor daquele vinho, naquele fim de tarde, jogado sobre a poltrona, quase a dormir, naquele profundo retalhar de coisas antigas, de crenças antigas, naquele ato de dissecar as próprias dúvidas, a própria vida. De repente, ouve um zumbido e o barulho de vida próximo a ele. É uma mosca, que ronda o ar, ao redor da fruteira. Ali estão as pêras, que adormecem e apodrecem seu marasmo, lassidão, solidão e abandono. A menos que uma mão faminta as tome, levando-as à boca para saciar a fome, elas ali permanecerão, eternamente em seu marasmo, apodrecendo. Ele observa a mosca, que, zumbindo em círculos, se aproxima da fruteira. E se admira ao ver seu vôo bonito, concêntrico, o brilho refletido em suas asas azuis, quando o Sol rebate nelas diretamente. Acompanhando com o olhar, vê quando ela, finalmente, pousa sobre as frutas. Como que magnetizado, sente-se penetrar na realidade daquele inseto, que, agora, passeia sobre a superfície dourada da pêra; ele agora é a própria mosca e passeia sobre a fruta, sentindo toda a carícia do veludo sob as patas, a tepidez dourada provocando arrepio nos pelos. Prepara-se para sugar todo o seu sumo, sua seiva. E exatamente quando começa a gozar as delícias de sua empreitada, desvia os olhos para cima, deparando-se com um magnífico azul violáceo, um Sol que a convida a viajar rumo a outros ambientes. E ela imagina milhares e milhares de novos frutos, antecipando delícias de paraísos inimagináveis. E se divide: não sabe mais se se entrega ao doce ofício de sugar a seiva da dourada pêra ou se levanta vôo em busca de outras paragens. E se debate, e se confunde, não percebendo a pesada mão de alguém que se abate sobre ela, que agora está tombada, inerte sobre a fruta. Quando sentiu a tragédia, voltou a ser ele próprio, sentindo as forças se esgotarem nos estertores da morte. Novamente é ele o observador, e observa a cena: as pêras continuam na fruteira, no mesmo lugar a mesa e a toalha, as flores, a sala, ele e seus olhos. Tudo permanece, como sempre. Apenas a mosca está morta e já não faz mais parte do ambiente. E, no entanto, nada mudou. Todo o conflito que viveu, todo o seu angustiante dividir-se, tudo é acabado. O mundo permanece, indiferente à sua morte, à sua queda. O seu pequeno mundo, feito de uma sala, de uma mesa e de uma fruteira cheia de pêras, que continuam adormecidas, apodrecendo sua solidão e seu marasmo nas tardes quentes. Silenciosamente, pé ante pé, como se cumprisse um ritual, ele se levanta e se aproxima da fruteira. Com a ponta dos dedos retira cuidadosamente o inseto, e sem uma sombra de qualquer sentimento no rosto, atira-o na cesta de lixo, seu último reduto. Eu, pecador, absoluto em meu pecado, todo-poderoso construtor dos meus desvarios, confesso-me a mim. E jogado sobre a poltrona, nestas tardes monótonas e quentes, pressinto e antecipo a queda da próxima mosca, e o ranger de dentes das pêras, deixadas solitárias na fruteira.

 

Não revele aos amigos os seus segredos, porque você não sabe se algum se tornará seu inimigo. Não cause ao seu inimigo todo o mal que lhe possa fazer, porque você não sabe se ele, um dia, se tornará seu amigo.

 

Como pode uma ave, nascida para a alegria, ficar em uma gaiola e cantar?

 

A simpatia é o Coração a sorrir no rosto.

 

A arte nunca poderá existir sem a beleza nua exibida.

 

A arte é a árvore da vida. A ciência é a árvore da morte.

 

 

Árvore da Morte

Oposição é amizade verdadeira.

 

O mal ativo é melhor do que o bem passivo.12

 

Um homem é como ele vê. Os seus poderes dependem de como seu olho é formado.

 

O crucifixo de Cristo não deve ser uma desculpa para a execução de criminosos.

 

Tudo o que vive é santo; a vida se deleita na Vida.

 

Alegria é o meu nome.

 

Eu preciso criar um sistema ou serei escravizado por outro homem. Eu não vou raciocinar13 nem comparar: eu vou criar.

 

Nações são destruídas ou florescem na proporção em que sua poesia, sua pintura e sua música são destruídas ou florescem.

 

Os judeus que pensam ter direito exclusivo aos benefícios de Deus serão testemunhas contra si mesmos. O mesmo acontecerá com os católicos.14

 

O olho altera. Altera tudo.

 

O Jeová da Bíblia é aquele que vive nas chamas reluzentes.

 

O verdadeiro método para se alcançar o conhecimento é a experiência.

 

Generalizar é ser um idiota.

 

O que é grande é necessariamente obscuro para os homens fracos.

 

Onde habitam a misericórdia, o amor e a piedade, ali Deus está habitando também.

 

Sem contrários não há progresso. Atração e repulsão; razão e energia. Amor e ódio são necessários à existência Humana. Desses contrários, saem o que os religiosos chamam bem e mal. O bem é o passivo; obedece à razão. O mal é o ativo; vem da energia. O bem é o céu. O mal é o inferno.

 

O mais tímido botão é a prova de que não há morte real.

 

A imaginação não é um estado; é toda a existência humana.

 

O homem justo manteve sua rota/Pelo vale da morte.

 

A raposa condena a armadilha, nunca a si mesma.

 

A alegria fecunda. A tristeza produz.

 

A macieira nunca pergunta à faia como deve crescer; nem o leão, ao cavalo, como deve apanhar sua presa.

 

A maldição distende; a bênção relaxa.

 

O melhor vinho é o mais velho; a melhor água é a mais nova.

 

Todas as bíblias ou códigos sagrados foram as causas dos seguintes erros: 1º) Que o homem tem dois princípios existentes reais, a saber: um corpo e uma alma; 2º) Que a energia, chamada mal, é apenas do corpo, e que a razão, chamada bem, é apenas da alma; e 3º) Que Deus atormentará o homem pela eternidade por seguir suas energias.

 

Jesus era todo virtude e agiu por impulso, não por regras.

 

A verdade nunca pode ser dita de modo a ser acreditada sem ser compreendida.

 

 

 

Dodecaedro
(Ou se compreende ou...)

 

 

 

Só Para Concluir

 

 

Se hoje você claudica,

amanhã devirá sajica.

Não chie, não lamente;

use o Poder da Mente.

 

Quem hoje é minguta,

acabará por ser batuta.

Está insculpido na Lei:

cada um será seu Rei.

 

Do nigredo ao rubedo,

revelar-se-á o Segredo.

Muito fazer, mas calar;

diligenciar e pacientar.

 

Rogar é insuficiente;

Alquimiar é eficiente.

Ajoelhar-se é desútil;

Grande-obrar é útil.

 

Não peça. Faça você

Seja seu Real Iniciador;

pinte tudo de outra cor.

 

Não espere um milagre

nem que adoce o agre,

pois nada cairá no colo

nem repuxará do solo.





______

Notas:

1. Já expliquei que o conceito de infinito é um equívoco da compreensão. Para que o infinito pudesse existir, o finito precisaria ser ou estar sendo criado ininterruptamente. Mas, criado de onde? Por quem? Como? Então, ainda que seja difícil a percepção metafísica da existência-em-si, racionalmente o que se pode admitir é o conceito de finito, porém ilimitado, pois, como a inexistência poderá dar origem à existência? O que é é porque sempre foi e sempre será; não aumenta nem diminui energeticamente. Agora, como isto é assim e o porquê de ser assim são outros quinhentos mil réis.

2. Mas, há certas coisas que são inalteráveis, como, por exemplo, o não matarás.

3. Por isto, o Harmonium só poderá ser efetivo e concertado quando a nossa alegria se identificar e estiver em conformidade com a Alegria Universal.

4. Um dos equívocos clássicos do pensamento ontológico-compreensional humano é dividir o indivisível e fragmentar o que não pode ser fragmentado. Então, na realidade, em última instância, corpo + alma ou corpo + alma + espírito ou, ainda, segundo a Teosofia, Sthula Sharira (Corpo Denso) + Prâna (Corpo Vital) + Linga Sharira (Duplo Etérico) + Kâma Rupa (Corpo de Desejos) + Manas (Corpo Mental) + Budhi (Alma Divina) + Atman (Raio do Absoluto, Essência Divina), mesmo que difiram, são uma coisa só, ou seja, formam uma unidade. Observe:

7... 72... 73.
7... 49... 343.
343 3 + 4 + 3 = 10 1 + 0 = 1.

Segundo Rudolf Steiner (1861 – 1925), filósofo, educador, artista, esoterista e fundador da Antroposofia, da Pedagogia Waldorf, da Agricultura Biodinâmica, da Medicina Antroposófica e da Euritimia, cada estado de consciência se movimenta através de 7 (sete reinos). No conjunto da evolução da Humanidade, há (7 x 7 = 49) quarenta e nove ciclos pequenos ('rondas', conforme o modo de exprimir teosófico). E cada ciclo pequeno tem, por sua vez, de percorrer sete ciclos menores ainda, que se chamam 'estados da forma' (na Teosofia 'globos'). Isto perfaz 343 (trezentos e quarenta e três) – 7 x 49 – 'estados da forma'. Mas, não esqueça: 343 3 + 4 + 3 = 10 1 + 0 = 1.

5. Há desejos e desejos. Há desejos que comprometem e demolem e desejos que são aspirações legítimas, como, por exemplo, a cada dia, se tornar um pouco melhor. Seja como for, reprimir o que quer que seja não adianta nada. Ou compreendemos o porquê das coisas e nos libertamos ou não compreendemos o porquê das coisas e continuamos submissos ao que há de pior em nós.

6. Excesso de bem, de beleza, de justiça, de amor, de misericórdia etc.

7. E quem são os mortos? As cobiças veneníferas, as paixões imoderadas e os desejos malsãos que foram transmutados em desprendimento, eqüidade e altruísmo.

8. Todo aquele que bebe desta água tornará a ter sede, mas o que beber da Água que eu lhe der, jamais terá sede, pois a Água que eu lhe der virá a ser nele Fonte de Água que jorrará até a Vida Eterna. (Evangelho de João, IV: 13 e 14).

9. Precisamos aprender a morrer para o mundo e para as injúrias do mundo. Isto, confesso, ainda estou aprendendo.

10. Todos os excessos tendem a se contradizer. A Ética Aristotélica ensina que a virtude é o meio-termo, e o vício se dá ou pela falta ou pelo excesso. Por exemplo: coragem é uma virtude e seus contrários são a temeridade (excesso irresponsável de coragem) e a covardia (ausência de coragem). Da mesma forma, excesso de religiosidade poderá resvalar para o ultramontanismo ou para o fanatismo; ausência de religiosidade (no sentido de cultivação de valores éticos), geralmente, faz tender para a nulidade.

11. O Gnóstico olha a ShOPhIa.

12. Não creio que o mal ativo seja melhor do que o bem passivo. Mas, o bem passivo é, em todos os sentidos, criminosamente pérfido.

13. Acho que, aqui, a questão é de imitar e de se submeter ou de não imitar e de não se submeter, porque quem imita se submete e se escraviza, e quem raciocina não se submete nem se deixa escravizar. Com raríssimas exceções, de maneira geral, o que são os religiosos ortodoxos? Resposta: fiéis intolerantes com o novo e o diferente – meros seguidores e repetidores, imitadores e submissos. O pior é que, quando morrem, porque ninguém fica para semente, por não entenderem o que está a acontecer, tomam o maior susto. Entretanto, a responsabilidade maior não é deles, mas, sim, daqueles que, pelos motivos subterrâneos conhecidos de todos, ensinaram a enfiada de besteiradas a eles. Tenho para mim que uma das coisas mais difíceis é alguém se livrar de um fideísmo esmagador e buscar e fazer por si mesmo. De maneira geral, as pessoas ainda gostam, querem e precisam que alguém faça por elas o que a elas, exclusivamente, cabe fazer. Enfim, como disse Immanuel Kant (1724 – 1804), só há uma religião verdadeira, mas há muitas espécies de fé. E George Bernard Shaw (1856 – 1950): Há uma única religião, embora haja centenas de versões da mesma. E Arthur Schopenhauer (1788 – 1860): As religiões, assim como as luzes, necessitam de escuridão para brilhar. E Charles de Montesquieu (1689 – 1755): Os homens sentem uma grande atração pela esperança e pelo receio, e uma religião sem inferno nem paraíso não poderia lhes agradar de modo algum. E Karl Heinrich Marx (1818 – 1883): A religião é o suspiro da criança acabrunhada, o coração de um mundo sem coração, assim como também é o espírito de uma época sem espírito. Ela é o ópio do povo. E Jonathan Swift (1667 – 1745): Nós temos a religião suficiente para nos odiarmos, mas não a que baste para nos amarmos uns aos outros. E Vergílio António Ferreira (1916 – 1996): A crença, seja no que for, é um resíduo de tudo o que falhou. E, para concluir esta nota, Sigmund Freud (1856 – 1939): Um homem que está livre da religião tem uma oportunidade melhor de viver uma vida mais normal e completa.

14. Ora, isto não vale só para os judeus ou para os católicos; vale para qualquer um. Essa coisa de povo escolhido de Deus é a maior balela, e só tem uma finalidade:

 

 

Nem os templários acalentaram esta absurda pretensão. A Ordo Pauperum Commilitonum Christi Templique Salominici (Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão) sempre teve como pilares inalienáveis e insubstituíveis a bondade, a justiça, a compaixão, a resignação, a moderação, a humildade, a gentileza, a modéstia, a generosidade, a magnanimidade, a tolerância e, acima de tudo, a justiça. Como estas virtudes poderiam coexistir ou se conciliar com a vaidade rota e extravagante de uma impossível preferencialidade divina? As pessoas, por isto ou por aquilo, acham que têm direitos adquiridos, quando deveriam se esforçar – e muito! – para merecerem Privilégios. E, portanto, misticamente, Privilégio é uma conquista.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://commons.wikimedia.org/wiki/
Category:Animations_of_polyhedra

http://www.4shared.com/get/VeJ6HrUs/
William_Blake_-_Matrimnio_do_C.html

http://pintura.aut.org/BU04?Autnum=11.210

http://www.citation-du-jour.fr/
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http://www.citation-du-jour.fr/
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http://pt.wikipedia.org/wiki/William_Blake

http://www.brainyquote.com/quotes/
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http://www.imotion.com.br/frases/?cat=743

http://www.ronaud.com/frases-pensamentos-
citacoes-de/william-blake

http://www.grandesmensagens.com.br/
frases-de-william-blake.html

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http://pt.wikipedia.org/
wiki/Rudolf_Steiner

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sete_princ
%C3%ADpios_do_homem_(teosofia)

http://www.gifsoup.com/view/
155945/imagination.html

http://www.citador.pt/frases/
citacoes/a/william-blake

http://pt.wikipedia.org/
wiki/William_Blake

http://pt.wikiquote.org/
wiki/William_Blake

 

Música de fundo:

Imagination
Composição: Jimmy Van Heusen (música) Johnny Burke (letra)
Interpretação: Frank Sinatra

Fonte:

http://beemp3.com/