A
insistência na clareza a qualquer preço baseia-se em pura superstição
sobre o modo como funciona a inteligência humana.
A
ciência da Matemática pura, em seus desenvolvimentos modernos,
pode reivindicar ser a criação mais original do espírito
humano.
A
Sabedoria, como fonte
de virtude, deve ser o único objetivo da verdadeira ambição.
Sem
aventura, a civilização está
em decadência total.
Se
um cachorro pular no seu colo, é porque ele gosta de você;
mas, se um gato fizer a mesma coisa, é porque seu colo está
quente.
Para
analisar o óbvio, é
preciso ter uma mente muito fora do comum.
A
História da Filosofia não passa de uma sucessão de
notas de rodapé da obra de Platão.
O
primeiro homem que percebeu a analogia entre um grupo de sete peixes e um
grupo de sete dias trouxe um notável avanço à História
de pensamento. Foi ele o primeiro que cogitou um conceito pertencente à
ciência da Matemática pura. Neste momento, deve ter sido impossível
para ele adivinhar a complexidade e a sutileza destas idéias matemáticas
abstratas que estavam esperando para ser descobertas. Tampouco poderia ele
ter adivinhado que estas noções poderiam exercer uma fascinação
difusa em cada uma das gerações futuras.
A
atividade da Matemática é uma divina loucura do espírito
humano, um refúgio da urgência pungente dos acontecimentos
contingentes.
Quase
todas as novas idéias têm um certo aspecto de loucura quando
são apresentadas pela primeira vez.
Quando
se lida com Matemática pura, está-se no domínio da
completa e absoluta abstração. Tudo o que se afirma é
que a razão insiste na aceitação de que, se uma entidade
qualquer tiver alguma relação que satisfaça quaisquer
condições puramente abstratas, então, elas devem ter
outras relações que satisfaçam outras condições
puramente abstratas.
É
na Literatura que a perspectiva concreta da Humanidade recebe sua expressão.
O
conhecimento encolhe à medida que Sabedoria cresce.
O
homem poderá evolucionar ou se tornar um animal. Deus faz os animais;
o homem se faz a si mesmo.
Ninguém
alcança o sucesso sem a ajuda de outros. O sábio reconhece
esta ajuda com gratidão.
Em
nosso tempo, o
idealismo tem
sido deixado de lado, e estamos pagando o preço por isto.
A
certeza Matemática
repousa sobre sua completa generalidade abstrata. Mas não podemos
ter certeza 'a priori' de que estamos certos em acreditar que as entidades
observadas no universo concreto formam um caso particular do que está
incluído em nosso raciocínio geral.
A
importância
de um pensador individual deve alguma coisa ao acaso, pois dele depende
o destino das suas idéias no espírito dos sucessores. A este
respeito, Pitágoras foi feliz. As suas especulações
filosóficas chegaram até nós por meio do espírito
de Platão. O mundo das idéias de Platão é a
requintada e revista doutrina pitagórica de que o número está
na base do mundo real.
A
completa falta de humor da Bíblia é uma das maiores surpresas
da História.
Uma
ciência que hesita em esquecer os seus fundadores está perdida.
Procura
a simplicidade; depois, desconfia dela.
As idéias não são
para ser guardadas; alguma coisa tem que ser feito com elas.
O
progresso fundamental tem a ver com a reinterpretação
de idéias básicas.
Os
maiores avanços na civilização são processos
nos quais as sociedades em que eles ocorrem ficam arruinadas.
A
pergunta idiota é o primeiro vislumbre de algum desenvolvimento totalmente
novo.
A
vida é uma ofensiva diretamente contra o mecanismo repetitivo do
Universo.
Inteligência
é rapidez em aprender, distintamente da habilidade, que é
a capacidade de agir sabiamente sobre o que foi aprendido.
Todas
as verdades são meias verdades.2
As
bordas da Natureza são sempre esfarrapadas.
A
arte do progresso
é preservar a ordem mantendo a mudança e preservar a mudança
mantendo a ordem.
O
caminho para chegar até Deus deve ser racional; não pode se
consistir em uma intuição.
Por sua natureza primordial, Deus
é imutável e intemporal; sua atualidade é infinita
e completa. Por sua natureza conseqüente, Deus é a apreensão
consciente e conceptual universal; é onisciente e o mundo ideal não
é mais do que uma descrição Dele.
Deus
é, ao mesmo tempo, imanente e transcendente ao mundo. É imanente
enquanto está presente em cada ser; é transcendente da mesma
maneira que cada acontecimento transcende a outro.
O
mal é, em si, algo positivo; mas, no mundo, conduz à anarquia
e à degradação. Sendo Deus o princípio da harmonia,
da ordem, do valor e da paz, o mal não pode proceder Dele. Deus é
bom no sentido moral, e fomenta no mundo o progresso qualitativo. Deus é
a avaliação do mundo. Está em luta contra o mal, e
é o companheiro de todos os que sofrem e lutam com Ele.
Chegou
já a hora de um verdadeiro Racionalismo. A exigência do Racionalismo
baseia-se na intuição imediata da racionalidade do mundo.
Não é possível mostrar esta racionalidade indutivamente
nem tampouco demonstrá-la pela dedução, mas uma visão
direta nos permite ver que o mundo é regido pelas leis lógicas
e por uma harmonia estética.
O próprio ser é racional
e inteligível, e basta perceber isto para se ficar convencido.
Só
o contato com o concreto é fecundo, e o fundamento das coisas deve
sempre ser procurado em a Natureza dos entes reais determinados. Onde não
há ente existente não há fundamento.
A
experiência não se limita ao conhecimento sensível.
A Metafísica não pode ser senão descritiva.
O
materialismo repousa na doutrina de que existe matéria ou, de um
modo geral, de que só existe matéria. A matéria é
concebida como alguma coisa que tem como propriedade a simples localização
– uma simples delimitação de lugar no espaço
e no tempo. Se esta teoria fosse verdadeira, o tempo seria um acidente da
matéria imutável. Por conseguinte, o instante não teria
duração.
O materialismo conduz forçosamente
à negação da existência objetiva das qualidades
secundárias – absurdo que está em desacordo com a experiência.
Conduz também, necessariamente, à negação, não
menos absurda, da responsabilidade humana. Finalmente, destrói seu
próprio fundamento – a indução –
porque, se as partículas
da matéria são totalmente isoladas e só ligadas mediante
relações tópico-temporais, não é possível,
à base do que ocorre em um ente, chegar a qualquer conclusão
sobre o que ocorre em e com outro ente. O materialismo passou a ser totalmente
impossível, graças à Teoria dos Quanta,3
que exige uma concepção orgânica da própria matéria.
O
mundo não se compõe de coisas; mas de acontecimentos, ou seja,
daquilo que ocorre.
O
mundo contém,
de verdade, atos de conhecimento, mas não só estes atos. Nossa
experiência perceptiva nos mostra que nos encontramos em um mundo
muito mais vasto do que nós – a História nos ensina
a existência de um longo passado anterior à nossa própria
existência –
e a ação
humana pressupõe uma transcendência.
O
Princípio da Imanência, segundo o qual não conhecemos
senão aquilo que está em nós, é caduco, visto
que se baseia na concepção materialista do isolamento das
coisas. De fato, graças à captação, todo acontecimento
se ultrapassa a si mesmo. É verdade que conhecemos aqui as coisas
que se encontram ali, mas nem por isso as conhecemos menos. É inteiramente
natural que haja deformações no conhecimento e que sejamos
influenciados por condições subjetivas, uma vez que conhecemos
os outros acontecimentos na medida em que são parte de nós
mesmos.
Do
ponto de vista da Filosofia do Organismo, a indução consiste
na transição de caracteres individuais a uma caracterização
geral de uma comunidade de casos. A indução não é
um processamento racional, mas uma espécie de adivinhação.
Não descobre leis imutáveis do Universo, mas caracteres particulares
de uma comunidade limitada no espaço e no tempo. No que se refere
à causalidade, é mister salientar o fato de que possuímos
um duplo conhecimento imediato, a saber: o dos dados sensíveis –
imediatidade apresentadora
– e o da causalidade. A doutrina tradicional não admite senão
o primeiro, e considera a causalidade como uma hipótese ou uma conseqüência.
Na realidade, porém, a eficiência causal é percebida
diretamente; não tem nada de superestrutura mental, mas fundamenta
o conhecimento mediante a imediatidade apresentadora.
Não
é possível considerar o espírito como epifenômeno4
da matéria. De um modo geral, é difícil delimitar o
espírito e a matéria; pode-se dizer,
todavia, que todo acontecimento é bipolar e, visto do
interior, consciência.
A
Metafísica [que Whitehead não distingue da Ontologia]
consiste em uma descrição da realidade, da qual devem sair
os princípios gerais de toda explicação. A compreensão
do atual exige uma referência ao ideal. Da análise do dado
resulta, efetivamente, que o real é um fluxo de acontecimentos –
um devir eterno onde não há substâncias nem coisa alguma
realmente duradoura.
A Filosofia começa maravilhando.
E, no final, quando o pensamento filosófico fez o seu melhor, a maravilha
permanece.
O
fato de aparecer este ou aquele acontecimento requer explicação.
Pelo que, é preciso aceitar a existência de numerosos fatores
metafísicos, que, em geral, não são entes. Em primeiro
lugar, deve haver objetos eternos, possibilidades para o que devirá;
são as idéias de Platão, mas concebidas como puras
potencialidades objetivas. Em segundo lugar, a análise põe
a descoberto um cego impulso criador, que parece ser, a um tempo, causa
eficiente e matéria do devir. Tudo devém graças ao
impulso desta substância totalmente indeterminada em si. Enfim, como
nem os objetos eternos nem a criatividade [habilidade
para criar]
são determinados nem podem explicar o aparecimento do concreto, é
mister admitir a existência de um terceiro fator, atual e temporal,
a saber, o Princípio de Limitação [Principle
of Limitation], que delimita e determina o que devém.
Este princípio é Deus. O devir se cumpre mercê do impulso
criador da substância em colaboração com o acontecimento
já existente, daí resulta uma nova captação
sintética. Esta captação sintética é
dupla: o acontecimento criado abarca em uma síntese tanto os objetos
eternos (que nele entram, ingressam positiva ou negativamente) quanto os
aspectos dos demais acontecimentos reais. Deus determina o que deve aparecer,
quando estabelece limites e torna, assim, possível a determinação.
O acontecimento é o indivíduo real, que é um valor,
porque toda atualidade concreta é um valor.
Tudo
está interligado!
O
Universo não é um mistério arbitrário nem uma
simples máquina: é um processo, um devir e perecer, um fluxo
onde todas as entidades se relacionam, e onde o que se chama de vida ou
sentimento se encontra em tudo que é real.
A
religião é o último refúgio da selvageria humana.
Nós não podemos pensar
antes de agir. Desde o momento de nosso nascimento, estamos imersos na ação,
e se ficarmos pensando, só agiremos de maneira intermitente, espasmódica.
Nossas
mentes são finitas e, no entanto, mesmo nestas circunstâncias
de finitude, estamos rodeados de possibilidades que são infinitas.
O propósito da vida é compreender o quanto poderemos nos livrar
desta finitude.
Períodos
de tranqüilidade raramente são prolíficos de realização
criativa. A Humanidade tem que ser agitada.
O
túmulo do saber não é a ignorância, mas a ignorância
da própria ignorância.
Não
a ignorância, mas a ignorância da ignorância é
a morte do conhecimento.
Pensamos em generalidades e vivemos
em detalhe.
Matemática, na sua mais ampla
significação, é o desenvolvimento de todos os tipos
necessários de raciocínio formal e dedutivo. A única
preocupação da Matemática é a inferência
da proposição da proposição. O ideal da Matemática
é o de construir um cálculo para facilitar o raciocínio
em relação a cada providência do pensamento ou uma experiência
externa, em que a sucessão de pensamentos ou de eventos possa ser
determinada com certeza e precisão. Assim, todo pensamento que não
seja filosófico nem indutivo ou literatura imaginativa serão
desenvolvidos pela Matemática por meio de um cálculo.
A
mais profunda definição de juventude é a vida ainda
intocada pela tragédia.
O progresso da civilização
não é de todo uma tendência uniforme rumo a coisas melhores.
A Reforma5
foi uma insurreição popular que por um século e meio
encheu a Europa de sangue. Mas, para bem ou para mal, foi uma grande transformação
religiosa; mas não foi o advento da religião. A Reforma não
reivindicou isto para si. Os reformadores afirmavam que estavam apenas restaurando
o que havia sido esquecido [ou
escondido/suprimido/estorricado por interesses desprezíveis e puramente
temporais, penso eu].
A
forma como a perseguição de Galileu6
tem sido lembrada é um tributo ao começo tranqüilo da
mais profunda mudança de perspectiva que o gênero humano já
experimentou. Desde que uma criança nasceu em uma manjedoura, pode-se
duvidar se algo tão grande aconteceu com tão pouca agitação.
Nada
jamais toma a acontecer em seus mínimos detalhes. Nenhum dia é
igual a outro. O que passou, passou para sempre. Portanto, a filosofia prática
da Humanidade tem consistido em esperar as abundantes recorrências
e em aceitar os detalhes como emanação do âmago inescrutável
das coisas além do campo visual da racionalidade. O ser humano presume
que o Sol nascerá, mas o vento sopra onde quer.
A
Grécia foi a mãe da Europa, e é para a Grécia
que devemos olhar a fim de encontrar a origem de nossas idéias modernas.
A
Filosofia é o produto de admiração.
A
essência da tragédia dramática não é a
desventura. Ela reside na solenidade do funcionamento impiedoso das coisas.
Esta inevitabilidade do destino apenas pode ser ilustrada em termos de vida
humana por incidentes que de fato envolvam desventura. Pois é apenas
por meio deles que a futilidade da libertação pode ser evidenciada
no drama. Esta impiedosa inevitabilidade é que penetra o pensamento
científico. As leis da física são os decretos do destino.
Deus
determinou todas as coisas por meio de uma inexorável lei de destino,
lei esta que Ele decretou e a que Ele próprio obedece.
(Sêneca, apud Whitehead).
Todo
evento circunstanciado pode ser relacionado com seus antecedentes de um
modo perfeitamente preciso, demonstrando princípios gerais.
A
força motivadora da pesquisa é: há um segredo, um segredo
que pode ser revelado.
Sugiro
o pensamento instintivo; não um mero credo de palavras.
Devemos
falar por atos. O tempo das palavras passou. Somente as ações
serão suficientes.
A
ciência não é meramente o desfecho da fé instintiva.
Ela requer um interesse ativo pelos fenômenos cotidianos por eles
mesmos.
A
originalidade da Matemática consiste no fato de que na Ciência
Matemática são apresentadas conexões entre as coisas
que, separadas da intervenção da razão humana, são
extremamente sem evidência.
O
pensamento é abstrato; e o uso intolerante de abstrações
é o maior vício do intelecto. E este vício não
pode ser totalmente corrigido pelo recurso à experiência concreta.
Pois, afinal de contas, basta apenas observar aqueles aspectos da experiência
concreta que se encontram em algum esquema limitado. Há dois métodos
para a purificação das idéias. Um deles é a
observação imparcial por meio dos sentidos corpóreos.
Mas, observação é seleção. Portanto,
é difícil transcender um esquema de abstração
cujo sucesso é suficientemente vasto. O outro método se dá
mediante a comparação dos vários esquemas de abstração,
que estão bem fundados em nossos vários tipos de experiência.
A
classificação é um meio caminho entre a concreção
imediata da coisa e a completa abstração das noções
matemáticas. As espécies levam em conta o caráter específico,
enquanto os gêneros, o caráter genérico. Mas, no processo
de relacionar noções matemáticas com os fatos da Natureza
– por contagem, medição, relações geométricas
ou tipos de ordem – a contemplação racional eleva-se
das abstrações incompletas, incluídas em espécies
e gêneros definidos, para a completa abstração da matemática.
A classificação é necessária. Mas, a menos que
se queira progredir da classificação para a Matemática,
não se irá muito longe com o raciocínio.
Hoje,
eu seria um bilionário se eu estivesse escolhido ser um patrão
egoísta. Isto não é comigo.
As
idéias não se manterão; algo deve ser feito com elas.
A vitalidade do pensamento está
na aventura. Quando a idéia é nova, devemos viver por ela,
e, se necessário, morrer por ela.
A
verdadeira coragem não é a força brutal dos heróis
vulgares; mas, sim, a firme determinação da virtude e da razão.
Devemos
observar a circunstância imediata e usar a razão para extrair
uma descrição geral da sua natureza. A indução
pressupõe a Metafísica. Vocês não podem ter uma
justificação racional para os seus apelos à História
enquanto a Metafísica de vocês não lhes certificar que
há uma História para a qual apelar. De modo análogo,
as conjecturas de vocês para o futuro pressupõem alguma base
do conhecimento de que há um futuro já submetido a algumas
determinações. A dificuldade é encontrar o sentido
de algumas destas idéias. Mas se vocês não o fizerem,
terão transformado a indução em tolice.
A
civilização avança expandindo o número de operações
importantes que podem ser realizadas, sem pensar deles.
A
civilização só pode ser compreendida por aqueles que
são civilizados.
Toda
as Filosofias são tingidas com as cores de algum secreto e imaginativo
'background', que nunca aparece explicitamente em sua linha de raciocínio.
A
desvantagem de dar atenção a um exclusivo grupo de abstrações,
por bem fundadas que sejam estas abstrações, reside no fato
de que, conforme a natureza do caso, prescindimos das coisas restantes.
À medida que as coisas excluídas se tornam importantes em
nossa experiência, nossos modos de pensamento passarão a ser
inapropriados para nos ocuparmos delas. Não podemos pensar sem abstrações;
sendo assim, é da máxima importância nos mantermos vigilantes
em rever criticamente os 'modos' de abstração. Aqui é
que a Filosofia encontra o lugar próprio como essencial ao sadio
progresso da sociedade. É a crítica das abstrações.
Uma civilização que não consegue romper com as abstrações
correntes está condenada à esterilidade, depois de breve período
de progresso. Uma escola ativa de Filosofia é exatamente tão
importante para a locomoção das idéias como uma escola
ativa de maquinistas para a locomoção a combustível.
A
arte nos atrai só pelo que ela revela de nosso Eu mais secreto.
A
Arte floresce onde há um senso de aventura.
A arte é a imposição
de um padrão sobre a experiência, e nosso prazer estético
é o reconhecimento deste padrão.
Tudo
o que é importante já foi dito antes por alguém que
não sabia que o que estava dizendo era importante.
Eu
sempre notei que as pessoas profundamente e verdadeiramente religiosas são
apreciadoras de uma boa piada.
Considerando
os vários pontos para os quais a Humanidade inclinou o seu pensamento
sistemático, é impossível não se impressionar
com a distribuição desigual de habilidade entre os diferentes
domínios. Em quase todos os assuntos, há alguns nomes que
se impõem, pois é preciso genialidade para criar uma matéria
que constitua um novo assunto para o pensamento.
Espaço-tempo
é a especificação de certas propriedades gerais de
acontecimentos e de sua mútua ordenação.
Nenhuma
época é homogênea. Qualquer que seja a nota dominante
apontada em um período considerado, será sempre possível
produzir homens – e grandes homens! – pertencentes ao mesmo
tempo, que se apresentam em antagonismo com o tom da sua época.
Uma
grande parte da nossa experiência madura não pode ser expressa
em palavras.
A Natureza é um processo
de desenvolvimento expansivo, necessariamente transicional de preensão
a preensão. O que é realizado é, portanto, ultrapassado;
mas é também retido graças a aspectos seus presentes
nas preensões que permanecem além dele. Assim, a Natureza
é uma estrutura de processos evolutivos. A realidade é o processo.
É tolice perguntar se a cor vermelha é real. A cor vermelha
é um ingrediente no processo da realização. As realidades
da Natureza são preensões em a Natureza, ou seja, os acontecimentos
da Natureza.
Na
Lógica formal, uma contradição é sinal de derrota;
mas, na evolução do conhecimento real marca o primeiro passo
para o progresso em direção a uma vitória.7
O
pacifista absoluto é um mau cidadão. Às vezes, a força
deve ser usada para defender o direito a justiça e a certos ideais.8
Quando
você está média, você está tão perto
do fundo quanto está do topo.9
Quando
deixamos a Teologia Apologética10
e encaramos a Literatura comum, achamos, como era de esperar, que a observação
científica é simplesmente ignorada. No que diz respeito ao
conjunto da Literatura, nunca se ouviu falar na Ciência. Até
os nossos dias, quase todos os escritores andam encharcados da Literatura
Clássica e da Renascentista. Para a maioria, nem a Filosofia nem
a Ciência os interessam, e os seus espíritos são treinados
para ignorá-las.
Montanhas duram. Mas, quando, com
a sucessão das épocas se desgastam, acabam. Se outras surgirem,
serão, contudo, novas montanhas. Uma cor é eterna. Aparece
freqüentemente como um espírito. Vem e vai. Mas, onde quer que
esteja, é a mesma cor. Não sobrevive nem vive. Aparece quando
solicitada. As montanhas têm, com o tempo e o espaço, uma relação
diferente da que tem a cor.
As
verdadeiras coisas experimentadas entram em um mundo comum que transcende
o conhecimento, embora o inclua.
Penso
que a Filosofia é a crítica das abstrações.
Sua função é dupla, primeiro a de harmonizá-las,
apontando-lhes a sua conveniente situação relativa como abstrações;
segundo a de completá-las pela comparação direta com
intuições mais concretas do Universo, e, portanto, promover
a formação do mais completo esquema de pensamento. É
a respeito desta comparação que o testemunho dos grandes poetas
tem tanta importância. Sua sobrevivência é prova de que
eles expressam profundas intuições da Humanidade penetrando
naquilo que é universal no fato concreto. A Filosofia não
é uma das ciências com o seu próprio pequeno esquema
de abstrações, que aperfeiçoa e melhora. É a
visão geral das ciências com o objetivo de as harmonizar e
completar. Leva a esta tarefa não só a evidência das
ciências de per si, mas, também, o seu próprio apelo
à experiência concreta. Confronta as ciências com os
fatos concretos.
Energia
é apenas um nome de um aspecto quantitativo de uma estrutura de acontecimentos.
A Teoria da Evolução
nada mais é do que a análise das condições para
a formação e sobrevivência de vários tipos de
organismos.
Um acontecimento real é uma
realização cabal por si mesma – um apossar-se de diversas
entidades em um valor decorrente da razão da real condição
de estarem juntas neste modelo, com exclusão de outras entidades.
Assim, as relações de um acontecimento são internas
no que diz respeito ao próprio acontecimento, o que significa que
são constitutivas daquilo que o acontecimento é em si mesmo.
Nenhum valor deve se restringir á
atividade básica divorciado dos acontecimentos de fato do mundo real.
A
duração física é o processo da herança
contínua de certa identidade de caráter transmitido mediante
um caminho histórico de acontecimentos. Este caráter pertence
ao caminho todo e a todos os acontecimentos do caminho. Esta é a
exata propriedade. Se existiu por dez minutos, existiu em todos os minutos
dos dez minutos e durante todos os segundos de todos os minutos. Só
se tomarmos a matéria como fundamental esta propriedade de duração
será um fato arbitrário na base da ordem da Natureza; mas,
se tomarmos o organismo como fundamental, esta propriedade é o resultado
da evolução. Admitamos que B e C sejam dois fragmentos sucessivos
na vida de um objeto, de tal modo que C suceda a B. Então, o modelo
duradouro em C é herdado de B e de outras partes análogas
antecedentes da sua vida. É transmitido de B para C. Mas o que é
transmitido a C é o modelo completo dos aspectos derivados dos acontecimentos
que ocorreram em B. Estes modelos completos incluem a influência do
meio sobre B e sobre as demais partes antecedentes da vida do objeto. Assim,
os aspectos completos da vida antecedente são herdados como o modelo
parcial que dura por todos os períodos da vida. Com isto, um ambiente
favorável é essencial à manutenção de
um objeto físico.
A Natureza é, com muita probabilidade,
inteiramente indiferente às preferências estéticas dos
matemáticos.
Um
acontecimento só pode ser encontrado onde está e como está,
ou seja, em apenas um grupo definido de relações, pois cada
relação entra na essência do acontecimento. Sendo assim,
pondo-se à parte esta relação, o acontecimento não
seria ele mesmo.11
As
épocas não nascem do que está morto. Porque, embora
se possa fazer a réplica de uma estátua antiga, não
há réplica possível de um antigo estado de espírito.
Não pode haver aproximação maior do que aquela que
uma máscara permite com relação à vida real.
Pode haver compreensão do passado, mas há uma diferença
entre as reações modernas e as antigas ao mesmo estímulo.
O
mundo antigo teve como ponto de partida o drama do Universo; o mundo moderno,
o drama interior da alma. Descartes, em suas 'Meditações',
baseia explicitamente a existência deste drama interior na possibilidade
do erro. Não pode haver correspondência com o fato objetivo
e, portanto, deve haver uma alma com atividades cujas realidades são
puramente derivadas dela mesma.
A
tarefa verdadeiramente básica de uma metodologia proveitosa é
começar daqueles claros postulados que devem ser tomados como os
últimos no que diz respeito às ocasiões em questão.
A crítica de tais postulados metodológicos está, assim,
reservada para outra oportunidade.
Perduração
não é primordialmente a propriedade de durar para além
de si mesmo. Perduração é a propriedade de achar o
seu modelo reproduzido em partes temporais do acontecimento total.12
Nenhum
homem, nenhuma sociedade limitada de homens e nenhuma época podem
refletir sobre todas as coisas ao mesmo tempo.
A
sabedoria é o fruto de um desenvolvimento equilibrado.13
Os
astrônomos nos mostraram como o Universo é grande. Os químicos
e os biólogos nos ensinam quanto é pequeno.
Fé
na razão é a confiança de que as naturezas últimas
das coisas se encontram juntas em uma harmonia que exclui a mera arbitrariedade.
É a fé de que, na base das coisas, não encontraremos
um mero mistério arbitrário. A fé na ordem da Natureza,
que tornou possível o crescimento da ciência, é um exemplo
particular de uma fé mais profunda. Esta fé não pode
ser justificada por nenhuma generalização indutiva. Nasce
da inspeção direta da Natureza das coisas como descobertas
em sua própria experiência presente e imediata. Não
há como se separar da própria sombra. Experimentar esta fé
é reconhecer que, ao sermos nós mesmos, somos mais do que
nós mesmos; é reconhecer que nossa experiência, mesmo
opaca e incompleta Como é, ainda ecoa o mais profundo da realidade;
é reconhecer que detalhes separados meramente a fim de serem eles
próprios deveriam ser decifrados dentro de um sistema de coisas;
é reconhecer que este sistema inclui a harmonia da racionalidade
lógica e a harmonia da realização estética;
é, enfim, reconhecer que, enquanto a harmonia da lógica se
baseia no Universo como uma necessidade irredutível, a harmonia estética
está diante dele como um ideal de vida que forma o fluxo geral em
seu progresso interrompido rumo às questões mais delicadas
e eminentes.
______
Notas:
1. Este postulado remete
ao Panenteísmo (ou Krausismo), que é uma doutrina que admite
que o Universo está contido em Deus, mas que Deus é maior
do que o Universo. Este entendimento foi primeiramente proposto pelo filósofo
alemão Karl Christian Friedrich Krause (Eisenberg, 4 de maio de 1781
– Munique, 27 de setembro de 1832). A Filosofia de Krause pretendia
ser uma continuação autêntica do pensamento de Kant,
contra o que ele considerava as falsas interpretações de Fichte,
Schelling e Hegel. Para Krause, Deus – conhecido intuitivamente pela
consciência – não é uma personalidade, mas uma
Essência que contém o próprio Universo. Mas isto não
significa que Krause aceitasse a designação de Panteísmo
para o seu sistema, pois o Krausismo não identifica Deus com o Universo,
antes considera o mundo como mundo-em-Deus. Já, em Portugal, José
Maria da Cunha Seixas (Trevões, 1836 – Lisboa, 1895), criou
um sistema filosófico que denominou Pantiteísmo, no qual o
ponto de partida do conhecimento era duplo: subjetivamente, seria o pensamento,
enquanto, objetivamente, se encontraria na idéia de ser. Basicamente,
o pensamento de Cunha Seixas pode ser resumido assim: Deus está em
tudo, conferindo a todos os infinitos relativos a sua realidade e subsistência,
sendo, porém, deles perfeitamente distinto. Deus
está em tudo, mas é distinto.
2. Isto é equivalente
a dizer que todas as verdades são relativas.
3. A Teoria dos Quanta
foi formulada por Max Karl Ernst Ludwig Planck (1858 – 1947) em 1900,
e afirma que a emissão e a absorção de energia eletromagnética
dos corpos se dá através de pacotes contínuos
de energia, ao contrário do que sustenta a Teoria Ondulatória
Clássica, que prevê a distribuição uniforme da
energia através de ondas. Cada pacote de energia (quantum)
possuiria uma quantidade de energia bem definida, dada por: E = hf, onde
f é a freqüência da onda e h a constante de Planck. Hoje,
o quantum, que antes foi tido como um pacote, é a partícula
mediadora de força chamada fóton.
4. A palavra epifenômeno
refere-se à condição ou a algo sobre ou acima
do fenômeno, derivando de uma causa primária. É produto
direto do termo fenômeno. Desta forma, a mente é produzida
por algum fenômeno, e nossa compreensão exclusivamente científica
endereça os processos cerebrais como fenômeno da mente. Para
as correntes filosóficas Dualistas, a mente é um fenômeno
por si mesmo, independente do cérebro. Ela é a razão
única ou a causa de si mesma. Na reflexão de alguns cientistas,
psicólogos behavioristas e certos filósofos materialistas
ou positivistas, a consciência humana é um fenômeno secundário
e condicionado por processos fisiológicos, e, portanto, é
incapaz de determinar o comportamento dos indivíduos.
5. A Reforma Protestante
foi um movimento reformista cristão iniciado no início do
século XVI por Martinho Lutero (1483 – 1546), quando, através
da publicação de suas 95 teses, em 31 de outubro de 1517,
na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, protestou contra diversos pontos
da doutrina da Igreja Católica, propondo uma reforma no Catolicismo.
Os princípios fundamentais da Reforma Protestante são conhecidos
como os Cinco Solas: Sola
Fide (somente fé); Sola
Scriptura (somente a Sagrada Escritura); Solus
Christus (somente Cristo); Sola
Gratia (somente a Graça); e Soli
Deo Gloria (somente glória a Deus).
6. Galileo Galilei (1564
– 1642), personalidade fundamental na revolução científica,
foi um físico, matemático, astrônomo e filósofo
italiano. Para Galileo, a
ciência humana, de maneira nenhuma, nega a existência de Deus.
Quando considero quantas e quão maravilhosas coisas o homem compreende,
pesquisa e consegue realizar, então, reconheço claramente
que o espírito humano é obra de Deus – e a mais notável.
Não me sinto obrigado a acreditar que o mesmo Deus que nos dotou
de sentidos, razão e intelecto pretenda que não os utilizemos.
7. Diz-se que há
contradição quando se afirma e se nega simultaneamente algo
sobre a mesma coisa. O Princípio da Contradição informa
que duas proposições contraditórias não podem
ser ambas falsas ou ambas verdadeiras ao mesmo tempo. Desta forma, ocorre
uma contradição quando uma afirmação é
falsa e a outra é verdadeira. Se ambas forem verdadeiras ou ambas
forem falsas, não existe contradição. Por exemplo,
imaginando-se que se tem um conjunto de bolas, a afirmação
Toda Bola é Vermelha
e a afirmação Alguma Bola não
é Vermelha
formam uma contradição, visto que:
se
Toda Bola é Vermelha
for verdadeira, Alguma Bola não é
Vermelha
tem que ser falsa;
se
Toda Bola é Vermelha
for falsa, Alguma Bola não é Vermelha
tem que ser verdadeira;
se Alguma
Bola não é Vermelha for
verdadeira, Toda Bola é Vermelha
tem que ser falsa; e
se Alguma
Bola não é Vermelha for
falsa, Toda Bola é Vermelha
tem que ser verdadeira.
8. Depende de que força
é usada e do tamanho desta força. Seja como for, como advertiu
o teólogo e humanista neerlandês Erasmo de Roterdã (1466
– 1536), a
paz mais injusta é preferível à guerra mais justa.
9. A média, geralmente,
é morna e medíocre.
10. A Apologética
é a parte da Teologia que se dedica à defesa do Catolicismo
contra seus opositores.
11. Isto, em um certo
sentido, explica e justifica o porquê de as experiências místicas
serem pessoais e intransferíveis. Aquele que ventila suas experiências
pessoais simplesmente trata com irreverência e desrespeita a santidade
da sua experiência mística, que, sendo pessoal, não
deve ser profanada.
12. O mínimo
comentário que farei desta sentença é que aquele que
se preocupa em durar
para além de si mesmo é um indivíduo autocentrado
que não percebeu ainda a Unidade da Vida. O que seríamos nós
– hoje ou no futuro – se, absurdamente, pudéssemos ser
apenas nós mesmos? Não há perduração
para um; a perduração é para tudo e para todos no acontecimento
total.
13. Mas a Verdadeira
ShOPhIa
só advirá pela Iniciação.
Páginas
da Internet consultadas:
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2008/03/dangerous-tech/
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authors/a/alfred_north_whitehead_3.html
http://www.brainyquote.com/quotes/
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Contradi%C3%A7%C3%A3o
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Reforma_Protestante
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Teologia_do_processo
http://pt.wikipedia.org/wiki/
Filosofia_do_processo
http://pt.wikiquote.org/wiki/
Alfred_North_Whitehead
Música
de fundo:
O Cravo Brigou com a
Rosa
Domínio Público
Adaptação: Hélio Ziskind
Fonte:
http://www.4shared.com/get/3OOIdxm
S/o_cravo_brigou_com_a_rosa.html