MIL E UMA VOLTAS

 

Rodolfo Domenico Pizzinga


 

 

 

 

Dialética Hegeliana1

 

 

 

Uma volta, zilhões de voltas:

ora bem-andanças, ora revoltas,

ora clemência, ora crudelidade,

ora repugnância, ora saciedade.

 

Mais uma volta, outras voltas:

ora teimosias, ora contravoltas,

ora inscícia, ora compreensão,

ora preconceito, ora compaixão.

 

Como burrica, vai o ignorante

perpeniqueando a seu talante,

sem saber, admitindo que sabe.

 

Teses e antíteses sem sínteses,

vive em um deserto sem abases,

às vezes, nu; mas, nunca de cabe.

 

 

 

Caminho da Libertação

 

 

 

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Nota:

1. A Dialética (em latim, dialectìca, substantivo feminino adaptado do adjetivo grego dialektikós) é um método de diálogo cujo foco é a contraposição e a contradição de idéias que conduzem a outras idéias, e que tem sido, desde os tempos antigos, um tema central nas Filosofias Ocidental e Oriental. A tradução literal da palavra Dialética é: caminho entre as idéias. Historicamente, no platonismo, é o processo de diálogo (ou debate) entre interlocutores comprometidos profundamente com a busca da verdade, através do qual a alma se eleva, gradativamente, das aparências sensíveis às realidades inteligíveis ou idéias; no aristotelismo, é um raciocínio lógico que, embora coerente em seu encadeamento interno, está fundamentado em idéias apenas prováveis, e, por esta razão, traz sempre em seu âmago a possibilidade de sofrer uma refutação; no kantismo, é o raciocínio fundado em uma ilusão natural e inevitável da razão, que, por isto, permanece no pensamento, mesmo quando envolvido em contradições ou submetido à refutação; no hegelianismo, é a lei que caracteriza a realidade como um movimento incessante e contraditório, condensável em três momentos sucessivos (tese, antítese e síntese) que se manifestam simultaneamente em todos os pensamentos humanos e em todos os fenômenos do mundo material; na elaboração marxista, aparece como uma versão materialista da Dialética Hegeliana aplicada ao movimento e às contradições de origem econômica na História da Humanidade. Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) considerava Zenão de Eléia (cerca de 490/485 a.C.? – 430 a.C.?) o fundador da Dialética. Outros consideraram Sócrates (469 – 399 a.C.). A Dialética Hegeliana é idealista, aborda o movimento do espírito. A Dialética Marxista é um método de análise da realidade, que vai do concreto ao abstrato e que oferece um papel fundamental para o processo de abstração. Friedrich Engels (1820 – 1895) retomou, em seu livro A Dialética da Natureza alguns elementos de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770 – 1831), concebendo a Dialética como sendo formada por leis; esta tese será desenvolvida por Vladimir Ilitch Lenin (1870 – 1924) e Josef Vissarionovitch Stalin (1878 – 1953). Por outro lado, outros pensadores irão criticar ferrenhamente esta posição, qualificando-a de não-marxista. Assim, se instaurou uma polêmica em torno da Dialética. O fato é que a visão total é necessária para se poder enxergar e encaminhar uma solução a um problema qualquer. Hegel dizia que a verdade é o todo. Que se não enxergarmos o todo, poderemos atribuir valores exagerados a verdades limitadas, prejudicando a compreensão de uma verdade geral. Esta visão é sempre provisória; nunca alcança uma etapa definitiva e acabada, caso contrário a Dialética estaria negando a si própria. Hegel se remete à Dialética Clássica, mas conferindo movimento e dinamicidade às essências e aos conceitos universais que, já descobertos pelos antigos, haviam, porém, permanecido com eles em uma espécie de repouso rígido, quase solidificados. O coração da Dialética se torna, assim, um movimento, e precisamente um movimento circular ou em espiral, com ritmo triádico. Os três momentos do movimento dialético são: 1º) tese: momento abstrato ou intelectivo; 2º) antítese: momento dialético (em sentido estrito) ou negativamente racional; e 3º) síntese: momento especulativo ou positivamente racional. Segundo este esquema, a idéia lógica, o princípio, converte-se em seu contrário, a natureza, e esta em espírito, que é a síntese da idéia e da natureza: a idéia-para-si. A cada uma dessas etapas correspondem, respectivamente, a Lógica, a Filosofia Natural e a Filosofia do Espírito. A parte mais complexa do sistema é esta última: o espírito se desdobra em subjetivo, objetivo e absoluto. Enfim, o processo dialético é um processo racional original, no qual a contradição não mais é o que deve ser evitado a qualquer preço, mas, ao contrário, se transforma no próprio motor do pensamento, ao mesmo tempo em que é o motor da História, já que esta última não é senão o pensamento que se realiza. A Dialética, para Hegel, é o procedimento superior do pensamento. É, ao mesmo tempo, a marcha e o ritmo das próprias coisas.

Nota editada das fontes:

Dicionário Eletrônico Houaiss de Língua Portuguesa

http://www.benitopepe.com.br/
2010/03/28/dialetica-hegeliana/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Dial%C3%A9tica

 

 

Movimento em Espiral
(sempre triádico)

 

 

Fundo musical:

Bolero
Compositor: Joseph-Maurice Ravel

Fonte:

http://www.4shared.com/
get/EDkbWadl/Bolero_De_Ravel.html

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.mytinyphone.com/
wallpaper/461406/

http://giulianofilosofo.blogspot.com/
2011/04/dialetica-hegeliana.html