O
coração tem domicílio no peito.
Comigo a anatomia ficou louca.
Sou todo coração.
Dizem
que em algum lugar, parece que no Brasil, existe um homem feliz.
O
tempo é roído por vermes cotidianos. Cabe
a ti, juventude, as
vestes poeirentas de nossos dias sacudi-las.
Mete-me
no crânio pensamentos!
É
preciso arrancar alegria ao futuro.
A
poesia é uma forma de produção. Dificílima,
complexíssima, porém produção.
Folhinhas.
Linhas.
Zibelinas sozinhas.
Sem
forma revolucionária não há arte revolucionária.
Eu
não forneço nenhuma regra para que uma pessoa se torne poeta
e escreva versos. E, em geral, tais regras não existem. Chama-se
poeta justamente o homem que cria estas regras poéticas.
Deus,
que será de Ti quando eu morrer?
Eu sou Teu cântaro (e se me romper?)
A Tua água (e se me corromper?)
Sou Teu agasalho, Teu afazer.
Vai comigo o significado Teu.
É
melhor morrer de vodca do que de tédio.
A
arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo
para forjá-lo.
Não
acabarão nunca com o amor.
Nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui, levanto solene
minha estrofe de mil dedos,
e faço este juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente.
Se
a criança é um porquinho, quando adulto não poderá
ser outra coisa senão um porco.
Não
é difícil morrer nesta vida; viver é muito mais difícil.
Cada
um, ao nascer,
traz sua dose de amor.
Mas, os empregos,
o dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração.
Sobre o coração, levamos o corpo,
sobre o corpo, a camisa,
mas isto é pouco.
Alguém,
imbecilmente,
inventou os punhos...
O
amor floresce,
floresce,
e depois desfolha.
Amar
não é aceitar tudo. Aliás, onde tudo é aceito,
desconfio que haja falta de amor.
Brilhar
para sempre,
brilhar como um farol,
brilhar com brilho eterno.
Gente é para brilhar,
que tudo mais vá para o inferno.
Este é o meu slogan
e o do Sol.
Brilhar
e é tudo!
É o nosso lema
– meu e do Sol!
Na
primeira noite, eles se aproximam, colhem uma flor do nosso jardim e não
dizemos nada. Na
segunda noite, já não se escondem; pisam nas flores, matam
o nosso cão e não dizemos nada. Até
que, um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos
a Lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque
não dissemos nada, já não podemos dizer nada.
Filho
não é bagulho; não se atira na lixeira.
E
logo o crítico, da teta das palavras, ordenhou
as calças, o pão e uma gravata.
Todos
pagam pela mulher. Não importa se, por ora, em vez do luxo de um
vestido parisiense visto-te apenas com a fumaça de meu cigarro.
Você
não pode deixar ninguém invadir o seu jardim para não
correr o risco de ter a casa arrombada.
O
século XXX vencerá! Ressuscita-me para que ninguém
mais tenha que se sacrificar por uma casa, por um buraco. Ressuscita-me
para que o Pai seja, ao menos, o Universo, e a Mãe, no mínimo,
a Terra.
Poderiam
ordenar-me: 'Mata-te na guerra'. Teu nome será o último coágulo
de sangue em meus lábios rasgados pelas balas.
Não
viole o verde das primaveras!
O
mar se vai...
O mar de sono se esvai...
Como se diz: o caso está enterrado.
A canoa do amor se quebrou
no quotidiano.
Estamos quites.
Inútil o apanhado
da mútua dor
mútua quota de dano.
Em
horas como esta, eu me ergo e converso com os séculos a história
do Universo.
Se
eu falo 'A', este 'A' é uma trombeta-alarma para a Humanidade. Se
eu falo 'B', é uma nova bomba na batalha do homem.
Espero
que eu jamais alcance a impudente idade do bom senso.
...
Cobrir-se-á com milhões
de gotas de sangue o Caminho até à Morada de meu Pai.
Todo-poderoso,
Tu... que deste uma cabeça a cada um de nós, por que não
decidiste que, sem sofrer, se pudesse beijar e abraçar?
Não
me detenham! Certo ou errado, não posso ficar calmo. Olhem! Decapitaram
mais estrelas e ensangüentaram o céu como um matadouro!
O
inimigo da colossal classe obreira é também meu inimigo mortal.
Uma
camisa lavada e clara basta. Para mim é tudo.
Eu
não preciso indagar o quê e o como. Vejo-os, nítidos,
até os últimos detalhes, no ar, camada sobre camada, como
pedra sobre pedra.
Há
gente que vê o Sol todos os dias e se enche de presunção.
— Não valem muito esses raiozinhos — dizem. Eu, então,
por um raiozinho de Sol amarelo dançando em minha parede teria dado
todo um mundo.
Para
mim, camarada, as cerimônias valem menos do que um vintém.
Os
anos criam distâncias. Como explicar o que passou assim de relance?
Deixando
pelo céu longos rastros,
brilham as plumagens dos cometas,
para que os namorados vejam os astros
de seus quiosques de violetas.
O
furacão,
o fogo,
o mar
vêm vindo furiosamente.
Quem os pode domar?
Você pode?
Experimente...
...
e carrego meu fardo.
Quero arremessá-lo fora,
mas, sei: não o farei.
Nestes
últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.
O
mar da história é agitado.
As ameaças e as guerras
haveremos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as,
como uma quilha corta as ondas.
Escutai,
pois! Se as estrelas se acendem,
é porque alguém precisa delas.
É porque, em verdade, é indispensável
que sobre todos os tetos, cada noite,
uma única estrela, pelo menos, se alumie.
Sozinho
não posso carregar um piano, e, menos ainda, um cofre-forte.
...
o gosto do intermediário é
bastante intermédio.
Não
costumo remexer o pó dessas velharias!
Quero
viver até o fim o que me cabe!
Frases
vazias não agradam.
Somente
unidos,
somente juntos remoçaremos o mundo...
Sempre
volvemos à nossa meta final.
Somente
é comunista verdadeiro
quem destrói as pontes da retirada.
Construir
um trem é pouco.
Se a canção rebelde não levanta os povos,
de que serve a mudança de marcha?
Basta
de verdades baratas.
Arrancai o ranço do Coração!
No
livro do tempo
ainda não foram cantadas
as mil páginas da revolução.
É
inútil elaborar uma lista de tristezas e de dores.
No
segundo dilúvio que está se espalhando, cada cidade na Terra
será limpa.
A
arte não deve ser concentrada em santuários mortos chamados
museus. Ela deve ser espalhada por toda parte: nas ruas, nos bondes, nas
fábricas, nas oficinas e nas casas dos trabalhadores.
Uma
rima... Um barril de dinamite!
O
tambor da guerra troveja trovões.
Você
só existia no meu cérebro inflamado.
Amar,
para nós,
não é nenhum paraíso de mandris.
Para nós,
o amor nos diz, cantarolando,
que o motor parado
do coração
começou a trabalhar
novamente.
Ei,
você!
Céu!
Tire o seu chapéu!
Eu estou voltando!
E
você? Poderia,
algum dia,
por seu turno,
tocar um noturno
louco na flauta
dos esgotos?
Certa
vez alguém o questionou: — Maiakovski, suas piadas
não atingem meu entendimento.
O poeta respondeu: —
É porque você é uma girafa! Somente uma girafa pode
molhar os pés na segunda-feira e só ficar resfriada no domingo.
Um
jovem atrevido o desafiou: — Maiakovski, você nos
toma a todos como idiotas, não?
— Bem, bem…
deixe-me pensar meio segundo —
respondeu Maiakovski. Por que a todos? Por enquanto, só vejo
um diante de mim.
A
pessoa que deixa voluntariamente a vida leva consigo o mistério de
sua decisão. Nenhuma explicação penetra na essência
real da atitude tomada. As explicações somente entreabrem
a cortina sobre o segredo, mas o próprio segredo permanece escondido
atrás do final triste da vida. Encontramos os motivos, mas o segredo
permanece em segredo.
A
todos! Eu morro; não acusem ninguém disto. E nada de boatos.
O defunto tinha horror disto. A barca do amor se partiu contra o recife
da vida cotidiana.