VLADIMIR MAYAKOVSKY
(Pensamentos)

 

 

 

Vladimir Mayakovsky

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo oferece para reflexão alguns fragmentos do pensamento de Vladimir Mayakovsky, poeta, dramaturgo e teórico russo, freqüentemente citado como um dos maiores poetas do século XX.

 

 

 

Nota Biográfica

 

 

 

Vladimir Mayakovsky

Vladimir Mayakovsky

 

 

 

Vladimir Vladimirovitch Mayakovsky (1893 – 1930) foi um poeta, dramaturgo e teórico russo, freqüentemente citado como um dos maiores poetas do século XX, ao lado de Ezra Pound (1885 1972) e Thomas Stearns Eliot (1888 1965), bem como o maior poeta do futurismo.

 

Vladimir Mayakovsky nasceu e passou a infância na aldeia de Bagdadi, nos arredores de Kutaíssi, na Geórgia, Rússia. Lá cursou o ginásio e, após a morte súbita do pai, a família ficou na miséria e se transferiu para Moscou, onde Vladimir continuou seus estudos.

 

Fortemente impressionado com o movimento revolucionário russo e impregnado desde cedo de obras socialistas, ingressou aos quinze anos na facção bolchevique do Partido Social-Democrático Operário Russo. Detido em duas ocasiões, foi solto por falta de provas, mas entre 1909 e 1910 passou onze meses na prisão. Entrou na Escola de Belas Artes, onde se encontrou com David Burliuk, que foi o grande incentivador de sua iniciação poética. Os dois amigos fizeram parte do grupo fundador do assim chamado cubo-futurismo russo, ao lado de Khlebnikov, Kamiênski e outros. Foram expulsos da Escola de Belas Artes. Procurando difundir suas concepções artísticas, realizaram viagens pela Rússia.

 

Após a Revolução de Outubro,1 todo o grupo manifestou sua adesão ao novo regime. Durante a Guerra Civil, Mayakovsky se dedicou a desenhos e legendas para cartazes de propaganda e, no início da consolidação do novo Estado, exaltou campanhas sanitárias, fez publicidade de produtos diversos etc. Em 1923, fundou a revista LEF (de Liévi Front, Frente de Esquerda), que reuniu a esquerda das artes, isto é, os escritores e artistas que pretendiam aliar a forma revolucionária a um conteúdo de renovação social.

 

Fez inúmeras viagens pelo País, aparecendo diante de vastos auditórios para os quais lia os seus versos. Viajou também pela Europa Ocidental, México e Estados Unidos. Entrou freqüentemente em choque com os burocratas e com os que pretendiam reduzir a poesia a fórmulas simplistas.

 

Foi homem de grandes paixões, arrebatado e lírico, épico e satírico ao mesmo tempo.

 

Oficialmente, suicidou-se com um tiro em 1930, sem que isto tivesse relação alguma com sua atividade literária e social. Mas o fato é que o poeta estava sendo pressionado pelos programas oficiais que desejavam instaurar uma literatura simplista e dita realista, dirigida por Molotov e perseguindo antigos poetas revolucionários como o próprio Maiakovski. Em vista disso, aponta-se a possibilidade real de um suicídio forjado por motivos políticos.

 

 

 

Pensamentos e Poemas Mayakovskyanos

 

 

 

O coração tem domicílio no peito.
Comigo a anatomia ficou louca.
Sou todo coração.

 

 

 

 

Dizem que em algum lugar, parece que no Brasil, existe um homem feliz.

 

O tempo é roído por vermes cotidianos. Cabe a ti, juventude, as vestes poeirentas de nossos dias sacudi-las.

 

Mete-me no crânio pensamentos!

 

É preciso arrancar alegria ao futuro.

 

A poesia é uma forma de produção. Dificílima, complexíssima, porém produção.

 

Folhinhas.
Linhas.
Zibelinas sozinhas.

 

Sem forma revolucionária não há arte revolucionária.

 

Eu não forneço nenhuma regra para que uma pessoa se torne poeta e escreva versos. E, em geral, tais regras não existem. Chama-se poeta justamente o homem que cria estas regras poéticas.

 

Deus, que será de Ti quando eu morrer?
Eu sou Teu cântaro (e se me romper?)
A Tua água (e se me corromper?)
Sou Teu agasalho, Teu afazer.
Vai comigo o significado Teu.

 

É melhor morrer de vodca do que de tédio.

 

A arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo.

 

Não acabarão nunca com o amor.
Nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui, levanto solene
minha estrofe de mil dedos,
e faço este juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente.

 

Se a criança é um porquinho, quando adulto não poderá ser outra coisa senão um porco.

 

Não é difícil morrer nesta vida; viver é muito mais difícil.

 

 

 

 

Cada um, ao nascer,
traz sua dose de amor.
Mas, os empregos,
o dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração.
Sobre o coração, levamos o corpo,
sobre o corpo, a camisa,
mas isto é pouco.
Alguém,
imbecilmente,
inventou os punhos...

 

O amor floresce,
floresce,
e depois desfolha.

 

Amar não é aceitar tudo. Aliás, onde tudo é aceito, desconfio que haja falta de amor.

 

Brilhar para sempre,
brilhar como um farol,
brilhar com brilho eterno.
Gente é para brilhar,
que tudo mais vá para o inferno.
Este é o meu slogan
e o do Sol.

 

Brilhar
e é tudo!
É o nosso lema
meu e do Sol!

 

Na primeira noite, eles se aproximam, colhem uma flor do nosso jardim e não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem; pisam nas flores, matam o nosso cão e não dizemos nada. Até que, um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a Lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.

 

Filho não é bagulho; não se atira na lixeira.

 

E logo o crítico, da teta das palavras, ordenhou as calças, o pão e uma gravata.

 

Todos pagam pela mulher. Não importa se, por ora, em vez do luxo de um vestido parisiense visto-te apenas com a fumaça de meu cigarro.

 

Você não pode deixar ninguém invadir o seu jardim para não correr o risco de ter a casa arrombada.

 

O século XXX vencerá! Ressuscita-me para que ninguém mais tenha que se sacrificar por uma casa, por um buraco. Ressuscita-me para que o Pai seja, ao menos, o Universo, e a Mãe, no mínimo, a Terra.

 

 

 

 

Poderiam ordenar-me: 'Mata-te na guerra'. Teu nome será o último coágulo de sangue em meus lábios rasgados pelas balas.

 

Não viole o verde das primaveras!

 

O mar se vai...
O mar de sono se esvai...
Como se diz: o caso está enterrado.
A canoa do amor se quebrou
no quotidiano.
Estamos quites.
Inútil o apanhado
da mútua dor
mútua quota de dano.

 

Em horas como esta, eu me ergo e converso com os séculos a história do Universo.

 

Se eu falo 'A', este 'A' é uma trombeta-alarma para a Humanidade. Se eu falo 'B', é uma nova bomba na batalha do homem.

 

Espero que eu jamais alcance a impudente idade do bom senso.

 

... Cobrir-se-á com milhões de gotas de sangue o Caminho até à Morada de meu Pai.

 

Todo-poderoso, Tu... que deste uma cabeça a cada um de nós, por que não decidiste que, sem sofrer, se pudesse beijar e abraçar?

 

Não me detenham! Certo ou errado, não posso ficar calmo. Olhem! Decapitaram mais estrelas e ensangüentaram o céu como um matadouro!

 

O inimigo da colossal classe obreira é também meu inimigo mortal.

 

Uma camisa lavada e clara basta. Para mim é tudo.

 

Eu não preciso indagar o quê e o como. Vejo-os, nítidos, até os últimos detalhes, no ar, camada sobre camada, como pedra sobre pedra.

 

Há gente que vê o Sol todos os dias e se enche de presunção. — Não valem muito esses raiozinhos — dizem. Eu, então, por um raiozinho de Sol amarelo dançando em minha parede teria dado todo um mundo.

 

Para mim, camarada, as cerimônias valem menos do que um vintém.

 

Os anos criam distâncias. Como explicar o que passou assim de relance?

 

Deixando pelo céu longos rastros,
brilham as plumagens dos cometas,
para que os namorados vejam os astros
de seus quiosques de violetas.

 

O furacão,
o fogo,
o mar
vêm vindo furiosamente.
Quem os pode domar?
Você pode?
Experimente...

 

... e carrego meu fardo.
Quero arremessá-lo fora,
mas, sei: não o farei.

 

Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.

 

O mar da história é agitado.
As ameaças e as guerras
haveremos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as,
como uma quilha corta as ondas.

 

Escutai, pois! Se as estrelas se acendem,
é porque alguém precisa delas.
É porque, em verdade, é indispensável
que sobre todos os tetos, cada noite,
uma única estrela, pelo menos, se alumie.

 

Sozinho não posso carregar um piano, e, menos ainda, um cofre-forte.

 

... o gosto do intermediário é bastante intermédio.

 

Não costumo remexer o pó dessas velharias!

 

Quero viver até o fim o que me cabe!

 

Frases vazias não agradam.

 

Somente unidos,
somente juntos remoçaremos o mundo...

 

Sempre volvemos à nossa meta final.

 

Somente é comunista verdadeiro
quem destrói as pontes da retirada.

 

Construir um trem é pouco.
Se a canção rebelde não levanta os povos,
de que serve a mudança de marcha?

 

 

 

 

Basta de verdades baratas.
Arrancai o ranço do Coração!

 

No livro do tempo
ainda não foram cantadas
as mil páginas da revolução.

 

É inútil elaborar uma lista de tristezas e de dores.

 

No segundo dilúvio que está se espalhando, cada cidade na Terra será limpa.

 

A arte não deve ser concentrada em santuários mortos chamados museus. Ela deve ser espalhada por toda parte: nas ruas, nos bondes, nas fábricas, nas oficinas e nas casas dos trabalhadores.

 

Uma rima... Um barril de dinamite!

 

O tambor da guerra troveja trovões.

 

Você só existia no meu cérebro inflamado.

 

Amar,
para nós,
não é nenhum paraíso de mandris.
Para nós,
o amor nos diz, cantarolando,
que o motor parado
do coração
começou a trabalhar
novamente.

 

Ei, você!
Céu!
Tire o seu chapéu!
Eu estou voltando!

 

E você? Poderia,
algum dia,
por seu turno,
tocar um noturno
louco na flauta
dos esgotos?

 

Certa vez alguém o questionou: — Maiakovski, suas piadas não atingem meu entendimento.
O poeta respondeu: — É porque você é uma girafa! Somente uma girafa pode molhar os pés na segunda-feira e só ficar resfriada no domingo.

 

Um jovem atrevido o desafiou: — Maiakovski, você nos toma a todos como idiotas, não?
Bem, bem… deixe-me pensar meio segundo respondeu Maiakovski. Por que a todos? Por enquanto, só vejo um diante de mim.

 

A pessoa que deixa voluntariamente a vida leva consigo o mistério de sua decisão. Nenhuma explicação penetra na essência real da atitude tomada. As explicações somente entreabrem a cortina sobre o segredo, mas o próprio segredo permanece escondido atrás do final triste da vida. Encontramos os motivos, mas o segredo permanece em segredo.

 

A todos! Eu morro; não acusem ninguém disto. E nada de boatos. O defunto tinha horror disto. A barca do amor se partiu contra o recife da vida cotidiana.

 

 

 

 

 

 

_____

Nota:

1. A Revolução de Outubro, na Rússia, também conhecida como Revolução Bolchevique ou Revolução Vermelha, foi a segunda fase da Revolução Russa de 1917, depois da Revolução de Fevereiro do mesmo ano. Começou com o golpe de estado, liderado por Vladimir Lenin e pelos bolcheviques, contra o Governo Provisório, em 25 de outubro de 1917 pelo calendário juliano e 7 de novembro pelo calendário gregoriano. Foi a primeira revolução comunista marxista do século XX e deu o poder aos bolcheviques. A Revolução de Outubro foi seguida pela Guerra Civil Russa (1918 – 1922) e pela criação da URSS em 1922.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://fr.wikipedia.org/wiki/Fichier:Life.gif

http://davesfridge.blogspot.com.br/
2008/09/more-happy-fat-man.html

http://letrasinversoreverso.blogspot.com.br/
2008_05_16_archive.html

http://dudabrama.wordpress.com/2011/04
/17/maiakovski-por-arsenio-meira-junior/

http://www.apropucsp.org.br/
revista/rcc01_r10.htm

http://en.wikiquote.org/wiki/
Vladimir_Mayakovsky

http://www.inspirationalstories.com/
quotes/t/vladimir-mayakovsky/

http://www.iwise.com/Vladimir_Mayakovsky

http://thinkexist.com/quotes/
vladimir_mayakovsky/

http://pt.scribd.com/doc/24830810/
Vladimir-Maiakovski-Poemas

http://www.culturapara.art.br/
opoema/maiakovski/maiakovski.htm

http://www.frases.mensagens.nom.br/
frases-autor-v1-vladimirmaiakovski.html

http://pensador.uol.com.br/
autor/vladimir_maiakovski/

http://literaturareal.blogspot.com.br/

http://anemaecore.blogspot.com.br/2010/02/
despertar-e-preciso-vladimir-maiakovski.html

http://www.alashary.org/autor/vladimir_maiakovski/

http://www.citador.pt/frases/citacoes/a/
vladimir-vladimirovitch-maiakovski

http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu
%C3%A7%C3%A3o_de_Outubro

http://pt.wikiquote.org/wiki/Vladimir_Mayakovsky

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.

 

Fundo musical:

Libertango
Compositor: Ástor Pantaleón Piazzolla

Fonte:

http://mp3skull.com/mp3/libertango_astor_piazzolla.html

 

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