VIVA COMO QUISER

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Viva como quiser,

mas cuide de suas resiliências.

Faça o que quiser,

mas aceite as conseqüências.

 

 

Tenho dito e repetido:

somos responsáveis por tudo.1

Logo, o genuíno sabido

não é um mero pacóvio topa-tudo.

 

 

O passado já ficou;

o futuro depende do presente.

Diga hoje: Eu-sou!

 

 

No Coração há um Deus!

Ele não está ausente

nem no Coração dos filisteus.2

 

 

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Por que tenho repetido tanto que somos responsáveis por tudo? Por uma simples razão: só nos libertaremos (ou começaremos a nos libertar) da educação religiosa – geralmente equivocada – que recebemos, quando compreendermos e realizarmos pela via do entendimento místico-intuitivo que não há prêmio nem castigo para absolutamente nada. Não há um deus-salvador-arrebatador e nem um demônio-vingador-punidor esperando que morramos para nos receber no céu ou no inferno, com perfumes aromáticos ou com vapores sulfurinos intoxicantes. Nossas escolhas, estas sim, são responsabilidades nossas; e, para cada escolha, se e quando for o caso, haverá uma compensação educativa correspondente, que poderá levar milênios para que se manifeste e para que seja cumprida e devidamente apreendida. Ou nos livramos dessa idéia infantil de que há um paraíso para os bons e um inferno abrasador para os maus, ou simplesmente teremos jogado no lixo mais uma insubstituível encarnação. Talvez esta seja a minha maior preocupação mística: tentar conscientizar as pessoas de que o depois é agora, de que não há um depois (de delícias ou de padecimentos) para sempre, e que esse depois-agora só depende de nós. Qualquer coisa diferente disto é ignorância misturada com fantasia. E, quando trancamos o nosso Eu Interior (ou Coração Espiritual) para a Santa LLuz – que simplesmente existe para nos Illuminar – a coisa é, mais ou menos, como o que mostra a animação em flash aí embaixo: nos fechamos e afundamos em nossa precariedade existencial à espera de um milagre salvífico que só existe em nossa imaginação e na agenda daqueles que vivem deste funesto comércio.

 

 

 

 

2. Filisteu, geralmente, está relacionado ao povo não-semita e inimigo dos hebreus que habitava a Filistéia ou Palestina, desde o século XII a.C. A origem dos filisteus ainda hoje é motivo de controvérsias. Há polêmica até mesmo sobre o fato de se se tratava de um único povo ou de uma confederação de povos que migraram do Mar Egeu para o leste do Mar Mediterrâneo no século XIII a.C. Segundo a Bíblia, historicamente, os filisteus teriam se originado de Casluim, o qual teria sido um dos filhos de Mizraim, patriarca dos egípcios e neto de Cam. No entanto, a teoria mais aceita cientificamente baseia-se na hipótese de que se tratava de um grupo indo-europeu que veio a conviver, durante séculos, com os povos semitas da região, hoje conhecida como Israel.

Mas, História à parte, no caso deste soneto, eu quis me referir àqueles seres-no-mundo (os filisteus) que são ou que se mostram incultos, prosaicos, rasteiros, sem elevação ou largueza de idéias e cujos interesses são estritamente materiais, vulgares, ilusórios e aprisionadores; e, infelizmente, também àqueles que são desprovidos de inteligência e de imaginação artística ou intelectual, pois a falta de imaginação, em certo sentido, é uma prisão obliterante e impossibilitadora. Seja como for, como eu escrevi mais acima, e é fato, em todos os Corações há um Deus, meio que dormindo! Ele não está ausente nem no Coração dos filisteus. Poeticamente, eu diria: em todos os Corações – sejam Corações de filisteus, sejam Corações de fariseus, sejam Corações de saduceus, sejam Corações de cananeus, sejam Corações de macabeus, sejam até Corações de maniqueus – há um Deus esperando para ser acordado e conosco dançar cheek to cheek, de rostinho bem colado. Ad semper!

 

Fundo musical:

Cheek To Cheek
Compositor: Irving Berlin

Fonte:

http://www.eadcentral.com/go/1/1/0/
http://www.damav.com/seq/mw/