ESFORÇO PELA COMPREENSÃO

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

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Tempo de dulcíssimos limões!1

Râncido em que andava à cata,

extraviado em meio aos truões!

 

Pejo de um outrora sombrio

e esforço pela compreensão

farão (res)surgir o calor do frio

– permisso para a libertação.

 

Não se engane, meu irmão:

dos pecantes nascem os santos.

E só ouvirão a Voz do Coração

aqueles que não são abantos.

 

Ora, deixarpralá ou pradispois

é de quem tem o rabo baixo.

É sozinho – jamais dois a dois –

e de modo algum cabisbaixo.

 

 

 

 

 

 

Às vezes, me autobiografo,

para que não haja engano.

Saibam: eu fui o coreógrafo;

eu desci como um abaritano.

 

Hoje – ah!, hoje! – já liberto,

com o salvo-conduto na mão,

a cada dia, me sinto mais perto

da Hora da Grande Iniciação!

 

E você? Continua aprontando

e em incontinências consumido?

Então, continuará machucando...

Abatido! Bolorecido! Adoecido!

 

Mas, se decidir trocar, troque;2

e não diga nada a ninguém.

Essa coisa de só ir a reboque

não vale um furado vintém!

 

 

 

Eu era assim!

 

 

 

______

Notas:

1. Por que dulcíssimos limões? Porque, para o ignaro, figurativamente, tudo tem a mesma cor, o mesmo odor e o mesmo sabor. E, para ele, os que não vêem a mesma cor, os que não sentem o mesmo odor e os que não apreciam o mesmo sabor estão descontextualizados. Logo, podemos admitir: ignorância = filha da deturpação e do entorpecimento, irmã da intolerância, mãe do preconceito e avó da decadência. Há, nesta admissibilidade presumida, outros parentes e contraparentes, mas a linha mestra de parentesco básica é esta.

2. Bem, na verdade, não se troca nada. Se fosse assim, tudo seria muito fácil. O trocar, aqui, deve ser entendido como mudar (ir transmudando), lentamente, mas com pertinácia, que, no frigir dos ovos, acabará se efetivando como uma espécie de troca conscientemente trabalhada e assumida. A coisa é como tenho dito: se, ao final de nossa vida, tivermos dominado e transmutado um único defeito, uma única mácula, então, sem dúvida, poderemos dizer: Eu-sou um vencedor. Mas, não pode ser mais ou menos, na base da meia-sola; o desaire tem que ser integralmente transfeito, e tem que ser direito, escorreito e bem-feito.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://tlc.howstuffworks.com/
family/after-school-activities10.htm

http://www.reinodosgifs.net/
danca1.htm

 

Música de fundo:

Polonaise Brillante For Piano & Cello (op. 3) In C
Compositor: Frédéric François Chopin
Interpretação: Martha Argerich (piano) & Mstislav Rostropovich (violoncelo)

Fonte:

http://www.4shared.com/get/OttSQA3P/
Chopin_-_Polonaise_Brillante_F.html