ANCIANIDADE...
NÃO É O CAOS!
Rodolfo
Domenico Pizzinga
Música
de fundo:
Time After Time
Fonte: http://midistudio.com/midi/BR_MZ.htm
Há
uns
dias, uma senhora me disse:
—
A velhice é uma grande merda!
Para
cutucá-la, eu contradisse:
—
Mas não é com M Maiúscula essa Merda!
—
Merda com M Maiúscula? Essa não!
—
Merda é merda de qualquer maneira.
—
Na verdade, é um grande cagalhão,
Pois só faz a gente fazer besteira.
A
macróbia estava mesmo impossível.
Havia
comido um bobó de camarão
E
estava com uma 'cagarréia'1
incrível.
Chegou
a obrar2 na calcinha e no chão!
Eu
tentei muito consolá-la
Falando
de sua sabedoria.
Fiz
de tudo para 'amnimá-la',3
Mas
a Velhinha nem me ouvia.
—
Dói aqui, dói ali, dói acolá...
—
É um sofrimento ficar velha!
—
Quando jovem, me chamavam de Zillah.
—
Hoje... 'Lá vai a burra velha!'
—
Na rua, vou andando e vou peidando.
—
E agora dei pra falar sozinha!
—
Também, de vez em quando,
Borro a minha calcinha!
—
Isso é um verdadeiro terror;
Parece filme do Boris Karloff.
—
Para esquecer todo esse horror
Só uma dose de 'vodka' Orloff.
—
Outro dia, na condução,
Não sei o que me aconteceu.
—
Tive uma crise de arrotação
Que quase me enlouqueceu!
—
Dei um arroto tão alto
Que acordei o velho do meu lado.
—
O sacana, pensando que era um assalto,
Fingiu que havia desmaiado.
E
assim, a desconsolada Dona Zillah
Reclamou
por mais de uma hora.
E
já que eu estava mesmo lá,
Tentei
auxiliar a Velha Senhora.
—
Querida Zillah, preste atenção:
A idade não tem lá muita importância.
—
Mais vale um bom coração
E uma alma sem remorso ou ânsia.
—
Sei que você é uma boa pessoa.
—
É amiga, solidária e generosa.
—
O que adianta ser uma 'peçôa'4
Fria, calculista e odiosa?
—
Você se lembra do Palhaço
Arrelia?
—
Morreu quase centenário.
—
Viveu para derramar alegria;
Nada para ele era ordinário.5
—
Devemos agradecer pela vida,
Pois sem ela não poderemos progredir.
—
E para conhecermos a Verdadeira
Vida,
Não podemos combalir.
—
A vida, como dizem os Rosacruzes,
É
o que nós dela fazemos.
—
Assim, ao carregarmos nossas cruzes,
Não
podemos ser blasfemos.
—
É na Cruz
que as Rosas
florescerão.
—
Arrotar, urinar, defecar e peidar
Também
fazem parte da Lição.
—
Nada, Zillah, é inútil na vida!
—
Peregrinar, sempre peregrinar.
—
E, para conquistarmos a Vida,
—
Nada cairá do céu
Por
milagre ou privilégio.
—
Mas, 'in corde' há um Céu:
O
Verdadeiro
Privilégio.
—
Esse
Privilégio
só será alcançado
Na
medida em que O
merecermos.
—
Mas estará simplesmente vedado,
Se
de novo não Nascermos.
—
Enfim, ancianidade não é o caos!6
—
Tudo é útil em nossa existência.
—
Mas, para aqueles que são 'maos'7
Não
haverá qualquer clemência!8
—
Zillah, pense nos terroristas
E
em cada estuprador.
—
Por causa desses 'artixtas'9
Muitos
conheceram a real dor!
—
E ainda há as catástrofes:
Antropogênicas
e naturais.
—
Mas todas essas catástofes
Têm
origens contranaturais.10
—
Mais: há os ladrões e os escamoteadores,
Os
fazedores de guerras e os traficantes.
—
São todos especialistas em provocar dores,
Dores
realmente insuportáveis e terebrantes.
—
Você é uma mulher abençoada.
—
Vive em um País tropical
E
nunca lhe faltou nada.
—
Ânimo! Alegria! Que tal?
—
Querida Zillah, digo novamente:
É
necessário que Nasçamos
de novo.
—
Então, tudo será diferente
Nesse
Iluminado
Mundo Novo!
—
É Rodolfo. Acho que você tem razão.
—
Não posso mesmo reclamar da vida.
—
Nunca estive na contramão,
Nem tenho por que temer a Grande Partida.
—
Falando sinceramente,
Só tenho o que agradecer.
—
E ainda mais francamente:
Agradeço por ter podido Ser.
______
Notas:
1.
'Cagarréia' = Neologismo criado para expressar a união
fedorenta e aquosa de caganeira com diarréia — eliminação
freqüente de fezes líquidas e abundantes no mínimo
não sei quantas vezes no espaço de não sei quantas
horas.
2.
Obrar = Fazer cocô. No Império havia um anunciador oficial
para assuntos fecais – uma espécie de Gentil-Homem Império-Fecal
– que sempre que o rei ia defecar, fosse a hora que fosse, comunicava:
— Sua Majestade, El-Rei, vai obrar! E sempre havia um
cretino-papagaio-de-pirata por perto que, se fazendo de encabulado,
exclamava: – Oh! Viva El-rei! Será
que isso é verdade?
3.
'Amnimar' = Neologismo criado para expressar a união
carinhosa de amimar com animar.
4.
'Peçôa'
= Neologismo criado para expressar uma 'peçôa'
peçonhenta (que não é pessoa). Ainda! Como é
um neologismo, resolvi colocar um acento circunflexo em cima do o
para simbolizar o obscurantismo nas (e das) ações dessas
'peçôas'.
5.
No sentido de sem expressão, sem brilho, sem destaque, medíocre,
vulgar, mesquinho, reles e inferior.
6.
Na verdade, poderá ser e poderá não ser. Isto vai
depender de cada um de nós!
7.
'Maos' = Neologismo criado para expressar os fabricantes dos
diversos caos. Sinônimo de 'peçôas'.
8.
Haverá e não haverá!!! Haverá? Só
não me peçam para julgá-los. Não os julgarei.
É incrível, mas é verdade: tanto os 'maos'
quantos as 'peçôas' são nossos irmãos
(menores), como nós somos irmãos menores Daqueles
Que Podem (e
eles – os
'maos' e as 'peçôas'
–
também!).
Os múltiplos e sucessivos Caos os transmutarão em pessoas.
Provavelmente, isto acontecerá no peito e na raça! Ainda!
9.
'Artixtas'
= Neologismo criado para expressar os fazedores–fabricantes de
maldades. Estes, certamente, não são Artistas.
(Outro sinônimo para 'maos' e 'peçôas'.).
10.
As catástrofes naturais (terremotos, temporais, enchentes, incêndios,
tsunamis, desmoronamentos, ações vulcânicas,
tornados etc.) em parte são naturais e em parte não são.
Na maioria das vezes são antinaturais. 2034!
2034
÷ 9 = 226
226
= 2 + 2 + 6 = 10
10
= 1 + 0 = 1 (ou zero)
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