O
programador britânico Chris Simmons começou
a sentir uma dor insuportável em suas costas e desmaiou depois de
ficar horas diante do computador. O incidente, em setembro de 2004, ficou
ainda mais grave quando, dias depois, ele começou a cuspir sangue.
O diagnóstico surpreendeu Simmons: ele tinha sofrido o que os especialistas
chamam hoje de 'e-thrombosis' (trombose eletrônica). Aos 42 anos,
o programador costumava fazer turnos de 12 horas em frente à telinha.
O caso de Simmons foi apresentado durante um evento realizado nesta semana
pela organização britânica Lifeblood, com o objetivo
de auxiliar vítimas de trombose e alertar para o risco de passar
muitas horas em frente a um computador sem se levantar. De acordo com a
entidade, poucos entre aqueles que passam horas diante de seus computadores
estão cientes de que podem ser afetados por uma trombose da mesma
maneira que passageiros de aviões - a chamada síndrome da
classe econômica. Segundo Beverley Hunt, a diretora da Lifeblood,
'a imobilidade é um fator determinante de causas para a trombose'.
De
acordo com o jornal britânico Guardian, o termo 'e-thrombosis' foi
cunhado após um homem de 32 anos, na Nova Zelândia, ter sofrido
uma embolia pulmonar sem qualquer razão aparente. Ele costumava ficar
sentado até 12 horas diante de seu PC sem se levantar. No caso do
britânico Simmons, que é morador da cidade britânica
de Bristol, ele desenvolveu um coágulo em sua perna, que se alastrou
para o pulmão, causando também uma embolia pulmonar - a obstrução
de uma artéria do pulmão ou de um de seus ramos. Após
ter sofrido a trombose, Simmons vem fazendo campanha para que outros profissionais
da área de informática se locomovam com mais freqüência
e não fiquem tanto tempo prostrados diante de seus computadores,
de modo a evitar que desenvolvam uma trombose. 'Eu não havia apresentado
quaisquer sintomas que pudessem ter me alertado e não tinha idéia
de que algo estava errado', disse Simmons. 'As pessoas realmente não
estão cientes dos riscos de se desenvolver uma trombose. Eu peço
que qualquer um que trabalhe em áreas que exigem que se fique sentado
por muito tempo, façam alguns exercícios simples de alongamento
capazes de minimizar tais riscos', acrescentou Simmons. O programador diz
que atua há dez anos em áreas de trabalho que o obrigam a
passar mais de oito horas diante de um computador. Simmons conta que, mesmo
quando passou a trabalhar em sua casa, chegava por vezes a passar até
12 horas em frente ao computador se movendo muito pouco.
Fonte:
BBC
Ao tomar
conhecimento dessa notícia, resolvi escrever um poeminha para divulgá-la.
Aí vai ele:
Demasiar em trabalhar?
Neurastenizar,
entibiar e enfermar?
Doze
horas: instruir-se e lavrar.1
Doze horas: descansar e brincar!2
Não
adianta se estrompar:
viver
requer alegria e bem-estar.
Quem
conjuga o verbo exagerar
haverá
de se 'estorralfar'.3
O
que se chama de tempo
é
tempo que não é tempo.4
Quem
nunca se dá um tempo
poderá
morrer antetempo!5
Quem
para se coçar não tem tempo
malsofre no entretempo.
Para
evitar contratempo
é
bom brincar a destempo.5a
1. Essa
divisão pode apresentar algumas variações. Há
quem defenda e prefira a divisão 24 ÷ 3, ou seja: 8 + 8 +
8. Mas, e quem dorme e descansa em períodos de duas ou três
horas?
2. Misticamente,
brincar é e não é brincar. Brincar é e não
é se ocupar tanto consigo. Então, 12 pode ser igual a 8 +
4, 7 + 5, 6 + 6, 5 + 7, 4 + 8... Vou dar um exemplo de brincar: parar 5
segundos por dia e verbalizar ou mentalizar PAZ AO
MUNDO!
3. 'Estorralfar'
= neologismo derivado de estorricar + esfalfar. Quem trabalha como um workaholic
(indivíduo que trabalha compulsivamente) acabará se 'estorralfando'.
4. O
tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu ao
tempo, que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem.
5
e 5a. Ultracorreção, hipercorreção ou hiperurbanismo,
segundo o Houaiss, é o fenômeno que se produz quando o
falante estranha, e interpreta como incorreta, uma forma correta da língua
e, em conseqüência, acaba trocando-a por uma outra forma que
ele considera culta. [Isso vale também para quem escreve]. Nessa
busca excessiva de correção – seja na fonética,
seja na acentuação, seja na escolha do vocabulário
– nota-se em geral o temor do falante de revelar uma classe de origem
socialmente discriminada. Bem, eu não poderia escrever um poema
como esse sem usar esses vocábulos que usei para fazer as rimas que
precisei fazer. Assim, não cometi nenhuma ultracorreção.
Posso ser acusado, sim, de 'ultra-rimação'! E eu
concordo, como espero que você concorde e goste da MIDI (Musical
Instrument Digital Interface) que coloquei neste poeminha. Ghost
of a Chance é lindíssima.