Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Derrota, Dor, Má Sorte,
Tristeza, Solidão, Delírio

 

 

 

Derrota, dor, má sorte...

Vontade doentia de morte!

Tristeza, solidão, delírio...

Desejo insano de suicídio!

 

 

De repente, o Santo Lírio1:

— Transmuta o hidrargírio.

Nada acharás na coorte;

tu és teu próprio suporte.

 

 

Oh!, maniqueísmo2 fulano!

Tanta antepaixão! Tanto dano!

Não há boa sorte ou má sorte;

Viver não é estar-à-morte!3

 

 

 

Maniqueísmo

 

 

 

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Notas:

1. Eu sou a Rosa de Sharon, o Lírio dos vales. (Cântico dos Cânticos, II, 1).

2. O Maniqueísmo é uma Filosofia religiosa sincrética e dualística que foi ensinada pelo profeta persa Mani ou Manes (século III A.D.) e que combinava elementos do Zoroastrismo, do Cristianismo e do Gnosticismo. Esta Filosofia dualística dividia o mundo entre Bem (ou Deus) e Mal (ou Diabo). No Maniqueísmo, a matéria é intrinsecamente má, e o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do bem e do mal, ou seja, maniqueísta é aquele que crê no dualismo religioso ou filosófico e que só concebe o bem e o mal em termos absolutos.

Nota editada fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Manique%C3%ADsmo

3. Há uma frase famosíssima, citada mil vezes, segundo a qual – dizia o filósofo alemão Martin Heidegger (1889 – 1976) – o homem é sein zum Tod, que é traduzida invariavelmente como ser para a morte. O único problema – explicou o filósofo espanhol Julián Marías (1914 – 2005) em uma conferência do curso Los Estilos de la Filosofía, Madrid, 1999/2000 – é que isto, no alemão, não quer dizer ser para a morte, porque a palavra sein, que quer dizer certamente ser, significa também outras coisas, como estar. Todavia, os alemães não dizem estar porque não têm o verbo estar. Por outro lado, continua Julián Marías, a preposição zu não quer dizer para, mas a. Isto é, a expressão sein zum Tod poderia ser traduzida por estar à morte. O homem está à morte sempre, está na possibilidade de morrer, está em potência próxima de morrer, está exposto à morte; e é isto justamente o que quer dizer sein zum Tod: estar aberto à morte, estar vivendo nessa possibilidade próxima, real, impreterível. Todavia, penso eu, se a vida, nesta Terceira Dimensão, inevitavelmente, está vinculada à morte (e a morte à vida), Viver não é estar-à-morte! Viver é iniciaticamente se preparar para a Morte, e, pela Morte Iniciática, conquistar a Santa Vida. Isto é: Viver é Morrer, e Morrer é Viver!

Confira o texto integral de Julián Marías no endereço:

http://www.hottopos.com/harvard4/jmshdg.htm

 

Fundo musical:

Madame Butterfly (Un Bel di Vedremo)
Compositor: Giacomo Puccini

Fonte:

http://www.hamienet.com/midi26578.html