1º
Parágrafo:
De
maneira geral, os espiritualistas, os religiosos e alguns místicos
gostariam de ver a Coisa para confirmar e robustecer suas crenças,
em uma espécie de looping
ou dobra do espaço-tempo. Tomando emprestado o conceito da Ovniologia,
desejariam, por assim dizer, que acontecesse um Contato Imediato de Quinto
Grau com um Ser Ascensionado, preferentemente de outra dimensão,
ou que algo insólito acontecesse que os tornassem sabedores daquilo
que (pensam que) não sabem, para que, inclusive, fraterna e altruisticamente,
pudessem divulgar este novo conhecimento adquirido para a Humanidade. Isto
é bom? Em um certo sentido, sim, é bom; mas, se tiver que
ser o caso, há (quase ilimitadas) limitações que precisam
ser superadas, geralmente desconhecidas ou não levadas na devida
conta.
Looping
ou Dobra do Espaço-tempo
(animação meramente simbólica)
2º
Parágrafo:
Supondo
que isto seja possível – um Contato Imediato de Quinto Grau
com um Ser Ascensionado – em primeiro lugar, há a questão
dupla do mérito. Dupla, sim, porque, primeiro, um evento desta natureza
– repito, se for possível – envolverá sempre o
espiritualista, o religioso ou o místico e a própria Humanidade,
já que há, fraterna e altruisticamente, o interesse sincero
de divulgar este novo conhecimento adquirido. E, segundo, abrangentemente,
o nosso conceito de mérito (ou de demérito) costuma não
ser coadunável com o Entendimento e a Sabedoria de um Ser Ascensionado.
Bondade, misericórdia, categoricidade, humildade, caridade, lealdade,
lhaneza, justiça, acatamento, cumprimento, docilidade, obediência
etc. são categorias desejáveis e moralmente elevadas, mas
isto não significa mérito propriamente dito nem obrigatoriamente
empresta valor a desejos espirituais esperançosos e acalentados,
justos e fraternais, misericordiosos e inimputáveis. E, por outro
lado, em terceiro lugar, antonimicamente, o que pensamos que possa ser um
demérito pode ser que não o seja. Tudo isto é mais
complicado do que parecer ser.
Ilusão
Antonímica Mérito/demérito
3º
Parágrafo:
E,
em segundo lugar e finalmente, há a questão da oportunidade,
que normalmente não é considerada. O que precisa ser vivenciado
em um Kali Yuga,
em princípio, não comporta experiências que sejam, por
exemplo, próprias de um Satya
Yuga. Swami Vivekananda (12 de janeiro de 1863 – 4 de
julho de 1902), o principal discípulo de Ramakrishna Paramahamsa
(18 de fevereiro de 1836 – 16 de agosto de 1886) e um dos mais célebres
e influentes líderes espirituais do hinduísmo moderno, sobretudo
da Filosofia Vedanta, ensinou: Cada
ser individual é potencialmente divino. A meta é manifestar
esta Divindade Interior, controlando as naturezas externa e interna.
Todavia, este controle e esta possível Comunhão com o Eu Interno
não podem derivar de uma irresponsabilidade meio que rapidinha e
mal feita e serem inconseqüentemente acelerados, ou seja, não
podem ser feitos à bangu e sem ordem. É mais ou menos como
querer que uma criança de dez anos aprenda (ou entenda) Cálculo
Diferencial e Integral, que um analfabeto conceba (ou imagine de maneira
ideal) a Teoria da Relatividade Restrita ou a Teoria Geral da Relatividade,
e que alguém que não tenha conhecimento de Medicina pegue
um bisturi e saia operando concertadamente a três por dois. Ora, um
ovo para cozinhar precisa de um certo tempo. Querer que ele cozinhe em três
segundos é efetivamente uma impossibilidade. Então, para que
um presumido um Contato Imediato possa eventualmente acontecer – e
se for viável que aconteça – é necessário
que estejam ajustados o mérito e a oportunidade. Pode haver mérito,
mas, se a hora não for adequada, ele não ocorrerá;
e a oportunidade pode estar à vista, mas, se não houver mérito,
ele também não poderá acontecer.
Epílogo:
O
que se pode concluir desta rápida reflexão? Que, lícita
e o mais possível conscientemente, devemos viver e seguir nossa vida
de forma honesta e categórica – sem querer nada, sem pedir
nada e sem esperar por nada. Se for o caso, havendo mérito, associado
à devida oportunidade, a coisa poderá (ou não) acontecer.
Por fim, não é bem assim, mas é mais ou menos assim:
bem-aventurados
os que não viram e creram. Também não é
bem assim, mas é mais ou menos assim: bem-aventurados os que não
vêem e crêem. Estejamos convictos de que nossa memória
espiritual haverá de nos conduzir para o melhor. Assim seja! Assim
seja! Assim seja!