A ALQUIMIA ESPIRITUAL DOS ROSACRUZES
(TRANSMUTAÇÃO MENTAL, TRANSMUTAÇÃO
CORDIAL E A THEMIS AUREA)
Texto
principal de autoria de António de Macedo.
Rodolfo
Domenico Pizzinga
http://www.rdpizzinga.pro.br
Música
de fundo: Earth and Sky
Fonte: http://www.bergoiata.org/mid/
|
Sagrado
Iantra Hermético
Alquimia & Misticismo,
Alexander Roob, 1996, p. 466.
|
|
Em
meio ao atoledo
Sofre
o homem mortal.
Nesta
fase de Nigredo
Sua
vida é um lodaçal.
|
Meditação
no Nigredo
[Jamsthaler, Viatorum Spagyricum (1625)]5)]. |
Pelas
primeiras INICIAÇÕES
Transmuta
Nigredo em Albedo.
E
ao dominar suas paixões
Vai
deixando de ser um remedo.
|
Albedo |
Um
dia... Acontece o Rubredo!
E
a Obra se completou...
Imortal, agora trabalha em segredo,
Pois
sabe:
|
Rubredo |
Mas,
esta completação
Não
é um ponto final.
Para
sempre, em seu Coração,
Lutará
contra o destruidor Mal.
E
também, conseqüentemente,
Trabalhará
em prol do BEM e da PAZ.
Coração
e mente unos com a MENTE,
Nele,
são
a PROFUNDA PAZ.
Que
haja PAZ, que haja LLUZ!
Que
se façam a HARMONIA e o BEM!
Pois,
só na VEREDA DA LLUZ
Será
contemplado o
TRANSMUTAÇÃO
MENTAL, TRANSMUTAÇÃO CORDIAL E A THEMIS AUREA
Conferência
proferida no II Colóquio Internacional "Discursos
e Práticas Alquímicas", organizado pelo
Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade
da Universidade de Lisboa (CICTSUL), na Biblioteca D. Dinis,
Odivelas, em Junho de 2000.
por António de Macedo (*)
Portrait
of António de Macedo
(mystic, writer and filmmaker)
Author: Bro. +Vicente
Velado
Quando, pela Alquimia Espiritual,
nos tornarmos como Cristo, o Senhor da Vida, seremos imortais,
libertar-nos-emos do nosso pai Samael e da nossa mãe Eva,
e a morte não mais terá poder sobre nós.
(Max Heindel, Maçonaria e Catolicismo, 1919.)
Em 1614, 1615 e 1616 foram publicados
na Alemanha, por esta ordem, três tratados ou manifestos
que desencadearam o movimento Rosacruciano ou o Iluminismo Rosacruz,
como também tem sido chamado: Fama Fraternitatis
(«Ecos da Fraternidade, ou da Confraria»), Confessio
Fraternitatis («Confissão da Fraternidade»)
e Chymische Hochzeit Christiani Rosencreuz Anno 1459
(«Núpcias Químicas de Christian Rosenkreuz
no ano de 1459»).
Publicados anonimamente na Alemanha,
os dois primeiros em Kassel e o último em Estrasburgo,
a sua autoria tem sido atribuída a Johann Valentin Andreae
(1586-1654), pastor protestante originário da Suábia
e influente figura da ortodoxia luterana dos princípios
do século XVII, e um dos homens mais sábios do seu
tempo.
No
frontispício do primeiro lê-se a seguinte dedicatória:
«Nós, Irmãos da Fraternidade da Rosacruz,
oferecemos a nossa saudação, o nosso amor e as nossas
orações a todos os que lerem a nossa Fama com inspiração
cristã». Nele se conta a história do
Fr. R. C. – Frater Rosencreuz[1], ou Irmão Rosacruz
– um «homem iluminado» que viajou por
muitos países, inclusive no Oriente, onde aprendeu a Magia
e a Cabala com os Mestres. Ao regressar à Alemanha decidiu
empreender a reforma que haveria de corrigir as imperfeições
do mundo, e fundou a misteriosa Ordem Rosacruz juntamente com
alguns outros Irmãos.
O segundo, Confessio, é
um breviário em catorze capítulos contendo «a
mais Secreta Filosofia»; completa o anterior e, de
certa maneira, vem justificá-lo, defendendo-o das vozes
e das acusações de que os misteriosos Irmãos
da Rosacruz já começavam a ser alvo, pois não
faltava quem os suspeitasse «de heresia, de ardis e
de culposas maquinações contra a autoridade civil»
(cap. I). Aqui se esclarece que Christian Rosenkreuz nasceu em
1378 e viveu 106 anos (cap. VI), e que as suas investigações
e pesquisas «suplantam tudo o que, desde os primeiros
dias do mundo, a inteligência humana inventou, produziu,
melhorou, propagou e perpetuou até à época
atual, tanto por intermédio da revelação
e da iluminação divinas, quanto graças aos
ofícios dos anjos e dos espíritos» (cap.
IV); já o papa, em contrapartida, é considerado,
pelo luterano autor do texto, um «sedutor romano que
transborda de blasfêmias contra Deus e contra o Cristo»
(cap. XI).
Finalmente o terceiro, Núpcias
Químicas, é um fantástico romance alegórico,
dividido em Sete Dias, ou Sete Jornadas, tal como o Gênesis,
e conta o modo como Christian Rosenkreuz foi convidado a ir a
um maravilhoso castelo – ou palácio – repleto
de prodígios, para assistir ao Casamento Alquímico
do Rei e da Rainha, ou melhor, do Noivo e da Noiva, interessando-nos
este terceiro livro, particularmente, pelas óbvias conotações
herméticas que comporta.
Estes três Manifestos obtiveram
um sucesso considerável, e deram origem a inúmeras
controvérsias e a imensas obras de inspiração
rosacruciana, de que se destacam autores tão marcantes
como Michael Maier na Alemanha ou Robert Fludd e Elias Ashmole
na Inglaterra, além de Theophilus Schweighardt, Gotthardus
Arthusius, Julius Sperber, Henricus Madathanus, Gabriel Naudé,
Thomas Vaughan etc.
Sobre o primeiro destes autores
atrás citados, Michael Maier, irei me deter um pouco mais,
chamando, entretanto, a atenção para a importância
de certos precursores, como o misterioso filósofo e alquimista
isabelino John Dee, autor da não menos misteriosa Monas
Hieroglyphica (1564), que influenciou o conceituado filósofo
hermético Heinrich Khunrath, de Hamburgo, autor do Amphitheatrum
Sapientiæ Aeternae (1609), que por sua vez terá
influenciado, e não pouco, o primeiro manifesto rosacruciano
— a Fama Fraternitatis. A filosofia alquímica
está sempre presente em todos estes autores; com efeito,
o surto rosacruciano deu-se em plena florescência hermética
do Renascimento e do Barroco, portanto, não é de
surpreender o pendor alquímico das principais obras rosacrucianas.
Ou melhor: uma das mais elevadas aspirações dos
Irmãos da Rosacruz seria o renovo da Arte Alquímica,
já então degradada pelos «assopradores»,
como claramente se diz em um dos parágrafos iniciais da
Fama, em referência à «época feliz
em que vivemos» (início do século XVII):
«Deus [...] favoreceu o nascimento de espíritos
altamente esclarecidos que tiveram por missão restabelecer,
nos seus direitos, a Arte, em parte maculada e imperfeita».
Este permanente renovo da «Arte»
(Alquímica, entenda-se) e o seu desenvolvimento, sobretudo
espiritual e simbólico, foI uma constante dentro do Rosacrucianismo,
desde então até aos nossos dias.
O próprio Isaac Newton (1642-1727),
um dos maiores gênios da matemática, não foi
insensível ao fascínio da Alquimia, como é
sabido; além de possuir exemplares dos mais notórios
tratados alquímicos, tanto do seu tempo como anteriores,
que hoje fazem parte do espólio existente na Biblioteca
da Universidade de Yale, deu-se ao trabalho de fazer muitas cópias
manuscritas de obras alquimistas. Uma dessas obras, que ele possuía
na sua coleção, era precisamente a Themis Aurea
de Michael Maier, à qual faz referências e tece
comentários em uma das suas muitas notas manuscritas sobre
a filosofia hermética, conservadas na dita Biblioteca.
Michael Maier (1568-1622), um dos
grandes eruditos da sua época, nasceu em Rindsberg, Holstein,
e foi doutor em medicina, filósofo e alquimista. Embora
nunca tivesse afirmado pertencer à misteriosa Fraternidade
Rosacruciana, foi um dos seus mais acérrimos apologetas,
possuindo informações sobre os Irmãos da
Rosacruz – claramente transmitidas nos seus livros –
que deixam supor um conhecimento direto do «círculo
interno» da Ordem. Viveu alguns anos em Praga, onde
foi médico do Imperador Rudolfo II, que lhe concedeu o
título nobiliárquico de Pfalzgraf – Conde
Palatino – e o nomeou Secretário Privado Real. Os
estudiosos de Maier, após exame atento dos seus escritos,
observam que ele nunca afirmou objetivamente ter fabricado ouro;
tão-pouco o afirmaram, de si próprios, Heinrich
Khunrath e outros Rosacrucianos. Os tratados destes autores apontam
para uma Alquimia altamente simbólica e espiritual, sem
dúvida, mais do que para uma Espagíria operativa.
Neles detectamos, velada ou desveladamente, quer os nove estágios
da transmutação involutiva-evolutiva do tríplice
corpo do ser humano, da tríplice alma e do tríplice
espírito, quer os nove passos ou nove graus da Iniciação
dos Mistérios Menores da Escola de Mistérios Rosacruzes,
equipolentes aos nove passos fulcrais do Ministério de
Três Anos de Cristo Jesus na Terra: 1. Batismo; 2. Tentação;
3.Transfiguração; 4. Última Ceia e Lavapés;
5. Agonia no Horto; 6. Flagelação e Coroa de Espinhos;
7. Crucificação e Estigmas; 8. Morte e Ressurreição;
e 9. Ascensão.
A
principal obra alquímica de Maier é o famoso tratado
Atalanta Fugiens, hoc est Emblemata Nova de Secretis Naturae
Chymica (1617), que é...
um
livro de emblemas e notáveis gravuras, com comentários
filosóficos. Atalanta[2], logo no frontispício,
é submetida à tentação de abandonar
a corrida em busca da verdade espiritual, moral e científica,
dando uma lição de perseverança e de pureza
de intenções ao alquimista espiritual.
Maier
ensina sutilmente uma filosofia mística, religiosa e
alquímica, por meio dos símbolos e dos emblemas
do seu livro, cada um dos quais apresentando um modo de expressão
poético, pictórico e musical (Frances A. Yates,
The Rosicrucian Enlightenment, Londres, 1972).
Nesse
livro se desvenda o significado de vários mitos da Antigüidade
clássica, mitos esses que, segundo Maier e outros alquimistas
rosacrucianos, teriam um fundo químico oculto: por exemplo,
o conhecido enigma de Édipo – qual é o animal
com quatro pernas de manhã, duas ao meio-dia e três
ao fim da tarde, e uma só voz – não tem como
resposta «o homem», mas sim a «pedra
filosofal». Em uma das gravuras da Atatlanta Fugiens
vê-se em primeiro plano um grupo de três seres: um
bebê gatinhando com um retângulo na testa, ou seja,
o princípio da força quadrática fundamental
da «pedra» (Nigredo), um adulto com uma meia-lua,
também na testa, formada por duas linhas com duas pontas,
figurando a pedra lunar branca (Albedo), e um velho encurvado
com um triângulo na testa e apoiando-se em uma bengala –
o triângulo do corpo-alma-espírito, ou seja, a pedra
filosofal solar, dotada do poder de tingir e curar (Rubedo).
Fundamentalmente, tal como já
enunciava Paracelso, os hermetistas rosacrucianos defendiam a
tese de que a Alquimia, mais do que tentar a transmutação
dos metais, deveria antes contribuir para a erradicação
das doenças e a mitigação das dores físicas
(Panacéia Universal). Synesius, um alquimista bizantino
do século IV, foi um verdadeiro precursor: já definia
a Alquimia como uma operação mental, independente
da ciência da matéria, cujo objetivo deveria ser
a transmutação espiritual e a salvação
do ser humano, afirmando, em conseqüência, que a constituição
do elixir (xêrion, «o pó»)
é menos importante do que as encantações
que acompanham a sua produção. Esta teoria deu origem
a uma nova escola que minimizou a pesquisa experimental, passando
a buscar, no interior do ser humano, os segredos e os fins últimos
da Filosofia Alquímica.
Assim,
o Fogo alquímico, ou melhor, o Fogo Solar, sendo um princípio
cósmico e um elemento básico da Criação,
é na verdade um princípio espiritual, e, portanto,
um dos princípios herméticos fundamentais do Rosacrucianismo.
O teósofo e investigador Franz Hartmann (1838-1912) define
o Fogo alquímico rosacruciano da seguinte maneira:
O Fogo é uma atividade
interna cujas manifestações externas são
calor e luz. Esta atividade difere em caráter consoante
o plano em que se manifesta. No plano espiritual representa
o Amor ou o Ódio; no plano astral, o Desejo e a Paixão;
no plano físico, a Combustão. O Fogo é
o elemento purificador, que no limite se identifica com a essência
da Vida.
É porém no livro Themis
Aurea, hoc est de legibus Fraternitatis R. C., publicado
em Frankfurt, em latim, em 1618[3] – apenas dois anos após
a publicação das Núpcias Químicas
de Christian Rosenkreuz – que Michael Maier investiga, sobretudo,
as grandes leis[4] que regem a transmutação espiritual,
enunciadas sob a forma de seis sinais de adesão, ou «compromissos»,
a que se obrigavam os Irmãos da Rosacruz. «Antes
de mais nada – observa Maier na Themis –
é mais do que razoável supor que qualquer sociedade,
para ser boa, deverá ser governada por leis boas...
Por outro lado, é importante que alguma coisa se diga
acerca do seu número, seis, que muito de perfeição
contém em si (Cap. II). Com efeito, o número
seis associa-se de imediato ao hexaemeron bíblico,
os seis dias da criação, o número mediador
entre o Princípio e a sua Manifestação, além
de simbolizar, enquanto hexagrama, a misteriosa síntese
do fogo []
e da água [].
Estes dois triângulos, entrecruzados, formam o conhecido
Signo – ou Selo – de Salomão, uma estrela de
seis pontas que inclui, além do fogo e da água,
o ar (triângulo do fogo []
truncado pela base do triângulo da água), e a terra
(triângulo da água []
truncado pela base do triângulo do fogo). O todo é
uma verdadeira suma do pensamento hermético, representando
o conjunto dos elementos do Universo.
Hexaemeron
de Euclides
Ken Stange
http://www.kenstange.com/gallery/room-008/
|
|
1
- Bless Intercepting |
2
- Bless Sound |
|
|
3
- Bless The Way The Sea |
4
- Bless The Light |
|
|
5
- Bless The Music |
6
- Bless Fluidity |
Maier
reproduz textualmente aquelas seis leis, tal como vêm listadas
no primeiro Manifesto Rosacruz de 1614, a Fama Fraternitatis:
1. Curar os doentes ou cuidar deles gratuitamente; 2.
Não usar hábito próprio à Fraternidade,
mas, sim e apenas os trajes locais; 3. Apresentar-se
todos os anos no dia C... na Morada do Sanctus Spiritus, ou comunicar
o motivo da ausência; 4. Designar um digno sucessor
em previsão de morte; 5. As letras R. C. serão
o seu selo, insígnia e sigla; 6. A Fraternidade
deve permanecer oculta durante um século.
É interessante notar que
a primeira lei, ou seja, a cura dos enfermos gratuitamente («De
graça recebestes, de graça dai» - Mateus,
10, 8) adquire tanto relevo no espírito de Maier, que este
lhe dedica nada menos de nove capítulos de comentários
na Themis Aurea (capítulos IV a XII), ao passo
que as restantes merecem apenas um capítulo cada uma.
Assim como os Dez Mandamentos da
Antiga Aliança foram sumarizados em dois pelo Cristo do
Novo Testamento («Amarás ao teu Deus
com todo o
teu coração, alma e mente [...], e amarás
ao teu próximo como a ti mesmo» – Mateus,
22, 37-39), também aquelas seis antigas leis foram sumarizadas
em duas pela Nova Escola de Mistérios Rosacruzes: «Curar
os enfermos e pregar o Reino de Deus», tal como Cristo
ordenou aos Seus Apóstolos.
O alquimista rosacruciano dispõe
do Oratório e do Laboratório no seu Templo do Espírito,
para levar a cabo as operações de transmutação.
Por isso se diz, na lei n.º 3, que deve se apresentar todos
os anos no dia C... na Morada do Sanctus Spiritus; ou
seja: no dia do seu Cristo Interno, ou do seu íntimo Natal[5],
deve estar perfeitamente consciente do seu verdadeiro estar no
Templo do Espírito Santo, que é o seu próprio
corpo mortificado, acrisolado, e por fim purificado e transfigurado
(«Não sabeis que o vosso corpo é o Templo
do Espírito Santo, que está em vós?»
- 1 Coríntios, 6, 19).
Do lado do Oratório deve
ter a biblioteca, isto é, a teoria e o alimento mental,
a oração oculta, ou a palavra de razão: o
nous e o logos. Do lado do Laboratório
deve ter os instrumentos da prática, o alambique, as retortas,
os cadinhos, que é como quem diz, as obras do coração
e do serviço desinteressado, inegoísta e amoroso,
ou cordial. E é nesta dupla vertente, mental e cordial,
que a transmutação alquímica do ser humano,
no seu todo, se deve processar.
Como referi há pouco, essa
transmutação abrange os nove estágios do
percurso involutivo-evolutivo do tríplice corpo do ser
humano, da tríplice alma e do tríplice espírito.
No mundo moderno, cava-se uma distância abissal entre a
mente e o coração: a mente prepondera, altamente
evoluída pela ciência, e só se satisfaz com
explicações materialmente demonstráveis,
ao passo que o coração nem sempre encontra meios
para manifestar o seu poder: as suas intuições são
muitas vezes inseguras e erram ao aventurar-se nos mistérios
do ser, que a mente esquadrinha de forma tão redutora quão
aparentemente sólida e exata.
Tanto vale dizer que a «pedra
filosofal» do Conhecimento e da Verdade será
alcançada quando a mente e o coração se unirem
harmoniosamente, aperfeiçoando-se e cooperando mutuamente
até que o ser humano atinja a mais elevada Gnosis
e a mais elevada Sophia, isto é, até que
esteja em condições de viver a Vida Religiosa em
plenitude. Esta operação é descrita pelo
rosacruciano Max Heindel (1865-1919) no seu livro clássico
The Rosicrucian Cosmo-Conception [6]:, e a ênfase
que Michael Maier coloca, na Themis Aurea, na eficácia
alquímica das energias «curativas»
trabalhadas discreta mas sabiamente «no oculto»[7],
ensina-nos que a «panacéia»[8], mais
do que um bálsamo físico, ainda que envolto em uma
teia de simbolismos, é um Mistério sagrado que o
Adepto deverá saber buscar no mais completo despojamento
de si:
Embora
os Irmãos [da Rosacruz] possuam as medicinas mais eficazes
do mundo, não se vangloriam disso, antes as escondem;
talvez os seus pós contenham cinábrio ou alguma
outra matéria ligeirísima, mas produzem, seguramente,
mais efeito do que se pode imaginar. Possuem a Phalaia bem como
a Asa de Basílio, o Nepenthes que afasta as mágoas
e os pesares de Homero e do Trimegisto, o unguento de ouro,
a fonte de Júpiter Hammon, que é quente de noite,
fria ao meio-dia, e tépida ao nascer e ao pôr do
Sol. Desdenham lucros e proveitos e não são seduzidos
por altos cargos nem por honrarias; nem desejam, de nenhum modo,
evidenciar-se [...]; submetem-se tranqüilamente à
proteção divina, não se exibem nem se escondem,
mas exercem a sua atividade em silêncio (Michael
Maier, Themis Aurea, cap. VI).
Com efeito ... é pela
Alquimia Espiritual que construiremos o templo do Espírito
e conquistaremos o pó donde viemos, qualificando-nos como
verdadeiros Mestres Maçons preparados para trabalhar em
esferas mais elevadas (Max Heindel, Occult Principles
of Health and Healing, Oceanside, 1938).
Em suma, há-de ser dentro
de nós próprios que teremos de descobrir, desbravar
e percorrer o Caminho da Salvação, e não
apenas nesta ou naquela prática, neste ou naquele ritual,
neste ou naquele livro por muito sublime e englobante que seja,
ainda que se trate do livro dos livros, porque a letra só
brilha para quem já preparou os olhos capazes de suportar
o brilho da Luz «que já existe e que é
tão bela».
Como dizia Florentinus de Valentia: «O
Livro que contém todos os outros está em ti, e em
todos os homens».
___________
Notas
[1]
A grafia atual é «Rosenkreuz», com k e não
com c.
[2]
Segundo a lenda, a virgem Atalanta era muito veloz a correr e,
por fidelidade à deusa Ártemis, decidira casar-se
apenas com o homem que conseguisse vencê-la na corrida,
jurando que mataria os pretendentes a quem vencesse, o que foi
o caso de muitos. Graças ao ardil de lhe ir lançando
à frente uns frutos de ouro que trouxera do Jardim das
Hespérides, Hipómenes venceu-a porque ela se atrasava
a apanhá-los. Atalanta submeteu-se ao prometido, e aceitou
casar com Hipómenes.
[3]
Existe uma edição moderna da Philosophical Research
Society, Los Angeles 1976, que reproduz, em fac-simile integral,
a primeira tradução editada em língua inglesa:
Michael Maier, Themis Aurea - Laws of the Fraternity of the
Rosie Crosse, N. Brooke, Cornhill, 1656 (tradutor anônimo).
[4]
Segundo Hesíodo (Teogonia, v. 135 e vv. 901-906),
Témis, filha de Urano e de Gaia, é a deusa das Leis
Eternas, sendo, por sua vez, mãe das Horas, da Boa-Lei
(Eunomia), da Justiça, da Paz e das três
Moiras.
[5]
O «nascimento do Cristo interno» é a aspiração
maior do cristão místico. Os primitivos cristãos
saudavam-se: «Que o Cristo nasça em ti!».
É o equivalente, de certo modo, ao samâdhi
do Hinduísmo ou o satori do Budismo Zen.
[6]
Cf. Max Heindel, The Rosicrucian Cosmo-Conception (1909),
The Rosicrucian Fellowship, 28ª edição, Oceanside,
1977: «Alchemy and Soul- Growth», pp. 421-425.
[7]
«Tu porém quando rezares, entra no teu quarto,
e, de porta fechada, reza a teu Pai que está no oculto;
e o teu Pai, que vê no oculto, te corresponderá»
(Mateus, 6, 6).
[8]
Este termo deriva do nome da deusa da cura universal por meio
de plantas, Panacéia, filha de Asclépios, o deus
da Medicina.
Fonte:
http://paginasesotericas.tripod.com/alquimia_espiritual.htm
http://paginasesotericas.tripod.com/index.htm
(*)
Antonio de Macedo, de Portugal, é Rosacruz, Alquimista,
Ocultista, escritor e cineasta.
|
|
Aponte
o mouse
para a menina-moça. |
|
|
|
CINCO PALAVRAS...
TE-TRA-GRAM-MA-TON
CINCO SÍLABAS...
CINCO PONTAS...
CATORZE LETRAS...
14 = 1 + 4 = 5
HE
5 — 50 — 500
HE — NUN — KaPh (final)
HE
KaPh
5
11
(Aguarde a animação se completar)
|