THEODOR ADORNO – Pensamentos

 

 

 

Theodor Adorno

Theodor Adorno

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo é uma coletânea de pensamentos de Theodor Adorno, filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão de origem judaica – um dos expoentes da Escola de Frankfurt (Escola de teoria social interdisciplinar neo-marxista, particularmente associada com o Instituto para Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt).

 

 

 

Breve Nota Biográfica

 

 

 

Theodor Adorno

 

 

Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno ou simplesmente Theodor Adorno (Frankfurt am Main, 11 de setembro de 1903 – Visp, 6 de agosto de 1969) foi um filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão. É um dos expoentes da chamada Escola de Frankfurt, juntamente com Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Jürgen Habermas e outros.

 

A Filosofia de Theodor Adorno, considerada uma das mais complexas do século XX, fundamenta-se na perspectiva da Dialética. Uma das suas importantes obras, a Dialética do Esclarecimento, escrita em colaboração com Max Horkheimer durante a guerra, é uma crítica da razão instrumental, conceito fundamental deste último filósofo, ou, o que seria o mesmo, uma crítica, fundada em uma interpretação negativa do Iluminismo, de uma civilização técnica e da lógica cultural do sistema capitalista (que Adorno chama de indústria cultural). É também uma crítica à sociedade de mercado que não persegue outro fim que não o do progresso técnico.

 

Criticando a práxis brutal da sobrevivência, a obra de arte, para Adorno, apresenta-se, socialmente, como antítese da sociedade, cujas antinomias e antagonismos nela reaparecem como problemas internos de sua forma. Por outro lado, entre autor, obra e público, a obra adquire prioridade epistemológica, afirmando-se como ente autônomo. Este duplo caráter se vincula à própria Natureza desdobrada da arte, que se constitui como aparência. Ela é aparência por sua diferença em relação à realidade, pelo caráter aparente da realidade que pretende retratar, pelo caráter aparente do espírito do qual ela é uma manifestação; a arte é, até mesmo, aparência de si própria na medida em que pretende ser o que não pode ser: algo perfeito em um mundo imperfeito, por se apresentar como um ente definitivo, quando na verdade é algo feito e tornado como é.

 

Na sua obra, Adorno defendeu a necessidade de uma teoria crítica, negando as correntes de pensamento que contribuíram para perpetuar as forças de dominação do homem. Foi também uma importante referência de movimentos e de pensadores de esquerda de matriz antitotalitária.

 

 

 

Pensamentos Adornianos

 

 

 

O ser humano se estabelece na imitação: um homem se torna um homem apenas imitando outros homens.

 

A tentativa de superar a barbárie é decisiva para a sobrevivência da Humanidade.

 

O horror está além do alcance da Psicologia.

 

O Horror da Indiferença

 

Existe um critério quase infalível para determinar se um homem é realmente teu amigo: o modo como refere opiniões hostis ou descorteses a teu respeito.

 

O amor é a capacidade de perceber o semelhante no dessemelhante.

 

A pressa, o nervosismo e a instabilidade observados desde o surgimento das grandes cidades, alastram-se nos dias de hoje de uma forma tão epidêmica quanto outrora foram a peste e a cólera. Neste processo, se manifestam forças das quais os passantes apressados do século XIX não eram capazes de fazer a menor idéia. Todas as pessoas têm necessariamente algum projeto. O tempo de lazer exige que se o esgote. Ele é planejado, utilizado para que se empreenda alguma coisa, preenchido com vistas a toda espécie de espetáculo ou, ainda, apenas, com locomoções tão rápidas quanto possível. A sombra de tudo isto cai sobre o trabalho intelectual. Este é realizado com má consciência, como se tivesse sido roubado a alguma ocupação urgente, ainda que meramente imaginária. A fim de se justificar perante si mesmo, ele se dá ares de uma agitação febril, de um grande afã, de uma empresa que opera a todo vapor devido à urgência do tempo e para a qual toda a reflexão – isto é, ele mesmo – é um estorvo. Com freqüência, tudo se passa como se os intelectuais reservassem para a sua própria produção precisamente apenas aquelas horas que sobram das suas obrigações, saídas, compromissos e divertimentos inevitáveis.

 

Serás amado apenas quando puderes mostrar a tua fraqueza, sem provocar nenhuma força.

 

A arte é a magia libertada da mentira de ser verdadeira.

 

Um alemão é alguém que não pode dizer uma mentira sem que ele mesmo acredite.

 

A tarefa atual da arte é introduzir o caos na ordem.

 

Conselho ao intelectual: não deixes que te representem. A fungibilidade [que se gasta, que se consome após o uso] das obras e das pessoas e a crença daí derivada de que todos têm de poder fazer tudo, se revelam no seio do estado vigente como grilhões. O ideal igualitário da representatividade é uma fraude, se não for sustentado pelo princípio da revogabilidade e da responsabilidade do 'rank and file' [das massas, do grande público]. O mais poderoso é justamente o que menos faz, o que mais se pode encarregar daquele a que se dedica e sua vantagem arrecada. Parece coletivismo, e se fica apenas pela demasiado boa opinião de si mesmo, pela exclusão do trabalho, graças à disposição do trabalho alheio. Na produção material está solidamente implantada a substituibilidade. A quantificação dos processos laborais diminui tendencialmente a diferença entre o encargo do diretor-geral e o do empregado de uma estação de serviço. É uma ideologia miserável pensar que, nas atuais condições, para a administração de um truste se requer mais inteligência, experiência e preparação do que para ler um manômetro. Mas, enquanto na produção material há um apego tenaz a esta ideologia, o espírito da que lhe é contrária cai na submissão. Tal é a cada vez mais ruinosa doutrina da 'universitas litterarum', da igualdade de todos na república das ciências, que não só faz de cada um controlador do outro, mas, além disto, deve capacitá-lo para fazer igualmente bem o que o outro faz. A substituibilidade submete as idéias ao mesmo processo que a troca das coisas. É excluído o incomensurável. Mas, como o pensamento tem, antes de mais, de criticar a onímoda comensurabilidade, derivada da relação de troca, volta-se então, enquanto relação produtiva espiritual, contra a força produtiva. No plano material, a substituibilidade é o já possível, e a insubstituibilidade é o pretexto que a impede; na teoria, à qual cabe compreender esse 'quid pro quo', a substituibilidade ajuda o aparelho a se prolongar ainda até onde reside a sua oposição objetiva. Só a insubstituibilidade poderia contrabalançar a inserção do espírito na área do emprego. A exigência, admitida como evidente, de que toda a realização espiritual se deve deixar dominar por qualquer membro qualificado da organização faz do mais obtuso técnico científico a medida do espírito: onde iria ele buscar a capacidade para a crítica da sua própria tecnificação? A Economia suscita, assim, a nivelação do que, em seguida, se indigna com o gesto do 'agarra, que é ladrão!' A demanda da individualidade tem de se projetar de forma nova na época da sua liquidação. Quando o indivíduo, como todos os processos individualistas de produção, surge historicamente antiquado e na retaguarda da técnica, chega-lhe de novo, enquanto sentenciado, o momento de dizer a verdade perante o vencedor. Pois, só ele conserva, de um modo geralmente distorcido, o vestígio de aquilo que concede o seu direito a toda a tecnificação, e de que esta elimina, ao mesmo tempo, a consciência.

 

Aquele que amadurece cedo vive antecipadamente.

 

De homens muito maus não se pode nem mesmo imaginar que morram.

 

A decadência da oferta se espelha na penosa invenção dos artigos para presente, que já pressupõem o fato de não se saber o que presentear porque, na verdade, não se tem nenhuma vontade de fazê-lo.

 

Liberdade não é poder escolher entre preto e branco, mas, sim, abominar estes tipos de propostas de escolha.

 

 

 

A inteligência é uma categoria moral.

 

As relações privadas entre os homens se formam, parece, segundo o modelo do 'bottleneck' industrial [gargalo de garrafa industrial]. Até na mais reduzida comunidade, o nível obedece ao do mais subalterno dos seus membros. Assim, quem na conversação fala de coisas fora do alcance de um só que seja comete uma falta de tato. O diálogo se limita, por motivos de humanidade, ao mais chão, ao mais monótono e banal, quando na presença de um só 'inumano'. Desde que o mundo emudeceu o homem, tem razão o incapaz de argumentar. Não necessita mais do que ser pertinaz no seu interesse e na sua condição para prevalecer. Basta que o outro, em um vão esforço para estabelecer contato, adote um tom argumentativo ou panfletário para se transformar na parte mais débil. Visto que o 'bottleneck' não conhece nenhuma instância que vá além do factual, quando o pensamento e o discurso remetem forçosamente para semelhante instância, a inteligência se torna ingenuidade, e isto até os imbecis entendem. A conjura pelo positivo atua como uma força gravitória, que tudo atrai para baixo. Mostra-se superior ao movimento que se lhe opõe, quando com ele já não entra em debate. O diferenciado que não quer passar inadvertido persiste em uma atitude estrita de consideração para com todos os desconsiderados. Estes já não precisam sentir nenhuma intranqüilidade na consciência. A debilidade espiritual, confirmada como princípio universal, surge como força de vida. O expediente formalístico-administrativo, a separação em compartimentos de tudo quanto pelo seu sentido é inseparável, a insistência fanática da opinião pessoal na ausência de qualquer fundamento, a prática, em suma, de reificar [encarar (algo abstrato) como uma coisa material ou concreta] todo o traço da frustrada formação do eu, de se subtrair ao processo da experiência e de afirmar o 'sou assim' como algo definitivo, é suficiente para conquistar posições inexpugnáveis. Podemos estar seguros do acordo dos outros, igualmente deformados, como da vantagem própria. Na cínica reivindicação do defeito pessoal pulsa a suspeita de que o espírito objetivo, no estágio atual, liquida o subjetivo. Estão 'down to earth' [realistas] como os antepassados zoológicos, antes de se alçarem sobre as patas traseiras.

 

 

 

 

A vida se tornou a ideologia da sua própria ausência.

 

Normalidade significa Morte.

 

Não existe nenhum amor que não seja um eco.1

 

Com a felicidade acontece o mesmo que com a verdade: não a possuímos, mas estamos nela. Sim, a felicidade não é mais do que o estar envolvido, reflexo da segurança do seio materno. Por isto, nenhum ser feliz pode saber que o é.2 Para ver a felicidade, teria de dela sair: seria, então, como um recém-nascido. Quem diz que é feliz mente, na medida em que jura, e peca, assim, contra a felicidade. Só lhe é fiel quem diz: fui feliz. A única relação da consciência com a felicidade é o agradecimento: tal constitui a sua incomparável dignidade.

 

A avalanche de informações minuciosas e de diversões variadas corrompe e entontece simultaneamente.

 

Aquele que se mantém distanciado das realidades que o cercam corre o risco de se acreditar melhor do que outros, e, geralmente, critica a sociedade por interesses particulares.

 

Aquele que morre em desespero viveu toda a sua vida em vão.

 

O pensamento dialético é uma tentativa de romper a lógica de coerção pelos seus próprios meios.

 

 

 

O escritor se organiza no seu texto como em sua casa. Comporta-se nos seus pensamentos como faz com os seus papéis, livros, lápis e tapetes, que leva de um quarto para o outro, produzindo uma certa desordem. Para ele, tornam-se peças de mobiliário em que se acomoda, com gosto ou desprazer. Acaricia-os com delicadeza, serve-se deles, revira-os, muda-os de sítio, desfá-los. Quem já não tem nenhuma pátria, encontra no escrever a sua habitação. E aí produz, como outrora a família, desperdícios e lixo. Mas, já não dispõe de desvão e é-lhe muitíssimo difícil se livrar da escória. Por isto, ao tirá-la da sua frente, corre o risco de acabar por encher com ela as suas páginas. A exigência de resistir à autocompaixão inclui a exigência técnica de defrontar com extrema atenção o relaxamento da tensão intelectual e de eliminar tudo quanto tenda a se fixar como uma crosta no trabalho, tudo o que decorre no vazio, o que, talvez, suscitasse, em um estádio anterior, como palavreado, a calorosa atmosfera em que emerge, mas, agora, permanece bafiento e insípido. Por fim, já nem sequer é permitido ao escritor habitar nos seus escritos.

 

A arte só consegue se opor ao se identificar com aquilo contra o qual ela se insurge.

 

Não há dúvida de que a História da Música é uma progressiva racionalização. Não obstante, a racionalização é apenas um de seus aspectos sociais, assim como a racionalidade ela própria. Aufklärung [Esclarecimento, Iluminismo] é apenas um momento da História da sociedade, que permanece irracional, presa ainda a formas 'naturais'. No interior da evolução total de que participou através da progressiva racionalidade, a música foi também, e sempre, a voz do que ficara para trás no caminho desta racionalidade ou do que fora vítima.

 

Aquilo que é qualitativamente contrário ao conceito é difícil de se conceitualizar; a forma na qual algo pode ser pensado não é indiferente em relação ao objeto do pensamento.

 

É específico à música que seu caráter enigmático seja enfatizado pela sua distância em relação à determinação visual ou conceitual do mundo dos objetos.

 

A semiformação é o espírito conquistado pelo caráter de fetiche da mercadoria.

 

O entendido e o experimentado medianamente (semi-entendido e semi-experimentado) não representam um processo de formação incompleto, mas, sim, um inimigo letal deste processo, visto que, os elementos inassimilados fortalecem a reificação da consciência que deveria justamente ser extirpada pela formação.

 

A consciência coisificada, que se entende mal a si mesma como se fosse Natureza, é ingênua: toma a si mesma – algo que veio a ser e que é completamente mediado em si – como se fosse, conforme expressão de Husserl, a esfera do ser das origens absolutas, e àquilo que ela arma diante dela como sendo a coisa tão ansiada.

 

O princípio da Estética Idealista, a finalidade sem-fim, é a inversão do esquema a que obedece socialmente a arte burguesa: a falta de finalidade para os fins determinados pelo mercado.

 

A arte incorpora algo como liberdade no seio da não-liberdade. O fato de, por sua própria existência, desviar-se do caminho da dominação, a coloca como parceira de uma promessa de felicidade, que ela, de certa maneira, expressa em meio ao desespero.

 

Com a difusão da Economia mercantil burguesa, o horizonte sombrio do mito é aclarado pelo sol da razão calculadora, sob cujos raios gelados amadurece a sementeira da nova barbárie.

 

Como pode um mundo tão desenvolvido cientificamente apresentar tanta miséria? Este é o problema central: o confronto com as formas sociais que se sobrepõem às soluções racionais. Assim como o desenvolvimento científico não conduz necessariamente à emancipação, por se encontrar vinculado à uma determinada formação social, também acontece com o desenvolvimento no plano educacional. Como pôde um país tão culto e educado como a Alemanha de Goethe desembocar na barbárie nazista de Hitler?

 

A liberdade, a autonomia e a maioridade é o processo – que Freud denominou de desenvolvimento normal – pelo qual a criança, em geral, se identifica com a figura do pai, portanto, como uma autoridade, interiorizando-a, apropriando-a, para, então, ficar sabendo, por um processo sempre muito doloroso e marcante, que o pai, a figura paterna, não corresponde ao ideal que dele apreendeu, libertando-se, assim, do mesmo, e se tornando, precisamente, por esta via, em um ser emancipado.

 

A educação seria impotente e ideológica se ignorasse o objetivo de adaptação e não preparasse os homens para se orientarem no mundo.

 

Qualquer debate acerca das metas educacionais carece de significado e importância frente a esta meta: que Auschwitz não se repita. Ela foi a barbárie contra a qual se dirige toda a educação. Fala-se da ameaça de uma regressão à barbárie. Mas, não se trata de uma ameaça, pois Auschwitz foi a regressão; a barbárie continuará existindo enquanto persistirem no que têm de fundamental as condições que geram esta regressão.

 

 

 

 

O problema que se impõe é saber se por meio da educação podemos transformar algo de decisivo em relação à barbárie. Entendo por barbárie algo muito simples, ou seja, que, estando na civilização do mais alto desenvolvimento tecnológico, as pessoas se encontrem atrasadas de um modo disforme em relação a sua própria civilização, e não apenas por não terem em sua arrasadora maioria experimentado a formação nos termos correspondentes ao conceito de civilização, mas também por se encontrarem tomadas por uma agressividade primitiva, um ódio primitivo, ou, na terminologia culta, um impulso de destruição, que contribui para aumentar ainda mais o perigo de que toda esta civilização venha a explodir – aliás, uma tendência imanente que a caracteriza.

 

Assaz difícil é decidir o que seja objetivamente a verdade,3 mas, no trato com os homens, não há que se deixar aterrorizar por isto. Existem critérios que para o primeiro são suficientes. Um dos mais seguros consiste em objetar a alguém que uma asserção sua é 'demasiado subjetiva'. Se se utilizar aquela indignação em que ressoa a furiosa harmonia de todas as pessoas sensatas, então, há motivo para se ficar alguns instantes em paz consigo. Os conceitos de subjetivo e objetivo se inverteram por completo. Diz-se objetiva a parte incontroversa do fenômeno, a sua efígie inquestionavelmente aceite, a fachada composta de dados classificados, portanto, o subjetivo; e denomina-se subjetivo o que tal desmorona, acede à experiência específica da coisa, se livra das opiniões convencionais a seu respeito e instaura a relação com o objeto em substituição da decisão majoritária daqueles que nem sequer chegam a intuí-lo, e menos ainda a pensá-lo – logo, o objetivo. A futilidade da objeção formal da relatividade subjetiva patenteia-se no seu próprio terreno, o dos juízos estéticos. Quem, alguma vez, pela força da sua precisa reação em face da seriedade da disciplina de uma obra artística, se submete à sua lei formal imanente, à coerção da sua configuração, vê se desvanecer a prevenção do meramente subjetivo da sua experiência como uma mísera ilusão, e cada passo que dá, graças à sua inervação extremamente subjetiva, para se adentrar na obra, tem uma força objetiva incomparavelmente muito maior do que as grandes e consagradas conceptualizações acerca de, por exemplo, do 'estilo', cuja pretensão científica se impõe à custa de tal experiência. Isto é duplamente verdadeiro na era do Positivismo e da indústria cultural, cuja objetividade é calculada pelos sujeitos que a organizam. Perante esta, a razão refugiou-se toda, e sem janelas, nas idiossincrasias, acusadas de arbitrariedade pela arbitrariedade dos poderosos, porque eles querem a impotência dos sujeitos, em virtude da angústia frente à objetividade que só em tais sujeitos se encontra preservada. (Grifo meu).

 

A reflexão pode servir tanto à dominação cega como ao seu oposto. As reflexões precisam, portanto, ser transparentes em sua finalidade humana.

 

No fundo, a competição é um princípio contrário a uma educação humana.

 

Já nada há de inofensivo. As pequenas alegrias e as manifestações da vida que parecem isentas da responsabilidade do pensamento não só têm um momento de obstinada estupidez, de autocegueira insensível, mas, entram, também, imediatamente a serviço da sua extrema oposição. Até a árvore que floresce mente no instante em que se percepciona o seu florescer sem a sombra do espanto; até o 'como é belo!' inocente se converte em desculpa da afronta da vida, que é diferente, e já não há beleza nem consolação alguma, exceto no olhar que, ao se virar para o horror, o defronta e, na consciência não atenuada da negatividade, afirma a possibilidade do melhor. É aconselhável a desconfiança perante todo o lhano, o espontâneo, em face de todo o deixa-andar que encerre docilidade frente à prepotência do existente. O malevolente subsentido do conforto, que outrora se limitava ao brinde da jovialidade, já há muito adquiriu sentimentos mais amistosos. O diálogo ocasional com o homem no metrô, que, para não desembocar em disputa, consente apenas em umas quantas frases, a cujo respeito se sabe que não terminarão em homicídio, é já um elemento delator; nenhum pensamento é imune à sua comunicação, e basta já expressá-lo em um falso lugar e num falso acordo para minar a sua verdade. De cada ida ao cinema volto, em plena consciência, mais estúpido e depravado. A própria sociabilidade é participação na injustiça, porquanto dá a um mundo frio a aparência de um mundo em que ainda se pode dialogar, e a palavra solta, cortês, contribui para perpetuar o silêncio, pois, pelas concessões feitas ao endereçado, este é ainda humilhado na mente do falante. O funesto princípio que reside na condescendência desdobra-se no espírito igualitário em toda a sua bestialidade. A condescendência e o não se ter em grande monta são a mesma coisa. Pela adaptação à debilidade dos oprimidos, confirma-se, em tal fraqueza, o pressuposto da dominação, e revela-se a medida da descortesia, da insensibilidade e da violência de que se necessita para o exercício da dominação. Se, na mais recente fase, decai o gesto da condescendência e se torna visível apenas a igualação, então, tanto mais irreconciliavelmente se impõe em tão perfeito obscurecimento do poder a negada relação de classe. Para o intelectual, a solidão inviolável é a única forma em que ainda se pode verificar a solidariedade. Toda a participação, toda a humanidade do trato e da partilha são simples máscara da tácita aceitação do inumano. Há que se tornar consonante com o sofrimento dos homens: o menor passo para o seu contentamento é ainda um passo para o endurecimento do sofrimento.

 

A intimidade entre as pessoas é indulgência e tolerância – reduto das singularidades pessoais.

 

O anti-semitismo burguês tem um específico fundamento econômico: o disfarce do domínio como de produção.

 

O anti-semitismo é o boato sobre os judeus.

 

Nos homens, a alienação se reflete essencialmente no fato de que as distâncias desaparecem.

 

O Fascismo é totalitário, inclusive no fato de que tenta estimular a rebelião dos oprimidos contra o domínio, mas diretamente a serviço deste último.

 

O poder magnético que sobre os homens exercem as ideologias, embora já se lhes tenham tornado decrépitas, explica-se, para lá da Psicologia, pelo derrube objetivamente determinado da evidência lógica como tal. Chegou-se ao ponto em que a mentira soa como verdade, e a verdade como mentira. Cada expressão, cada notícia e cada pensamento estão pré-formados pelos centros da indústria cultural. O que não traz o vestígio familiar de tal pré-formação é, de antemão, indigno de crédito, e tanto mais quanto as instituições da opinião pública acompanham o que delas sai com mil dados factuais e com todas as provas de que a manipulação total pode dispor. A verdade que intenta se opor não tem apenas o caráter de inverossimilhança, mas é, além disto, demasiado pobre para entrar em concorrência com o altamente concentrado aparelho da difusão.

 

 

 

 

Com a ajuda do cinema, das 'soap operas' [telenovelas] e do estar ligado, a Psicologia profunda penetrou nos últimos rincões e a cultura organizada cortou aos homens o acesso à derradeira possibilidade da experiência de si mesmo. E o esclarecimento já pronto transformou não só a reflexão espontânea, mas o discernimento analítico, cuja força é igual à energia e ao sofrimento com que eles são obtidos, em produtos de massas, e os dolorosos segredos da história individual, que o método ortodoxo se inclina já a reduzir, a fórmulas, em vulgares convenções. Até a própria dissolução das racionalizações se tornou racionalização. Em vez de realizar o trabalho de autognose, os endoutrinados adquiriram a capacidade de subsumir todos os conflitos em conceitos como complexo de inferioridade, dependência materna, extroversão e introversão, que, no fundo, são pouco menos do que incompreensíveis. O horror em face ao abismo do eu foi eliminado mediante a consciência de que não se trata mais do que uma artrite ou de uma alergia. Os conflitos perderam, assim, o seu aspecto ameaçador. São aceites; não sanados, mas encaixados somente na superfície da vida normalizada como seu ingrediente inevitável. São, ao mesmo tempo, absorvidos como um mal universal pelo mecanismo da imediata identificação do indivíduo com a instância social; tal mecanismo, já há muito, definiu as condutas pretensamente normais. Em vez da catarse, cujo êxito é, de qualquer modo, duvidoso,4 surgiu a conquista do prazer de até na própria debilidade ser um exemplar da maioria, e conseguir, assim, não tanto como outrora, os internados nos sanatórios, o prestígio do interessante estado patológico, quanto, justamente em virtude daquelas deficiências, de se mostrar como nela integrado e transferir para si o poder e a grandeza do coletivo. O narcisismo [característica de uma personalidade que sente paixão por si mesma], que com a decadência do eu ficou privado do seu objeto libidinal, foi substituído pelo prazer masoquista de não mais ser um eu, e a geração ascendente vela pela sua ausência de eu com mais zelo do que por algum dos seus bens, como se fosse uma posse comum e duradoura.

 

A esperança está, primordialmentete, naqueles que não encontram consolo.

 

Porque, até agora, o pensamento tem sido desvirtuado na resolução dos problemas a ele atribuídos, até mesmo o que não lhe é atribuído é processado como se fosse um problema.

 

Tudo o que sempre foi denominado de arte popular sempre refletiu dominação.

 

A felicidade está obsoleta: não é rentável.

 

A visão da vida se tornou uma ideologia que criou a ilusão de que não há Vida.

 

Em toda parte, os mais atingidos são aqueles que não têm escolha.

 

A tarefa quase insolúvel é não deixar que o poder dos outros e a nossa própria impotência nos estupidifique.

 

Um lápis e uma borracha são mais úteis ao pensamento do que um batalhão de assessores.

 

 

 

 

A imoralidade da mentira não consiste na violação da sacrossanta verdade. Ao fim e ao cabo, tem direito de a invocar uma sociedade que induz os seus membros compulsivos a falar com franqueza para, logo a seguir, tanto mais seguramente os poder surpreender. À universal verdade não convém permanecer na verdade particular, que imediatamente se transforma na sua contrária. Apesar de tudo, à mentira é inerente algo repugnante cuja consciência submete alguém ao açoite do antigo látego, mas que, ao mesmo tempo, diz algo acerca do carcereiro. O erro reside na excessiva sinceridade. Quem mente se envergonha, porque em cada mentira deve experimentar o indigno da organização do mundo, que o obriga a mentir, se ele quiser viver, e ainda lhe canta: 'Age sempre com lealdade e retidão'. Tal vergonha rouba a força às mentiras dos mais sutilmente organizados. Elas confundem; por isto, a mentira só no outro se torna imoralidade como tal. Toma este por estúpido e serve de expressão à irresponsabilidade. Entre os insidiosos práticos de hoje, a mentira já há muito perdeu a sua honrosa função de enganar acerca do real. Ninguém acredita em ninguém, todos sabem a resposta. Mente-se só para dar a entender ao outro que a alguém nada nele importa, que dele não se necessita, que lhe é indiferente o que ele pensa acerca de alguém. A mentira, que foi outrora um meio liberal de comunicação, transformou-se hoje em uma das técnicas da insolência, graças à qual cada indivíduo estende à sua volta a frieza, e sob cuja proteção pode prosperar.

 

Tato [sutileza e sensibilidade] é a discriminação de diferenças. Ele consiste em desvios conscientes.

 

Aquele que tem o sorriso [a alegria] do seu lado não tem nenhuma necessidade de prova.

 

Se tempo é dinheiro, parece moral poupar tempo...

 

Uma sociedade emancipada não é um Estado unitário, mas aquela que realiza a universalidade pela reconciliação das diferenças.

 

Toda sátira [maledicência] é cega.

 

Os indivíduos são completamente anulados frente aos poderes econômicos.

 

O significado dos emblemas fascistas, da disciplina ritual, dos uniformes e de todo o aparato supostamente irracional é possibilitar o comportamento mimético.

 

 

 

 

A definição de Novalis segundo a qual toda filosofia é nostalgia só é correta se a nostalgia não se resolve no fantasma de um antiqüíssimo estado perdido, mas representa a pátria, a própria Natureza, como algo de extraído ao mito. A pátria é o estado de quem escapou.

 

A razão contém, enquanto ego transcendental supra-individual, a idéia de uma convivência baseada na liberdade, na qual os homens se organizem como um sujeito universal e superem o conflito entre a razão pura e a empírica na solidariedade consciente do todo. A idéia desse convívio representa a verdadeira universalidade – a Utopia.

 

A verdadeira natureza do Esquematismo5 acaba por se revelar na ciência atual como o interesse da sociedade industrial. O ser é intuído sob o aspecto da manipulação e da administração. Tudo, inclusive o indivíduo humano, para não falar do animal, se converte em um processo reiterável e substituível, mero exemplo para os modelos conceituais do sistema.

 

A ciência – ela própria – não tem consciência de si; ela é um instrumento, enquanto o esclarecimento é a filosofia que identifica a verdade com o sistema científico.

 

Toda burrice6 parcial de uma pessoa designa um lugar em que o jogo dos músculos foi, em vez de favorecido, inibido no momento do despertar.

 

Uma vida inconseqüente, ilógica e contraditória não pode ser vivida corretamente.

 

Cada obra de arte é um crime não confirmado.7

 

Quem se adapta [se submete] está perdido.

 

Para um homem que não tem uma pátria, escrever se torna um lugar para viver.

 

Na concepção abstrata do erro universal, toda a responsabilidade concreta desaparece.

 

Seitas insanas crescem no mesmo ritmo das grandes organizações. É o ritmo da destruição total.

 

Na Psicanálise8 nada é verdadeiro, exceto os exageros.

 

A modernidade é qualitativa, não uma categoria cronológica.

 

Não há emancipação [pessoal] sem emancipação da sociedade.

 

Nenhum mal vem ao homem de fora.9

 

A linguagem proletária é ditada pela fome. Os pobres mastigam as palavras para preencher suas barrigas.

 

 

 

 

Primeiro e único da ética sexual: o acusador está sempre errado.10

 

Os deuses olham com prazer para os pecadores arrependidos.

 

A piada do nosso tempo é o suicídio de intenção.

 

O específico não é exclusivo: falta-lhe a aspiração à totalidade.

 

A lasca em seu olho é a melhor lente de aumento.

 

Pensar não significa mais do que verificar a cada momento se é possível realmente pensar.

 

Dizer 'nós' significando 'eu' é um dos insultos mais recônditos.

 

O talento, talvez, nada mais seja do que a fúria sublimada de um modo feliz.

 

' Como eu poderia amar o bem, se não odiasse o mal?' (Johan August Strindberg, apud Adorno).

 

Mas a Terra, totalmente esclarecida, resplandece sob o signo de uma calamidade triunfal.

 

 

 

Pode Ir Parando Já

 

 

 

Pode parar com a insistência;

eu só ouço minha consciência.

Não desperdice seu ramerrame;

refinei o tempo broco do arame.

 

Ninguém faz a minha cabeça;

para isto, eu me esforcei à beça.

Sou o meu Rei e o meu Senhor;

eu sou um instrumento do Amor.

 

Mas, se você abrir seu postigo,

se lhe convier, poderá vir comigo.

Onde estou indo, cabe mais um.

Afinal, somos ou não todos um?

 

 

 

O Arame da Existência


 

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Notas:

1. Sim, o Amor é um Eco – um Eco do Deus de nossos Corações.

2. É aquela velha estória: só costumamos dar valor às coisas quando as perdemos.

3. Se considerarmos que a verdade absoluta é algo impossível de ser alcançado, então, todas as verdades que reconhecemos como tais são relativas. Logo, torna-se irrelevante decidir o que seja objetivamente a verdade. Só interiormente conheceremos a resposta para as nossas dúvidas, que vão sendo atualizadas à medida que progredi(r)mos intelectual e espiritualmente.

4. Não compartilho da idéia que o êxito da catarse (do grego, ) seja duvidoso. Poderá ser incompleto, mas, duvidoso jamais. Segundo Aristóteles (Estagira, 384 a.C. – Atenas, 322 a.C.), a catarse refere-se à purificação das almas por meio de uma descarga emocional provocada por um drama. Ainda segundo o filósofo grego, se um homem bom passar da má para a boa fortuna, nós não sentiremos terror; se um homem bom passar da boa para a má fortuna, nós ficaremos com pena; se um homem mau passar da boa para a má fortuna, nós nos sentiremos felizes; e, se um homem mau passar da má para a boa fortuna, nós sentiremos repugnância. Sob a ótica da Psicologia, resumidamente, catarse é experimentar a liberdade em relação a alguma situação opressora, tanto as psicológicas quanto as quotidianas, através de uma resolução que se apresente de forma efetiva o suficiente para que tal ocorra. Enfim, quem não quer experimentar a liberdade?

5. O Esquematismo é uma forma de representar objetos reais com um estilo caracterizado pelo uso de traços simbólicos e simplificados que não pretendem ser realistas. O desenho resultante, usualmente, omite detalhes irrelevantes para a informação que interessa ressaltar, sendo os elementos reduzidos a diagramas arbitrários ou convencionais que tangenciam a abstração, e que, apesar disto, são facilmente acessíveis para a compreensão humana. Um exemplo de Esquematismo são as fórmulas químicas utilizadas na Química Orgânica e na Química Inorgânica.

 

Átomo de Hélio (2He4)

 

6. Creio que burrice, propriamente, não exista. O que existe, isto sim, é maior ou menor ignorância das coisas. E, por ignorância, todos nós fazemos, como costuma ser dito, burrices. Seja como for, todos nós temos dificuldade em apre(e)nder as coisas; maior ou menor, uns mais, outros menos. E assim, não é todo mundo que consegue compreender que tanto a verdade quanto o tempo são relativos. Da mesma forma que não há uma verdade única para todos os seres, uma verdade absoluta e incontestável, não há um tempo único para todas as coisas, um tempo absoluto, newtoniano, equivalente e uniforme. Na verdade, nem se deve pensar no tempo como uma coisa isolada, autônoma, mas, sim, em espaço-tempo – uma entidade geométrica unificada, consistindo de uma variedade diferenciável de quatro dimensões (coordenadas), sendo três espaciais e uma temporal (a quarta dimensão). Enfim, pense nisto: se o Universo é o que é, ou seja, é o que sempre foi e o que sempre será, o que é velho e o que é novo? O que é o ontem e o que é o amanhã? O que é atrasamento e o que é adiantamento? O que é certo e o que é errado? O que é a vida (viver) e o que é a morte (morrer)? O que é o que é e o que é o que não é? Por isto, criticar e menospreçar o outro por causa de suas dificuldades é também um ato de ignorância.

 

 

7. Nem sempre. Guernica, uma cidade basca, por exemplo, é um painel pintado por Pablo Picasso (1881 – 1973), e exposto em 12 de julho de 1937 na Exposição Internacional de Paris, e registra o sofrimento dos cinco mil habitantes da Cidade, que foi completamente destruída por bombas incendiárias jogados pela Legião Condor, majoritariamente aérea, dos nazistas, em 26 de abril de 1937, cujo principal objetivo, por sugestão do chefe da Deutsche Luftwaffe, Hermann Göring, era testar a força aérea alemã em uma guerra convencional. A tela, pintada a óleo, medindo 350 por 782 cm, é normalmente tratada como representativa do bombardeio sofrido por Guernica, para dar apoio ao ditador Francisco Franco (1892 – 1975), um dos revolucionários que derrubou a monarquia e instalou a república na Espanha, em 1931, com o apoio da Itália fascista e da Alemanha nazista. Em janeiro de 1938, Franco uniu os partidos de direita, tornando-se Chefe de Estado e de Governo, instalando um regime ditatorial marcado pela repressão, pela tortura e por fuzilamentos. O último gesto político de Franco foi restaurar a monarquia, estabelecendo que o príncipe herdeiro, Juan Carlos Alfonso Víctor María de Borbón y Borbón-Dos Sicilias (Roma, 5 de janeiro de 1938 – ), deveria sucedê-lo após sua morte, o que de fato aconteceu. A Espanha, hoje, é uma monarquia que foi restaurada em 22 de novembro de 1975, tendo Dom Juan Carlos I como Rei de todos os espanhóis.

 

Guernica

Guernica
(Pablo Picasso)

 

8. Ora, isto não é assim. Uma das funções da Psicanálise é exatamente reduzir ao mínimo os exageros.

9. Isto está de acordo com o Princípio Místico que admite e afirma que todos os males são produzidos por nós. O que vem de fora são os efeitos ou as conseqüências daquilo que nós produzimos interiormente. No final das contas, somos todos responsáveis pelo céu e pelos deuses que causamos e pelo inferno e pelos demônios que engendramos.

10. Acho que Adorno papou mosca aqui. E os estupros? E a pedofilia? E o tráfico internacional de mulheres e de crianças para fins de exploração sexual? E a cafetinagem? E o assédio sexual? E o abuso sexual de menores? E a agressão sexual (penetração vaginal, anal ou oral forçada, relação sexual forçada, carícias não apropriadas, beijos forçados etc.)? E a escravidão sexual? E a bolinação? E a pornografia infantil? E sei-lá-mais-o-quê que uma mente pervertida e doente é capaz de bolar e praticar? Em todos estes casos, o denunciante está sempre absolutamente certo. Não denunciar seria ser cúmplice de todas estas barbaridades. Mas, eu desejo paz, compreensão e libertação para todos os atores destes desvirtuamentos, que, no fundo, não são propriamente criminosos, mas, doentes, e, por isto, devem ser, acima de tudo, psicologicamente auxiliados.

 

 

Pedófilo Identificado pela INTERPOL

 

 

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wiki/Theodor_Adorno

 

Música de fundo:

Malagueña
Composição: Elpidio Ramírez Burgos & Pedro Galindo Galarza
Interpretação: Trio Los Panchos

 

Direitos autorais:

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