Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Não queremos nos lembrar...

Não queremos nos incomodar...

Não queremos confraternar...

E nem pensamos em caridar!1

 

 

Queremos viver na galhofada;

'chopeidança' e churrascada;

em honra a Baco, surubada;

e, se calhar, uma cafungada!

 

 

Todavia, tudo tem seu termo.

E o lado de lá será frio e ermo2

para as Almas sem compaixão.

 

 

Porque deixar para depois?3

Somos todos um, não há dois.

O Universo é um só Coração.

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Caridar, como explica Nelson Assumpção dos Santos, é quando repartimos aquilo que não temos. É quando renunciamos aos nossos prazeres e às nossas horas de lazer para auxiliar alguém. É quando o nosso Coração se entrega ao ato de doar sem nada pedir em troca. É quando nos colocamos ao lado daquele que sofre... É quando, com palavras sensatas, iluminamos o caminho escuro de um irmão... Mas, a maior caridade, a maior abnegação, é mesmo abrir mão e repartir o que não se tem. Mas só aquele que já não quer ou não precisa de mais nada deste mundo pode chegar a este Plano de Consciência.

 

 

 

 

2. Frio e ermo —› isto é (e não é) simbólico. Mas o lado de lá, para alguns, é (será) como uma espécie de pesadelo moral que não acaba, que se repete azucrinante e educativamente sem parar, até que se faça a compreensão. E isto não é simbólico. Ou seja: quanto mais miseráveis tivermos sido nesta vida, mais demoraremos a ficar livres deste pesadelo educativo-moral depois que tivermos feito a nossa transição. Logo, quem vive pela lei do foda-se...

 

 

 

 

3. Este depois não é do lado lá. É um depois relativo a uma presumida e posterior encarnação. Infelizmente, há quem pense assim, como se a Lei da Reencarnação fosse infalível e irredutível. Não é!

 

Fundo musical:

Storms In Africa (Enya)

Fonte:

http://www.angelfire.com/
ny5/davesworld56/EnyaMidis.html