1º
Parágrafo
O
Blog Khalanet Treinamento e Desenvolvimento calculou que
em 70 anos de vida, em média, uma pessoa gastará: 23 anos,
9 meses e 7 dias dormindo; 15 anos trabalhando; 14 anos e 6 meses assistindo
TV; 4 anos, 9 meses e 18 dias em filas; 3 anos no vaso sanitário;
1 ano, 5 meses e 26 dias no trânsito; 8 meses e 1 dia escovando os
dentes; 7 meses em reuniões de trabalho; 3 meses e 13 dias tomando
banho; 2 meses e 15 dias ao telefone; 27 dias e 2 horas esperando o elevador;
e 19 dias procurando o raio do controle remoto.
2º
Parágrafo
Todavia,
penso que faltem muitas coisas aí nesses cálculos. Por exemplo:
quantos dias, quantas horas e quantos minutos gasta o homem peidando no
sofá e tirando meleca? Quantos dias, quantas horas e quantos minutos
gasta o homem futicando e enxovalhando? Quantos dias, quantas horas e quantos
minutos gasta o homem criticando e reclamando de tudo e de nada? Quantos
dias, quantas horas e quantos minutos gasta o homem falando mal da vida
alheia? Quantos dias, quantas horas e quantos minutos gasta o homem conspirando
e engendrando sacanagens? Quantos dias, quantas horas e quantos minutos
gasta o homem urdindo e tramando contra os seus semelhantes? Quantos dias,
quantas horas e quantos minutos gasta o homem mentindo e alimentando preconceitos?
Quantos dias, quantas horas e quantos minutos gasta o homem, em comissão
ou por omissão, em suas covardias e hipoteticidades? Quantos dias,
quantas horas e quantos minutos gasta o homem fingindo que não vê?
Quantos dias, quantas horas e quantos minutos gasta o homem arquitetando
sobrevalias? Quantos dias, quantas horas e quantos minutos gasta o homem
de joelhos, ao invés de olhar para o seu próprio interior?
Quantos dias, quantas horas e quantos minutos gasta o homem no patati, patatá,
no tatatá teteté, tititi, tototó e tututu, no tal e
coisa, nas coisas e loisas, no vira-e-mexe, no nhenhenhém e no
et cetera e tal?
3º
Parágrafo
Depois,
um dia, quando a Divindade der de começar a diminuir sucessivamente
(ou suprimir bruscamente) sua influência contínua sobre o Princípio
Vital (Neschamah) e sobre a Sede da Vontade (Ruach),
fato que a KaBaLa denomina de morte por cima ou de dentro para
fora, ou, por outro lado, quando o corpo acabar se desorganizando sob a
influência de alguma perturbação ou lesão, evento
que a KaBaLa denomina de morte por baixo ou de fora para dentro,
o ente, que, geralmente, não sabe de onde veio, o porquê de
estar aqui e para onde irá depois da sua morte ou transição,
haverá de – quem sabe? – ver a porca torcer o rabo. Terá
que, educativa e inevitavelmente, experimentar uma das 900 (novecentas)
espécies de morte, mais ou menos dolorosas, desde a mais doce –
o beijo
– até a mais penosa – a sensação
de enforcamento.
Para todos, eu gostaria que fosse
um beijinho doce. Seja como for, uma vez mais me lembrei da frase
derradeira de Quincas Berro D'Água, segundo o relato de Quitéria
do Olho Arregalado, que estava a seu lado: — Cada
qual cuide de seu enterro, impossível não há!
Eu entendo isto como a necessidade
de cada um se mancar enquanto está vivo, ao invés de ficar
peidando
no sofá e tirando meleca.
Jorge
Amado
Fundo
musical:
Rico
Vacilon (Rosendo Ruiz)
Fonte:
http://www.publiespectaculos.com/
midis_actuales.asp?letra=c
Página
da Internet consultada:
http://escafandro.blogtv.uol.com.br/2008/03/10/
jorge-amado-e-relancado-e-o-brasil-relembrado