Disse
Antoine de Saint-Exupéry (1900 – 1944): —
Foi o tempo que perdi com a minha Rosa que a fez tão importante.
Por
mais que eu admire e respeite Saint-Exupéry, não posso
concordar com isto. Primeiro: há um tempo relogial (miraginal,
ilusional e terminável) que é só tempo, e, no
tempo-espaço, dilata, se contrai e se esvai, e há um
Tempo Intemporal (universal, adimensional
e imperturbável) que não é tempo (pois, nunca
teve começo e jamais terá fim) e, portanto, nem sequer
é parente do tempo. Segundo: seja no tempo ou no Tempo, nunca
se perde tempo com nossa Rosa-atemporal, pois, ainda que se manifeste
no tempo, Ela não é filha do tempo. Mas, eu entendi
direitinho o que Saint-Exupéry quis dizer, só que ele,
salvo melhor juízo, disse-dizendo-o-que-disse
de uma forma meio antipoética. Então, data
venia caro Antoine, perdoe-me a sinceridade: mais do
que não concordar, eu não gostei da forma como este
pensamento foi expressado por você. Por outro lado, quem gostou
– e gostou muito! – deste tal tempo-perdido-que-não-foi-perdido
foi a Rosa de Saint-Exupéry! Bem, tomando esse bonde, se algum
tempo tiver que ser perdido, que cada um o perca com a sua Rosa! No
frigir dos ovos, não existe mesmo tempo baldado. Para nada
e em nada. Todo tempo, seja mal-avisado, seja bem-avisado, é
sempre um tempo bem gastado, pois, apre(e)ndemos sempre: nos reveses
e nos triunfos, humilhados ou dignificados.