E O TEMPO PASSA...

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

Disse Antoine de Saint-Exupéry (1900 – 1944): — Foi o tempo que perdi com a minha Rosa que a fez tão importante.

Por mais que eu admire e respeite Saint-Exupéry, não posso concordar com isto. Primeiro: há um tempo relogial (miraginal, ilusional e terminável) que é só tempo, e, no tempo-espaço, dilata, se contrai e se esvai, e há um Tempo Intemporal (universal, adimensional e imperturbável) que não é tempo (pois, nunca teve começo e jamais terá fim) e, portanto, nem sequer é parente do tempo. Segundo: seja no tempo ou no Tempo, nunca se perde tempo com nossa Rosa-atemporal, pois, ainda que se manifeste no tempo, Ela não é filha do tempo. Mas, eu entendi direitinho o que Saint-Exupéry quis dizer, só que ele, salvo melhor juízo, disse-dizendo-o-que-disse de uma forma meio antipoética. Então, data venia caro Antoine, perdoe-me a sinceridade: mais do que não concordar, eu não gostei da forma como este pensamento foi expressado por você. Por outro lado, quem gostou – e gostou muito! – deste tal tempo-perdido-que-não-foi-perdido foi a Rosa de Saint-Exupéry! Bem, tomando esse bonde, se algum tempo tiver que ser perdido, que cada um o perca com a sua Rosa! No frigir dos ovos, não existe mesmo tempo baldado. Para nada e em nada. Todo tempo, seja mal-avisado, seja bem-avisado, é sempre um tempo bem gastado, pois, apre(e)ndemos sempre: nos reveses e nos triunfos, humilhados ou dignificados.

 

 

 

 

 

 

 

O Tempo e a Rosa

 

 

 

 

tempo é desimportante:

ele passa.

A Obra, sim, é relevante:

não passa.

 

 

Obra não embota:

é melhorada.

O tempo se esgota:

fica a Alvorada.

 

 

Obra... No Tempo...

O Tempo e a Obra.

Não há destempo;

a Rosa não cobra!

 

 

 

 

ada um tem um tempo

para se mancar.

No tempo (que-é-tempo),

é mudar ou mudar!

 

 

ruzada a alcântara,

de que vale o tempo?

Quem falsa sua cântara

tarda no entretempo!

 

 

ó de ouvir o vento passar,

vale a pena ter nascido.1

Deveríamos todos penhorar,

só por poder ter descendido!

 

 

em ter podido descender,

ficaríamos esperançando...

Esperaçando um vir-a-ser...

Sabe-se lá Deus quando!

 

 

 

 

Sabe-se lá Deus quando!

 

 

 

 

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Nota:

1. Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido. (Fernando Pessoa).

 

Música de fundo:

Fever
composição: Eddie Cooley & John Davenport
Interpretação: Peggy Lee

Fonte:

http://mp3http.com/adf7b7e0-download-peggy-lee-fever.html

 

Páginas da Internet consultadas:

http://galeria.colorir.com/natureza/flores/
rosa-pintado-por-rosa-67702.html

http://bestanimations.com/Animals/Birds/Doves/Doves.html

http://www.citador.pt/frases/citacoes/t/tempo

http://www.newgrounds.com/bbs/topic/570733/10

http://pensador.uol.com.br/tempo_fernando_pessoa/

http://www.montsemorales.com/vocabulario/Daysoftheweek.htm

 

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