SRI AUROBINDO
(Ensinamentos)

 

 

 

Sri Aurobindo

Sri Aurobindo

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo é uma pequena coletânea de ensinamentos do Guru Indiano Sri Aurobindo.

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Aurobindo Akroyd Ghosh ou Ghose, em bengali, Ôrobindo Ghosh, (Calcutá, 15 de agosto de 1872 – Puducherry, 5 de dezembro de 1950), mais tarde conhecido como Sri Aurobindo (em bengali, Sri Ôrobindo), foi um nacionalista, lutador pela liberdade, filósofo, escritor, poeta, iogue e Guru Indiano. Ele se uniu ao movimento pela independência da Índia do controle colonial britânico e, por alguns anos, foi um de seus principais líderes, antes de desenvolver sua própria visão do progresso humano e da evolução espiritual.

 

Nascido em Calcutá, Índia, Sri Aurobindo, aos cinco anos, foi para a Inglaterra, onde aprendeu diversos idiomas, destacando-se em Literatura. Aos vinte anos, retornou à Índia em uma busca pela sabedoria e pela verdade do Oriente. Por treze anos, trabalhou em atividades administrativas e educacionais para o Estado. Em 1906, foi para Bengala assumir abertamente o comando do movimento revolucionário para a independência da Índia, que durante anos havia organizado em segredo.

 

Acabou preso pelo Governo Britânico entre 1908 e 1909. Foi durante este período que Aurobindo passou por uma série de experiências espirituais que determinou o seu trabalho futuro. Solto e certo do sucesso do movimento libertador da Índia, e respondendo a um chamado interior, retirou-se do campo político e foi para o sul da Índia, para se devotar totalmente à sua missão espiritual. Morreu em 1950, aos 78 anos, no Sri Aurobindo Ashram em Pondicherry, deixando o trabalho espiritual conhecido como O Ioga de Sri Aurobindo. A mãe, Mira Alfassa (1878 – 1972), sua companheira espiritual, deu continuidade ao seu trabalho, conduzindo o Ashram, idealizando Auroville.

 

No estado de Tamil Nadu, sul da Índia, existe uma comunidade espiritual denominada Auroville, a Cidade do Amanhecer, fundada em sua homenagem e com base nos seus princípios.

 

 

 

Sri Aurobindo
(Ensinamentos)

 

 

 

Vida é vida, seja de um gato, seja de um cão, seja de um homem. Não há diferença entre um gato, um cão e um homem. A idéia de diferença é uma concepção humana apenas para dar vantagem ao homem.

 

Este é o teu trabalho, a meta de teu ser e a razão de estares aqui: para te tornares o Divino Supra-homem e um perfeito receptáculo da Divindade. Tudo o mais que tens que fazer é somente uma preparação para te aprontares, ou uma alegria no caminho, ou um declínio de teu propósito. Mas, a meta é esta e o propósito é este, e não no poder do caminho e na alegria do caminho, porém, na alegria da meta está a grandeza e o deleite de teu ser. A alegria do caminho é porque aquilo que te está atraindo, está também dentro de ti, na tua senda, e o poder para galgar te foi dado, para que possas escalar até tuas próprias culminâncias. Se tu tens um dever, este é teu dever; se tu perguntas qual será tua meta, que esta seja tua meta; se tu careces de prazer, não existe maior alegria, pois, toda outra alegria é fragmentada ou limitada, a alegria de um sonho ou a alegria de um sono ou a alegria do auto-esquecimento. Mas, esta é a alegria de teu ser inteiro. Porque, se tu dizes que é meu ser, este é teu ser, o Divino, e tudo mais é apenas sua aparência pervertida e fragmentada. Se procuras a Verdade, esta é a Verdade. Coloca-a diante de ti e em todas as coisas; sê fiel a ela. Disse bem alguém que viu, mas, através de um véu, e tomou o véu pela face, que tua meta é a de te tornares tu mesmo; e ele disse bem, outra vez, que é da natureza do homem transcender a si mesmo. Esta é, na verdade, sua natureza, e esta é, na verdade, a meta divina de sua transcendência. O que é, então, o ego que tens de transcender, e o que é o Eu em que tens de te tornar? Porque é aqui que tu não deverias cometer nenhum erro; pois este erro de não te conheceres a ti mesmo é a fonte de todas as tuas tristezas e a causa de todos os teus tropeços. Isto que tu tens de transcender é o ego que tu aparentas ser, e isto é o homem como tu o conheces – o aparente Purusha. E o que é este homem? Ele é um ser mental, escravizado à vida e à matéria; e quando não está escravizado à vida e à matéria, ele é o escravo de sua mente. Mas, esta é uma escravidão grande e pesada, porque ser escravo da mente é ser escravo do falso, do limitado e do aparente. O Eu que tens de te tornar é aquele Eu que tu és dentro, por trás do véu da mente, da vida e da matéria. É ser o Espiritual, o Divino, o Super-homem, o Real Purusha. Porque aquilo que está acima do ser mental é o Super-homem. E ser o senhor de tua mente, de tua vida e de teu corpo é ser um rei sobre a Natureza, de quem és agora um instrumento. É se revelar acima dela, que agora te tem sob seus pés. É ser livre e não o escravo, é ser uno e não dividido, é ser imortal e não sombreado pela morte, é ser pleno de LLuz e não obscurecido, é ser pleno de bem-aventurança e não um joguete de tristezas e de sofrimentos, é ser exaltado ao poder e não lançado dentro da fraqueza. É viver no Ilimitado e possuir o limitado. É viver em Deus e ser uno com Ele em Seu Ser. Tornar-te tu mesmo é ser isso e tudo que flui disso. Sê livre em ti mesmo, e, portanto, livre em tua mente, livre em tua vida e em teu corpo. Porque o Espírito é liberdade. Sê uno com Deus e com todos os seres; vive em ti mesmo, e não em teu pequeno ego. Porque o Espírito é união. Sê tu mesmo imortal, e não ponhas tua fé na morte; porque a morte não é de ti mesmo, mas, de teu corpo. Porque o Espírito é imortalidade. Ser imortal é ser ilimitado em ser, em consciência e em bem-aventurança; porque o Espírito é ilimitado, e aquilo que é limitado vive apenas de sua limitação. Estas coisas tu és; portanto, tu podes te tornar todas elas; mas, se tu não fores estas coisas, então, tu não podes nunca te tornar nelas. O que está dentro de ti, isso somente pode ser revelado em teu ser. Tu aparentas, na verdade, ser diferente, mas, por que razão deverias te escravizar às aparências? Melhor erguer-te, transcender a ti mesmo, tornar-te tu mesmo. Tu és homem, e toda a natureza do homem é se tornar mais do que ele mesmo. Ele era o homem-animal; ele tem que se tornar mais do que o animal-homem. Ele é o pensador, o artesão, o que busca a beleza. Ele será mais que o pensador; ele será o vidente do conhecimento, ele será mais do que o artesão, ele será o criador e o senhor de sua criação; ele será mais do que aquele que busca a beleza, porque desfrutará de toda a beleza e de todo o deleite… No físico, ele procura por esta substância imortal; no vital, ele busca a Vida Imortal e o ilimitado poder de seu ser; no mental, e parcialmente em conhecimento, busca a LLuz Total e a Completa Visão. Possuir isto é se tornar Super-homem; porque ele tem que se erguer acima da mente até a Supermente. Chame-a de Mente ou de Conhecimento ou de Supermente; é o Poder e a Vontade Divina e a Divina Consciência. Pela Supermente, o Espírito viu e criou a si mesmo em mundos; por ela, ele vive neles e governa-os. Por ela, ele é Swarat, o soberano de si e de tudo. Viver no Ser Divino e deixar que a consciência e a ventura, a vontade e o conhecimento do Espírito te possuam e brinquem contigo e através de ti, este é o significado. Esta é a transfiguração de ti mesmo na montanha. É descobrir Deus em ti mesmo e revelá-Lo a ti mesmo em todas as coisas. Vive em seu ser, brilha com sua luz, age com seu poder, regozija-te com sua ventura. Sê este Fogo e este Sol e este Oceano. Sê esta Alegria, esta Grandeza e esta Beleza.

 

A Espiritualidade é, em essência, um despertar para a Realidade Interior do nosso ser, para um Espírito, para um Eu, para uma Alma distinta da nossa mente. Vida e corpo – uma aspiração interior de conhecer, de sentir, de ser, de entrar em contato com uma Realidade Superior que permeia o Universo e o nosso próprio ser, de estar em comunhão com Ela e de se unir à Ela, ocorrendo uma conversão, uma transformação de todo o nosso ser, como resultado da aspiração, do contato e da união, dando origem a um desenvolvimento ou a um despertar, ou seja, um novo tornar-se ou um novo Ser, um novo Eu, uma nova Natureza.

 

O sofrimento, por natureza, é uma deficiência da força-consciência em nós, ao enfrentar os choques da existência, e, conseqüentemente, um retrair-se e uma contração, e sendo, na raiz, uma desigualdade desta força de recepção e de posse – desigualdade devida à nossa autolimitação pelo egoísmo, que decorre da nossa ignorância sobre nosso Self verdadeiro, sobre Satchidananda. A eliminação do sofrimento deve proceder, primeiro, pela substituição de titiksha, fazer face, suportar e conquistar todos os choques da existência, e, por jugupsa, retrair-se, contrair-se. Por esta perseverança e esta conquista chegamos à uma igualdade que pode ser ou uma indiferença igual diante de todos os contatos ou uma felicidade igual em todos os contatos; e para que esta igualdade, por sua vez, encontre uma fundação firme, devemos substituir a consciência do ego, que desfruta e que sofre, pela consciência de Satchidananda, que é Toda-beatitude.

 

O Amor é a única realidade, e não é um mero sentimento. Ele é a verdade última que está no cerne da criação.

 

O segredo da transformação está em movermos o centro da nossa vida para uma Consciência Superior.

 

 

 

 

Calmo, desapegado, interiormente livre, habito o Eu Silencioso e permito que sua energia atue por meio de Seus instrumentos naturais.

 

Lembrem-se que vocês vivem um tempo excepcional em uma época única, e que têm essa grande felicidade, esse incalculável privilégio, de estarem presentes ao nascimento de um novo mundo.1

 

Na prática, o ser humano é transitório; mas é, ao mesmo tempo, co-responsável por seu destino (individual e coletivo) e, como expressão mais alta da evolução até então realizada, também pela Terra. O homem é o pastor das criaturas.

 

Na prática, se a Matéria é Espírito, todas as coisas são formas do Espírito. Devem, por isto, ser tratadas com todo zelo e respeito, sem descuido, desleixo ou desperdício. A matéria do corpo físico individual é a porção da Matéria Universal que nos é dada para que a “colonizemos” e infundamos nela o máximo de consciência possível ou, antes, para que ajudemos a despertar a consciência que já está latente nela.

 

Na prática, realização material e realização espiritual não se contradizem nem se excluem, mas, se completam para uma integração feliz do indivíduo plenamente realizado com um mundo que se torna também expressão da plenitude do Espírito.

 

Na prática, nas opiniões, nos costumes, nas crenças e nos valores, a diversidade e as diferenças devem não somente ser toleradas, mas, compreendidas, respeitadas, afirmadas e mesmo incentivadas como necessárias à riqueza da manifestação e da experiência humana.

 

Na prática, não há mais espaço para distinções como “mundano” e “espiritual”: tudo é sagrado e deve ser vivido de forma consagrada.

 

O supraconsciente, não o subconsciente, é a verdadeira fundação das coisas. O significado do lótus não será descoberto pela análise dos segredos da lama na qual ele cresce; seu segredo deve ser encontrado no arquétipo celeste do lótus que floresce para sempre na Luz.

 

Na prática, há uma Centelha Divina, uma Realidade Luminosa no âmago de todo e cada ser, e cabe a cada um buscar, descobrir e manifestar isto, apesar e contra todas as dificuldades e limitações que possa haver em sua natureza.

 

Nada pode ser ensinado à inteligência que já não seja conhecimento oculto em potência na [personalidade-]alma que desabrocha.

 

 

 

Cada um tem em si algo Divino, algo bem seu, uma chance de perfeição e de força em uma esfera por menor que seja, que Deus oferece ao ser-aí-no-mundo, para que ele pegue ou recuse. A tarefa é encontrar isto e desenvolvê-lo e usá-lo. O objetivo principal da educação deveria ser ajudar a [personalidade-]alma em crescimento a extrair de si o que é o melhor e torná-lo perfeito para um uso nobre.

 

O passado é nossa fundação, o presente nosso material e o futuro nosso objetivo e cume.

 

O conjunto de música, artes plásticas e poesia é uma perfeita educação para a [personalidade-]alma; elas tornam e mantêm seus movimentos purificados, autocontrolados, fundos e harmoniosos. As artes são, quando adequadamente usadas, grandes forças educadoras e civilizadoras.

 

A Beleza é um aspecto do Ser Divino, tão importante quanto o Poder, o Conhecimento e o Amor.

 

O caminho de Ioga não é apenas emergir da ordinária e ignorante consciência-de-mundo para dentro da Consciência Divina, mas, trazer o poder supramental da Consciência Divina para baixo, para a ignorância da mente, da vida e do corpo e transformá-los, ou seja, manifestar o Divino aqui e criar uma Vida Divina na matéria.

 

Toda união entre criaturas é, essencialmente, um reencontro consigo mesmo – uma fusão com Aquele do qual nos separamos. É uma descoberta de si-mesmo nos outros.

 

Devemos fazer do erro uma porta por onde a verdade possa entrar.

 

Tudo o que resiste desaparecerá no tempo certo com o progressivo desabrochar da natureza espiritual.

 

De sua câmara misteriosa, nossa [personalidade-]alma age. Sua influência faz pressão sobre o nosso Coração e o nosso mental, e os impele a ultrapassar o ser mortal. Ela procura o Bem, a Beleza e Deus. Vemos o nosso Eu sem limites para além das muralhas do ego, e contemplamos, através do espelho do nosso mundo, as vastidões entrevistas, e perseguimos a Verdade através da aparência das coisas.

 

Auxiliar o crescimento espiritual dos outros é a maior ajuda que alguém pode ofertar.

 

Por meio da dor e da tristeza, a Natureza recorda a [personalidade-]alma que o prazer que goza não é mais do que uma débil indicação da verdadeira alegria da existência. Cada sofrimento e cada tortura de nosso ser contêm o segredo da chama de um êxtase, em comparação ao qual nossos maiores gozos não são mais do que brilhos vacilantes. Este é o segredo que produz a atração da [personalidade-]alma pelas grandes provas, pelos sofrimentos e pelas experiências terríveis da vida, dos quais nossa mente nervosa abomina e foge.2

 

Quando a mente fica quieta, então, a Verdade tem a chance de ser ouvida na pureza do Silêncio.

 

O corpo parece pequeno, mas, ele é a imagem do Universo inteiro. No corpo, existe um Sol mil vezes mais brilhante do que o Sol externo.

 

Dentro do coração existe um centro de Consciência, e dentro dele você pode enxergar o mundo inteiro.

 

Quanto mais ampla sua consciência se tornar, mais você poderá receber do Alto.

 

A maioria das pessoas vive em sua personalidade exterior comum e ignorante que não se abre facilmente ao Divino; mas, há um Ser Interior dentro delas, do qual elas não sabem, que pode se abrir facilmente à Verdade e à Luz. No entanto, há uma parede que as separa dele, uma parede de obscuridade e de não-consciência. Quando ela desmorona, então, há uma libertação.

 

Nossa vida visível e as ações desta vida não são mais do que uma série de expressões significativas, mas, aquilo que ela tenta expressar não está na superfície; nossa existência é algo bem maior que este ser frontal aparente que nós mesmos supomos ser e que oferecemos ao mundo em volta de nós.

 

Quando se mergulha na consciência interior, ela é sentida como uma pura e calma existência sem movimento algum, antes, eternamente tranqüila, não-movida e separada da natureza exterior.

 

No Silêncio, pensamentos podem ceder por um tempo, nada pode haver, a não ser uma grande liberdade e amplidão sem limites, mas, para dentro deste Silêncio, desta amplidão vazia, desce a vasta paz de cima, luz, alegria, conhecimento – a Consciência mais alta na qual se sente a unicidade do Divino. É o começo da transformação.

 

 

 

 

A verdadeira Alma Secreta em nós é uma Chama nascida de dentro do Divino e, habitante luminoso da Ignorância, cresce nela até que seja capaz de voltá-la em direção ao Conhecimento. Esta velada entidade psíquica é o testemunho e o controle encobertos, o Guia escondido, o 'Daimon' de Sócrates, a Luz Interior e a Voz Interior do Místico. É ela que persiste e é imperecível em nós, de nascimento a nascimento, não tocada por morte, pela decadência ou pela corrupção – uma fagulha indestrutível do Divino.

 

Diz-se que a fadiga vem do excesso de trabalho. Conseqüentemente, a cura da fadiga é o descanso, quer dizer, não fazer nada. Mas, a verdade é que, mais freqüentemente, a fadiga é devida não ao excesso de trabalho, mas, à falta dele, ou melhor, à preguiça ou tédio. A fadiga não deveria ocorrer tão depressa ou tão facilmente se você soubesse como fazer o trabalho. Se estiver interessado no seu trabalho, você pode continuá-lo por muito tempo sem sentir fadiga. E, precisamente, um dos meios para se recuperar da fadiga, é não se sentar e cair em apatia e tamas (desmotivação e depressão), mas, assumir um trabalho que desperte seu interesse. Trabalho feito com alegria e entusiasmo calmo é tônico. É descanso dinâmico. Trabalho feito sem interesse, como uma espécie de dever ou obrigação, naturalmente o cansará logo. Assim, o remédio para a fadiga é manter o interesse desperto. Todavia, há um outro mistério. O interesse não depende do trabalho: qualquer trabalho pode se tornar interessante, até mesmo a um grau extremo. Não há trabalho que, por si só, seja monótono, insípido e desinteressante. Tudo depende do valor que você lhe dá, e compete-lhe torná-lo tão atraente como um romance e tão significante quanto um símbolo. O homem, geralmente, escolhe seu trabalho ou é obrigado a escolhê-lo por uma preferência vital, um preconceito ou uma idéia de que seja a espécie de trabalho no qual possa brilhar ou ter sucesso. Esta vaidade egoísta ou este oportunismo podem ser necessários ou inevitáveis na vida comum. Entretanto, quando se deseja ir além da vida comum e aspirar a Vida Verdadeira, este apego e esta escolha pessoal se tornam mais um impedimento do que um auxílio para progredir em direção ao caminho da Vida Verdadeira. A atitude ióguica em relação ao trabalho é, pois, aquela de desapego absoluto, de não fazer nenhuma escolha, mas, de aceitar e fazer qualquer coisa que lhe seja dada, qualquer coisa que venha no curso normal de sua vida, e de fazê-la com a máxima perfeição possível. É desta maneira, e apenas assim, que todo trabalho se torna extremamente interessante e toda vida um milagre de deleite.

 

Por que você quer servir à Humanidade? Qual o seu propósito? Qual o seu motivo? Você sabe em que consiste o bem da Humanidade? E você sabe melhor do que a própria Humanidade o que é bom para ela? Ou você sabe melhor do que o Divino? Você diz que o Divino está em todo lugar, assim, se servir à Humanidade, é ao Divino que você serve. Bem, se o Divino está em todo lugar, ele também está em você; portanto, a coisa melhor e mais lógica seria começar servindo a si mesmo. Não há, então, nenhuma necessidade de serviço à Humanidade? Hospitais, organizações assistenciais, instituições de caridade não têm sido úteis à Humanidade? O espírito de filantropia não consertou e melhorou as condições da vida humana? Foi assim, pergunto eu? Você tentou ajudar algumas pessoas aqui e ali. Mas, o que isto vale comparado ao que precisa ser feito? A proverbial gota no oceano ou até menos do que isto! Você se lembra da história de São Vicente de Paulo? Ele começou dando esmolas aos pobres. No primeiro dia havia dez, no segundo mais ou menos vinte, no terceiro mais do que cinqüenta e o número continuou aumentando mais do que uma progressão geométrica. E então, Colbert, o Ministro do Rei observou, vendo a situação do santo: — 'Nosso irmão parece que está gerando continuamente seus pobres'. Não penso que o espírito de caridade tenha, de modo algum, melhorado as condições humanas. Não acho que o homem tenha se tornado mais ou menos sujeito a doenças e indigências do que antes. A caridade esteve sempre presente e a miséria sempre coexistiu com ela. Não penso que a proporção entre as duas tenha diminuído de modo algum. Você se lembra da observação irônica, mas, pertinente, de alguém que disse, em vista das tentativas da Ciência de curar e erradicar a miséria: “Os pobres filantropos estariam em triste situação, suas ocupações acabariam”. A verdadeira razão pela qual alguém deseja fazer caridade está alhures: é para se deleitar, é para sua própria satisfação. Fazer coisas o diverte, lhe dá a sensação de que está fazendo algo, de que é um membro valioso da Humanidade, não como os outros, de que você é alguém. Que outra coisa poderia ser, senão que você é vaidoso, cheio de auto-importância, cheio de si mesmo? Isto é o que tenho em mente quando digo que é a presunção ou o egoísmo que faz de você humanitário. É claro, se lhe agrada fazer o trabalho, se você se sente feliz fazendo-o, tem toda a liberdade de fazê-lo e de continuar assim. Mas, não imagine que está fazendo algum serviço real e efetivo para a Humanidade, especialmente não imagine que com isto você está servindo a Deus, levando uma vida espiritual ou praticando Ioga. Apenas uma ilustração da qualidade do espírito que anima o humanitarismo: um homem caridoso dá generosamente a uma causa conhecida, reconhecida, apreciada; será liberal, se seu nome for vinculado ao trabalho, anunciado e apregoado, se isso lhe der fama. Mas, peça-lhe uma doação para algo genuíno, comparativamente modesto ou fora do comum, algo que seja verdadeiramente espiritual e divino, e você verá os cordões de sua bolsa se estreitarem, seu Coração se fechar. Uma dádiva que não traz importância para o doador, não tenta o humanitário comum. Existe, é verdade, uma outra categoria diferente de doadores, de uma espécie oposta, daqueles que querem precisamente se conservar anônimos, dos que ficariam descontentes se seus nomes fossem anunciados. Mas, o motivo aqui também não é muito diferente; é, de fato, o mesmo motivo agindo ao contrário, como se fosse para trás. Aí existe um elemento adicional de autoglorificação: dá-se e não se sabe quem deu. É algo a mais para se ficar orgulhoso. Você deve se olhar dentro, questionar-se, antes de empreender qualquer coisa, e não fazê-lo simplesmente porque é a coisa normalmente feita. Você pode fazer bem aos outros, se souber qual é este bem e se possuí-lo dentro de si mesmo. Se quiser ajudar os outros, você deve estar em um nível superior ao deles. Se estiver em pé de igualdade com eles, no mesmo plano, em natureza e consciência, que pode você fazer, a não ser partilhar sua ignorância e seus movimentos cegos e perpetuá-los? Assim, acontece que, realmente, a primeira coisa a fazer, é servir a si mesmo. Você fará uma descoberta notável quando começar a saber o que você é e quem você é. É assim que deveria principiar: “Quero servir à Humanidade. Como posso eu servi-la? Quem é este “Eu” que quer servir?” Você diz: “Eu sou esta pessoa, esta forma e este nome”. Mas, a forma que você é agora, não é aquela que você tinha quando era um bebê. Ela está mudando constantemente. Todos os elementos de seu corpo estão sendo completamente renovados. Nem as suas impressões e sentimentos são aqueles que você tinha há poucos anos. Seus pensamentos e idéias sofreram revoluções. O “Eu” cobre uma soma de fatores sempre mutáveis. Não há nada especialmente para ser chamado de “Eu”; tudo é apenas um círculo de mudanças. Um nome vazio parece ser a única coisa constante. Um elemento, em um certo momento, vem à frente – uma idéia, um sentimento, um impulso – e isso é seu “Eu” por um momento. Em um outro momento, um outro elemento surge e se torna seu “Eu”. Você não é um “Eu” único, mas, uma multidão de muitos “Eus”. Portanto, que valor tem a afirmação de que um destes “Eus” encontrou o alvo, a verdade, o dever que você tem que seguir? E se você prosseguir mais além, questionando-se e analisando-se completa e sinceramente, tropeçará na realidade. Você descobrirá que o “Eu” não existe de modo algum. O que existe é alguma coisa mais: é a realidade indivisível, o Divino apenas. É esta autodescoberta que lhe dará o conhecimento básico, a fundação de sua vida, a descoberta de que seu “Eu”, como você mesmo, não existe; na verdade você não é nada. Este sentido de nulidade deve permear seu ser, encher todos os elementos de seu ser, antes que a verdade possa raiar em você e a Presença Divina possa ser sentida. E o que você tem feito todo o tempo é exatamente o contrário, afirmando seu egoísmo, sua vaidade, pretendendo que você seja alguém que possa fazer algo, que o mundo precisa de sua ajuda e que você tem a possibilidade de dar esta ajuda. Nada disso. Quando você descobre esta verdade e a aceita, quando é humilde e, em verdadeira humildade, se acercar da Vida e da Realidade, você encontrará sua verdadeira carreira e vocação. Em um sentido mais profundo é, na verdade, servindo a si mesmo que você serve melhor aos outros. Quando você descobre um ponto escuro em si, um grão de egoísmo, de ambição, de amor-próprio, quando você não cede a seu impulso, mas o supera, quando conquista em si um movimento que o levaria a se extraviar, nesse mesmo gesto, você faz a conquista em benefício dos outros também, cria a mesma possibilidade nos outros. Não pode haver nada mais dinâmico do que esta colocação do exemplo pessoal. Não é para que os outros o observem e o imitem; a influência é mais sutil e mais poderosa. Você cria a oportunidade, faz a abertura, traz a força de sua realização para o jogo ativo, mesmo sem o conhecimento dos outros. E eles são beneficiados unicamente pela ajuda invisível que lhes é prestada. Mas, você deve também tomar cuidado aí. Não deve dizer: “Devo melhorar-me para ajudar aos outros”. Não deve haver o mais leve vestígio deste espírito de intercâmbio ou de barganha. Limite-se à sua própria vida; como os outros são ou não afetados não é da sua conta. Se você abrigar esta espécie de idéia, estará convidando a mesma vaidade e egoísmo pela porta traseira. Sua vida deveria ser como o desabrochar de uma flor que floresce pela própria alegria da auto-realização. No processo, pelo simples fato de existir, espalha seu perfume à volta, enche os arredores com sua vibração alegre. Mas, isto simplesmente acontece, não se faz com um propósito ou intencionalmente. Do mesmo modo, procede a [personalidade-]alma que se aperfeiçoa: a vitória que ela ganha para si é contagiosa, e se expande automaticamente. Disse que seu ego é uma ilusão. Seu “Eu” não existe em absoluto. Não há nada como individualidades distintas e separadas e realização individual. Somente o Divino existe e a Vontade Divina. Ele é a realidade solitária e única e omniabarcante. O que é, então, a fonte desta variedade e diversidade de existências? Qual é a significação, se existe alguma, das várias individualidades e personalidades, seu aparecimento e desempenho no palco do mundo? Esta é uma outra história. Deixo-a para uma outra ocasião.

 

 

 

 

Destino, no sentido rígido, se aplica apenas ao ser exterior, enquanto ele vive na Ignorância. O que chamamos de destino é, na verdade, apenas o resultado da condição presente do ser e da natureza e das energias que foram acumuladas no passado, agindo umas nas outras e determinando o esforço presente e os resultados futuros. Mas, assim que se entra no caminho da Vida Espiritual, este velho e predeterminado destino começa a regredir. Aí aparece um novo fator, a Graça Divina, a ajuda de uma Força Divina mais alta que a força do Karma, que pode elevar o buscador para além das possibilidades presentes da sua natureza. O próprio destino espiritual é, então, a eleição divina que sedimenta o futuro. A única dúvida está sobre as vicissitudes do caminho e o tempo que leva na passagem. É aqui que as forças hostis, agindo sobre as fraquezas da natureza passada, lutam para evitar a rapidez do progresso e postergam a realização. Aqueles que caem, caem não por causa dos ataques das forças vitais, mas, porque eles mesmos se alinham com as forças hostis e preferem a ambição ou o desejo vital (cobiça, vaidade, luxúria etc.) ao avanço espiritual.

 

Para a Filosofia Ocidental, uma crença intelectual fixa é a parte mais importante de um culto; é a essência de seu significado e o que a distingue dos outras. Assim são que as crenças formuladas fazem verdadeira ou falsa uma religião [uma teoria, uma filosofia, uma ciência], de acordo com sua concordância ou não com o credo de seus críticos.

 

Uma mente silenciosa é um pré-requisito para uma experiência mais elevada.

 

A Verdadeira Sabedoria [ShOPhIa] não é alcançada pelo pensamento. É o que você é; é o que você se torna.

 

Não há nada que a mente possa fazer que não possa ser mais bem feito no Silêncio e na Quietude. A Verdade só poderá ser ouvida na pureza do Silêncio.

 

O desconhecido não precisa permanecer incognoscível para nós, a menos que escolhamos a ignorância ou persistamos em nossas arraigadas limitações.

 

Mesmo que eu tropece, o mundo é perfeito. Mesmo que você tropece, o mundo é perfeito.

 

O que a [personalidade-]alma vê e experimenta ela sabe. O resto é aparência – da opinião ao preconceito.

 

A existência da pobreza é a prova de uma sociedade injusta e mal organizada, e as nossas instituições de caridade pública nada mais são do que o despertar tardio na consciência de um ladrão.3

 

A vida espiritual, a vida religiosa e a vida humana comum são três coisas completamente diferentes. A vida comum é a da consciência humana média separada de seu próprio Eu Verdadeiro e do Divino, e liderada pelos hábitos comuns da mente, da vida e do corpo, hábitos estes regidos pelas leis da ignorância. A vida religiosa é um movimento da mesma consciência humana ignorante, que tenta se afastar da Terra em direção ao Divino, mas, ainda sem o conhecimento e liderada pelos princípios dogmáticos e pelas regras de alguma seita ou credo. A vida espiritual, ao contrário, procede de uma mudança de consciência, uma mudança em direção ao seu Verdadeiro Eu e no sentido de uma maior consciência com o Divino.

 

O Bhagavad Gita [Canção de Deus] é o maior evangelho de trabalhos espirituais já oferecido à Humanidade.4

 

Quando se ouve algumas pessoas devotas, seria de imaginar que Deus nunca ri!

 

A Natureza oculta é Deus em segredo.

 

A evolução não está concluída, a razão não é a última palavra, nem o homem raciocinante é a figura suprema da Natureza. Da mesma forma que o homem surgiu do animal, o Super-homem emergirá do homem.

 

 

 

 

O encontro do homem com Deus deve sempre significar a penetração do Divino no humano e a auto-imersão do homem na Divindade.

 

A partir da crucificação de Cristo, a Europa foi humanizada.

 

A força da [personalidade-]alma, quando é efetiva, poderá destruir. Somente aqueles que a têm usado com os olhos abertos sabem que ela poderá ser mais destrutiva do que a espada e o canhão.

 

Nosso inimigo real não é nenhuma força exterior a nós mesmos, mas, as nossas próprias fraquezas: o choro [o medo], a covardia, o egoísmo, a hipocrisia e o sentimentalismo obtuso [emoção superficial e débil].

 

 

 

 

Eu olhei para a prisão que havia me afastado dos homens, e não era mais entre seus altos muros que eu me encontrava preso; era Vasudeva que me cercava.

 

Se uma religião não for universal, não poderá ser eterna.5

 

Só quando a razão morrer a Sabedoria poderá nascer.

 

O perdão é elogiado pelo católico e pelo Vaishnava, mas, eu pergunto: o que eu tenho de perdoar e a quem?

 

Viva dentro. Não se deixe abalar por acontecimentos exteriores.

 

Uma derrota não é o fim; é apenas uma porta ou um começo.

 

Eu me perguntava se não havia limite para o aumento da bem-aventurança, e, assim, eu cresci quase com medo do abraço de Deus.

 

Se o inferno fosse possível, seria o atalho mais curto para o céu, porque, em verdade, Deus ama.

 

A impossibilidade é apenas a soma de possíveis não realizados.

 

 

 

Girar sobre seu próprio eixo não é o movimento adequado para a [personalidade-]alma humana. Há, também, a rotação em torno do Sol [Interior] – que proporciona uma Illuminação inesgotável.

 

O pensamento não é essencial para a existência nem é a sua causa, mas, é um instrumento para tornar-se; eu devo me tornar o que vejo em mim mesmo. Tudo o que o pensamento me sugere eu posso fazer; tudo o que pensamento me revela eu posso me tornar. Esta deve ser a fé inabalável do homem em si mesmo, porque Deus habita nele.

 

O que é Deus, afinal? Uma eterna criança jogando um jogo eterno em um eterno jardim.

 

O jogo [da vida] nunca teria sido iniciado, se isto viesse a se tornar o seu fim.

 

O Prazer está no Segredo.

 

Em toda parte há, no máximo, apenas um começo dos começos.

 

A Verdadeira Espiritualidade se move em um ar livre e amplo, muito acima do estágio inferior que é governado pelas formas religiosas e pelos dogmas.

 

As Verdades Supremas não são nem as conclusões rígidas do raciocínio lógico nem as afirmações declaradas em um credo, mas, frutos da experiência interior da alma.6

 

A [persomalidade-]alma, a Natureza e a vida são apenas manifestações ou fenômenos parciais da Eternidade.

 

O Ser – desde-sempre auto-existente – é a única Realidade Suprema. Todas as outras coisas são apenas aparências ou verdades relativas derivadas desta Realidade Suprema e dela dependentes. Toda vida e todo pensamento são, no final, um meio de progresso em direção à auto-realização-compreensão desta Realidade Suprema.

 

É da natureza das instituições humanas se degenerarem, perderem a sua vitalidade e decaírem, e, ao primeiro sinal de decadência, perdem a flexibilidade e esquecem o espírito essencial para o qual foram concebidas.7

 

O Espírito se expressa de várias maneiras, enquanto, em Si-mesmo, se mantém essencialmente o mesmo.

 

 

 

 

Todo fanatismo é falso, porque é uma contradição relativamente à natureza de Deus e da Verdade. A Verdade não pode ser trancafiada em um único livro – seja a Bíblia, sejam os Vedas, seja o Alcorão – ou em uma única religião.

 

Todas as religiões contêm alguma verdade, mas, nenhuma possui toda a verdade. Todas são filhas do tempo, e, por isto, finalmente, se degradam e perecem.

 

Será verdade que a Existência consiste apenas na ação da energia? Ou será que a energia é uma manifestação da Existência?

 

 

 

Importantizar exageradamente os complexos sexuais reprimidos é um equívoco perigoso.

 

Não pertencem às madrugadas passadas, mas, aos meios-dias do futuro.

 

Poucos são os que trilham o Caminho Illuminado pelo Sol. Só os puros de [personalidade-]alma podem andar na LLuz.

 

O grande é mais forte quando está sozinho.

 

O impossível é apenas o começo de todas as possibilidades.

 

Há um sentido em cada curva e em cada linha.

 

Aspirar intensamente, mas, sem impaciência.

 

Meu Deus é o Amor.

 

 

 

 

 

 

Tudo é Caminho e Sentir

 

 

 

Inexistem o correto e o errado;

ShOPhIa e inconseqüência.

Um Triângulo e um Quadrado

desenham uma circunferência.

 

Inexistem o pecado e o perdão,

a martirização ou a recompensa.

Tudo é entendimento ou violação,

afastamento ou Santa Presença.

 

Inexistem o cabal e o restrito;

tudo é um fragmento do Todo.

O que hoje é tido como maldito

acabará se tornando acômodo.

 

Inexistem o chegar e o partir;

há, sim, ad æternum Existência.

Tudo é caminho; tudo é sentir

em direção à Hiperconsciência.

 

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. Não há tempo melhor e tempo pior, época melhor e época pior, instante isto e instante aquilo. O mundo e o Universo são sempre novos porque não envelhecem – estão permanente e continuamente mudançando e renascendo em si-mesmos. O que muda e se atualiza é a nossa consciência.

2. Penso que as grandes provas, os sofrimentos funestos e as experiências terríveis da vida derivem da nossa ignorância – que acabam por impingir educativamente as Leis da Causa e do Efeito e da Compensação. No fundo, um ser humano – digamos assim, normal – não deseja sofrer nem passar por experiências dolorosas. Se sofre e passa, é porque ainda não compreendeu a finalidade da Vida, que, na verdade, não tem qualquer finalidade. O Universo e a denominada Consciência Cósmica não querem nada, isto é, não são, em si, expectantes, finalísticos, teleológicos; são o que são. O ser-aí-no-mundo é que quer (precisa querer) as coisas, e luta (deverá lutar) por elas. Disto, fica a pergunta: o Universo e a Consciência Cósmica, se evoluíssem, evoluiriam para onde? Uma esfera ilimitada é, foi e será uma esfera ilimitada. Antes dela, ela; depois dela, ela.

 

 

 

3. Não há nada mais difícil do que se tomar consciência plena da crueldade inoportuna da mais-valia. Sempre estamos a querer mais, mais, mais...

4. O Bhagavad Gita é a essência do conhecimento védico da Índia e um dos maiores clássicos de Filosofia e Espiritualidade do mundo. A Filosofia perene do Bhagavad Gita tem intrigado a mente de quase todos os grandes pensadores da Humanidade, tendo influenciado de maneira decisiva inúmeros movimentos espiritualistas. Faz parte do épico Mahabharata, embora seja de composição mais recente que o todo deste livro.

5. As religiões e os deuses que foram criados na Terra – e são milhares! – servem (quando servem) apenas para os seres da Terra que desejam seguir uma religião e crer em determinado deus. Por isto, na Terra – e, na realidade, em nenhum lugar do ilimitado Universo – poderá existir uma religião universal, pois, o que, presumidamente, é útil e serve a um Plano ou Dimensão é inútil ou obsoleto em outro Plano ou Dimensão. Observe que a suprema consciência na Terra é a do Homo sapiens, e assim, o obscurantismo humano costuma antropomorfizar os deuses em que acredita. No Catolicismo, por exemplo, que admite que o Mestre Jesus seja, como Filho, a encarnação de Deus, seus adeptos, que, em maioria, são ocidentais, O transfiguraram risivelmente em um homem louro de olhos azuis! Por outro lado, se, porventura, o Bos taurus fosse a suprema consciência na Terra, talvez, os deuses se parecessem com bois! Logo, é muito precário, para não dizer impossível, que o ser-aí-no-mundo possa vir a bolar uma religião que possa ser (considerada) universal. O fato é que, quando se tornar Super-homem (Homem-deus), o ser-aí-no-mundo saberá que a Illuminação independe de deuses e de religiões, de rituais e de genuflexões, de laranjas e de limões. O verdadeiro Religare é a fusão Místico-alquímica do ser-aí-no-mundo com o Deus do seu Coração. Nada mais nem nada menos do que isto. As milhares de religiões e os milhares de deuses fabricados pela crença insciente da Humanidade claudicante nunca foram capazes de promover ou de ser a causa deste Sagrado Religare, porque ele, fundamentalmente, é interior e Iniciático, não exterior e acrobático.

6. Qualquer verdade – seja suprema, seja ínfima – será sempre relativa. Mas, 2 + 2 sempre dará 4 como resultado, e a relação entre o perímetro de uma circunferência e seu diâmetro será sempre igual a , um número irracional e transcendente!

7. É por isto, exatamente por isto, que as religiões e os deuses criados pela mente humana nascem, existem por um tempo e acabam morrendo. Para onde vão os deuses, não sei; mas, novas religiões e novos deuses são criados, e têm o mesmo destino. Do Homem Cro-Magnon até nossos dias, já apareceram na Terra zilhares e zilhares de religiões e zilhares e zilhares de deuses, que acabaram sumindo na poeira do tempo (junto com os demônios e os seus assistentes). E o ser-aí-no-mundo continua a procurar do lado de fora, tanto dantes como agora, sem se mancar e fazer a hora! Quousque tandem, ignorantìa, abutere vita nostra? Até quando, ignorância, abusarás da nossa vida?

 

 

E aí, para fazer frente ao não,
existenciaram o carnaval!
E por
sei-lá-eu-pelo-sim-pelo-não,
estigmatizaram o Simonal!

E aí, por não saber o que fazer,
Getúlio Vargas se suicidou!
E por ser submisso ao não-ser,
o Terceiro Reich desandou!

E aí, anaconda que não anda,
não papa anta barriguda!

E por ser ainda muito infanda,
noss'alma é surda-muda!

................................................

E, nada dizendo, tenho dito.
Mas, é tudo inscícia sim.

 

 

Música de fundo:

Balanço Zona Sul
Compositor: Tito Madi
Interpretação: Wilson Simonal

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.jaybonaut.com/
Stuff/heroes/Flint/

http://www.moillusions.com/
impossible-triangle-animated-gif/

http://dondixon.blogspot.com.br/

http://en.wikiquote.org/wiki/Sri_Aurobindo

http://www.brainyquote.com/quotes/
authors/s/sri_aurobindo.html

https://www.goodreads.com/author/
quotes/5867530._r_Aurobindo

http://www.theusgroup.com/
sol/perl/thermal_how.pl

http://www.clairvision.org/portugues/
samuel-sagan-o-despertar-da-visao-interior.html

https://sites.google.com/site/
etnomath/26-o-que-e-ser-humano

http://epocanegocios.globo.com/Revista/
Common/0,,ERT271203-16356,00.html

http://wagnerwsa.blogs.sapo.pt/262701.html

http://wagnerwsa.blogspot.com.br/2013/10/
frase-para-o-dia-02102013.html

http://dharmalog.com/tag/sri-aurobindo/

http://www.math.binghamton.edu/
alex/animated_gifs.html

http://www.ogrupo.org.br/aurobindo.asp

http://www.casasriaurobindo.com.br/
a_casa/historico/fundamentos.htm

http://pensador.uol.com.br/
autor/sri_aurobindo/

https://pt-br.facebook.com/
citador/posts/339950224612

http://www.casasriaurobindo.com.br/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sri_Aurobindo

http://pt.wikiquote.org/wiki/Sri_Aurobindo

 

Direitos autorais:

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