Eduardo
Abranches de Soveral
Qual
poderá ser o destino de um teólogo que perdeu a fé,
mas continua fascinado pelo Absoluto? Em princípio, só
lhe resta a via negativa aberta por Dionísio Areopagita: a
ascese mística, vigilante e incansável da 'douta ignorância'.1
Enquanto não forem quebrados todos os ídolos, o espírito
não ficará purificado e liberto para receber a Palvra
Divina, se Ela vier...
SOVERAL,
Eduardo Abranches de. Meditação heideggeriana.
In: _____ Ensaios Filosóficos. Portugal. Porto, Elcla Editora,
1995, pp. 13 - 14.
_____
Nota:
1.
Sócrates tinha plena noção de sua douta ignorância:
Sei que nada
sei. Já, Da
Douta Ignorância, publicada
em 1440, é a principal obra de Nicolau de Cusa (1401 –
1464), um cardeal da Igreja Católica Romana e filósofo
do Renascimento. É de Nicolau de Cusa a afirmação:
Nenhum outro
saber mais perfeito pode advir ao homem, mesmo ao mais estudioso,
do que se descobrir sumamente douto na sua ignorância, que lhe
é própria. E será tanto mais douto quanto mais
ignorante se souber.