NOUS
(Um Experimento Interessante)

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

 

Breves Considerações Sobre Nous

 

 

 

 

Nous – termo filosófico grego que não possui uma transcrição direta para a língua portuguesa – significa atividade do intelecto ou da razão em oposição aos sentidos materiais. Muitos autores atribuem como sinônimo à Nous os termos inteligência ou pensamento. O significado ambíguo do termo é resultado de sua constante apropriação por diversos filósofos, para denominar diferentes conceitos e idéias. Nous refere-se, dependendo do filósofo e do contexto, algumas vezes a uma faculdade mental ou característica, outras vezes a uma correspondente qualidade do Universo ou de Deus.

 

Homero usou o termo Nous para significar a atividade mental em termos gerais, mas no período pré-Socrático o termo foi gradualmente atribuído ao saber e à razão, em contraste aos sentidos sensoriais, objetivos.

 

Anaxágoras descreveu Nous como a força motriz que formou o mundo a partir do caos original, iniciando o desenvolvimento do Cosmos.

 

Platão definiu Nous como a parte racional e imortal da Alma. É o divino e atemporal pensamento no qual as grandes verdades e conclusões universais emergem meditativa e imediatamente, sem necessidade de linguagem ou de premissas preliminares.

 

Aristóteles associou Nous ao intelecto, distinto de nossa percepção sensorial, objetiva. Ele ainda dividiu-o em Nous ativo e Nous passivo. O passivo é afetado pelo conhecimento. O ativo é a Eterna Primeira Causa da qual decorrem todas as subseqüentes causas no Universo.

 

Plotino descreveu Nous como sendo uma das emanações do Ser Divino. Na Filosofia plotiniana, Deus, por processão, Se autocria livremente a Si mesmo por meio de três hipóstases (realidades permanentes, concretas e fundamentais): Uno, Nous (Inteligência) e Alma, que ele comparava, simbólica e respectivamente, com a Luz, o Sol e a Lua. Na História da Filosofia, Giovanni Reale e Dario Antiseri, vol. I, p. 343, resumem o pensamento de Plotino da seguinte forma: Deus não cria livremente o outro de si, mas se autocria livremente a si mesmo, e que se trata de um ’si’ que se autocria livremente como potência infinita, que necessariamente se expande, produzindo o outro de si. Ou seja: do Uno deriva Nous (Espírito que pode ser entendido como Mente); de Nous deriva a Alma. Voltando–se para sua origem e através dela, a Alma vê e pode retornar ao Uno, já que Dele, em verdade, nunca esteve desvinculada ou separada. Assim, segundo Plotino, Nous é uma imagem do Uno, conformando–se à Unidade sem intermediação; e a Alma é uma imagem de Nous, conformando–se ao Espírito como seu original. A Alma do homem, afirmou Plotino, é preexistente no estado de alma pura, mas deve, ainda que temerariamente, descer aos corpos para concretizar as potencialidades de Nous.

 

O Manual Rosacruz assim descreve Nous (ligeiramente editado): Energia Poder e Força que emanam da Fonte de toda a Vida – possuindo polaridades positiva e negativa e se manifestando em vibrações de vários graus de velocidade – que, sob determinadas condições e obedecendo aos preceitos da Lei Natural, estabelecem o mundo das formas, sejam estas visíveis ou invisíveis. Nous possui em si mesmo todas as potencialidades, isto é, todas as manifestações de qualquer espécie lhe são inerentes, incriadas, e aguardam o devido momento, a ocasião precisa, o local exato, para se manifestarem como entidades. Nous é a Essência da qual provêm todas as formas manifestas. Embora seja substância, a Divina Substância da qual são feitas todas as coisas, está, não obstante, sujeita à Lei Natural. Nous é vibratório em caráter, dual em natureza e trino em manifestação. Opera através de um sistema de harmônicos, por meio do Teclado Cósmico de oitenta oitavas. Cada oitava representa um número definido de vibrações de Nous, começando com duas vibrações por segundo na primeira oitava e terminando com zilhões de vibrações por segundo na última oitava. As oitavas constituem não somente grupos de notas, mas grupos de manifestações. Assim, as dez primeiras oitavas produzem a sensação de tato e de audição... As oitavas seguintes produzem manifestações diferentes, assim acontecendo em todas as oitenta oitavas do Teclado Cósmico. Nous, em linguagem compreensível, pode ser considerado como uma combinação de Força Vital e de Consciência Cósmica partindo da Fonte em direção à Terra em forma ondulatória, em uma infinidade de ondas que se propaga em diferentes graus de velocidade, cada grau característico de uma fase especial de manifestação. Na parte interna dessas ondas, propagando-se na mesma velocidade que as ondas, encontram-se as partículas da Essência de Nous, que, agrupadas em conformidade com combinações numéricas específicas, tornam perceptível todas as espécies e formas de manifestação. É devido à freqüência vibratória de cada onda de Nous que as próprias coisas manifestas têm a capacidade de emitir as vibrações pela quais se tornam conhecidas e reconhecidas.

 

 

 

 

 

Um Experimento Interessante

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Experimentos místicos devem ser executados, prioritariamente, em dias em que não aconteceram aborrecimentos ou coisas que possam ter nos desarmonizado. Mas isto não quer dizer que não possam ser feitos em dias em que ocorreram conturbações, até porque uma forma de readquirirmos nosso equilíbrio e nossa harmonia é, em particular, através de um exercício espiritual.

 

Então, escolha um dia qualquer para realizar o que vou sugerir.

 

Tome um banho, beba um copo com água e relaxe um pouquinho. Se desejar, cante seu mantra preferido. Inspire, preferentemente, pela narina direita, e retenha o ar por alguns instantes, mas tendo o cuidado de não se sentir desconfortável. Visualize, imagine – o que é fato – que todo o seu ser está sendo polarizado pelas vibrações curativas e harmonizadoras de Nous. Visualize e imagine o Bem, a Beleza e a Paz Profunda inundando todo o seu ser. Se você desejar, poderá visualizar tudo isto se concentrando, preliminarmente, no Ventrículo Esquerdo do seu Coração, e, depois, se derramando por todo o seu ser. Em seguida, espire lentamente o ar pela boca. Ao espirar emita, não-direcionalmente, comandos-pensamentos de saúde e alegria, compreensão e justiça, fraternidade e solidariedade, harmonia e bem-estar, compaixão e tolerância. Isto poderá ser feito mentalmente ou de forma audível, suavemente verbalizada. Não se esqueça de que aquilo que você determinar reverente e misticamente estará selado. Sua vontade é a Vontade do Cosmos.

 

Agora, entenda o que você realizou: com este exercício místico, simples, primeiro, graciosamente, você recebeu do Cosmos Bem, Beleza e Paz Profunda, que, conforme você visualizou, inundaram todo o seu ser. Em seguida, impessoal e generosamente, você devolveu ao Cosmos o que há de melhor em você. O verbo devolver, aqui, não significa que você, ao fazer a devolução, esteja perdendo o que adquiriu misticamente. O que se conquista misticamente só se perde se tolamente resolvermos jogar no lixo o que recebemos. Na verdade, o que construímos, em princípio, fica para sempre. Então, se quiser, entenda e troque o verbo devolver por doar ou por oferecer. Doação, oferenda bendita, enfim, do que há de melhor em seu Coração. Não há momento melhor para servir do que aquele em que estamos entregues ao Summum Bonum Universal ou à Vibração Crística. Por este motivo, só não nos tornaremos deuses se não quisermos!

 

 

 

 

 

 

Bibliografia:

LEWIS, H. Spencer. Manual Rosacruz. Biblioteca Rosacruz; volume especial. 6ª edição. Coordenação de Maria A. Moura. Rio de Janeiro: Editora Renes, s. d.

PLOTINO. Las enneadas (precedidas de la vida de Plotino por su discipulo Porfirio). Versión castellana de J. M. Q. Vol. I a IV. Madrid: Imp. De L. Rubio, 1930.

REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da filosofia. /Il pensiero occidentale dalle origini adoggi. Trad. São Paulo: Paulinas, volume I, 1990.

______. Meditação sobre o horizonte metafísico. In: Presença Filosófica, Rio de Janeiro, 3 (2 e 3): 11–19, abr./set., 1981.

______. Perspectiva Ontológica de ser – dever ser. In: Presença Filosófica, Rio de Janeiro, 10 (1 e 2): 193–8, jan./jun., 1984.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3stase

http://pt.wikipedia.org/wiki/Nous