Nous
– termo filosófico grego que não possui uma transcrição
direta para a língua portuguesa – significa atividade do intelecto
ou da razão em oposição aos sentidos materiais. Muitos
autores atribuem como sinônimo à Nous os termos inteligência
ou pensamento. O
significado ambíguo do termo é resultado de sua constante
apropriação por diversos filósofos, para denominar
diferentes conceitos e idéias. Nous refere-se, dependendo
do filósofo e do contexto, algumas vezes a uma faculdade mental ou
característica, outras vezes a uma correspondente qualidade do Universo
ou de Deus.
Homero
usou o termo Nous para significar a atividade mental em termos
gerais, mas no período pré-Socrático o termo foi gradualmente
atribuído ao saber e à razão, em contraste aos sentidos
sensoriais, objetivos.
Anaxágoras
descreveu Nous como a força motriz que formou o mundo a
partir do caos original, iniciando o desenvolvimento do Cosmos.
Platão
definiu Nous como a parte racional e imortal da Alma. É
o divino e atemporal pensamento no qual as grandes verdades e conclusões
universais emergem meditativa e imediatamente, sem necessidade de linguagem
ou de premissas preliminares.
Aristóteles
associou Nous ao intelecto, distinto de nossa percepção
sensorial, objetiva. Ele ainda dividiu-o em Nous ativo e Nous
passivo. O passivo é afetado pelo conhecimento. O ativo é
a Eterna Primeira Causa da qual decorrem todas as subseqüentes causas
no Universo.
Plotino
descreveu Nous como sendo uma das emanações do Ser
Divino. Na Filosofia plotiniana, Deus, por processão, Se autocria
livremente a Si mesmo por meio de três hipóstases (realidades
permanentes, concretas e fundamentais): Uno, Nous (Inteligência)
e Alma, que ele comparava, simbólica e respectivamente, com a Luz,
o Sol e a Lua. Na História da Filosofia, Giovanni Reale
e Dario Antiseri, vol. I, p. 343, resumem o pensamento de Plotino da seguinte
forma: Deus não cria livremente
o outro de si, mas se autocria livremente a si mesmo, e que se trata de
um ’si’ que se autocria livremente como potência infinita,
que necessariamente se expande, produzindo o outro de si.
Ou seja: do Uno deriva Nous (Espírito que pode ser entendido
como Mente); de Nous deriva a Alma. Voltando–se para sua
origem e através dela, a Alma vê e pode retornar ao Uno, já
que Dele, em verdade, nunca esteve desvinculada ou separada. Assim, segundo
Plotino, Nous é uma imagem do Uno, conformando–se
à Unidade sem intermediação; e a Alma é uma
imagem de Nous, conformando–se ao Espírito como seu
original. A Alma do homem, afirmou Plotino, é preexistente no estado
de alma pura, mas deve, ainda que temerariamente, descer aos corpos para
concretizar as potencialidades de Nous.
O
Manual Rosacruz assim descreve Nous (ligeiramente editado):
Energia Poder e Força que emanam da Fonte de toda a Vida –
possuindo polaridades positiva e negativa e se manifestando em vibrações
de vários graus de velocidade – que, sob determinadas condições
e obedecendo aos preceitos da Lei Natural, estabelecem o mundo das formas,
sejam estas visíveis ou invisíveis. Nous possui em
si mesmo todas as potencialidades, isto é, todas as manifestações
de qualquer espécie lhe são inerentes, incriadas, e aguardam
o devido momento, a ocasião precisa, o local exato, para se manifestarem
como entidades. Nous é a Essência da qual provêm
todas as formas manifestas. Embora seja substância, a Divina Substância
da qual são feitas todas as coisas, está, não obstante,
sujeita à Lei Natural. Nous é vibratório em
caráter, dual em natureza e trino em manifestação.
Opera através de um sistema de harmônicos, por meio do Teclado
Cósmico de oitenta oitavas. Cada oitava representa um número
definido de vibrações de Nous, começando com
duas vibrações por segundo na primeira oitava e terminando
com zilhões de vibrações por segundo na última
oitava. As oitavas constituem não somente grupos de notas, mas grupos
de manifestações. Assim, as dez primeiras oitavas produzem
a sensação de tato e de audição... As oitavas
seguintes produzem manifestações diferentes, assim acontecendo
em todas as oitenta oitavas do Teclado Cósmico. Nous, em
linguagem compreensível, pode ser considerado como uma combinação
de Força Vital e de Consciência Cósmica partindo da
Fonte em direção à Terra em forma ondulatória,
em uma infinidade de ondas que se propaga em diferentes graus de velocidade,
cada grau característico de uma fase especial de manifestação.
Na parte interna dessas ondas, propagando-se na mesma velocidade que as
ondas, encontram-se as partículas da Essência de Nous,
que, agrupadas em conformidade com combinações numéricas
específicas, tornam perceptível todas as espécies e
formas de manifestação. É devido à freqüência
vibratória de cada onda de Nous que as próprias coisas
manifestas têm a capacidade de emitir as vibrações pela
quais se tornam conhecidas e reconhecidas.
Um
Experimento Interessante
Experimentos
místicos devem ser executados, prioritariamente, em dias em que não
aconteceram aborrecimentos ou coisas que possam ter nos desarmonizado. Mas
isto não quer dizer que não possam ser feitos em dias em que
ocorreram conturbações, até porque uma forma de readquirirmos
nosso equilíbrio e nossa harmonia é, em particular, através
de um exercício espiritual.
Então,
escolha um dia qualquer para realizar o que vou sugerir.
Tome
um banho, beba um copo com água e relaxe um pouquinho. Se desejar,
cante seu mantra preferido. Inspire, preferentemente, pela narina direita,
e retenha o ar por alguns instantes, mas tendo o cuidado de não se
sentir desconfortável. Visualize, imagine – o que é
fato – que todo o seu ser está sendo polarizado pelas vibrações
curativas e harmonizadoras de Nous. Visualize e imagine o Bem,
a Beleza e a Paz Profunda inundando todo o seu ser. Se você desejar,
poderá visualizar tudo isto se concentrando, preliminarmente, no
Ventrículo Esquerdo do seu Coração, e, depois, se derramando
por todo o seu ser. Em seguida, espire lentamente o ar pela boca.
Ao espirar emita, não-direcionalmente, comandos-pensamentos
de saúde e alegria, compreensão e justiça, fraternidade
e solidariedade, harmonia e bem-estar, compaixão e tolerância.
Isto poderá ser feito mentalmente ou de forma audível, suavemente
verbalizada. Não se esqueça de que aquilo que você determinar
reverente e misticamente estará selado. Sua vontade é a Vontade
do Cosmos.
Agora,
entenda o que você realizou: com este exercício místico,
simples, primeiro, graciosamente, você recebeu do Cosmos Bem, Beleza
e Paz Profunda, que, conforme você visualizou, inundaram todo o seu
ser. Em seguida, impessoal e generosamente, você devolveu ao Cosmos
o que há de melhor em você. O verbo devolver, aqui, não
significa que você, ao fazer a devolução, esteja perdendo
o que adquiriu misticamente. O que se conquista misticamente só se
perde se tolamente resolvermos jogar no lixo o que recebemos. Na verdade,
o que construímos, em princípio, fica para sempre. Então,
se quiser, entenda e troque o verbo devolver por doar ou por oferecer. Doação,
oferenda bendita, enfim, do que há de melhor em seu Coração.
Não há momento melhor para servir do que aquele em que estamos
entregues ao Summum Bonum Universal ou à Vibração
Crística. Por este motivo, só não nos tornaremos deuses
se não quisermos!
Bibliografia:
LEWIS,
H. Spencer. Manual Rosacruz. Biblioteca Rosacruz; volume especial.
6ª edição. Coordenação de Maria A. Moura.
Rio de Janeiro: Editora Renes, s. d.
PLOTINO.
Las enneadas (precedidas de la vida de Plotino por su discipulo Porfirio).
Versión castellana de J. M. Q. Vol. I a IV. Madrid: Imp. De L. Rubio,
1930.
REALE,
Giovanni e ANTISERI, Dario. História da filosofia. /Il pensiero
occidentale dalle origini adoggi. Trad. São Paulo: Paulinas,
volume I, 1990.
______.
Meditação sobre o horizonte metafísico. In:
Presença Filosófica, Rio de Janeiro, 3 (2 e 3): 11–19,
abr./set., 1981.
______.
Perspectiva Ontológica de ser – dever ser. In:
Presença Filosófica, Rio de Janeiro, 10 (1 e 2): 193–8,
jan./jun., 1984.
Páginas
da Internet consultadas:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3stase
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nous