Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

SUICIDAS E MORTOS POR ACIDENTE

 

Ambas as espécies podem se comunicar e ambas terão que pagar caro por tais visitas. E agora tenho novamente de explicar o que quero dizer. Bem, esta classe é a que os espíritas franceses chamam de 'Espíritos Sofredores'. São uma exceção à regra, pois terão que permanecer dentro da atração da Terra e em sua atmosfera – o 'Kama Loka' – até o momento final que teria sido a duração natural das suas vidas. Em outras palavras: aquela onda particular de evolução da vida tem que prosseguir para a sua margem. Mas é um pecado e uma crueldade reviver a sua memória e intensificar o seu sofrimento ao lhes dar uma oportunidade de viver uma vida artificial; uma possibilidade de sobrecarregar o seu 'Karma', tentando-os a que penetrem em portas abertas, isto é, médiuns e sensitivos, pois irão pagar inequivocamente por tais prazeres. Explicarei. Os suicidas que – tolamente querendo escapar da vida – se encontram ainda vivos, têm bastante sofrimento reservado e que os aguarda nessa mesma vida. Seu castigo está baseado na intensidade de tal vida. Tendo perdido, em conseqüência de sua irreflexiva ação, seus Sexto e Sétimo Princípios (ainda que não seja para sempre, pois poderão recobrá-los), em vez de aceitar o seu castigo e aproveitar as suas oportunidades de redenção, eles, inúmeras vezes, são levados a lamentar a vida tentados a reconquistar o controle sobre ela por meios pecaminosos. No 'Kama Loka' – a terra dos desejos intensos – eles podem somente satisfazer os seus desejos terrenos mediante um substituto vivente; e fazendo isso, na expiração do seu prazo natural de vida, eles geralmente perdem para sempre a sua Mônada. Quanto às vítimas de acidentes, seu destino é ainda pior. A menos que tenham sido tão bons e puros para serem atraídos imediatamente para dentro do 'Samadhi akásico' – isto é, cair em um estado de tranqüila letargia, um sono cheio de rosados sonhos durante o qual eles nada recordam do acidente, movem-se e vivem entre os seus amigos e cenas familiares, até que o seu prazo normal de vida extinga, quando eles, então, descobrem-se nascidos no 'Devachan'. Mas, se foram pecadores e sensuais, um lúgubre destino os espera: vagueiam como sombras desditadas (não são cascões), pois a sua conexão com os dois princípios mais elevados não está completamente partida, até que venha a hora da morte. Cortada a vida em pleno fluxo de paixões terrenas que os liga a cenas familiares, eles se deixam seduzir pelas oportunidades que lhes oferecem os médiuns de gratificar tais paixões por intermédio deles. São os chamados pisachas, íncubos e súcubos dos tempos medievais – demônios da embriaguez, da gula, da luxúria e da avareza – elementares de intensificada astúcia, perversidade e crueldade que provocam as suas vítimas a cometer crimes horrendos e que gozam quando isso ocorre! Não só arruínam as suas vítimas, mas também esses vampiros psíquicos são arrastados pela corrente de seus impulsos da aura da Terra até regiões onde, durante milênios, terão que suportar agudos sofrimentos até a sua total destruição. Mas, caso a vítima do acidente ou da violência não seja nem muito boa nem muito má (uma pessoa comum), então pode acontecer o seguinte: um médium pode atraí-la e criar-lhe as mais indesejáveis das coisas: uma nova combinação de 'Skandhas' e um novo e mau 'Karma'.

 

Cartas dos Mahatmas
Mestre Kut Hu Mi

 

 

 

 

 

Caos Separador e Regenerador

 

 

 

Não há sentido em viver

sobressaltado com a morte.

Devemos, isto sim, Viver

perseguindo a Santa Morte.1

 

 

Morte da vida pela Morte

e subjugação da astralidade.

Não há fatalidade nem sorte:

 

 

Não voa um grão de poeira,

não cai uma gota de chuva,

e as uvas nascem da videira.

Tudo assenta como uma luva.

 

 

Quem espera não alcança,

quem dorme não rompe os elos.

Quem vive na borga e na dança

carregará para lá seus anelos.

 

 

Por que deixar para amanhã?

Por que não se livrar da prisão?

Hoje poderá ser a Dourada Manhã

em que a Voz falará no Coração!2

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. A Santa Morte nada mais é do que o progressivo e consciente livramento dos desejos, das cobiças e das paixões. Todavia, este é apenas o primeiro passo. Outro dia, ouvi o seguinte comentário: — De que adianta viver sem os prazeres do sexo e da boa mesa? Em silêncio, respondi para mim mesmo: construímos e parimos nossos demônios; depois, quando morrermos, serão esses mesmos demônios que nos aprisionarão e nos atordoarão por milênios, isto se antes não viermos a ser destruídos! Precisamos ter em mente duas coisas: não são absolutas nem a Lei da Reencarnação nem a Lei dos 144 anos. Há um alerta inculcado no número 144. Teosoficamente, 144 é igual a 9 porque 1 + 4 + 4 = 9. Nove é o último dígito! Em KaBaLa, 144 está ligado a IaM SUF (Mar Vermelho ou Mar dos Juncos), e seu Valor Athbash* é 144 (40–10, 8–80–6). Para Carl Gustav Jung (Kesswil, 26 de julho de 1875 – Küsnacht, 6 de junho de 1961), o mar é o símbolo universal do caos separador e regenerador.

 

* Os conceitos de Valor Pleno, Valor Oculto e Valor Athbash são de autoria de Friedrich Weinreb, apresentados na p. 72 da obra Kabala el Livro de Jonas. Há, todavia, outros valores numéricos para as letras.

 

2. In Corde loquitur nostro Vox Dei. Em nosso Coração fala a Voz de Deus.

 

Observação:

A tradição doutrinária indiana distingue dez categorias de seres malévolos, três delas de origem humana. Estas são descontentes, errantes, ocupadas em fazer o mal e aborrecer os mortais através da produção de fenômenos como a possessão e as inspirações para ações nefastas. Estas três categorias são: os Butha, os Preta e os Pisacha [Pisaca]. Porém, o termo Butha, que pertence ao sânscrito, idioma da antiga Índia, é popularmente aplicado aos três tipos. Serve para designar entidades que viveram e não vivem mais como seres humanos deste mundo. Em um sentido específico, aplica-se a fantasmas, simulacros, relíquias do homem morto, impureza astral. São sombras, pálidos habitantes do Plano Astral, cópia do homem que foi um dia. A crença nos Bhutas se entende ao Tibete, à China e a outros países do Oriente, como a Indonésia, no contexto do Budismo.

A sede de sangue é uma constante entre os diversos caracteres do folclore da Índia e do Tibete, o que leva os pesquisadores ocidentais a catalogar uma infinidade de vampiros. Na abalizada enciclopédia de Matthew Bunson consta que o termo bhuta tem sido usado para descrever todas as formas de vampiros indianos, entretanto muitos folcloristas referem-se a este como um tipo específico de vampiro. Outros tipos incluem rakshasa, jigarkhwar, hanh saburo, hant-pare, hantu-dor dong, mah’anah, pacu-pati, penanggalan, pisacha, e vetala.

 

Esta observação foi editada das fontes:

http://apocalipse.us/index.php?topic=1033.0

http://mortesubita.org/

 

Bibliografia:

WEINREB, Friedrich. Kabbala (La Biblia: divino proyecto del mundo)/De bijbel als shepping. Tradução de Joana Danis. Buenos Aires: Editorial Sigal, 1991, 495 p.

______. Kabala: El livro de Jonas/Het bijbelboeka Jonah.Tradução de Yos Meijer. Buenos Aires: Editorial Sigal, 1993, 487 p.

 

Música de fundo:

I Left My Heart in San Francisco (George Cory & Douglass Cross)

Fonte:

http://www.geocities.com/Wellesley/7542/music.html