Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

Analogia e conformidade.

Semelhança e identidade.

Estabilidade e empatia.

 

Periodicidade e regularidade.

Adequabilidade biológica.

Ascensionabilidade andrológica.

Sintonia e retributividade.

 

Ad æternum: isometria e simetria.

Ad æternum: harmonia e entropia.

 

O ser-no-mundo2 foi, é e será Sete.

Foi, é e será em cada Peregrinação:

simetria, regeneração e evolução.3

 

 

 

 

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Notas:

 

Três Exemplos de Simetria do Cubo
(Os planos de simetria do cubo são nove,
ou seja, os planos que o dividem em duas partes,
sendo uma a imagem refletida da outra)

 

1. A simetria é uma característica universal que pode ser observada em diversas formas geométricas, em equações matemáticas ou em outros objetos e no próprio ser humano. A Vida e a vida são misticamente duais e manifestamente simétricas, o que não quer dizer que, ipso facto, sejam iguais. Logo, simetria não implica em igualdade. O conceito de simetria, por outro lado e nesta Terceira Dimensão, está relacionado com o de isometria (qualidade ou condição em que as dimensões são iguais). A simetria, por óbvia relação ou semelhança, ocorre ou é aplicada em várias vertentes da ação humana, como por exemplo: na geometria, na matemática, na física, na biologia, na arte e na literatura (a própria Divina Comédia de Dante Alighieri, 1265-1321, por exemplo, apresenta uma determinada concepção de simetria em que o impossível Inferno se apresenta como o negativo do utópico Paraíso, em torno de um eixo, um pouco mais ameno e um pouco menos anti-humano, do imaginoso Purgatório). Lúdica e giratoriamente, eu vejo [sem ver (bu)lhufas] a coisa-confusão-fantasiosa-inferno-purgatório-paraíso-alighieriana (coisa-confusão-fantasiosa alighieriana, repito, não minha – pois não degluto essa pilula placebo irrationalis et alienantis – todavia sem o monótono Limbo*, que também não consta da Divina Comédia) mais ou menos assim, entretanto, coisa meio assada, meio cozida, meio frita, meio refogada, meio solada, mas inexplicável e dançarinamente circunvolutória:

 

 

* O Limbo – magicamente tirado na Idade Média, por volta do século XIII, de um barrete cardinalício vermelho e incorporado, por séculos, autoritária e fantasticamente, aos ensinamentos da Igreja Católica – era o incoadunável lugar para onde os teólogos católicos queriam porque queriam (e até recentemente continuavam querendo) que 'sacanocraticamente' fossem as pobres alminhas das criancinhas que morriam antes de receber o Sacramento do Batismo. En passant: e os natimortos? O Limbo, entretanto, continuava sendo, até bem pouco tempo, um monótono lugar – nem frio nem quente, nem dolorido nem indolor, nem triste nem alegre, nem coisa nem loisa, onde presumidamente não havia bem-aventurança ou sofrimento – para onde voava a alminha da criança não-condenada. Mas, atenção: o Limbo não era o Paraíso, pois para merecer ir para este utópico lugar, a alma do de cujus precisava estar em comunhão com Deus. Então, é muito fácil de compreender a suposição-maquinação vermelha da Idade Média: como os 'de cujinhos' não haviam sido batizados e ainda não tinham feito a Primeira Comunhão, 'merdavam' em Pecado Original e não poderiam mesmo saber o que era ou o que poderia ser uma comunhão com Deus. Conclusão: Limbo nas alminhas dos 'de cujinhos'! Mas, porém, todavia, contudo, em 2005, o papa Bento XVI – por força de diverssíssimas condições adverssíssimas – convocou papalmente cerca de trinta teólogos ao gosto papal, para que fosse feita uma espécie de reestruturação teológica para aumento da competitividade religiosa da Igreja Católica – isto é, um tipo de reengenharia celestial (como se isso fosse suscetível de ser feito por papas e por teólogos papistas) – e revisassem o conceito do Limbo na teologia católica. Finalmente – pimba e ufa! – em abril de 2007, a Comissão Teológica Internacional, que se reporta à Sagrada (mas nem tanto, pois é herdeira do Santo Ofício) Congregação para a Doutrina da Fé, emitiu um documento oficial afirmando que o Limbo e tudo que era límbico e sujeito à ufa límbica não passariam de uma hipótese teológica mediévica mal-ajeitada e que nunca foram um dogma pra valer, e que, nesse sentido, a partir daí, a mentirinha eclesiástica secular estava definitivamente vetada e abolida. 'Deus, no seu grande amor e misericórdia, assegurará que as crianças não-batizadas desfrutem da vida eterna, com Ele, no Céu'. O papa Bento XVI confirmou e sancionou o documento curial e assegurou que as almas que não tiverem cometido pecados graves irão para o céu, mesmo que não tenham sido batizadas. Santidade, melhorou muito, mas eu ainda gostaria de saber: o que é pecado grave para a Igreja Católica? Pedofilia será um pecado grave? Enfim, nas religiões conhecidas como protestantes ou evangélicas, este conceito não existe, pois as crianças são consideradas puras e, em caso de morte, têm passaporte carimbado diretinho para o Céu. Minha cabeça deu um nó teológico, e desse nó surgiram trocentas dúvidas. Algumas são: E quem, em antanho, antes da medieval criação teológica do Limbo, abotoou o paletó e não era mais criança e nem era católico, para onde foi? E, depois dessa mudança vaticano-papal, os que estavam no Limbo, para onde irão? Foram promovidos para o utópico Paraíso, ou foram rebaixados para o impossível Inferno? Ou terão que esperar o fim do mundo para que haja uma decisão divino-teologal concertada sobre essa matéria? Esperarão sentados, em pé, deitados, acordados, dormindo ou o quê? E meu querido Akhnaton? E Confúcio? E Buddha? E os pré-socráticos, particularmente Pitágoras? E Sócrates? E Platão? Para onde terão ido? E, hoje, todos os outros que não são católicos – inclusive os meus filhos (pois não foram batizados na Igreja Católica) – quando vestirem o jaquetão de madeira? Para onde irão? Quando criança, eu fui batizado; mas velho, caduco, decrépito e patentemente já morto serei cremado, e sei exatamente para onde minha personalidade-alma irá. Jaquetão ou paletó de madeira, eu não visto nem à valentona. E se eu tivesse que disparatadamente escolher, para o Limbo, se ainda existisse, eu não iria nem anestesiado e nem amarrado; lá, enquanto prevaleceu, deveria ser 'muiterrimamente' chato! 'Monotonamenterrimamente' chato! Eu só iria para lá se me fosse assegurado que eu poderia ouvir uns compacts discs do Francis Albert Sinatra.

Voltando à questão da simetria que é muito mais interessante, ainda que dois objetos semelhantes pareçam o mesmo, eles são, logicamente, diferentes. De fato, a simetria refere-se mais a semelhanças do que a igualdades (até porque muitas imagens simétricas não são sobreponíveis, ponto por ponto, à luz da geometria euclidiana). A dificuldade que a nossa capacidade perceptiva tem em diferenciar imagens que, à partida, parecem ser iguais (o que se percebe nas crianças que têm dificuldade em desenhar figuras geométricas a partir de um eixo) será, provavelmente, responsável pela ligeireza e pelo deleitoso estado de consciência alterada provocado pela observação de padrões geométricos intrincados baseados na simetria.

Em Matemática, um exemplo na qual está presente a simetria é na expressão a2c + 3ab + b2c. Se a e b forem permutados, o valor da expressão matemática se manterá inalterado devido à propriedade comutativa da adição algébrica e à propriedade comutativa da multiplicação, coisa que não vale em religião, pois não se pode permutar sacanagem por perdão. Exemplificando numericamente:

Fazendo a = 1, b = 2 e c = 3, as duas possibilidades são:

1ª possibilidade: a2c + 3ab + b2c

12.3 + 3.1.2 + 22.3 = 3 + 6 + 12 = 21

2ª possibilidade: b2c + 3ba + a2c

22.3 + 3.2.1 + 12.3 = 12 + 6 + 3 = 21

O que se conclui? Conclui-se, simplesmente, que:

a2c + 3ab + b2c b2c + 3ba + a2c

Esta nota, até aqui, foi editada e ampliada das fontes:

http://www.atractor.pt/simetria/
matematica/docs/SimCubo.html

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Simetria#Outros_g.C3.A9neros

Em outro movimento, a simetria está presente na Lei Educativa de Causa e Efeito, sem que com isso se deva entender esta Lei Cósmica como sendo punitiva ou, por assim dizer, 'talionante' (o talionato é a idéia de correspondência de correlação e semelhança entre mal causado e punição imposta a quem causou ou praticou o mal), até porque, em um sentido profundamente metafísico, e mesmo não-metafísico, mal e bem são relativos. Por exemplo: a administração de um contraste radiológico (um bem) poderá provocar um choque anafilático (um mal). Assim sendo, portanto, a simetria embutida na Lei Educativa de Causa e Efeito deve ser entendida como Lei Educativa de Retribuição. Por isso o soneto conclui: simetria na regeneração. Possivelmente, s.m.j., o maior exemplo de simetria cósmica esteja mesmo embutido na conhecida Lei do Triângulo (que engloba tudo e está presente em tudo). Observe as duas animações em flash a seguir:

 

 

 

2. O ser-no-mundo (Martin Heidegger, 1889 – 1976) – ou o mesmo platônico – não é e nem jamais poderá ser um ser-no-mundo-sozinho ou um ser-no-mundo-isolado; sua reintegração, sua evolução e sua ascensionabilidade só poderão se tornar progressivamente simétricas e efetivas (eficazes + eficientes) se e quando ele compreender que é um mesmo-no-mundo-com-os-outros (mesmo e outro são UM). Enquanto não compreender isso – e muito mais – a reintegração, a evolução e a ascensionabilidade serão ilusórias, impermanentes e assimétricas, isso se não forem desintegradoras, retrocessoras e descensionais, o que é de causar lástima. A existência individual do ser-no-mundo é necessariamente dependente e está cosmicamente vinculada à existência do outro, ainda que, em cada ponto determinado do tempo que é e não é tempo, sejamos todos seres-a-cada-momento ou seres-de-cada-vez em múltiplos modos-de-ser e em múltiplos modos-de-estar, mais ou menos inconscientes ou mais ou menos conscientes do mundo e das coisas. Por esses motivos e por outros, é que em meditações anteriores desassombradamente afirmei, e afirmo de novo, que todo assassino é potencialmente um suicida, e todo suicida é potencialmente um assassino. Simétrica ou assimetricamente, queiramos ou não, gostemos ou não, somos todos UM. Logo, precisamos aprender a gostar e aprender a querer; e o único caminho para esse gostamento e essa querença é a Compreensão Iniciática. Religiosidade fideísta não resolverá nada. E poderemos ler todos os livros do mundo e decorar citações e pensamentos de autores consagrados; também não adiantará absolutamente nada. Tão-só quando pudermos ouvir e nos determinarmos a ouvir a Voz do Silêncio, no Silêncio e em Santo Silêncio, é que, em Consagrado Silêncio, começaremos realmente nossa Peregrinação Espiritual rumo à Eterna Vida e ao Ilimitado-sem-começo-nem-fim. Tudo isso eu sei, e a cada dia mais sei; mas longe estou dessa augusta realização. Mas, ainda bem que eu já sei. Ainda que apenas saber não baste, já é quelque chose!

Esta nota foi editada e ampliada da fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Limbo

3. Qualquer que seja o Plano, qualquer que seja a Dimensão, esta é a Lei; até, no tempo que é e não é tempo, acontecer volitivamente a Grande Fusão no incriado e indestrutível Todo-Um-Sempre-Um. Brevemente escreverei um ensaio sobre esse tema.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www1.folha.uol.com.br/
folha/mundo/ult94u106650.shtml

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Martin_Heidegger#Dasein

http://www.atractor.pt/
simetria/matematica/docs/index.html

http://www.enchgallery.com/

 

Música de fundo:

Minuet (Bach)

Fonte:

http://www.geocities.com/SOBlikeMIDIs/