Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 compreensível

– mas insuportável –

a insubordinação,

o lobby

e a chiação

dos sem-vergonha,

dos sem-razão,

dos sem-pudor,

dos sem-cerimônia,

dos corruptores,

dos corruptos,

dos violentos,

dos imoralistas,

dos indignos,

dos sanguessugas,

dos mensalõeszeiros,

dos ambulânciaszeiros,

dos telecomunicaçõeszeiros,

dos anõeszeiros,

dos ladrõeszeiros,

dos et cetera e tal.1

O que é péssimo

para a sociedade

e para a democracia

é o silêncio ensurdecedor

dos com-vergonha,

dos com-razão,

dos com-pudor,

dos com-cerimônia,

dos pacíficos,

dos honrados,

dos honestos,

dos dignos,

dos moralistas,

dos religiosos,

dos místicos,

dos ateus,

dos et cetera e tal.

A palavra

poderá falhar;

mas o silêncio

dos inocentes

e dos puros

não convencerá.2

Corruptores e corruptos

não aprenderão jamais

com o silêncio da sociedade.3

Não basta não participar

das libertinagens e das bacanais;

é mais do que preciso lutar

contra todas elas.

Silenciar é tornar-se cúmplice.

Portanto, é necessário,

é mesmo urgente,

descer o porrete

sem dó

nem piedade.

No âmbito restrito,

preciso e

rigoroso

da lei.

Sem exceção.

 

 

 

 

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Notas:

1. O que mais preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem carácter, dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons. Martin Luther King Junior (15 de janeiro de 1929, Atlanta, Georgia – 4 de abril de 1968, Memphis, Tennessee).

2. Onde, por vezes, a palavra falha, o silêncio da pura inocência convence. Shakespeare (1564-1616).

3. O silêncio dos povos é a lição dos reis. Honoré Gabriel Riqueti, Conde de Mirabeau (1749-1791).