Rodolfo Domenico Pizzinga


Música de fundo: Pater Noster
(Written by Arkadi Dubenski (1875-1941) and sung by a tenor with baritone soloists. From the Grande Liturgie Orthodoxe Slave)
Fonte:
www.nicholasleaonscreen.com/CafeRetro/retro.htm




       Este ensaio pretende elucidar parcialmente o significado oculto do Pai Nosso – a ORAÇÃO SUPREMA da Era de Pisces, encerrada em 5 de Fevereiro de 1962. Reconheço, entretanto, que há outras interpretações para esta Oração.

 

 

Em Oração

 


INTRODUÇÃO

 

      Universalmente, para o religioso, Deus é onividente, onipotente, oniparente, onissapiente, ubíquo, incriado, eviterno, misericordioso e próvido. Mas, ao orar, normalmente o peticionário (implorante) supõe que esse mesmo Deus desconheça suas privações e carências, chegando, na maioria das vezes, a tentar instá-Lo, a conceder o que Lhe é suplicado. Este é um dos erros mais comuns no processo da oração. Terá o homem o direito de pleitear, querer ou mesmo exigir isto, aquilo e aquilo outro, apenas porque decidiu que esta ou aquela bendição é melhor para si? A oração, como ensinou Harvey Spencer Lewis (Sâr Alden), não é momento para petições pessoais, mas para comunhão espiritual. E Louis-Claude de Saint-Martin – o Filósofo Desconhecido – deixou escrito: A verdadeira oração é filha do Amor. Quantos se lembram de agradecer pelo Dom da vida e pela consciência (consciente) que os anima? É fundamentalmente isto que distingue (diferencia) o homem dos outros reinos, pois, embora exista um eu incipiente nos animais, eles não têm consciência deste eu. O fato inconteste é que, considerando-se exclusivamente o planeta Terra, apenas no homem manifesta-se a autoconsciência no nível em que esta autoconsciência se manifesta. Não considerarei neste ensaio os seres de níveis mais elevados que o homem e que habitam nosso Planeta. São raros e, por isso, é como se fossem pontos fora de uma curva. Mas, o homem sabe que existe e que pensa. Sum, ergo cogito. Sem embargo, sabe o ocultista que tudo no Universo é consciente. Para meditar sobre Deus Revisitado (God Revisited) e ler o texto The Supreme Experience clique na palavra abaixo: DEUS.

 

DEUS



     Há, todavia e obviamente, diferença entre consciência e autoconsciência. O pensamento fundamental que o verdadeiro místico transmite em suas orações é: Seja feita a Tua vontade, e não a minha. Os místicos evoluídos de todos os tempos sempre reconheceram e agradeceram pelo alento da vida e pelo retorno da consciência consciente ao despertar, pelos momentos de disponibilidade e de compreensão, pela harmonia e pela
paz interior que desfrutaram. As vicissitudes da vida sempre por eles foram compreendidas como necessárias e inerentes à experiência humana (individual e coletiva), já que inexoravelmente estão conformes com alguma Lei ou Princípio cósmico. Enfim, quantos corações amam seu próximo mais do que a si mesmos? Quantos conseguem reconhecer e perceber a necessidade e a importância da vida e da encarnação? Quantos têm a coragem e a determinação de proclamar: Pai, todas as coisas Te são possíveis, afasta de mim este cálice; porém, não o que eu quero, mas o que Tu queres (Evangelho de São Marcos, XIV, 36)?

       A cada passo, em todos os instantes, a chave de tudo é o próprio neófito. Verdadeiramente, as amarguras, as dores, as doenças, as discórdias e as misérias em geral decorrem do apego, da ignorância e da ilusão próprias e inerentes às revivescências no Mundo (impermanente) da Concretização – MaLKhUTh. Entretanto, por mais paradoxal que possa parecer, benditas são. Bendita seja a amargura que propiciará a compaixão, a temperança, a serenidade e a paz. Benfazeja a dor que acalmará e fará espertar o eu. Bondosa a doença que curará a quaternidade inferior do homem e advertirá para os excessos. Caridosa a discórdia que gerará o entendimento, a tolerância e a justiça. Abençoada seja a miséria que proporcionará a fraternidade, fortalecerá a misericórdia e induzirá a caridade, a humildade e a solidariedade. Tão-só pela meditação sincera e desinteressada serão despertadas as faculdades superiores latentes no âmago do ser. E, a Oração das Sete Súplicas, originalmente, não era senão parte de um processo místico meditativo de união interior com a Divindade. Talvez o que precise ser realizado, é que a comunhão com Deus ou a harmonização com as supremas hierarquias espirituais seriam impossíveis, se o ser humano não fosse, em essência, uma emanação dessas elevadíssimas freqüências vibratórias. Esta especulação ontognosiológica está acorde com o lema antropo-teosófico: Todo anímico provém do anímico.
 
       Portanto, exclusivamente pela meditação (ou pela oração, que é uma forma sentimental de meditação) pode o homem reconhecer e compartilhar do aspecto mais refinado de sua dupla natureza (3 + 4), outrora oculta na Década Mística de Pitágoras (TETRACTYS). Por isso, o número 17 (dezessete) foi e continuará sendo um dos números mais misteriosos e secretos do Alto Simbolismo. Cabalisticamente está vinculado ao número 153 (cento e cinqüenta e três), pois este representa o valor secreto daquele.

 


HÁ MUITOS CAMINHOS
PARA A VERDADE,
MAS, NO FINAL,
TODOS SE ENCONTRAM.


NÃO HÁ RELIGIÃO
SUPERIOR À VERDADE.

 

 

MÍSTICOS EM ORAÇÃO

 

       A dupla natureza humana, que, em certo sentido, recorda as Colunas do Templo (Jachin e Boaz), é formada de sete entidades: as três disposições para o futuro (três membros superiores) – Manas, Buddhi e Athma – e os quatro níveis (freqüenciais) inferiores – corpo físico, corpo etérico, corpo astral e o eu – todos integrando uma unidade harmônica e indissolúvel ao longo da vida. Segundo os teósofos e antroposofistas, foi em meados da era lemúrica (Terceira Raça Raiz) que a Trindade Superior do homem uniu-se ao conjunto denominado quatro membros inferiores da natureza humana. Na escola pitagórica de Crotona, esse conhecimento era simbolizado por um triângulo eqüilátero sobreposto a um quadrado.

 


Triângulo

Quadrado

 

 

     Assim, conforme ensinou Rudolf Steiner (1861-1925), o que presentemente habita no quádruplo vaso humano representa uma gota individualizada e autônoma da Divindade. Entretanto, sublinha-se: a sobreposição aludida deve, realmente, ser compreendida como interpenetração, vale dizer, como Unidade. Não existem camadas superpostas no Universo (macro ou micro); a multiplicidade é ilusória e, como manifestações, as coisas apenas representam estados freqüenciais específicos do Ilimitado Teclado Cósmico. A própria autonomia humana estratifica um estágio a ser superado em favor do Todo (UM). A vida e a existência são afins com toda e qualquer vida e toda e qualquer existência. É esta Unidade que deve ser compreendida para poder ser assintoticamente realizada. Contudo, nada do que foi discutido até o presente ou o que se seguirá, objetiva fazer reviver os conceitos preconizados pela inexplicável e insustentável doutrina teleológica. O Universo não caminha para um télos. Nos reducionismos teológico-filosóficos repousam os mais falsos e anestesiantes sofismas que o homem terá de obrigatoriamente superar. Tudo é necessário. Nada é contingente. Por isso, entendem os ocultistas que o homem é um deus mortal progredindo ininterrupta e ascensionalmente para a imortalidade (consciente e conquistada), ou como ensina a sabedoria do Vedanta: EU SOU BRAHMAN.

       De imediato, pode-se perceber que os antigos iniciados (assim como os modernos e os contemporâneos) sempre admitiram que os três membros superiores do ser (Manas, Buddhi e Athma), correspondem aos mesmos princípios existentes na própria Divindade ou Consciência Cósmica. Ao terminar sua romaria terrenal, o homem deverá ter desenvolvido e realizado seu princípio supremo — Athma. Sob um entendimento mais esotérico, o corpo físico não é propriamente um membro, sendo, de certa forma, ignorado pelos Irmãos da Senda Direita. E, também, a Trindade Superior é constituída por Buddhi, Manas Superior e Manas Inferior, sendo os dois últimos um duplo aspecto de um só Princípio. O sétimo Princípio (ou membro), que neste ensaio está sendo cognominado de Athma, é, mais consistentemente, o Ovo Áurico que envolve o ser humano. Este Envoltório Áurico está ocultamente associado ao estanho, a Júpiter, à cor azul, à nota musical Sol e ao quinto dia da semana – Quinta-Feira. É necessário dizer que o Corpo Áurico, em virtude de seu caráter eminentemente sagrado, só veio a ser publicamente conhecido há relativamente pouco tempo. Todavia, para este ensaio, manter-se-á o preliminarmente apresentado, pois não fará diferença para o entendimento do tema ora focalizado.

       Ao término deste ensaio, o pesquisador perspicaz terá observado que a síntese dos esforços do ser deve orientar-se, em última instância, para determinar conscientemente a Esfera Magnética Áurica que o envolve. Por outro lado, quando se disse acima que o corpo físico é ignorado pelos Altos Iniciados, isto não quer significar, absolutamente, que é (ou deva ser) desprezado. Afinal, foi pela Lei da Encarnação que o homem pôde comer o fruto proibido(?) da árvore cósmica do conhecimento e também alcançar a compreensão de sua ascendência até o limite do Princípio Uno Primordial. Enfim, cabe ao ser emanado das Hierarquias Intermediárias reconhecer, desenvolver e realizar in actu a Potência Absoluta perenemente existente em si como em seu primário Progenitor, pois, como preconizou Simão – o Mago, AQUILO que existiu, existe e existirá é a um tempo mãe, pai, irmão, esposa, filha e filho de si mesmo, ou seja, a Raiz de todas as coisas. Helena Petrovna Blavatsky, em sua Doutrina Secreta, discutiu pormenorizadamente todos estes temas. Todavia, foi na parte referente ao Objeto dos Mistérios e Prática da Filosofia Oculta que aprofundou e sintetizou todo o pensamento arcaico e tradicional. Aliás, a citação anteriormente apresentada em itálico
e agora repetida NÃO HÁ RELIGIÃO SUPERIOR À VERDADE é o lema da Sociedade Teosófica.

 

Sociedade Teosófica



       É, portanto, nesse sentido, que laboram todos os verdadeiros místicos solares e que foram formulados e estabelecidos todos os múltiplos tipos de oração abaixo transcritos:

 

Oração de Péricles[1]:

Concedei que palavra alguma me escape contra minha vontade, sendo imprópria para a necessidade presente.

 

*


Oração de Zoroastro[2]:

Tudo o que deveria ter pensado e não pensei;
Tudo o que deveria ter dito e não disse;
Tudo o que deveria ter feito e não fiz;
Tudo o que não deveria ter pensado mas pensei;
Tudo o que não deveria ter falado mas falei;
Tudo o que não deveria ter feito mas fiz;
Por pensamentos, palavras e ações,
Imploro o perdão e arrependo-me com penitência.

 

*


Oração de Sócrates[3]:

Permiti que eu seja belo por dentro,
e que tudo o que tenho de coisas externas
estejam em paz com as do meu íntimo.

 

*


Liturgia da Igreja Grega[4]:

Aquilo que ignoramos, revelai-nos;
aquilo de que carecemos, fartai-nos;
naquilo que sabemos, reforçai-nos.

 

*


Oração de São Crisóstomo[5]:

Graças Vos damos, Ó Deus, por tudo.

 


*


Sacramentário Gelásio[6]:

Ó Deus de imutável Poder,
que todo o mundo sinta e veja
que as coisas que foram deitadas ao chão
estão sendo erguidas,
que as que envelhecem
estão sendo rejuvenescidas
e que todas as coisas
estão retornando à perfeição.

 

*


Oração de Santo Agostinho[7]:

Buscamos Vosso semblante,
voltai Vosso rosto para nós
e mostrai-nos Vossa glória.
Então nosso anelo estará satisfeito
e nossa paz será completa.

 

*


Oração de Santo Agostinho[8]:

Ó Deus, por onde vagava eu à procura de Vós?
Ó Beleza infinita, eu Vos procurei fora
e estáveis dentro do meu coração.

 

*


Oração de Andrewes[9]:

A todos os homens,
por toda a parte,
concedei Vossa Graça e Vossa Bênção.

 

*


Oração de Tomás á Kempis[10]:

Ó Senhor, sabeis qual é o Caminho melhor, este ou aquele, seja como desejardes. Dai o que quiserdes, quanto e quando quiserdes. Cuidai de mim como achais que deve ser e como melhor Vos aprouver e para Vosso louvor. Ponde-me onde quiserdes e fazei de mim tudo como Vos aprouver. Estou em Vossas mãos, submeto-me à Vossa vontade. Sou Vosso servo, preparado para todas as coisas; pois não desejo viver para mim, mas para Vós. E oh!, pudesse eu fazê-lo digna e perfeitamente.

 

*


Oração de Sir Thomas Browne[11]:

Defendei-me, Ó Deus, de mim mesmo.

 

*


Oração de Pascal[12]:

SENHOR, EU VOS DOU TUDO.

 

*


Oração de John Wesley[13]:

Ó Senhor, não nos permitais viver inutilmente.

 

*


Oração Hindu[14]:

Do irreal, conduzi-me ao Real.
Das trevas, conduzi-me à Luz.
Da morte, conduzi-me à Imortalidade.

 

*


Oração de Grenville Kleiser[15]:

Se puder hoje fazer um bem,
Se puder servir pela vida afora,
Se puder dizer algo de útil,
Senhor, dizei-me como!;

Se puder corrigir um erro humano,
Se puder tornar alguém forte,
Se puder alegrar com um sorriso ou um canto,
Senhor, dizei-me como!

Se puder ajudar um sofredor,
Se puder aliviar um fardo,
Se puder espalhar mais felicidade,
Senhor, dizei-me como!

Se puder fazer uma boa ação,
Se puder ajudar um necessitado,
Se puder plantar uma semente fecunda,
Senhor, dizei-me como!

Se puder alimentar um coração faminto,
Se puder ajudar um bom começo,
Se puder fazer um papel mais nobre,
Senhor, dizei-me como!

 

*


Oração de um Anônimo:

Mestres e Irmãos da
Grande Loja Branca!

Que eu possa ser um instrumento permanente de
Concórdia, Luz e Mansidão,
Beleza, Amor e Caridade,
Humildade, Esperança e Prudência,
Justiça, Temperança e Fortaleza,
Liberalidade, Magnanimidade e Entendimento,
Paz, Tolerância e Harmonia.

Que eu possa compreender,
Para que o serviço por mim desempenhado seja:

VERDADEIRO E DIGNO,
FRUTÍFERO E CONSISTENTE,
ALTRUÍSTA E ELUCIDATIVO.

Que eu possa, enfim, navegar no Rio da Coerência, da Responsabilidade e da Aspiração Anímica Unificada, e permanecer na VIA DE DZYAN.

Mas, acima de tudo, QUE SEJAM FEITAS AS VOSSAS VONTADES, e não a deste humilde neófito.

AUM RAH MAH.

 

*

São Francisco de Assis
Oração de São Francisco de Assis

Senhor,

Fazei-me um instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio que eu leve o amor.
Onde houver ofensa que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia que eu leve união.
Onde houver dúvida que eu leve a fé.
Onde houver erro que eu leve a verdade.
Onde houver desespero que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza que eu leve alegria.
Onde houver trevas que eu leve a luz.

Oh Mestre!

Fazei com que eu procure mais
Consolar do que ser consolado.
Compreender do que ser compreendido.
Amar do que ser amado.

Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se nasce para a vida eterna!

 

*

 

Oração de Vicente Velado

 

Frater Vicente Velado
Frater Vicente Velado

 


Creio na Luz Eterna como Pessoa;
Creio na Pessoa como pronunciadora do Logos;
Creio no Logos como enunciação do Sol Verdadeiro,
Aquele que está no Centro de Tudo, eternamente.
Invoco, agora, o Poder da Transformação,
Pelo qual eu serei a Pessoa,
Tal qual o Cristo a é.
E assim, crendo, caminho para essa meta,
Objetivo da minha vida, que a justifica plenamente.


 

A ORAÇÃO DAS SETE SÚPLICAS  (PAI  NOSSO)

 

       Para se entender o significado esotérico e a finalidade mística do Pai-Nosso, é preciso compreender o que representa o Grande Sacrifício. A explicação transcrita abaixo é da lavra do Fundador da Sociedade Antroposófica:


       Imaginem estar diante de um espelho... A imagem representa uma ilusão que se lhes assemelha completamente... Sacrificar a si próprio e entregar sua vida à imagem é como a Ciência Espiritual denominou... a emanação, o derramamento. Se pudessem fazer o mesmo, os Senhores veriam que deixariam de existir, visto terem entregado tudo para o despertar da vida e da consciência na imagem. Quando a imagem... é capaz de realizar... o Grande Sacrifício ... cria um Universo... sendo esse Universo uma imagem reflexa que recebe uma missão de seu próprio criador. [16]


       A seguir, é preciso, outrossim, intuir dedutivamente o processo da
criação. Para tal, presuma-se que a Divindade represente o ponto central do Universo, e que este Universo seja assemelhado a um globo oco e espelhado interiormente. O que se tem? Ainda Rudolf Steiner: A imagem de uma Divindade... que se reflete para todos os lados, sendo que esse espelho é a imagem da própria Divindade, representando ao mesmo tempo o Universo.[17] Perseguindo esta linha de entendimento, o Universo é, portanto, um reflexo do Ser – a CAUSA SEM CAUSA, o ANCIÃO DOS DIAS, SAT, AIN SOPh. Esta reflexão faz recordar instantes inspirados do pensamento humano, que apareceram ora em Pascal ora em Nicolau de Cusa, ora no próprio Zohar. Mas quem melhor expressou essas lucubrações foi Hermes, que assim garantiu: O mundo é uma esfera ilimitada, cujo centro está em toda a parte e a circunferência em parte alguma. Considerando-se este pensamento como verdadeiro, Hegel não esteve longe da verdade quando afirmou: Todo conhecimento é uno. Se conseguirmos aprender tudo sobre uma só coisa, já sabemos tudo, pois o Todo está em tudo e tudo está no Todo.

       A vida e o movimento, assim, derivam da Divindade, que, ininterruptamente, pelo VERBUM DIMISSUM, realiza o Grande Sacrifício. A VONTADE cria o Reino (mineral, vegetal, animal e humano). O homem, por conseguinte, é o reflexo, a expressão e a imagem de seu Pai em um plano vibratório específico (inferior) do Teclado Cósmico. Ao terminar a experiência vital, apenas perecem (são transmutados) os quatro membros inferiores do homem; a Trindade Superior continua sua viagem de retorno e reintegração. Isto, apesar de verdadeiro, evidentemente, é uma simplificação, pois antes de o coração poder pulsar meramente pelo (e para) o futuro temporariamente no denominado Devachan, a integralidade dos desejos terrenos deve extinguir-se nos sete planos do Kâma Loka. Navegar, pois, é preciso, porque é uma Lei Cósmica. Mas é preciso mais. É preciso aprender a navegar no Rio da coerência, da responsabilidade e da compreensão. Mas o que são coerência, compreensão e responsabilidade? Nada mais, nada menos, do que o aperfeiçoamento progressivo das verdades relativas (em sânscrito: Samvritisatya) intuicionadas pelo homem, que persegue heroicamente a Verdade Absoluta (em sânscrito: Paramârthsatya), ou, no sentir de Kant, a Lei Moral categoricamente imperativa no interior de si. Mas, apenas conhecendo os fatos como eles realmente são é que se poderá orquestrar uma moral fecundamente mais eficaz e eficiente. Quando a eficácia e a eficiência cruzarem metaforicamente as fronteiras da beleza, do bem e da pureza, a moral, então, será sentida interiormente como ÉTICA. É nesse instante, e só nesse instante, que o homem como ser singular e a Humanidade como ser coletivo poderão compreender, realizar e vivenciar o estado pentecostal conscientemente, já que a filosofia oriental sustenta que o Espírito interpenetra todos os átomos, conscientes ou inconscientes. (O Todo, repete-se, está em tudo). Antes não. É preciso, por isso, sempre navegar. E, por mais turbulenta que seja a tempestade, o navio jamais pode ser abandonado. Enquanto isso, a Segunda morte, como a denominou Proclo, será inevitável, já que decorre da ilusão estigmatizante, da Necessidade insubstituível e da Retribuição (ou Reciprocidade) educativa. O Reino aludido mais acima tem, em realidade, uma conotação mais esotérica.

       Revendo e ampliando o que já foi apresentado, tem-se: a) Manas – personalidade-espiritual (alma da consciência); b) Buddhy – espírito vital; c) Athma – homem-espírito; d) corpo físico – fração da essência material da Terra (estação de passagem) que se renova a cada sete anos; e) corpo etérico ou vital – portador das qualidades anímicas; f) corpo astral – invólucro vibratório correspondente a tudo que se manifesta no homem como alegria e sofrimento, prazer e dor; e g) eu – irradiação da alma da consciência (Manas) exteriorizando seus efeitos em forma descendente. Em virtude de sua participação no mundo espiritual, o eu torna-se, portanto, senhor do mundo dos instintos, cobiças e paixões.[18] Estas sete partes constituem uma unidade – o homem completo ou alma vivente. Semelhante ao som que se manifesta em sete graus tonais e à
LLUZ em sete cores, a entidade humana unitária manifesta-se por intermédio dos seus sete corpos (membros) constitutivos. Sob outro prisma, sete são também os passos da Grande Obra. Na realidade, contudo, o ser total do homem é composto de nove partes. Na encarnação confluem o corpo anímico e a alma sensitiva para formar o corpo astral, como também se unem a alma da consciência e a personalidade espiritual resultando no Buddhi Manas ou simplesmente Manas. E assim, no homem, como reflexos das sete forças da Natureza e das sete hierarquias do Ser, conjugam-se os Sete Princípios, para que se estabeleça uma unidade ou mônada vivente no processo encarnativo. E em um sentido estritamente esotérico cada uma destas sete divisões apresenta sete subdivisões. Todas as coisas têm dois pólos; e em cada estado há sete estados. Daí as (49 + 1 = 50) PORTAS DA INTELIGÊNCIA, a serem abertas pelo iniciado portador do Santo Espírito que caminha na senda das TRINTA E DUAS VIAS DA SABEDORIA. Mas a Qüinquagésima Porta nenhum homem mortal viu. Esta última Porta Moisés também não conseguiu ultrapassar. É a PORTA ARQUETÍPICA DO SOBERANO BEM, DO OLHO QUE TUDO VÊ.

       O homem comete erros por se ter tornado autônomo, ou seja, dotado de um eu. No mito do Paraíso, a palavra latina malum significa tanto a maçã como o mal. No ocultismo, o erro cometido pelo eu é designado por mal; a culpa é o engano cometido pelo corpo etérico e praticado no âmbito da sociedade; o corpo astral fraqueja por estar sujeito à tentação. Steiner assim resumiu este arcano conhecimento: O erro do corpo etérico... é, pois, a culpa; o erro do corpo astral é a tentação; e o erro do eu é o mal.[19] Segundo essa linha de cogitação teosófico-antroposófica, o quaternário inferior e a TRINDADE SUPERIOR tendem ao divino, ou seja, aos princípios existentes acima de Athma (AThMa), ou àquilo que o Catolicismo (antropomorficamente) denomina de Pai. Se o homem desejar conscientemente evolver em um sentido ascendente (para além do Pai, mas por Seu intermédio), deverá:

 

       ... Ter a força para desenvolver sua Trindade Superior e sua quaternidade inferior, a ponto de ambas manterem corretamente o corpo físico. O corpo etérico... terá de conviver com os homens de maneira a realizar uma compreensão da culpa que nele existe; o corpo astral não ousará cair em tentação nem o corpo do eu no mal. O homem deverá elevar-se ao Pai do Céu pelos três membros superiores: pelo Nome, pelo Reino e pela Vontade. O Nome deve ser sentido como santificado.[20]

 

       Voltando ao tema da meditação anteriormente (e muito rapidamente) abordado, se o místico principia esta prática pela oração tendo por norte (que é LESTE) o sentido dessa evolução (reintegração), cada um dos sete componentes desta formação unitária deverá ser alquimicamente transmutado e psiquicamente acionado. Este é o segredo cósmico, crístico e iniciático da Oração das Sete Súplicas ou Pai-Nosso. Socorrendo-se dos ensinamentos de Pitágoras, Rudolf Steiner propôs o esquema abaixo e ofereceu a explicação que seguirá, ampliada neste ensaio com comentários colhidos em outras fontes:

 

 

Atualidade
Pai Nosso
que estás no Céu
Atemporal
Vontade
Athma
Reino Buddhi
Nome Manas
Assim na Terra
como no Céu
Eu
(Mal)
 
Corpo Astral
(Tentação)
Realidade
Corpo
Físico
(?)
Corpo Etérico
(Dívidas)
Temporal

 

 

       Pai-Nosso que estás no Céu reflete a mais profunda base anímica da natureza humana. Justamente por isso, o Céu não deve ser compreendido como um lugar físico ou espiritual inacessível, que só possa ser alcançado após a morte, passagem ou transição. O Céu, referido na Oração das Sete Súplicas, é um estado ou condição vibratória de freqüências altíssimas, que pode (e deve) ser penetrado pelo homem em seu próprio interior. Este Céu interno (Castelo Venturoso) é um estágio preparatório, temporário e iluminante induzido na consciência extática do ser, que aspira a uma harmonização com as Supremas Hierarquias Cósmicas e com a própria Divindade, que aspira, enfim, a algo além do próprio Céu. É no coração, entretanto, que esta Transcendental Alquimia deve ser operada. É no coração que se situa a Sede de Brahman e, por isso, é o centro da consciência espiritual, correspondendo, nesse sentido, à Tríade Superior. As glândulas pineal e pituitária têm decisiva e definitiva influência no plexo cardíaco e, conseqüentemente, no alcançamento da iluminação e da santidade. Todavia, sem descurar de outras glândulas, são também importantes, por exemplo, a tireóide, as supra-renais, as gônadas e o baço. O pão nosso de cada dia está muito mais relacionado com o bom funcionamento e desempenho das glândulas endócrinas (verdadeiramente as guardiãs invisíveis do homem), do que com a provisão de alimento para a subsistência do corpo físico em si. Agora, as referências feitas ao coração, à tireóide etc., devem ser compreendidas em outra dimensão que não a física, orgânica ou meramente corporal. De qualquer forma, como se disse, é no coração que inicia e se processa a Transmutação Alquímica Transcendental mais sutil e elevada. A visualização e a concentração sobre um ponto específico do corpo físico – por exemplo, a glândula pineal – acarretará paulatinamente o desenvolvimento psíquico (espiritual) deste chakra, pois a cada órgão, glândula, músculo ou célula do corpo físico subjaz uma contraparte etérica em permanente interfluxo (corpo etérico). E isto pode (e deve) acontecer até o limite transmutatório (do cordão) de prata em (cordão de) ouro, no transcurso da (ou de uma) encarnação. Particularmente interessante é a diferença entre os números atômicos do outro e da prata, que, sob o aspecto mais particular, recorda as Trinta e Duas Sendas da Sabedoria. No primeiro capítulo do Gênese, o nome ALHIM é mencionado trinta e duas vezes! Numérica e aritmologicamente, BET (2) e LaMeD (30) também somam 32 (2 + 30). Dos aspirantes à Academia, é preciso nunca esquecer, Platão exigia que começassem pelo estudo da matemática. Por outro lado, é preciso se entender o sentido exato da frase: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vai ao Pai senão por Mim (Evangelho de S. João, XIV, 6). O Caminho não é a Meta. Para o homem alcançar a reintegração na Essência Única Suprema, antes deverá tornar-se um iniciado e reconhecer o Pai. Mas para tal é necessário realizar misticamente a recomendação contida na Primeira Epístola aos Coríntios, XV, 36 e compreender que as realidades percebidas pelos sentidos ordinários são formas transeuntes, impermanentes e ilusórias do Mundo da Concretização. O homem deverá aprender a morrer e renascer semelhantemente ao ovo que morre e se torna lagarta; esta também morre e se transforma em crisálida; e, derradeiramente, por seu turno, da crisálida nasce a borboleta. Metaforicamente, em cada ser há uma borboleta aprisionada... O Princípio Impessoal, o Absoluto, o Primeiro Um, Aquilo, AIN SOPh ou o Parabrahaman dos vedantinos não pode ser imediatamente compreendido pela mente mortal do homem, ainda que se admita que tudo que é eterno, puro e incorruptível jaza oculto em todas as coisas, e, por extensão e principalmente, no próprio homem. A Oração do Pai-Nosso simbolicamente representa o barco no qual o viajante deve navegar através do Rio, para chegar ao Porto Seguro na eviternidade (?) de sua peregrinação assintótica, que conduz às regiões da Atualidade Única e Perfeita. De qualquer forma, acredita-se que a afirmação ninguém vai ao Pai senão por Mim foi uma inclusão (como muitas outras) autoritária, temporal e hipotética inserida na Bíblia. O AMeN de Pisces jamais poderia ter dito esta barbaridade. Não desta forma. Se disse! O PAI de cada ser está dentro – no CORAÇÃO – e não necessita de intermediários para ser contatado. Cada ente é um com PAI. Em um sentido mais esotérico, D’US HOMO EST.


D’US  HOMO  EST   ‹—›   HOMO  EST D’US


       Santificado seja o Teu Nome, Venha a nós o Teu Reino e Seja feita a Tua Vontade constituem as três súplicas referentes ao aspecto divino e imorredouro do homem, vale dizer, os três membros superiores da humana natureza: Manas, Buddhi e Athma.

      
 Ao passar ao plano terrestre é dito: Assim na Terra como no Céu. As últimas quatro súplicas estão vinculadas à quaternidade inferior. Para o corpo físico requesta-se: O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Para o corpo etérico roga-se: Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. Para o corpo astral suplica-se: Não nos induzas em tentação. E para o eu implora-se: Livra-nos do mal. AUM. Em um certo sentido, explica-se o porquê de, no passado, existirem sete etapas iniciáticas nos Mistérios de Mitra. E sete são as letras evolutivas do Arqueômetro. E sete são também os Dhyân-Chohans (que coletivamente formam o Logos manifestado), mais tarde teologicamente batizados de Anjos da Presença (ou Arcanjos da Face). Mas
TREZE são UM!

       O Pai-Nosso é, portanto, uma oração que, mesmo que incompreendida em seu significado científico-espiritual, é capaz de projetar o suplicante em esferas ou oitavas cósmicas mais refinadas, mais sutis e constituídas por freqüências vibratórias mais elevadas, de sorte que, filho e Pai possam se aproximar e progressivamente se reintegrar. O Pai-Nosso, em última instância, representa a expressão do homem composto de sete membros.[21]

 

I-NRI  =  IGNE NATURA RENOVATUR INTEGRA

 

       Mas, para que a Natureza possa ser integralmente renovada pelo Fogo, entre outros conhecimentos, o homem deverá aproximar-se do Centro da Idéia e apreender as correlações que existem entre os Instrumentos (Régua, Compasso, Esquadro, Nível e Malhete), entre as Figuras Geométricas (Triângulo, Quadrado, Estrela de Cinco Pontas e Cubo) e entre os Números (27, 125, 343, 729, 1331). E também decifrar o mistério das letras IOD, HE, VAV, HE.

 

TETRAGRAMMATON

T1E2   T1R2A3  — GRAM — MA — TON

 

       Observe-se, por outro lado, que a soma dos Números acima é igual a 2555, que outra coisa não é do que 17 (dezessete), o que remete à Tetractys. Também é sobremodo interessante o resultado da divisão de 2555 por 7. O próprio número 365 esconde dois setes, e reduzido é igual a 5 – a Estrela de Cinco Pontas – ou seja, o homem. Tudo é mistério, mas todo o mistério está oculto no próprio homem.

Tetractys
Tetractys


       Se, no passado, o impulso crístico pôde lentamente se expandir sem que sua compreensão fosse necessariamente realizada, principalmente a partir do século XVIII, diversos místicos, como por exemplo,
Louis-Claude de Saint-Martin, Cagliostro, Saint-Yves d’Alveydre, Éliphas Lèvy,, Helena P. Blavatsky, Papus, Rudolf Steiner, Harvey Spencer Lewis, Ralph Maxwell Lewis, João XXIII, Gary L. Stewart, Raymond Bernard, Max Heindel e Vicente Velado e algumas fraternidades nomeadamente ocidentais como, por exemplo, a Sociedade Teosófica, a Sociedade Antroposófica, a Tradicional Ordem Martinista (TOM), Ordem Rosacruz (AMORC) e, mais recentemente, a Ordo Svmmvm Bonvm (OSB) e a Ordem de Maat (OM) têm contribuído afirmativamente para que o Cristo Interno possa ser despertado, percebido e realizado de maneira sustentada e efetiva no seio da Humanidade. Ainda que nenhum dos pensadores citados bem como as Instituições referidas representem ou estejam associados a qualquer segmento religioso, seus ensinamentos, públicos e privados, têm, insofismavelmente, contribuído para o cônscio desabrochar da rosa crística em milhões de seres humanos, que se dispuseram a subir a MONTANHA e a conquistar o CASTELO VENTUROSO, porque compreenderam que não mais poderiam apenas permanecer no estado de consciência de si mesmos.

       Meditar sobre o Pai-Nosso, ciente das implicações cósmico-cármicas que nele estão embutidas, provoca, inequivocamente, no âmago daquele que ora, uma disposição anímica para mergulhar em um especial e exaltado estado místico conhecido como COMUNHÃO CÓSMICA. Afinal, não é esse compromisso ético-místico irrenunciável que impulsiona todos os corações? Mesmo o mais agnóstico dos homens não deseja compreender o porquê de sua existência, ou seja, de onde veio, porque está aqui e para onde irá? Na realidade, independentemente da forma como isto possa ser interpretado, presume-se que deva o homem investigar o de onde e para onde de seu Ternário Superior. Nessa busca-pesquisa acabará por descobrir que a constelação de fatos e situações de sua vida presente não são eventos isolados, mas, como efeitos, estão relacionados com seu presente e seu passado, e, como causas, com seu futuro. Estes últimos pensamentos alinham-se com as Leis Cósmicas da Necessidade e da Retribuição. Estas Leis impõem que o homem não possa viver em situação outra, que não aquela atrelada ao seu presente do passado, seja ele próximo ou remoto. O homem é o único responsável por seu destino. E assim, é preciso compreender que um ego que passou por n vidas individuais perdeu necessariamente o sentido de unidade, tornando-se o resultado (uma síntese) dos n eus das n encarnações vividas. Só a compreensão sensata e progressiva do propósito da própria encarnação poderá esclarecer a perplexidade e a confusão transmitidas pelos exoterismos teológicos autoritários e pelos esoterismos fraudulentos e mal informados que tanto prejuízo vêm causando aos seres humanos. Enfim, o primeiro passo para a libertação é prover a lâmpada com a compreensão interior. Tudo que vem de fora é ilusão. E o que vier de dentro deverá vir daquele estado mental preconizado nos aforismos de Lin-Tsi, ou seja, da mente pura, em repouso, clara e iluminada. Mas, tão-somente a Iniciação conduz ao Adeptado. Como afirmava Gurdjieff, o ser humano normal assemelha-se a um prisioneiro que sozinho não pode fugir da prisão. Efetivamente, apenas as fraternidades místicas iniciáticas autênticas (como foi a fraternidade dos Essênios no passado) podem ofertar as instruções, as ferramentas e os mapas para que a iluminação e a libertação possam acontecer. A fé (ingênua e crucificadora) jamais removerá qualquer montanha, seja ela externa ou interna; mas a PALAVRA (VERBUM) sim (Evangelho de São Marcos XI, 22 e 23). E Esta só poderá ser conquistada pela INICIAÇÃO.

       Não é lícito, já ao final desta monografia, deixar de alertar que certas experiências praticadas irresponsavelmente e ao acaso podem produzir resultados deploráveis, que na melhor das hipóteses estimularão o desenvolvimento da chamada mediunidade inócua e, na pior, levar à loucura, à consumação e à morte. Os
Irmãos das Sombras estão permanentemente vigilantes para cooptar os incautos, os crédulos e os ingênuos para o âmbito da †††††† ††††††. É preciso, portanto, cuidado! Quando o homem compreender o antigo aforismo Deus est Demon inversus abandonará as falsas crenças que, por um lado, lhe imputaram na infância, e que, por outro, adquiriu na maturidade em decorrência de sua ignorância e servilismo. Compreenderá o sentido exato do número 666. A crucificação do Cristo Cósmico interior só cessará quando a Unidade tiver sido efetivada. E isto só pode acontecer volitivamente independente de qualquer confissão religiosa ou filosófica.

       O Pai-Nosso, redesenhado por JeShU (316), contém todos esses princípios e leis universais, dando oportunidade ao buscador que atenda ao mandamento délfico: Conhece-te a ti mesmo.

 

AUM  MANI ... PADME  HUM

 

       AUM MANI ... PADME HUM, porque o homem foi e voltará a ser um Deus. Não disse São Paulo (I Coríntios, III, 16) Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Mas também já foi dito há muitos séculos: O homem nunca possuirá a Verdade (ALETHEIA) se não participar da Gnose. E a Gnose está dentro, não fora, ou seja, não poderá haver redenção para o ser por uma força exterior a si próprio.

       Para concluir esta meditação, apresento abaixo minha interpretação para a trajetória do ser através das SETE RONDAS:

 

 

 


CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

       Para concluir este trabalho-pensamento são apresentadas três adaptações da Oração das Sete Súplicas recolhidas de O Livro Branco – AUM[22]:


1ª – Adaptação ao Ideal (imagem do Pai no mundo moral):

Ideal realizador que estás em nosso céu interior,

Que Teu nome nos seja manifestado pela abnegação,

Que Tua influência evolutiva seja realizada,

Que Teu domínio se estenda em nosso corpo como se estendeu em nosso coração.

Manifesta-nos cada dia Tua presença verdadeira,

E preserva-nos dos enganos da matéria perversa

Porque Tu és na eternidade de nossa intuição

A Realeza, o Equilíbrio e a Força.


2ª – Adaptação à Verdade (imagem do Pai no mundo intelectual):

Verdade Vivente que estás em nosso espírito imortal,

Que Teu Nome seja afirmado pelo trabalho,

Que Tua Manifestação seja revelada,

Que Tua Lei chegue à matéria assim como chegou ao espírito.

Dá-nos cada dia a Idéia criadora,

Perdoa nossa ignorância como perdoamos a dos ignorantes nossos irmãos,

Preserva-nos da negação estéril e livra-nos da dúvida mortal.

Porque Tu és na Unidade de nossa Razão,

O Princípio, o Equilíbrio e a Regra.


3ª – Adaptação ao Sofrimento (princípio paterno de redenção no mundo material):

Oh! Sofrimento benfeitor que estás na raiz de nossa encarnação,

Que Teu Nome seja santificado pela coragem nas provas,

Que Tua influência seja compreendida,

Que Teu fogo purificador queime nosso corpo assim como queimou nossa alma.

Vem cada dia fazer evoluir nossa natureza indolente,

Vem destruir nossa preguiça e nosso orgulho,

Assim como destróis a preguiça e o orgulho dos pecadores nossos irmãos.

Livra-nos das covardias que poderiam incitar-nos a afastar-Te,

Porque só Tu podes preservar-nos do mal que criamos.

Porque Tu és no ciclo de nossas existências

O Purificador, o Equilibrante e o Redentor.

 

 

Oração = 14 + 14

 

 

*   *   *   *   *   *   *

 

DADOS SOBRE O AUTOR

 

Mestre em Educação, UFRJ, 1980. Doutor em Filosofia, UGF, 1988. Professor Adjunto IV (aposentado) do CEFET-RJ. Consultor em Administração Escolar. Presidente do Comitê Editorial da Revista Tecnologia & Cultura do CEFET-RJ. Professor de Metodologia da Ciência e da Pesquisa Científica e Coordenador Acadêmico do Instituto de Desenvolvimento Humano - IDHGE.
 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 

1. CIHLAR, Fr. Many e AMES, Laura DeWitt. Místico em Oração e E o Verbo propagou-se..../ Mystics at prayer. 1ª ed. Tradução de Edmond Jorge e Equipe Renes. Rio de Janeiro: Editora Renes, 1980, 111p., p. 23.
2. Ibid., p. 24.
3. Ibid., p. 25.
4. Ibid., p. 26.
5. Id.
6. Ibid., p. 28.
7. Ibid., p. 30.
8. Ibid., p. 31.
9. Ibid., p. 41.
10. Ibid., p. 43.
11. Ibid., p. 48.
12. Ibid., p. 51.
13. Ibid., p. 55.
14. Ibid., p. 62.
15. Ibid., pp. 66 e 67.
16. STEINER, Rudolf. As origens do Pai-Nosso (considerações esotéricas)/ Das Vaterunser-eine esoterische betrachtung e der ursprung der religions bekenntnisse und gebetsforneln – Das Vaterunser II In Ursprungsimpulse der geisteswissenschaft. 3ª ed. Tradução de Philipp Sixel e Jacira Cardoso. São Paulo: Antroposófica, 2000, 46 p., p. 17.
17. Ibid., p. 18.
18. STEINER, Rudolf. Teosofia (introdução ao conhecimento supra-sensível do mundo do destino humano)/Theosophie – einführung in übersinnliche welterkenntnis und menschenbestimmung. 5ª ed. Tradução de Daniel Brilhante de Brito. São Paulo: Antroposófica, 1996, 143 p. p. 47.
19. STEINER, Rudolf. As origens do Pai-Nosso, op. cit., p. 24.
20. Ibid., p. 25.
21. Ibid., pp. 26 a 28.
22. FERRIÈRE, Serge Raynaud de la. O livro branco – AUM/ El libro blanco – AUM. Traduzido pela Comissão de Literatura GFU/Brasil. Porto Alegre: PAX Edições GFU Ltda, 1983, 102 p., pp. 33 a 35. Muito aproveitará, sob outra ótica, aquele que se dispuser a consultar também a obra Practical Occultism and Occultism versus the Occult Arts de Helena Petrovna Blavatsky. A obra (seis volumes) A Doutrina Secreta também pode ser examinada.

 

WEbSITES CONSULTADOS

http://www.divinoresgate.hpg.ig.com.br/

http://www.caminhosdeluz.org/index.htm

http://www.feitocomcarinho.hpg.ig.com.br/pagina001.htm


 

 

 

ANEXO I

JESUS, O GENTIO ARIANO
(LEWIS, H. Spencer. A vida mística de Jesus/The mystical life of Jesus. 7ª ed. Traduzido, composto, revisado e impresso na Ordem Rosacruz, AMORC. Curitiba – Paraná:
AMORC, 1997, p. 3)

 

JESUS, O GENTIO ARIANO


 


 

ANEXO II

PATER NOSTER

 

Pater noster, qui es in cælis,
sanctificetur Nomen Tuum
[1].
Adveniat Regnum Tuum
[2].
Fiat Voluntas
[3] Tua, sicut in Cælo et in Terra.
Panem nostrum
[4] quotidianum da nobis hodie,
et dimitte nobis debita nostra
[5],
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris.
Et ne nos inducas in tentationem
[6]:
sed libera nos a malo
[7]. AMeN.

 

FIAT  LUX

 

PAZ PROFUNDA