O
FILHO DA MARIA CANDELÁRIA
Rodolfo Domenico
Pizzinga
Dª Maria
Candelária
— Eu
vou ser político profissional
e
cair no sambão no carnaval.
Não
quero me curvar a patrão;
de
graça, quero
andar de avião.
— A
mamãe, Dª Maria Candelária
–
uma baita
vigarista e salafrária –
me ensinou, desde pequetitinho,
em
como dar um nó no zé-povinho.
— Pela
genética, nasci peculatário;
por
imitação, sou concussionário.
Meu
objetivo é enricar rapidinho;
não
nasci pra ser um chiquitinho.
— Quero
ir a jantares e recepções,
quero
desfilar naqueles tapetões,
quero
um carrão com motorista.
Afinal,
todo político é um artista!
— Quero
muita grana e mordomia,
mulherada,
sacanagem e folia.
Vou
enrolar na 3a, na 4a e na 5a.
Se
me cobrarem, dou uma finta.
—
Vou comprar voto de montão,
e, no Lago
Sul, terei u'a mansão.
Vou me aliar
a cada sacanocrata,
e abiscoitar
onde houver mamata.
— Portanto,
longe de mim dignidade;
eu
fui parido sem esta qualidade.
Quem
tentar doutrinar, aclimatizo;
quem
tentar empecilhar, tratorizo.
— Meu
dindo é o moleque-do-surrão;
sou pedra-braba
e descaradão.
Faço
canalhices mil ao quadrado;
nunca serei
um Pedreiro Iniciado.
A Pedra Cúbica