SERGE HUTIN
(Pensamentos)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Breve Biografia

 

 

 

Serge Hutin (1929 – 1997), um homem de Mente e de Coração inigualáveis, foi um consagrado escritor francês, autor de obras sobre esoterismo e ciências ocultas. Doutor em Letras e em Ciências Religiosas pela École Pratique des Hautes Études (Sorbonne), pesquisador associado do Centre National de la Recherche Scientifique – CNRS, Franco-maçom e Rosacruz, Serge Hutin dedicou-se ao estudo da estrutura e do desenvolvimento das sociedades secretas e das organizações iniciáticas, assim como à história e ao conteúdo das grandes correntes do pensamento esotérico tradicional. Dentre as diversas obras que escreveu, as duas mais conhecidas são Governantes Invisíveis e Sociedades Secretas (Hemus) e A Tradição Alquímica (Pensamento).

 

O conjunto de sua obra é: Les Sociétés Secrètes; L'Alchimie; Histoire des Rose-Croix; Paracelse: L'homme, le Médecin, L'alchimiste; Histoire Mondiale des Sociétés Secrètes; Robert Fludd; L'Amour Magique; Histoire de L'alchimie; Nostradamus et L'alchimie; Aleister Crowley, le Plus Grand des Mages Modernes; Hommes et Civilisations Fantastiques; Gouvernants Invisibles et Sociétés Secrètes; Les Prophéties de Nostradamus.

 

 

 

 

Objetivo do Estudo

 

 

 

Este despretensioso estudo objetivou garimpar no material que tenho disponível em minha biblioteca e na Internet alguns fragmentos do pensamento de Serge Hutin – cientista maluco do século XX, elétron-livre do século XXI. Seja lá como for, o trabalho deste grande escritor místico não pode cair no esquecimento. Todas as fontes de consulta utilizadas estão listadas ao final.

 

 

 

 

Pensamentos de Serge Hutin

 

 

 

 

Os Imortais podem se manifestar à vontade neste Plano, corporeamente; mas fazem isto unicamente por compaixão pelos seres humanos que aspiram à libertação que eles conquistaram, no sentido mais literal do termo, uma vez que seu ser verdadeiro saiu do labirinto espaço-temporal dentro do qual estamos impiedosamente aprisionados e entregues às vicissitudes da decrepitude física e fadados fatalmente à morte.

 

Sobre a destruição da Atlântida: 1º) A Atlântida teria sido tragada por uma onda gigantesca; 2º) O cataclismo final foi consumado no espaço de um dia e uma noite; e 3º) A descrição do cataclismo parece estar relacionada ao Mar dos Sargaços [situado no meio do Atlântico Norte, estando limitado, a oeste, pela Corrente do Golfo, ao norte, sendo circundado pela corrente do Atlântico Norte, a leste, estando restrito pela Corrente das Canárias, e, ao sul, sendo rodeado pela corrente equatorial do Atlântico Norte]. Sobre a decadência e a destruição da Atlântida, Serge Hutin cita a seguinte passagem do Crítias, de Platão: Mas quando, por terem se misturado, e, muitas vezes, com muitos elementos mortais, denegriu-se neles a parcela que possuíam do Deus [Poseidon]. Quando neles predominou o caráter humano, então, doravante impotentes suportar o peso de sua presente condição, eles perderam todos os bons costumes em sua conduta, e sua lassidão moral se patenteava para olhos capazes de ver, já que, entre os bens mais preciosos perderam aqueles que são os mais belos, ao passo que, para olhos incapazes de ver a relação de uma vida verdadeira com a felicidade, eram tidos, em tudo, como belos ao máximo grau e como bem-aventurados, repletos, como estavam, de injusta cupidez e de poder.

 

O estado de Illuminação pode legitimamente ser comparado a uma espécie de nova infância imaginativa: o Iniciado, libertando-se dos condicionamentos artificiais – incluindo a predominância do intelecto – torna-se, realmente, capaz de ver os seres, as coisas e os eventos de uma forma espontânea, com uma espontaneidade infantil, logo, com desapego... É nesse desapego infantil diante das coisas 'sérias' da sociedade profana que, para os seres livres, reside a possibilidade de adquirir faculdades de ordem Mágika...

 

De um tratado anônimo árabe, citado por Serge Hutin: E sabei que o fim é tão-somente o começo, e que a Morte é causa da Vida... e começo do fim. Vede Negro, vede Branco, vede Vermelho! Isto é tudo, pois esta Morte é Vida Eterna...

 

 

 

 

O estado vigilante é o estado é o Estado Iniciático da Superconsciência.

 

Segundo a Tradição, é possível que Cagliostro [o Mestre Incógnito que atingiu o Estado Rosacruz propriamente dito], na realidade, não tenha morrido prisioneiro na fortaleza de San Leo – posto que lhe é atribuída a Imortalidade Alquímica – e que esteja vivo até hoje. Dizem que, em suas viagens, Cagliostro esteve em contato com altíssimos Iniciados que lhe incumbiram de uma Missão Rosacruz especial.

 

No Catecismo do Companheiro, citado por Serge Hutin, há a seguinte exaltação do que os Rosacruzes denominam de Deus de nosso Coração:

Pergunta: — O que significa, no quadro, o Templo colocado no meio do Coração?

Resposta: — Significa que é somente em vosso Coração que deveis elevar um Templo ao Eterno.

 

No Catecismo do Mestre, citado por Serge Hutin, são abordados os mistérios da Regeneração Alquímica do homem:

Pergunta: —O que significa a Fênix?

Resposta: — Significa que o verdadeiro Iniciado pode nascer de suas cinzas, que pode se renovar e se rejuvenescer à vontade como a Fênix; significa, enfim, que ele pode dizer, com plena convicção: 'renovabitur plumas meas'.

 

 

 

Renovabitur Plumas Meas

 

 

A raridade de documentos maçons, anteriores à Maçonaria especulativa, explica-se, sem dúvida, pelo auto-de-fé realizado em 24 de junho de 1719, pelo pastor Desaguliers, então o Grão-Mestre da Grande Loja da Inglaterra. Este pastor protestante resolveu destruir todos os documentos que, a seu ver, estivessem impregnados de 'papismo' e, assim, dissimular as alterações que ele já havia feito nas regras fundamentais da Maçonaria.

 

Ritual da Tríade: 3, 5, 12, 72 e 108.

 

Descrição da Grande Illuminação por Jorge Luís Borges citada por Serge Hutin: Então, aconteceu algo que não pude esquecer nem transmitir. Aconteceu minha união com a Divindade, com o Universo (não sei se estas duas palavras diferem). O êxtase não repete seus símbolos. Um viu Deus num reflexo; um outro precebeu-O numa espada ou nas circunvoluções de uma Rosa. Vi uma roda muito alta que não estava diante dos meus olhos, nem atrás de mim, nem ao meu lado, mas em toda parte simultaneamente. Essa roda era feita de Água e também de Fogo, e, embora suas bordas pudessem ser distinguidas, era infinita. Ali residiam as causas e os efeitos, e bastou-me ver a roda para compreender tudo, ilimitadamente. (Grifo meu).

 

As formas visíveis do Rosacrucianismo representam apenas a parte visível de um prodigioso edifício tradicional. A principal meta da Vida Rosacruz é de tornar possível, na Terra, uma prestigiosa elite espiritual.

 

 

 

 

A própria realidade sensorial vai desaparecer, ou melhor, o indivíduo vai preferir de bom grado a sua própria realidade – exatamente ali onde sua imaginação será inteiramente soberana e evocadora de prodígios.

 

Primeiro sonho do Rosacruz René Descartes: um melão – símbolo dos encantos da solidão, isto é, dos encantos da via do recolhimento interior e da reflexão (no sentido Iniciático). Segundo sonho de René Descartes: nictalopia transitória acompanhada de materialização, a partir da Essência Cósmica, de fagulhas de fogo espalhadas pelo quarto. Terceiro sonho de René Descartes: entrega ritualística de um Livro Sagrado com estampas simbólicas.

 

Lasciate ogni speranza, voi ch'entrate! [Deixai toda esperança, ó vós que entrais!] (Dante Alighieri, Inferno, Canto III). Explicações de Serge Hutin: Preceito Iniciático que ordena ao iniciando que passará pelas provas a renunciar – absoluta e definitivamente a todos os seus desejos, a todos os seus condicionamentos preferidos e à sua incessante busca de prazeres materiais fugidios. 'Lasciate ogni speranza' também significa que o iniciando, se aceitar passar pelas provas, não poderá ter a esperança de escapar ao curso da Peregrinação; não poderá mais recuar, visto que aceitou passar por elas.

 

Enfim, com o peso da palmatória e da palma,/Pesei o Eterno – Ele chamou minha Alma –/Morri, adorei, já nada mais sabia. [Saint-Germain, apud Serge Hutin].

 

Coração sem mente só comete falsidade;/Mente sem Coração só causa calamidade;/Mente e Coração produzem toda felicidade. [Karl von Eckartshausen, apud Serge Hutin].

 

Nunca a chamada Câmara do Rei abrigou a múmia de Queóps ou de qualquer faraó. O Sarcófago – que nunca acolheu múmia nenhuma era um acessório ritualístico, dentro do qual se deitava o candidato aos Grandes Mistérios, a fim de ressuscitar para uma nova vida... Hoje, ainda, a Câmara do Rei é usada para Cerimônias Iniciáticas de um grau particularmente elevado.

 

 

 

Câmara do Rei da Grande Pirâmide

 

 

Napoleão Bonaparte (1769 1821) não se lançou à conquista do Egito por acaso. Além dos imperativos estratégicos – cortar a rota das Índias para a Inglaterra – ele fez isso para reatar contato com a herança dos Rosacruzes, zelosamente guardada por uma corrente de Iniciados muçulmanos (sufis) e cristãos.

 

O que é contrário é útil, e é do conflito que nasce a mais bela harmonia. Tudo é feito através da discórdia. [Heráclito, apud Serge Hutin].

 

A Grande Obra reproduz em pequena escala aquilo que se passou no nascimento do Universo e permite obter como que uma espécie de modelo reduzido do Cosmo. O Ovo Filosófico (ou cornucópia de cristal), onde nasce a Pedra Filosofal, é, de fato, uma espécie de imagem do mundo, onde tudo teve sua origem.

 

A realização da Grande Obra não chega ao fim com a obtenção do Lapis transmutativo, conquistado paralelamente à Metamorfose Mística e à Illuminação Metafísica, já que o Adepto transpõe vitoriosamente as inexoráveis barreiras do espaço e do tempo.

 

A Illuminação Alquímica também pode ser definida como a Busca Iniciática da Palavra Perdida [Verbum Dimissum et Inenarrabile]...

 

Vi e manuseei a Pedra Filosofal; tinha a cor do açafrão em pó, e era pesada e brilhante como vidro em pedaços. [Jean-Baptiste Van Helmont, apud Serge Hutin].

 

Não sou de nenhuma época nem de nenhum lugar; fora do tempo e do espaço, meu Ser Espiritual vive sua eterna existência... Participo conscientemente do Ser Absoluto e ajusto minha ação segundo o meio que me cerca... Meu nome, o que é meu e nascido de mim, o que escolhi para me apresentar no meio de vós, é o que eu mesmo me dei. [Cagliostro, apud Serge Hutin].

 

Não é arbitrário colocar um conceito geral de Gnose (como) 'conhecimento' salvador.

 

Na Grande Illuminação há acesso a um domínio onde a sucessão de passado, presente e futuro não reina mais, havendo tão-só o eterno presente que abrange tudo que foi, é e será.

 

Afinal, o que é o homem em a Natureza? Um nada em comparação com o infinito; um tudo em comparação com o nada; um meio entre nada e tudo. [Blaise Pascal, apud Serge Hutin].

 

O famoso TETRAGRAMMATON é o Nome Sagrado da Divindade. Recaímos, aqui, na Questão Iniciática da Palavra Perdida. Mais uma vez, a Lei da Analogia é determinante. Assim, por exemplo, o demônio evocado vai se enfraquecer à medida que o Mago retirar uma sílaba de um Nome; inversamente, a construção progressiva de um Nome, sílaba por sílaba, vai fortalecer sua Efetividade Mágica. Por exemplo, seqüencialmente, o Mago dirá:

 

TON
RAMMATON
GRAMMATON
RAGRAMMATON
TETRAGRAMMATON

 

 

TETRAGRAMMATON

 

 

A Alquimia é um conjunto de doutrinas secretas despercebidas aos olhos profanos, cujo campo de estudos é restrito ao Sistema Solar, o qual estaria intrinsecamente ligado a Deus e teria a Terra como centro. Daí dizermos que todo ser que habita o mundo seja uma partícula de Deus. A Pedra Filosofal é símbolo dessa Unidade Cósmica. Neste mundo tudo é animado e possui uma alma.

 

A Alquimia, em sua forma completa, é uma doutrina do super-homem. A Pedra Filosofal e o Elixir da Vida, ou – o que dá no mesmo – a imersão no Fogo, no Princípio Ígneo, fonte de toda Vida, proporcionam ao Adepto a regeneração completa e definitiva do 'velho Adão'.1

 

Se o Gnosticismo não fosse mais do que uma série de aberrações doutrinárias, próprias de hereges cristãos dos três primeiros séculos, seu interesse seria puramente arqueológico. Mas, é muito mais do que isto; a atitude gnóstica aparecerá espontaneamente, além de qualquer transmissão direta. O Gnosticismo é uma ideologia mística que tende a reaparecer incessantemente na Europa e em outros lugares do mundo em épocas de grandes crises ideológicas e sociais.

 

Ainda que muitos gnósticos falem uma linguagem desconcertante para o homem contemporâneo, e parecem constituir, ao menos à primeira vista, um conjunto heterogêneo de grupos inumeráveis, sua atitude no fundo é muito moderna: apresentam-se a nós como homens preocupados pelo devenir do mundo, buscando uma solução para os problemas que o envolvem.

 

Se os gnosticismos são muito diversos, o Gnosticismo é uma atitude absolutamente característica, um tipo especial de religiosidade. Não é arbitrário colocar um conceito geral de Gnose, 'Conhecimento' salvador traduzindo-se por determinadas reações humanas – sempre as mesmas. Se o Gnosticismo fosse apenas uma série de aberrações doutrinárias próprias a certos hereges cristãos dos três primeiros séculos, seu interesse seria puramente arqueológico; mas ele é muito mais do que isto: a atitude gnóstica reaparecerá espontaneamente, fora de toda transmissão direta. Este tipo especial de religiosidade apresenta mesmo perturbadoras afinidades com certas aspirações absolutamente 'modernas'.

 

O mundo é regido por um 'Governo Oculto' formado por representantes de 'Sociedades Secretas', e que, à sombra dos 'governos visíveis', dirigem o destino de toda a Humanidade... O destino das nações freqüentemente depende de homens que não possuem cargos oficiais. Trata-se de sociedades secretas, com autênticos governos ocultos, que decidem nosso destino, sem que nos apercebamos disto. [Serge Hutin dedicou seu livro Governantes Invisíveis e Sociedades Secretas a Jacques Sadoul. Logo abaixo da dedicatória há uma citação de Pierre Mariel, que transcrevo: Na realidade, em todos os tempos, e agora, mais do que nunca, as sociedades secretas dirigem o mundo. Ficam duas perguntas: 1ª) Será que isto é mesmo assim? Sempre? Inexoravelmente? 2ª) E o livre-arbítrio? E a necessidade-retribuição?]

 

Existe uma concepção puramente mística da Alquimia, segundo a qual as fases sucessivas da preparação da Pedra Filosofal, as operações 'químicas', descrevem, na realidade, as sucessivas purificações do ser humano na sua procura do conhecimento esclarecido... O simbolismo alquímico não se aplica, pois, à matéria, mas às operações espirituais. As imagens representam a evolução do Ser Interior. A matéria sobre a qual é preciso trabalhar, é o próprio homem... O 'Mercúrio Filosófico' é, ao mesmo tempo, o Princípio da Vida Universal da Natureza e o da redenção pela ascese. A própria teoria do 'homunculus' tem um sentido oculto: é um símbolo do nosso novo nascimento, da ressurreição espiritual do homem pela Iniciação. Da mesma forma que muitos organismos vivos parecem nascer de matéria em putrefação, da mesma forma o homem é capaz de se elevar da sua corrupção habitual... O objetivo do Alquimista não era procurar o ouro material: era a depuração da alma, as metamorfoses progressivas do espírito.

 

O experimentador deve sempre tender a ficar passivo diante da experiência [mística], a se comportar diante do Grande Livro da Natureza como um espelho que reflete o que reflete, mas sem jamais se apropriar da imagem. [Leonardo Da Vinci, apud Serge Hutin].

 

Era, portanto, necessário reinstaurar, em bases modernas, os princípios que levariam novamente a Humanidade a se submeter a uma autoridade de origem divina, que pudesse ser comparada à autoridade que Moisés tinha sobre os hebreus. Partindo deste ponto, temos que admitir que o documento conhecido por 'Protocolos dos Sábios do Sião' não pode ser obra de rabinos.

 

Um estudo atento da sociedade secreta dos Iluminados da Baviera revela em seu fundador – o professor Adam Weishaupt, no fim do século XVIII – um verdadeiro gênio da subversão clandestina e da espionagem... Um trabalho de espionagem [ ] fazia parte dos deveres inerentes ao Noviço recém-admitido à Ordem dos Iluminados.

 

Parte de um ritual occitânico: Ó Senhor, julga e condena os vícios da carne. Não tenha piedade da carne nascida da corrupção, mas tem piedade do espírito posto em prisão.2

 

Já que vos servis da mesma Via e dos mesmos meios que eles [os Patriarcas e os Profetas das Sagradas Escrituras] para a aquisição do Mistério, a entrada do paraíso está aberta para vós, assim como esteve para Elias, que recebera os avisos divinos... Tende um Coração viril e uma Alma heróica; não temais nada do que vos possa acontecer e não recueis... Sede firmes de Coração porque vosso Condutor não permitirá que qualquer mal vos seja feito... [In: Tractatus Theologophilophicus, Robert Fludd].

 

Conclui, pois, comigo, ó homem deste mundo tornado cego por uma nuvem de ignorância, que a Virtude e a Eficácia do Espírito Santo são verdadeiramente os Irmãos da Rosa+Cruz... [In: Tractatus Theologophilophicus, Robert Fludd].

 

 

A Conquista da Ignorância

A Conquista da Ignorância
(Símbolos Antigos e Sagrados, Ralph M. Lewis)

 

 

Como é desprovida de fundamentos a lenda popular que quer que a Alquimia consista unicamente na produção artificial do ouro metálico, quando seu objetivo principal é a descoberta da 'Medicina Universal', única dispensadora do triplo apanágio: o Conhecimento, a Saúde e a Riqueza. A Hóstia é a réplica desta Medicina Soberana acessível ao maior número de pessoas. [Eugène Canseliet, apud Serge Hutin].

 

 

 

 

 

Pode-se dizer, de maneira bastante precisa, que a Alquimia só se compreende verdadeiramente na imensamente grandiosa perspectiva de uma queda original humana, mas também cósmica: tratar-se-á, por etapas, de chegar finalmente à regeneração progressiva, à glorificação irradiante do ser humano e, em seguida, de todo o Cosmos. A Alquimia é bem, se assim o quisermos, uma técnica mística (desculpem a expressão), uma taumaturgia (este termo é melhor) do Super-homem liberto e libertador, mas com esta nuança muito importante: estas ambições herméticas visam, afinal de contas, ao retorno cíclico a algo que existia na origem dos tempos, à Idade de Ouro anterior à Queda e da qual falam todas as mitologias antigas.

 

A Grande Obra metálica é certamente um dos objetivos reais da Alquimia Tradicional [Operativa], mas apenas um entre todo um extraordinário buquê. Ela não passa de um dos elementos de um conjunto prodigioso, que visa nada menos que a reintegração final de todo o manifesto... A Grande Obra trata-se mesmo de obter a visão das coisas supra-sensíveis... [e] o Iniciado Rosa+Cruz poderá 'ver o céu aberto e o subir e descer dos anjos de Deus e seu nome escrito sobre o Livro da Vida'.

 

 

 

O Grande Símbolo de Salomão
O Grande Símbolo de Salomão

 

 

Decriptação hermética das iniciais crísticas INRI: Igne Natura Renovabitur Integra. A Natureza inteira será renovada pelo Fogo.3

 

O sentido geral da Lenda Iniciática de Christian Rosencreutz é o típico relato tradicional no vemos um Iniciado ocidental ir ao Oriente (Lá, onde nasce a Luz). Mas trata-se aí de um personagem inteiramente simbólico, embora seja incontestável que a Lenda não cubra menos do que fatos concretos, reais: ela, geralmente, faz alusão aos contatos diretos e seguidamente realizados ao longo de toda a Idade Média (sobretudo na época das cruzadas), mas sempre mantidos e conservados a seguir entre Iniciados cristãos e Iniciados muçulmanos.

 

Norma de vida do Papa João XXIII: Nunca se encolerizar com ninguém. [Apud Serge Hutin].

 

Um símbolo é sempre muito mais do que um mero sinal: 1º) transporta a consciência para além do significado; 2º) é dinâmico e portador de carga efetiva; e 3º) seu conteúdo é polivalente e inesgotável... Nas sociedades secretas iniciáticas, os ritos põem em ação os símbolos correspondentes. Enquanto o ritual se desenrola, eles criam um espaço e um tempo sagrados, diferentes daqueles da vida diária profana.

 

 

 

A nossa Humanidade não é a única do Universo, e ela não está no vértice da seqüência da evolução. Por cima dos homens, existe toda uma hierarquia de entidades de poderes ilimitados que dirige a evolução da nossa espécie.4

 

 

 

 

Philosophia objectum triplex: Deus, Natura et Homo. O objetivo da Filosofia é tríplice: Deus, a Natureza e o Homem. [Francis Bacon, apud Serge Hutin]. Somente assim a Lei do Ternário será verificada. Decifrando e comentando o 'Livro da Natureza', o Filósofo se torna capaz de cumprir o seu papel, que é o de trabalhar, cada vez melhor, para o progresso da Humanidade.

 

Fórmula Iniciática Rosacruz: VITROL. Visita Interiora Terræ, Rectificando Invenies Occultum Lapidem. [Visita o interior da Terra, e, retificando, encontrarás a Pedra oculta]. Segundo Serge Hutin, isto é uma clara alusão à necessidade de descermos às profundezas do nosso Ser – nas Trevas em que se elabora o 'Novo Nascimento', oferecido pela Iniciação para que a Ascese Illuminadora possa acontecer.

 

 

VITROL

 

 

 

 

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Notas:

1. ADM = 1 + 4 + 40 = 45 9.

2. Occitânico é relativo à Occitânia – uma da nações sem Estado da Europa, que compreende as regiões históricas da Provença, o Limousin, o Auvergne, a Gasconha, o Languedoc e o Delfinado.

3. Há também a versão Alquímica Igne Natura Renovatur Integra.

4. Esta Sagrada Hierarquia de Entidades de Poderes Ilimitados que dirige a evolução da nossa espécie dirige, sim, mas não impõe, inspira, sim, mas não obriga, auxilia, sim, mas não faz por nós o que cabe a nós fazer. Quem dorme e espera não alcança(rá).

 

Bibliografia:

HUTIN, Serge. Governantes invisíveis e sociedades secretas. Tradução de Ágata M. Auersperg. São Paulo: Hemus, 1971.

______. Espionagem, ocultismo e sociedades secretas. In: L'Initiation (Cadernos de Documentação Esotérica e Tradicional; Revista do Martinismo e das Diversas Correntes Iniciáticas), Brasil, Rio de Janeiro, nº 1, pp 35-45, abr-jun, 2001.

______. A grande iniciação rosacruciana de Robert Fludd. In: L'Initiation (Cadernos de Documentação Esotérica e Tradicional; Revista do Martinismo e das Diversas Correntes Iniciáticas), Brasil, Rio de Janeiro, nº 3, pp 17-20, out-dez, 2001.

______. A verdadeira face da Alquimia. In: L'Initiation (Cadernos de Documentação Esotérica e Tradicional; Revista do Martinismo e das Diversas Correntes Iniciáticas), Brasil, Rio de Janeiro, nº 8, pp 23-35, jan-mar, 2003.

______. O périplo de Christian Rosencreutz. In: L'Initiation (Cadernos de Documentação Esotérica e Tradicional; Revista do Martinismo e das Diversas Correntes Iniciáticas), Brasil, Rio de Janeiro, nº 14, pp 53-56, s. d.

______. O esoterismo na história. 1ª edição. Coordenação e supervisão de Charles Vega Parucker. Tradução de Rosana Pontes. Biblioteca Rosacruz. Curitiba, Paraná: Ordem Rosacruz, AMORC, Grande loja da Jurisdição de Língua Portuguesa, 2.004.

LÉVI, Eliphas. Dogma e ritual da alta magia. Tradução de Rosabis Camaysar. São Paulo: Pensamento, s. d.

LEWIS, Ralph M. Símbolos Antigos e Sagrados. 1ª edição. Tradução da Equipe Renes e de Edmond Jorge. Coordenação de Maria A. Moura. Biblioteca Rosacruz, volume XXIII. Rio de janeiro: Renes, 1979.

 

Websites e Páginas da Internet consultados:

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Occit%C3%A2nia

http://healingbydonation.com/
soundofallthings/TheGreatPyramid.html

http://www.crystalinks.com/
initiationegypt.html

http://www.science-et-magie.com/
archives01/hutin.html

http://fr.wikipedia.org/wiki/Serge_Hutin

http://www.imagick.org.br/
pagmag/pratick/sexual.html

http://www.jornalinfinito.com.br/
materias.asp?cod=62

http://www.ageac.org/
portugues/ageac/Corpus/Corpus.htm

http://www.verdestrigos.org/
sitenovo/site/cronica_ver.asp?id=1175

http://www.montfort.org.br/

http://www.triumphododireito.triunfo.nom.br/
tbosprimordios.htm

 

Fundo musical:

C'est Si Bon (Henri Betti & André Hornez)

Fonte:

http://www.infw.com.br/
musicas1.asp?Categoria=Francesas