SERÁ
QUE É VERDADE?
Rodolfo Domenico
Pizzinga
A
verdade [ainda
que sempre relativa] só
pode surgir num contexto de liberdade. Para que as coisas e as pessoas
se revelem, é preciso deixá-las ser. Só quando
se dá liberdade, se pode esperar verdade. Afinal, a essência
da verdade é a liberdade. (José
Luís Nunes Martins).
Uma
coisa não é forçosamente verdadeira porque
um homem morreu por ela. (Oscar
Fingal O'Flahertie Wills Wilde).
Depois
de terem sido descobertas, todas as verdades são fáceis
de perceber. O problemas é descobri-las. (Galileo
Galilei).
Qualquer
verdade passa por três estágios: primeiro, é
ridicularizada; segundo, é violentamente combatida; e terceiro,
é aceita como óbvia e evidente. (Arthur
Schopenhauer).
Os
erros passam; a verdade fica. (Denis
Diderot).
Se
houvesse apenas uma única verdade, não se poderiam
pintar cem telas sobre o mesmo tema. (Pablo
Ruiz Picasso).
Nem
a contradição é sinal de falsidade nem a ausência
de contradição é sinal de verdade. (Blaise
Pascal).
Para
examinar a verdade, é necessário, uma vez na vida,
colocar todas as coisas em dúvida o máximo possível.
(René
Descartes).
Nada
é mais falso do que uma verdade estabelecida. (Millôr
Viola Fernandes).
As
verdades diferentes na aparência são como inúmeras
folhas que parecem diferentes e estão na mesma árvore.
(Mohandas
Karamchand Gandhi).
A
paz, se possível, mas, a verdade, a qualquer preço.
( Martin Luther).
A
luta pela verdade deve ter precedência sobre todas as outras.
(Albert
Einstein).
A
verdade só pede olhos que a vejam. O pior é quando
as pessoas teimam em olhar para o outro lado... (José
de Sousa Saramago).
Entendo
por razão não a faculdade de raciocinar, que pode
ser bem ou mal utilizada, mas, o encadeamento das verdades que só
pode produzir verdades, e uma verdade não pode ser contrária
a outra. (Gottfried
Wilhelm Leibniz).
A
verdade está em nós; não vem de fora. (Robert
Browning).
A
descoberta da verdade é impedida pela opinião preconcebida
e pelo preconceito. (Arthur
Schopenhauer).
A
verdade «sou eu». (Vergílio
António Ferreira).
|
—
Cadê
o queijinho que estava aqui?
— enho
ofertado o dízimo e beijado o anel.
Parei
de chuchar caldo-de-cana e papar pastel.
Já
não provoco mais a litisconsorte do vizinho,
e
também não bifo mais bengala de ceguinho.
— Tenho
confessado, me obrigado e rezado.
Aos
bingos não vou mais; fiquei quebrado.
No
bicho, de vez em vez, faço uma fezinha.
Como
a Carlota, H2O só da Bica da
Rainha.1
— Também
já não dou mais pum em velório
nem fico
mijando nas paredes de mictório.
E parei
de ficar comendo meleca escondido,
e de crer
que todo parlamentar é bandido.
— Parei
de cheirar e de
fumar maconha
e de dormir
com travesseiro sem fronha.
Pedi demissão
da Famiglia Montalbano2
e não
deprecio mais quem é zwingliano.3
—
Tenho
guardado os domingos e as festas.
Não
fico mais bisbilhotando atrás das frestas.
Amo
todos os filhos-da-puta e a todos perdôo.
Quando
sobram alguns marcaureles, eu dôo.
—
Parei
de ficar me masturbando sem parar.
Tenho
feito uma dietinha para poder emagrar.
Não
arranco mais as asinhas das minholetas.
Agora,
só escrevo a lápis; anistiei as canetas.
—
Não
me vendo mais; mas, se pintar petrolão...
Vinho
importado? Nem pensar. Só mata-paixão.
Respeito
toda velhinha gagá que usa peruca,
e
já não dou pernada em quem nasceu bijuca.
—
Não
cobiço as coisas alheias; só
as sereias.
Não
mato nenhum bichinho; só as baleias.
Quando
eu me confesso, conto (quase) tudo;
só
não digo que fiz o sacrista virar galhudo.
—
Também
parei de dançar de rosto 'cheekado';
isso
me excitava e eu acabava ficando tarado.
E,
nos dentes, eu passo fio dental todos os dias,
para
evitar cárie, mau hálito e outras porcarias.
—
Não
escorno mais o Pops nem a Lady Ella,
(afinal, caramba, eles já foram para a cidadela
dos pés juntos),
e,
outrossim, parei de ficar cuspindo na janela.
Faço
jejum, mais ou menos, a cada cinco anos,
e
oro por fulanos, por beltranos e por sicranos.
—
E
assim, penso que eu esteja melhorando.
Antes,
eu era sacan(o)filo,
ufano e nefando,
mas,
passei a me encagaçar do tal inferno
e
do diabo me anotar no satânico caderno.
—
Falam
que, no Hades, é um frio danado,
e eu não
me imagino virando picolé gelado.
Prefiro
o éden, que parece ser +
quentinho,
e está
coalhado de santinho e de anjinho.
(Honestamente,
eu prefiro as santinhas e as anjinhas),
—
Só
eu sei o quanto tenho me esforçado,
e
o quanto essas renúncias têm me custado.
Não
é fácil trocar mania por ordem e simetria
nem
deixar de ir a Pasárgada para uma folia.
— Lá,
em Pasárgada,
eu sou amigo do rei,5
e nunquinha
jamais eu precisei cumprir a lei.
Lá,
eu sempre papei as melhores prostitutas,
e só
freqüentava os forrobodós dos batutas.
—
Lá,
em
Pasárgada, aposento a
anágua,
e,
todo dia, eu papeio com a mãe-d'água.
Pasárgada
é um barato;
é outra civilização:
tem processo
seguro pra zerar a concepção.
—
E,
quando me dá cisma de me matar,
vou à
praia, e tomo um banho de mar.
Desse jeito,
dou a volta na malencolia,
e sinto
loguinho a voltinha da alegria.
— Mas,
dizem que quem anda direitinho
ganha
um laissez-passer
para tornar ao ninho,
e
que, num passe de mágica, vê a sublimidade.
Eu
só fico parafusando: será que é Verdade?
— Se
for, quero essa Verdade para todos:
maganos
e ananos, ostrogodos e visigodos.
Já
disse: fui sacan(o)filo,
ufano e nefando,
mas, hoje,
eu só penso em termos de bando.6
______
Notas:
1. A Bica da Rainha,
que fica na rua Cosme Velho, nº 381, foi mandada construir, no início
do século XIX, pela Rainha D. Carlota Joaquina Teresa Cayetana de
Bourbon (Aranjuez, 25 de abril de 1775 – Queluz, 7 de janeiro de 1830),
esposa de D. João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís
António Domingos Rafael de Bragança (Lisboa, 13 de maio de
1767 – Lisboa, 10 de março de 1826), que vinha ao Cosme Velho
tratar de um problema de pele nas águas ferruginosas que emanavam
desta fonte. O passeio era freqüentemente realizado por D. Carlota,
que trazia em sua companhia D. Maria Francisca Isabel Josefa Antónia
Gertrudes Rita Joana (Lisboa, 17 de dezembro de 1734 – Rio de Janeiro,
20 de março de 1816), apelidada de
a Piedosa e a
Louca, e seu séqüito de damas, dando origem à
expressão popular Maria
vai com as outras, em referência às damas que acompanhavam
a rainha-mãe à todos os lugares. Por seu valor cultural, a
Bica foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional em 1938. A Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através
da Fundação Parques e Jardins, tem orgulho de preservar este
monumento, e vem, desde novembro de 1999, realizando este trabalho em parceria
com o Centro Educacional Miraflores, através do projeto Adote uma
Área Verde.
A
Bica
e a Carlota
(ou a Carlota e a Bica)
Observação:
Ssssssssssssssssinceramentemente,
eu rogo: que Jesus me perdoe, que São Pedro não troveje, que
o Hiponense não me abandone, que o Doctor Angelicus não
me censure e que São Mateus não me cobre um imposto, mas,
essa Carlotinha (que de manga não tinha nada, e estava mais para
abóbora-cabaça) era mesmo um tribufu para monstro-de-gila
nenhum (Heloderma
suspectum, lagarto venenoso da família dos helodermatídeos),
do sudoeste dos EUA ou do noroeste do México, botar defeito, deslustre
ou labéu. Era mais feia do que a necessidade de ir a um banheiro
público, e seus maus bofes a faziam parecer mais irmã de um
dragão-de-komodo (Varanus
komodoensis, um lagarto babão da família dos varanídeos,
que mora nas Ilhas de Komodo, Rinca, Gili Motang e Flores, na Indonésia)
do que qualquer outra coisa. Eu só fico pensando no cumprimento do
dever real de D. João VI! É por isso que eu nunca sonhei em
ser rei ou general da banda. Mas, que a Carlotinha era um tribufu, isso
ela era, sim! Dizem, até, que tinha o apelido de rainha tribufinha!
Perdão pela indiscrição. Mas, que era feiosa, era!
Pra caramba!
Monstro-de-gila
(Heloderma suspectum)
Dragão-de-komodo
(Varanus komodoensis)
2. A
'Ndrangheta (do grego, andragathía,
heroísmo e virtude, ou, talvez, do grego andros
agathos, homem bom), ou Famiglia
Montalbano, Onorata Società e Picciotteria,
é uma associação mafiosa que se formou
na região da Calábria (lugar de nascimento do meu pai –
em Reggio di Calabria), na Itália.
3. Zwingliano é
um termo relativo ao reformador racionalista e humanista suíço
Ulrich Zwingli (Wildhaus, Cantão de São Galo, 1º de janeiro
de 1484 – Kappel am Albis, 10 de outubro de 1531) ou a quem é
adepto do Zwinglianismo – uma doutrina religiosa católica (uma
das manifestações da Reforma Protestante européia do
século XVI), caracterizada, especialmente, pela negação
da presença real de Cristo na Eucaristia, pela fé na doutrina
da predestinação e pela afirmação de que a Bíblia,
e não a Igreja, é a única indicação correta
da verdade revelada. Ulrich Zwingli, que foi um admirador e seguidor do
teólogo e humanista neerlandês Erasmo de Roterdã (Roterdã,
28 de outubro de 1466 – Basiléia, 12 de julho de 1536), não
deixou uma igreja organizada, mas, as suas doutrinas influenciaram as confissões
calvinistas. Ulrich Zwingli foi um crítico feroz do pecado original,
das indulgências (e da simonia), do celibato eclesiástico compulsório,
da obrigatoriedade dos votos monásticos, da existência do purgatório,
da devoção à Virgem Maria e aos santos, da autoridade
dogmática e disciplinar dos concílios e dos papas, do culto
às imagens e da missa como sacrifício. Claro, acabou acusado
de heresia. Enfim, penso que o mais bonito e o mais nobre em Ulrich Zwingli
tenha sido sua preocupação
como será salvo o meu povo?, ao invés de como
serei salvo?, como pensava o monge agostiniano e professor de
Teologia germânico Martin Luther (Eisleben, 10 de novembro de 1483
– Eisleben, 18 de fevereiro de 1546). Aliás, o como
serei salvo? continua sendo
a maior preocupação dos religiosos em geral, cuja inquietação
com o(s) outro(s) é apenas circunstancial, incidental, acessória
ou secundária. Mas, muitíssimo[muitíssimo]
pior do que não querer saber do outro [
estar cagando e andando para o(s)
outro(s)]
é o preconceito (de qualquer natureza), como o que, por exemplo,
recentemente, manifestou pela Internet a blogueira e socialite
Day McCarthy – que é Dayane Alcântara Couto de Andrade,
uma brasileira, espírito-santense, naturalizada norte-americana e
radicada no Canadá (que afirma ter bacharelado em Belas Artes na
New York Film Academy, ter estudado em Harvard e ter feito uma faculdade
de Negócios e Administração na Universidade George
Washington), e que, segundo a família, sempre sonhou ser rica e famosa
–
contra a gatinha Titi, filha querida
do casal de atores Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso. Vergonha! Vergonha!
Vergonha! Agora, a pior vergonha é que essa senhora tem mais de 700
mil seguidores no Instagram (uma rede social on-line de compartilhamento
de fotos e de vídeos entre seus usuários)! Eu gostaria que
alguém me explicasse como este prodígio pode ser possível.
Todavia, essa senhora blogueira
e socialite,
pelas ofensas que publicou a Titi,
responderá pelos crimes de difamação e de injúria
racial. Cana nela. Bem, finalmente, pois, esse assunto já me encheu
as medidas, eu diria aos atores Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso
que não dessem bola para a desfavorabilidade a priori, absurda
e intolerante da Day,
porque, se alguém me chamasse de macaco,
eu iria adorar de paixão. Macaco pode ser bicho e simiesco, mas,
não bifa no mensalão, não constrói campos de
concentração, não levanta muros e não fabrica
bombas! E, ao que eu saiba, também não dá peidos em
velórios!
Giovanna
Ewbank, Bruno Gagliasso e Titi
Day
McCarthy
(A Branca Preconceituosa)
4. Louis Daniel Armstrong
(Nova Orleans, 4 de agosto de 1901 – Nova Iorque, 6 de julho de 1971)
era conhecido pelos apelidos de Satchmo e Pops, e é considerado "a
personificação do Jazz". Suas últimas palavras
foram: I had my
trumpet, I had a beautiful life, I had a family, I had Jazz. Now I am complete.
(Eu tive o meu trompete, eu tive uma vida linda, eu tive uma
família, eu tive o Jazz. Agora estou completo.)
5. Este pedaço
(sem pé nem cabeça) foi inspirado no famoso poema Vou-me
Embora pra Pasárgada, de autoria do poeta, crítico literário
e de arte, professor de Literatura e tradutor brasileiro Manuel Carneiro
de Sousa Bandeira Filho (Recife, 19 de abril de 1886 – Rio de Janeiro,
13 de outubro de 1968). Bolas! Eu nunca usei anágua nem nunca papeei
com a mãe-d'água!
6. Bando
Todos os seres-aí-no-mundo. Todos = Todos.
Música
de fundo:
Cheek to Cheek
Compositor: Irving Berlin
Interpretação: Ella Fitzgerald & Louis Armstrong
Fonte:
http://naitimp3.ru/search/?query=Cheek%20
To%20Cheek%20Cheek%20To%20Cheek
Páginas
da Internet consultadas:
https://pt.depositphotos.com/
https://oglobo.globo.com/
https://www.metropoles.com/vida-e-estilo/celebridades/
afinal-de-contas-quem-e-a-polemica-day-mccarthy
http://www.correiobraziliense.com.br
https://oglobo.globo.com/rio/filha-de-giovanna-
ewbank-bruno-gagliasso-vitima-de-racismo-22117146
https://pt.wikipedia.org/wiki/Martinho_Lutero
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ulrico_Zu%C3%ADnglio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Erasmo_de_Roterd%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/%27Ndrangheta
https://101horrormovies.wordpress.com/
2013/03/28/122-o-monstro-gigante-de-gila-1959/
https://www.altoastral.com.br/
https://br.depositphotos.com/
https://br.answers.yahoo.com/question/
index?qid=20070920083730AAmQaq9
https://pt.wikipedia.org/wiki/
Louis_Armstrong#O_fim_de_Satchmo
http://solardoredentor.com/
http://www.bairrodaslaranjeiras.com.br/
principal/bicadarainha.shtml
https://percyfan94.deviantart.com/
https://www.istockphoto.com/
http://www.citador.pt/
https://giphy.com/
http://www.glitter-graphics.com/graphics/910882
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