SEMPRE FUI

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Irracionalidade

Irracionalidade

 

 

 

Jiddu Krishnamurti: Eis o grande problema: o ser humano, por ser irracional diz: recuso-me a ver a racionalidade. Então, por exemplo, se ou quando virmos a falácia de toda a tolice religiosa, ela estará terminada! [In: A Eliminação do Tempo Psicológico (em inglês, The Ending of Time).]

 

Jiddu Krishnamurti: Quando a nossa consciência está vazia do conteúdo do tempo, não há consciência como nós a conhecemos. [É isto que eu denomino de transracionalidade.] Só a visão intuitiva [que eu prefiro denominar de visão transintuitiva] provocará as necessárias transformações no cérebro, pois, ela não está ligada ao tempo. E não haverá mais desperdício de energia. Precisamos, portanto, aprender a esvaziar a consciência. Silêncio. Enfim, visão intuitiva é meditação, e vice-versa. Meditação é essa penetração, essa sensação de se mover sem qualquer passado, sem tempo, sem vir-a-ser. [Ibidem.]

 

Jiddu Krishnamurti e David Bohm: A acumulação de conhecimento psicológico é, em si, um fator de encolhimento do cérebro. Por quê? Porque conduz o cérebro ao hábito, porque torna as coisas estáveis, porque forma padrões, porque torna a vida uma rotina, etc. Então, o que se conclui? Que a morte ou degeneração das células cerebrais ocorre em função da má utilização do cérebro. Que qualquer atividade repetitiva, qualquer método, qualquer rotina, lógica ou ilógica, dirigidos em um sentido estreito e limitado, afetam efetivamente o cérebro. Que as imagens que criamos e que formamos sobre nós mesmos também se tornam rotina, e tudo isto ajuda a ocasionar um encolhimento cerebral. Todavia, as células cerebrais poderão se renovar e o cérebro poderá rejuvenescer sem qualquer encolhimento. O fato é que a nossa percepção é, geralmente, dirigida pelo conhecimento, pelo passado, que é o conhecimento percebendo e a ação surgindo, sempre atuando a partir disto. Este é um fator de encolhimento do cérebro e de senilidade. Contudo, há uma percepção que não está ligada ao tempo. Há uma ação que pode ser imediata. Seja como for, só se rompermos o padrão do tempo [o que não significa que o relógio irá parar], só se nos alforriarmos do tempo, só se nos libertarmos da tradição [miragens + ilusões] de séculos, de milênios, só se nos livrarmos da insalubridade generalizada da nossa existência, só se abolirmos todas as tensões, só se não tivermos esperanças fictícias, só se subjugarmos o ego, só se não nos esforçarmos psicologicamente para nos tornarmos alguma coisa, só se fizermos cessar os fatores de separação, só se compreendermos que não há individualidade o self-ligado-ao-tempo, a falácia que cria a criou a individualidade o cérebro sairá do seu padrão-prisão [que nada tem a ver com imortalidade], e outra coisa ocorrerá. Enfim, o término do sofrimento só surgirá quando o self, que é construído através do tempo, não estiver mais presente e não atuar mais. Finalmente, todas estas coisas não dependem de comprovação, e, sim, de ação. Ajamos, descubramos, experimentemos e mudemos. [Ibidem.]

 

 

 

Mudando

 

 

Sempre fui preso ao outrora,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui esperançoso no devenir,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui Pedro pedreiro,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui tapa-buraco,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui preconceituoso,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui separatista,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui nacionalista,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui xenofóbico,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui esquisitão,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui maria-vai-com-as-outras,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui bunda-mole,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui múmia paralítica,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui papagaio de pirata,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui enxuga-gelo,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui mórbido religiosista,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui pidão de milagre,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui profeta do caos,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui inocente útil,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui bucha de canhão,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui corno manso,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui língua-de-trapos,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui zé-dos-anzóis-carapuça,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui estafermo embaraçador,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui menino de recado,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui baba-ovo,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui mané-do-jacá,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui dono da verdade,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

Sempre fui Mago Negro,

e meu cérebro acabou encolhendo,

degenerando e morrendo.

 

 

 

Mago Negro

 

 

 

Música de fundo:

Papagaio de Pirata
Composição: Erasmo Carlos, Roberto Carlos & João Augusto
Interpretação: Erasmo Carlos

Fonte:

http://mp3-red.org/38563887/erasmo-carlos-papagaio-de-pirata.html

 

Páginas da Internet consultadas:

https://gifer.com/en/8P79

https://giphy.com/explore/irrational

https://giphy.com/explore/black-magic

 

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