SELEÇÃO E

 

CHARLES  CHAPLIN  -  TEMPOS  MODERNOS

 

CHARLES  CHAPLIN  -  TEMPOS  MODERNOS

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

http://www.rdpizzinga.pro.br

 

Música de fundo: Macarena
Fonte:
http://www.fortunecity.com/tinpan/pettruciani/35/#S

 

 

SUBJECT:
Processo de Seleção – Volkswagen

 

 

     A redação abaixo, segundo consta, foi escrita por um candidato em um exame seletivo para a Volkswagen. O candidato foi aprovado e seu texto anda navegando por aí na Grande Rede. Li, gostei e escrevi um breve rascunho. Mas, me irritei um pouco também, (não com a carta, mas com algumas lucubrações rodolfianas) e 'disse' um 'palavrão+zinho'. Mais de uma vez, mas sempre o mesmo. Guardei os piores para outra ocasião.

 

 

A CARTA DO CANDIDATO

 

Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar.

já me queimei brincando com vela.

já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto, já conversei com o espelho e até já brinquei de ser bruxo.

Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.

Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.

Já passei trote por telefone.

Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.

Já roubei beijo.

Já confundi sentimentos.

Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.

Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro, já me cortei fazendo a barba apressado e já chorei ouvindo música no ônibus.

Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer.

Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas, já subi em árvore pra roubar fruta e já caí da escada.

Já fiz juras eternas, já escrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão do banheiro, já fugi de casa pra sempre e voltei no outro instante.

Já corri pra não deixar alguém chorando e já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.

Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já me joguei na piscina sem vontade de voltar, já bebi uísque até sentir dormentes os meus lábios, já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.

Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.

Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.

Já apostei em correr descalço na rua, já gritei de felicidade e já roubei rosas em um enorme jardim.

Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um "para sempre" pela metade.

Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol, já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.

Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados em um baú chamado coração.

E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita:

"Qual é a sua experiência?"

Essa pergunta ecoa no meu cérebro: Experiência... Experiência...

Será que ser "plantador de sorrisos" é uma boa experiência?

Não!!!

Talvez eles não saibam ainda "colher sonhos!"

Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta: — Experiência? Quem a tem, se, a todo momento, tudo se renova?

 

 

 

O RASCUNHO

 

 

     Não sei se a estória-carta acima é verdadeira ou se não é. Para mim é, pois é (no que tange ao egoísmo e ao dane-se o outro) exatamente o retrato de uma sociedade preconceituosa, medíocre, e no geral, muito, mas muito mesmo, filho+da+puta. Eu, hoje, neste texto, não vou perder tempo com filho+da+putices humanas. Talvez, só um pouquinho. Vou contar, antes, rapidamente, três histórias que se passaram comigo. Há muito tampo. Eu até tinha cabelo por aqueles tempos e era — dizem! — muito charmoso. Mas, filho+da+puta e canalha eu nunca fui. Olha a Esperanza Macarena!!!

 

1ª HISTÓRIA

 

     Em um dos itens do meu curriculum vitæ (que não pretendo usá-lo mais) consta(va):

– Aprovado em exame de seleção (prova teórica, entrevista e exame do curriculum vitæ) para exercer a função de Químico Responsável por Análises na Firma Castrol do Brasil S.A. – 1969 – RJ (classificação: 1º lugar).

     O que muito pouca gente sabe (e que agora estou divulgando) é que a vaga disponível era para engenheiro químico pleno, e, na época, eu era apenas técnico químico formado pela Escola Técnica Rezende-Rammel. Corria o ano de 1969. Quando me apresentei (na maior cara-de-pau) para concorrer com os engenheiros, expliquei a situação. Credenciais para concorrer à vaga eu não tinha. Estava apenas cursando o 1º ano do curso de Licenciatura em Química na UFRJ, mas acabei me formando pela antiga UEG. De qualquer forma, eu queria disputar a vaga. O Chefe do Laboratório (talvez com pena, sei lá) me entrevistou assim mesmo e, no final, disse que a resposta do exame seria dada dentro de alguns dias. Ganhei o lugar. O Chefe do Lab não foi um filho+da+puta e a Diretoria da Castrol aceitou sua decisão. Devo ter sido o melhor para as necessidades da Empresa, ou... a melhor promessa. Acho que fui só mesmo uma promessa! Trabalhei pouco tempo nessa boa Empresa, pois pedi demissão porque eu estava vivendo uma das quadras mais angustiantes da minha vida. Trabalhar chorando não era possível. Havia rompido com o primeiro grande amor de minha vida, e estava sofrendo o pão que o meu diabo havia amassado para mim. Isto é: eu mesmo. Mas, o que quero dizer mesmo é que a Castrol não foi preconceituosa. Acho até que ficaram tristes quando fui embora. E segui em frente.

 

2ª HISTÓRIA

 

     Em meados dos anos setenta eu era professor e coordenador de Química da então Escola de Engenharia Veiga de Almeida, na Cidade do Rio de Janeiro. O Professor Tarquínio Prisco Lemos da Silva, meu grande amigo e membro da Entidade Mantenedora, um dia chegou para mim e me disse algo mais ou menos assim: — Eu conheço uma pessoa que gostaria de estagiar no Laboratório de Química. Como você está precisando de um auxiliar, gostaria que você entrevistasse a pessoa. Mas, se você achar que ela não tem condições de trabalhar conosco, recuse. Não se comprometa. Bem, eu tinha a certeza absoluta de que se eu não aprovasse a tal pessoa indicada pelo Professor Tarquínio, nada iria acontecer de mal, porque, acima de tudo, ele era (e é) um homem bom e justo.

     O fato é que apareceu no Lab, na hora e no dia marcados, a jovem Maria da Conceição Finamore. Não sabia (quase) nada e não tinha experiência nenhuma de nada (em termos de Química). E nunca havia estagiado ou trabalhado em laboratório de Química. Qualquer sujeito normal (o que não é exatamente o meu caso – quem mete uma Macarena em um texto como este, não pode bater bem da bola) não a teria aceito como estagiária, porque o cargo requeria que a pessoa preparase e montasse as aulas práticas de Química para os estudantes de Engenharia da Escola. Ainda por cima, a pessoa deveria auxiliar o professor que estivesse dando aula prática, o que é uma tremenda responsabilidade. Depois de conversar com a Conceição algum tempo eu a aprovei assim mesmo, correndo todos os riscos dessa decisão. Não me enganei. Essa moça, em poucos anos, acabou professora na própria Veiga (por decisão exclusivamente minha) e, hoje, segundo sei, essa já não tão moça 'moça' (pois já é uma simpática senhora) chegou a ser professora da Universidade Santa Úrsula, e acabou sendo funcionária (professora) do Instituto de Química da UFRJ. Bolas! Isso é muito legal!

 

 

     Experiência? Mas... O processo encarnativo não é justamente para que aprendamos e saiamos, presumidamente, melhores do que entramos? Se alguém não tem experiência, e por isso não consegue se empregar, como adquirirá experiência sem se empregar? Como um cirurgião chega a ser cirurgião? Como um retirante chega a ser Presidente da República? Concordo que se o indivíduo é uma toupeira elevada à enésima potência elevada à enésima potência, então terá dificuldades em se colocar.

 

TOUPEIRA

 

     Mas, toupeiras elevadas à enésima potência elevada à enésima potência não serão funcionárias com responsabilidade executiva ou decisória em lugar nenhum! Deverão procurar algo que envolva cavar ou nadar ou, ainda, alguma coisa que se adéqüe às suas habilidades. Já o Presidente do Brasil está à leguas de ser uma toupeira. Sofreu, lutou e venceu. Se anda fazendo umas besteiras... Isso é outra coisa. O Bush fez e continua a fazer (e vai continuar a fazer) um monte de besteiras um zilhão de vezes mais graves... E foi reeleito. Pode? Pôde. Quero estar errado no 'vai continuar a fazer'.

 

PRESIDENTE  LULA

 

     Se, por outro lado, a história da vida de Jesus é verdadeira (e isso não interessa nada), que experiência tinha Pedro para ser Apóstolo? Pescava. Nada mais. Nada mais? Devia pescar muito bem. Sabemos de algumas idiotices e de algumas rodolfices que ele andou perguntando a Jesus. Ou inventaram! Bem, se essa coisa toda for verdade, acho que nem assim ele aprendeu, pois, na hora do pega pra capar denegou seu Mestre. Nessa hora, se a história foi assim mesmo, não foi menos do um grandessíssimo filho+de+uma+puta (como muitos que andam por aí, a maioria sem saber que é). Se depois tomou vergonha na cara, e se forem verídicos os livros da Bíblia, Pedro se transformou em um grande homem digno de admiração e de respeito. Mas, a história... as invenções... as deturpações... as apócopes... as transliterações fraudulentas... as manipulações... as cristianizações forçadas... os machismos heróicos... a mentiraria... Pra arrumar um troquinho essa turma inventa (inventou e vai continuar a inventar) o que for necessário! Eu nem imagino o que João Paulo II deve ter sofrido nesse papado. Até tiro levou!!! Mas conviver em meio à futricada do Vaticano deve ter sido muito pior. Excluindo as exceções de sempre. Óbvio.

 

CRUZ  INVERTIDA  DE  PEDRO

 

     Quem é quem para julgar (matar, torturar, queimar, degolar etc.) alguém? Ou para não dar uma oportunidadezinha a quem quer que seja? Quando entrei para Ordem Rosacruz AMORC, se não fosse a paciência ilimitada do Frater Zaneli Ramos, eu acho que teria tido mais dificuldades do que tive. A paciência desse Frater foi realmente ilimitada. Durante o transcurso dos três Graus de Neófito (1969/1970) eu lhe mandei umas trinta perguntas, e acho que torrei o crânio dele. Ele me respondeu a todas de forma pessoal. Não eram respostas prontas. Mas, os tempos eram outros e o número de membros da AMORC era menor. Havia tempo para haver tempo. Hoje, atormento a cabeça de Meu Irmão Vicente Velado, FRC e Abade Especial para o Terceiro Mundo da Ordo Svmmvm Bonvm. Mas, foi por seu intermédio que coisas muito boas e importantes aconteceram comigo nos últimos tempos, como, por exemplo, a Iniciação ao Sétimo Grau do Faraó, da qual ele é o Frater Encaminhador, ou seja, tem a dupla alta incumbência de verificar a qualificação do candidato e, quando é o caso, de encaminhá-lo ao Grande Mestre do Grande Templo de Maat, que é quem propicia esta Iniciação Secretíssima e que implica em um tremendo e irrevogável compromisso. Sou grato por isso.

 

3ª HISTÓRIA

 

     Para concluir, direi: sempre que alguém me procura com alguma dificuldade, eu sempre estou pronto para o que der e vier. Sempre. Se for preciso, passo horas conversando. Se for preciso, largo tudo e vou em auxílio de quem precisa. E sacanagem comigo presente é difícil de prosperar. Só se eu não puder intervir. Inclusive, por exemplo, há alguns anos (1982), por minha interferência direta, algumas pessoas foram readmitidas na antiga FENAME (Fundação Nacional de Material Escolar) depois de terem sido injustamente demitidas pelo Chefe de Gabinete que me antecedeu. Não contarei aqui os pormenores dessas demissões porque são simplesmente dantescos. Mas, quando assumi a Chefia do Gabinete daquela Fundação consegui reverter a sopa de sacanagens que havia sido feita. Os temperos mais amenos eram a mentira e a intriga. E o clima na FENAME era medonho. Na época, o Diretor Executivo da FENAME era um Rosacruz (membro da AMORC) que já passou pela transição (Wander Batalha Lima), que, pelas injunções do cargo, era obrigado a estar mais em Brasília do que aqui no Rio de Janeiro. Estava vendido sem saber. Então, foi fácil convencê-lo dos absurdos praticados pelo antigo Chefe de Gabinete, mas, eu, de certa forma, me expus para fazê-lo entender que as demissões haviam sido injustificadas. Tudo se resumia a uma completa insubsistência (conspiratória) de motivos que determinaram os afastamentos. Mas, afinal, fora o Wander quem assinara as exonerações! Mas, ele compreendeu logo o problema e mandou readmitir imediatamente todo mundo. No mesmo dia passei a ordem de readmissão. A choradeira foi gigantesca. Eu vi homem de barba na cara chorar como criança por causa da readmissão. Rosacruz bom e decente é assim. Errou, corrige. Logo.

     Sempre fui e continuo sendo pau para toda e qualquer Obra. Comigo não 'tem' tempo ruim. Hoje, praticamente, não tenho mais nenhum poder decisório. Esplêndido!!! Mas foram, realmente, inúmeras as pessoas que ajudei nesta vida. Fico muito feliz com isso. Em absoluto silêncio, sempre. Claro. Se hoje estou tornando público alguns fatos, é porque têm, todos eles, peso didático-pedagógico. Tenho certeza de que quem ler este rascunho, vai refletir muito sobre a carta do candidato à vaga na Volks e os fatos que relatei. Principalmente se está na posição de decidir sobre quem entra e quem não entra. E sobre quem deverá sair, o que é milhões de vezes pior. Na verdade, a tal carta foi o catalisador para o rascunho que estou acabando de digitar (com dois dedos).

     Acho que é assim que devem proceder todos os seres humanos. No mínimo. Porque tudo isso que eu fiz não foi nada mais nada menos do que minha obrigação como ser humano. E eu não quero nem ouvir que fui um cara legal. Ser um místico (ou não ser) nada tem a ver com isso. Todos deveriam agir de forma semelhante. Contudo, há muito místico ordinário por aí ostentando diploma de fraternidade isso e de fraternidade aquilo, que se puder vai encaçapando todo mundo e fazendo (ou tentando fazer) projeções 'absurdosas' para delas tirar algum proveito, ou para dar algumas porradas em uns e outros. O pior é que esses sacanas contam que fazem isso!!! Adianta alguma coisa? Penso que não. Melhor: adianta sim. Para 359. Esses bobocas, na verdade, não sabem o que estão fazendo. Pensam que sabem, mas não sabem. Aliás, não sabem nada. De nada. (Recomendo a leitura do texto O Anel de Prata, de autoria de Harvey Spencer Lewis, 1º Imperator da AMORC para este novo Ciclo Iniciático. Foi publicado na revista O Rosacruz há muitos anos. Aproveito para sugerir aos Oficiais da GLP que republiquem essa matéria.)

     Enfim, para concluir, só não concordei com o autor da carta à Volks quando escreveu que a 'vida é mesmo um ir e vir sem razão.'

 

PEREGRINAÇÃO

 

 

A VIDA É SEMPRE IR...

 

Com todíssima razão,

para quem descobriu a RAZÃO!

 

 

A VIDA É UM IR E VIR...

 

para quem não descobriu a RAZÃO,

E vive sem saber a razão!

 

IR  E  VIR...

 

Aguarde a animação começar e se completar.