Rodolfo
Domenico Pizzinga
Por
que se camuflar e dilapidar alucinadamente?
Por que
dar preço acima do correto ou plausível?
Por que
mentir e explorar despundonorosamente?
Por que
permitir que a Terra possa ser destruível?
Por
que se clausurar em uma prisão de máxima insegurança
alentando
falsas ilusões e rancores incompatíveis com a Vida?
Por que
inevitavelmente escolher a mais repugnante andança
Como
é possível viver sem se preocupar ou questionar
acerca
da finalidade da vida e da perenidade do Universo?
Por que
viver anestesiado e geralmente a se conformar?
Essas
são as opções de muitos ao longo de toda uma vida:
não
fazem distinção entre viver pelo verso ou pelo anverso.
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Nota:
1. Muitos
decaem como radionuclídeos: de meia-vida em meia-vida...
Ainda
que o tempo de decaimento
— inflexível como um tormento —
seja irremediavelmente pessoal
como uma impressão digital!
Em termos
de energia nuclear, cada elemento radioativo se transmuta (ou se desintegra)
em uma velocidade que lhe é característica. Meia-vida
(ou tempo de decaimento ou tempo de desintegração) de um radioisótopo
(ou radionuclídeo) é o tempo necessário para que a
sua atividade (ou radioatividade) seja reduzida à metade da atividade
(ou radioatividade) inicial. Alguns elementos radioativos possuem meias-vidas
de microssegundos; outros, de bilhões de anos. As duas animações
anteriores mostram exatamente isso. Na segunda – a animação
do gráfico – eu fiz no final a inversão do gráfico
porque a finalidade deste soneto é chamar atenção para
a inutilidade de uma vida fútil – que se esvai como um radionuclídeo.
Portanto, a inversão do gráfico foi uma forçação
de barra; não existe tal inversão em termos de energia nuclear
e nem em termos de comportamento radioisotópico. Mas existe em termos
de vida; seja em um sentido, seja em outro. O mais abjeto filho-da-mãe
pode se tornar um santo, e também pode acontecer de um 'santo'
decair e se tornar um abjeto filho-da-mãe. A vida de Santo Agostinho,
que se converteu aos trinta anos, ainda que Ele não tenha sido propriamente
um abjeto filho-da-mãe, é um exemplo disso. Um bom exemplo,
claro. É de Santo Agostinho a confissão: Tarde Te conheci,
tarde Te amei. Eu fui um pouco pior; demorei bem mais para tomar vergonha
na cara.
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Fundo
musical:
Illusion
Fonte:
http://www.hotfiles.co.za/midi/CREATIVE/PIANOIMP/