O lamentável vazio que ainda existe no Coração da maioria de todos nós [Saudade Metafísica], estejamos ou não cientes deste vazio, deverá permanecer, até que a Illuminação Espiritual [Iniciática] seja alcançada, a qual fornecerá uma explicação aceitável, tanto ao Coração como à mente. [In: Interpretação Mística do Natal, de autoria de Max Heindel.]

 

 

 

 

— Oh! Eu nada sei,

mas, penso que sei.

Sou, sim, um estúpido

por dentro corrompido.

 

 

 

 

— Eu nada compreendo,

mas, finjo que entendo.

Como sou totalmente burdo,

me espojo no absurdo.

Para levar vantagem,

só apronto sacanagem.

Para me dar bem,

eu carambolo também.

Sou um querereca

para malocar na cueca.

E, com veemência,

eu nego a Ciência.

Sou um cara anético,

patético e hipotético.

Sou negacionista,

golpista e oportunista.

Sou antivacinista,

achadista e terraplanista.

 

 

 

 

— E boto medo no terraplanista:

se vacinar, vira 'redondista'!

E boto medo no trumpista:

se vacinar, vira bidenista!

E boto medo no lulista:

se vacinar, vira bolsonarista!

E boto medo no comunista:

se vacinar, vira direitista!

E boto medo na rainha:

se vacinar, vira baratinha!

E boto medo na freira:

se vacinar, vira caveira!

E boto medo no rabino:

se vacinar, vira jacobino!

E boto medo no xamã:

se vacinar, vira cunhã!

E boto medo no médium:

se vacinar, vira bebum!

E boto medo no papa:

se vacinar, vira galdrapa!

E boto medo no aiatolá:

se vacinar, vira balibabulá!

E boto medo no sacrista:

se vacinar, vira aconfessionalista!

E boto medo no monge:

se vacinar, vira come-longe!

E boto medo no ateu:

se vacinar, vira sandeu!

E boto medo no morubixaba:

se vacinar, vira beijucaba!

E boto medo no artista:

se vacinar, vira galharufista!¹

E boto medo no Joselino Barbacena:

se vacinar, vira criança pequena!

E boto medo no Baltazar da Rocha:

E boto medo na Dona Catifunda:

se vacinar, vira baleia-corcunda!

E boto medo no Aldemar Vigário:

se vacinar, vira vicissitudinário!

E boto medo no Mazarito-Costinha:

se vacinar, vira bosta-de-rolinha!

E boto medo no Brasilino Roxo:

se vacinar, vira agripino floxo!

E boto medo no Professor Raimundo:

se vacinar, vira 'buraco-sem-fundo'!

E boto medo no barnabé:

 

 

 

 

— Como os deletérios,

nego os Mistérios.

Não sei quem sou;

nem me importa o que sou.

Dane-se o tal do 'karma';

ele não me alarma.

Não sou de lero-lero;

faço tudo o que quero.

Não sou de remanchar;

boto pra jambrar.

Escrevo e assino;

de granada, solto o pino.

 

— Como os nefelibatas,

só fico dando ratas.

Por ser extravagante,

sou um delirante.

Vivo em uma caverna,

sem pilha na lanterna.

Tudo é um enorme vazio,

e sempre faz muito frio.

Sinto-me perdido,

desamparado e esquecido.

Em meio à nostalgia,

só sapão de companhia.

 

 

 

 

— Está chegando o Natal!

Permanecerei acólito do mal

– um grosseirão abissal

chafurdando no lamaçal?

Ou será que mudarei?

Será que compreenderei?

Será que me libertarei?

Será que ascenderei?

Oh! Saudade Metafísica!

Oh! Existência antimetafísica!

Oh!, Deus! Oh!, dragão!

Perdão! Perdão! Perdão!

Eu quero Renascer,

para o Batismo merecer!