SALVO-CONDUTO PARA O CÉU

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

O aranhoso pedófilo ininterrupto: — Eu quero você!

 

 

 

Dízimo fautor de uberdade?

Milagraria e cura à vontade?

Perdão seja qual for o labéu?

Salvo-conduto para o céu?

 

 

Por trás da 'religiosidade',

Por trás da 'comiseração',

poderá estar velado um cão.

 

 

Na sombra de um 'inupto',

Detrás de um 'bem-procedido',

talvez, um libertino desmedido.

 

 

E o pior: as pessoas crêem!

Estão moucarronas e não vêem!

E enquanto aumenta a lenda...

Eles vão engordando a renda.

 

 

Nosso olho precisa ser lavado.

E para não vivermos em vão,

o eu-topo deverá virar um não.

 

 

Chega de tanta empulhação!

Bolas! Se houvesse salvação,


Como não creio em salvação,

eu concluo dizendo o seguinte:

é preciso mudar a mão de direção,

e deixar de ser insigne ficante!1

 

 

 

'Santidade' Marca Roscofe

 

 

 

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Nota:

1. Conta-se que, certa vez, o jornalista, poeta e imortal da Academia Brasileira de Letras Emílio Nunes Correia de Meneses (Curitiba, 4 de julho de 1866 – Rio de Janeiro, 6 de junho de 1918), ao voltar de São Paulo para o Rio de Janeiro, um amigo literato o acompanhou à estação, e, na despedida, disse a Emílio: — Adeus, insigne partinte. Ao que o poeta respondeu: — Adeus, insigne ficante.

 

Fundo musical:

Fever
Compositores: John Davenport & Eddie Cooley
Interpretação: Ella Fitzgerald

Fonte:

http://www2.mp3raid.com/search/
download-mp3/42003/ella_fitzgerald.html