Para este trabalho escolhi alguns
trechos de cinco Salmos que serão rapidamente comentados à
luz de um entendimento místico pessoal. Não busquei
aportes ou suportes em outros pensadores e não descarto nem
desdenho outras compreensões. Inclusive acredito que as percepções
são mutáveis, e mudam mesmo de acordo com a representação
ascensional que temos da vida e da própria infusão em
nós do Bem Universal. Ou seja: da Vida.
Salmo nº 1
Bem-aventurados
os homens que não se deixam levar pelo conselho dos ímpios,
não andam pelo caminho dos pecadores e não se sentam
na reunião dos maus.
Comentário
Não há nada mais difícil
para o ser humano comum do que resistir a uma tentação.
Mas, o que é uma tentação? O que é uma
tentação tolerada? Nada mais, nada menos, do que a sucumbência
consentida a um impulso originado em nosso próprio interior
decorrente de um certo tipo de catálise, que tanto pode ter
origem interna quanto externa. De qualquer sorte, a dependência,
a submissão e a vassalagem às tentações
são relativas e derivadas do Corpo Astral, que age ininterruptamente
sobre o homem tentando impor todos os tipos de descaminhos, na maior
parte das vezes sendo bem sucedido. E esse impulso, no caso, tende
para ser destrutivo tanto para quem cede, quanto para quem é
alvo da destruição, ainda que o desmanche comece a operar
primariamente naquele que se deixa dominar por essas forças
desagregadoras. Nos tempos em que estamos vivendo (2005), parece ser
óbvio para todos nós que aquilo que é definido
e entendido como mal está se manifestando de forma acelerada.
Isto simplesmente é decorrente de um acúmulo sinérgico
de toda a criminalidade – secular e religiosa – que vem
sendo posta em execução nestes dois últimos milênios
– particularmente no século XX e neste início
de século – sendo, na contemporaneidade, a pior delas
a Globalização — Mater Putrida de todas
as inépcias morais, de todas as desonestidades e de todas as
desonras. E as religiões não estão fora desse
contexto tenebroso. Não que a Globalização seja
um mal em si; ao contrário, é boa, útil e desejável.
Mas, não da forma como está sendo implementada, pois
os países pobres estão se tornando cada vez mais pobres
e dependentes dos países ricos, e os países ricos não
sabem mais onde aplicar os lucros da espoliação planetária,
de tão ricos que se tornaram. Sobra dinheiro no Mundo! Mas,
raríssimo é aquele (grupo ou indivíduo) que não
viva ou pense em levar algum tipo de vantagem, seja essa vantagem
considerada lícita ou mesmo sendo ilícita. Honestidade
tornou-se sinônimo de babaquice. E isto, no momento, parece
não ter solução. Pelo menos não no campo
da Economia — a Machina-Mater das transfusões
ilícitas e não-fraternas de todos os recursos e de todas
guerras fratricidas. O desenvolvimento insustentável,
o massacre e o desrespeito aos sistemas ecológicos, o aquecimento
planetário, a poluição dos mares e dos rios etc.
já está também cobrando o seu doloroso preço.
Das reuniões dos maus – que
costumam posar de bons – não
podemos participar, ceder, apoiar e fingir que não sabemos
ou que não vemos. Omissão e comissão são
faltas equivalentes. Quando alguém lucra alguma coisa, alguma
ilicitude foi praticada, pois, para alguém lucrar, alguém
terá inevitavelmente que perder. O mínimo que acontece
(sempre aconteceu) são as sobrevalias (diferença escorchadora
entre o valor produzido pela força de trabalho e o custo de
sua manutenção).1 Precisamos
dizer (ou aprender a dizer) NÃO aos conciliábulos
dos maus. O terceiro segredo de Fátima (não importando
se é real, se é fictício, ou se é simbólico)
parece ter sido (ou estar sendo) suave como vaticínio em relação
ao que hoje se assiste na Terra! A coisa toda está realmente
se tornando insustentável e incontrolável.
Precisamos dizer NÃO.
Salmo nº
4
Até
quando, ó poderosos, sereis duros de coração?
Até quando amareis a vaidade e buscareis a mentira?
Comentário
Os poderosos são
poderosos e continuarão poderosos enquanto cada um e todos
permitirmos. Existe a complacência porque existem o medo e a
dependência. Permitimos porque somos fracos; permitimos porque
temos medo; permitimos porque sonhamos com as migalhas que nos são
prometidas e oferecidas; permitimos, enfim, porque não sabemos
como não permitir, e nem estamos, muitas vezes, interessados
em nos libertarmos para podermos não mais permitir. Mas, no
momento adequado, se sentirá maldito tanto aquele que fez sofrer,
quanto aquele que permitiu o sofrimento. No fundo, são cúmplices
o senhor e o escravo, o que não deixa de ser uma forma de sadomasoquismo.
Salmo nº
6
Estou
esgotado de tanto gemer...
Comentário
Estou esgotado
de tanto gemer...
Estou esgotado de tanto
sofrer...
Mas não sei
o quê fazer
Para me libertar deste
padecer.
Ouve, então,
ó meu irmão:
Será tão-só
no Coração
Que encontrarás
a libertação
— Vereda para
a SANTA ILLUMINAÇÃO!
Salmo nº
21
Ó
Deus meu, por que me desamparaste? Estás longe das preces e
das palavras do meu clamor...
Comentário
Enquanto Deus for procurado
do lado de fora
Jamais poderá
ser encontrado.
A noiva só encontrará
o noivo abençoado
Quando olhar para dentro
e renunciar ao que está fora.
Salmo nº
150
Aleluia!
Louvai o Senhor no Seu Santuário...
Comentário
O Senhor (nosso Mestre-Deus-Interior)
só poderá ser louvado se existir; para existir precisa
ser construído; para ser construído precisa ser projetado;
e para ser projetado... Humildade e Iniciação. In
Corde! Um Deus coletivo só produz um tipo de coisa: DISCÓRDIA.
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Nota
1. Suponhamos que
um operário seja contratado para trabalhar 8 horas por dia
em uma fábrica de motocicletas para produzir duas motos por
mês. O patrão lhe paga R$ 16 por dia, ou seja, R$ 480
por mês ou R$ 2 por hora trabalhada. O patrão vende cada
moto por R$ 3883. Deste dinheiro, ele desconta o que gasta com matéria-prima,
desgaste de máquinas, encargos, impostos, energia elétrica
etc. Vamos supor que esses gastos somem R$ 2912. Logo, sobram de lucro
para o empregador R$ 971 por moto vendida (3883 - 2912 = 971). Se
o operário produz duas motos por mês, ele produz, na
verdade, R$ 1942 por mês (2 x 971). Se em um mês ele trabalhar
240 horas, produzirá aproximadamente R$ 8,1 por hora (1942
÷ 240 horas). Portanto, em 8 horas de trabalho (ou um dia)
ele produz R$ 64,8 (8,1 x 8) e ganha R$ 16. A mais-valia (ou sobrevalia)
é exatamente o valor (ou riqueza) que o operário cria
(ou gera) além do valor de sua força de trabalho. Se
sua força de trabalho é equivalente a R$ 16 e ele cria
R$ 64,8 de riqueza, a mais-valia que ele dá ao capitalista
é de R$ 48,8 (64,8 - 16). Ou seja, o operário trabalha
a maior parte do tempo de graça para o patrão!
Mais uma vez recomendo a leitura da
obra Vril, The Power Of The Coming Race (A Raça
Futura Que Nos Suplantará) de Bulwer Lytton. A trama do
livro se passa em um reino subterrâneo, e esse mundo imaginário
corresponde, em muitos aspectos, à Sinarquia de Agartha referida,
entre outros, por Saint-Yves D'Alveydre, René Guénon
e Raymond Bernard (este último homônimo do místico
Rosacruz conhecido de todos os espiritualistas). A lenda de Agartha
diz que quando a instrução desse povo estiver concluída,
ele está destinado a regressar ao mundo superior (superfície
da Terra) e a suplantar (pelo amor) todas as raças inferiores
que aqui ainda se exploram e se matam entre si por ninharias.
No livro referido – A Raça
Futura Que Nos Suplantará – Bulwer Lytton ensina:
1º - Não há
felicidade sem ordem, não há ordem sem autoridade, não
há autoridade sem unidade.
2º - A injustiça,
dizem, pode emanar de três causas: falta de sabedoria para compreender
o que é justo, falta de benevolência para o desejar e
falta de força [interior] para o cumprir.
3º - [A] justiça perfeita
emana forçosamente da perfeição do conhecimento
para a conceber, da perfeição de amor para a querer
e da perfeição de poder para a concretizar.