SALMAN RUSHDIE
(Reflexões)

 

 

 

Salman Rushdie

Salman Rushdie

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Breve Introdução
e
Objetivo da Pesquisa

 

 

 

Eu ainda não descobri o exato porquê, mas tenho um carinho especial pelo Islã e pelo povo muçulmano. Já li o Sagrado Alcorão duas vezes e já publiquei alguns textos sobre as 114 suras alcorânicas e sobre diversos pensadores islamitas. Mas, como místico Rosacruz, não posso aceitar – e não aceito! – o decreto de morte (ainda bem que já foi anulado pelas autoridades iranianas) que foi religiosamente imposto ao ensaísta e autor de ficção Salman Rushdie – de que trata esta pesquisa. Entretanto, não me cabe julgar nada nem ninguém; apenas confirmo com todas as letras: in limine, não aceito e não concordo com qualquer tipo de pena capital, seja lá pelo motivo que for, onde quer que seja – na Terra, em Plutão ou no raio que o parta. Mas, de uma coisa boa tenho a mais absoluta e cristalina certeza: o senhor Aiatolá Ruhollah Khomeini (24 de setembro de 1902 – 3 de junho de 1989), já falecido há quase vinte e dois anos, se estivesse vivo, com o conhecimento que adquiriu post-mortem, imediatamente determinaria a revogação da fatwa por ele imposta a Rushdie, pois, certamente já compreendeu que somos todos um, e quando se mata (ou se dá uma ordem para matar) um ser do Universo, concomitantemente, se comete suicídio. Enfim, queiramos ou não, admitamos ou não, nos insurjamos ou não, o fato é que o Cósmico tem Leis e Razões que as religiões e os religiosos habitualmente desconhecem. Algumas (ou muitas) destas Leis e algumas (ou muitas) destas Razões só serão apre(e)endidas ou recordadas depois da transição. Uma destas Leis (ou Razões) é envessa ao talionato e muito mais ainda ao assassinato. Para que fique gravado e não seja esquecido, vou repetir e sublinhar: quando se mata (ou se dá uma ordem para matar) um ser do Universo, concomitantemente, se comete suicídio. E o suicida...

 

Para quem não sabe o que exatamente significa uma fatwa, o eminente teólogo muçulmano Sheikh Yusuf 'Abdullah al-Qaradawi (9 de setembro de 1926) explica: No Léxico, a palavra árabe 'fatwa' significa dar uma resposta satisfatória em relação a certo assunto. Na linguagem técnica da 'Shari’ah', a palavra 'fatwa' esclarece a aplicação da Lei Islâmica em uma resposta dada à uma questão ou conjunto de questões, normalmente relacionadas a um assunto islâmico. Não faz nenhuma diferença se a questão é apresentada por uma pessoa ou por um grupo de pessoas. Entretanto, é necessário não esquecer o que O Profeta – que a paz profunda e todas as bênçãos estejam com Ele – disse: Os estudiosos são os herdeiros dos Profetas, e os Profetas não deixaram atrás de si 'dinars' ou 'dirhams'; ao invés, deixaram Sabedoria. Aquele que adquire Sabedoria já ganhou algo de grande valor. Todavia, quem emite 'fatwas' sem ter o conhecimento necessário vai ter de arcar com o fardo daquele para o qual a 'fatwa' foi dirigida.

 

Nesta pesquisa, não discutirei a questão acima, rapidamente abordada; o estudo trata, apenas, das reflexões filosóficas, políticas e literárias de Salman Rushdie, apresentadas em forma de migalhas, aqui e ali comentadas nas notas. E, como não poderia deixar de ser, não subscrevo alguns posicionamentos do autor pesquisado. Mas, o que efetivamente importa é que eu e Rushdie, como tantos outros seres-no-mundo, somos livres para, com respeito e sinceridade, expressar nossos pensamentos da forma que entendermos ser mais conveniente e educativa para reflexão de todos os nossos irmãos deste nosso Planeta Azul. Enfim, a coisa é mesmo como disse Rushdie: — A Literatura não pertence a nenhum grupo. Ninguém é dono de um escritor. Um escritor não fala em nome de uma ideologia. O assunto de um escritor é dizer: eu vejo isso assim.

 

 

 

Biografia Sucinta de Rushdie

 

 

 

Salman Rushdie

 

 

 

Ahmed Salman Rushdie (Bombaim, 19 de junho de 1947) é um ensaísta e autor de ficção britânico de origem indiana. Cresceu em Mumbai (antiga Bombaim) e estudou na Inglaterra, onde se formou com predicado (with honours) no King's College, Universidade de Cambridge. O seu estilo narrativo, mesclando o mito e a fantasia com a vida real, tem sido descrito como conectado com o realismo mágico. Rushdie casou-se com a famosa atriz e modelo indiana Padma Lakshmi, de quem anunciou divórcio em julho de 2007.

 

Rushdie, que estreou na Literatura em 1975 com o romance Grimus, foi condecorado em 15 de junho de 2007 como Cavaleiro Comandante do Império Britânico (Knight Commander of the British Empire), fato que provocou diversos protestos no mundo islâmico.

 

Dono de um estilo próprio e dominando excelentes técnicas de narração, Rushdie já era um autor consagrado quando venceu o Prêmio Booker em 1981 com a obra Os Filhos da Meia-Noite.

 

Tornou-se incomparavelmente mais famoso após a publicação do livro Versículos Satânicos (em Portugal) Versos Satânicos (no Brasil), em 1989 (que condenava o Islã por perseguição contra várias religiões cristãs e hindus), que causou controvérsia no mundo Islâmico, devido a este livro ter sido considerado ofensivo ao profeta Maomé. Em 14 de fevereiro de 1989, a fatwa ordenando a sua execução foi proferida pelo Aiatolá Ruhollah Khomeini, líder do Irã, chamando o seu livro de blasfêmia contra o Islã. Além disso, Khomeini condenou Rushdie pelo crime de apostasia – fomentar o abandono da fé islâmica – o que, de acordo com a Hadith, é punível com a morte. Isto porque Rushdie comunicava através do romance que já não acreditava no Islã. Khomeini ordenou a todos os muçulmanos zelosos o dever de tentar assassinar o escritor, os editores do livro que soubessem dos conceitos do livro e quem tomasse conhecimento de seu conteúdo, conforme a fatwa. Devido a estes fatos Rushdie, foi forçado a viver no anonimato por muitos anos.

 

A obra infanto-juvenil Haroun e o Mar de Histórias foi escrita pelo autor como uma forma de explicar ao seu filho o porquê de ter perdido a liberdade de expressão.

 

Com o seu primeiro romance pós-fatwa, intitulado O Último Suspiro do Mouro, foi vencedor do Prêmio Whitebread.

 

 

 

Reflexões Rushdianas

 

 

 

Há demônios demais dentro das pessoas que alegam acreditar em Deus.

 

 

 

 

Talvez estejamos todos – negros, castanhos e brancos passando coisas uns para os outros, como uma das minhas personagens disse uma vez, como os aromas que se misturam quando cozinhamos.

 

Tendo abraçado o inevitável, perdi o medo. Vou lhes contar um segredo sobre o medo: ele é absolutista. Com o medo, é tudo ou nada. Ou bem, como um tirano arrogante, ele manda na nossa vida com a onipotência estúpida, que nos torna cegos, ou bem a gente o derruba, e seu poder se esvanece em fumaça. Mais um segredo: a revolução contra o medo, a trama que leva à derrubada daquele déspota ridículo, não tem muito a ver com a tal da 'coragem'. O que a impele é uma coisa muito mais direta: a necessidade pura e simples de tocar a vida para frente. Parei de ter medo porque, se a minha passagem pela Terra seria breve, eu não tinha tempo de ter medo.

 

 

Medo

 

Perdi a conta dos dias que transcorreram desde que fugi dos horrores da fortaleza louca de Vasco Miranda, na aldeia de Benengeli, nas montanhas de Andaluzia; fugi da morte na escuridão da noite, deixando uma mensagem pregada na porta.

 

O que começou com perfume terminou com um fedor e tanto... Há algo em nós que por vezes explode, uma Coisa que vive dentro de nós, comendo nossa comida, respirando o nosso ar, enxergando por nossos olhos, e quando essa Coisa sai para brincar ninguém está imune; possessos, voltamo-nos uns contra os outros com impulsos assassinos, com a escuridão da Coisa nos olhos e armas de verdade nas mãos, vizinho contra vizinho, primo contra primo, irmão contra irmão, filho contra filho, todos possuídos pela Coisa.

 

 

 

 

Até mesmo as lagartixas nas paredes foram capturadas e redistribuídas irmãmente dos dois lados da divisão central.

 

Em primeiro lugar, em uma religião há mil e um deuses, e eles, de repente, cismam que o bambambã é um só. E em Calcutá, por exemplo, onde Rama faz sucesso, como é que fica a coisa? E os templos de Siva? Já não há mais templos legítimos? É muita estupidez. Em segundo lugar, o Hinduísmo é cheio de livros sagrados. Não é um só; mas, de repente, só existe o Ramaiana. E o Gita? E os Puranas? Como é que eles têm a cara-de-pau de distorcer as coisas desse jeito? Só rindo! E em terceiro lugar, o Hinduísmo não exige atos religiosos coletivos, mas sem isso como é que esses caras vão conseguir reunir multidões que eles adoram? Aí, sem nem mais nem menos, eles inventam essa tal de puja coletiva, que seria a única maneira correta de demonstrar devoção. Uma única divindade marcial, um único livro e a turba no poder: é nisto que eles transformaram a cultura hindu; com sua beleza multifacetada, sua paz.

 

Era uma vez, no país de Alefbey, uma triste cidade, a mais triste das cidades, uma cidade tão arrasadoramente triste que tinha esquecido até o seu próprio nome. Ficava à margem de um mar sombrio, cheio de 'peixosos' – peixes queixosos e pesarosos, tão horríveis de se comer que faziam as pessoas arrotarem de pura melancolia, mesmo quando o céu estava azul.

 

Haviam enterrado os maridos com quem passaram quarenta ou mesmo cinqüenta anos de vida desconsiderada. Curvadas, fracas, sem expressão, as velhas lamentavam os destinos misteriosos que as haviam feito dar ali, afastadas, do outro lado do mundo, de seus pontos de origem. Falavam línguas estranhas que podiam ser georgiano, croata ou uzbeque. Os maridos lhes falharam ao morrer. Eram pilares que desmoronaram. Haviam pedido que confiassem neles e trazido as esposas para longe de tudo que lhes era conhecido, para essa terra-lótus sem sombra, cheia de gente obscenamente jovem, essa Califórnia cujo corpo era o templo e cuja ignorância era a felicidade, e depois tinham se mostrado indignos de confiança, soçobrando em um campo de golfe ou caindo de cara em uma tigela de sopa de macarrão, revelando, assim, às suas viúvas nesse último estágio de suas vidas, o quanto eram pouco confiáveis a vida em geral e os maridos em particular.

 

A despolitização do Islã é a urtiga que todas as sociedades muçulmanas terão de agarrar com as mãos para poder se tornar modernas.

 

Receio dizer que não gosto do trabalho de Paulo Coelho. Também não gosto de 'O Código Da Vinci', mas parece que o livro vende muito bem. Ou eu tenho mau gosto ou as outras pessoas têm. Há livros facilmente consumíveis e que dão um conforto simples às pessoas. Não é o meu negócio.

 

A liberdade de expressão é o coração da Humanidade.

 

A liberdade de expressão é a coisa toda – a bola do jogo. A liberdade de expressão é a própria vida.

 

Eu não preciso da idéia de Deus para explicar o mundo em que vivo.

 

Eu costumava dizer: Há um buraco no formato de Deus em mim. Por muito tempo eu enfatizei a ausência, o buraco. Agora, eu acho que é a forma que se tornou mais importante.

 

Se me pedissem para formular uma frase sobre qualquer religião, eu diria: Eu sou contra.

 

Neste mundo sem lugares quietos, não pode haver escape fácil da história, da algazarra, do terrível e inquieto alarido.

 

É muito fácil não ser ofendido por um livro. Você apenas tem que fechá-lo.

 

A maior parte do que realmente importa na sua vida tem lugar na sua ausência.

 

Uma das coisas extraordinárias sobre os acontecimentos humanos é que o impensável se torna pensável.

 

Nossas vidas não são o que merecemos, pois elas são, vamos concordar, em muitos aspectos, deficientes.

 

Nossa vida nos ensina quem somos.

 

Às vezes, as lendas moldam a realidade e se tornam mais úteis do que os fatos.

 

A aceitação de que tudo o que é sólido derrete no ar, de que a realidade e a moralidade não são dados, mas construções imperfeitas do ser humano, são os pontos a partir dos quais começa a ficção.

 

A idéia do sagrado é simplesmente uma das noções mais conservadoras em qualquer cultura, pois tende a transformar as idéias dos outros – a incerteza, o progresso, a mudança em crimes.

 

Ao longo da história, os apóstolos da pureza – aqueles que alegaram possuir uma explicação irrefutável para as coisas provocaram estragos demais e muita confusão entre os seres humanos.

 

A vertigem é o conflito entre o medo de cair e o desejo de [não] cair.

 

O que distingue um extraordinário artista de um medíocre, primeiro, são a sua sensibilidade e sua ternura; segundo, a sua imaginação; e terceiro, a sua industriosidade.

 

O que um escritor faz na solidão de um quarto é algo que nenhum poder pode facilmente destruir.

 

Quando o pensamento se torna excessivamente doloroso, a ação é o melhor remédio.

 

Sociedades livres são sociedades em movimento; e com o movimento vem a tensão, a dissidência, o atrito. Pessoas livres soltam faíscas, e estas faíscas são a melhor prova da existência da liberdade.

 

Escritores e políticos são rivais naturais. Ambos tentam transformar o mundo em suas próprias imagens. Eles lutam por um mesmo território.

 

Eu sou a soma de tudo... Eu sou tudo o que acontece...

 

A linguagem é coragem. É a capacidade de conceber um pensamento, de falar. E ao fazê-lo, devemos tornar a linguagem real.

 

Agora eu sei o que é um fantasma. Uma atividade inacabada, é o que é.

 

Antes de você começar a falar, respire fundo. Aponte para as estrelas. Mantenha-se sorrindo.

 

Nossas vidas são um permanente desconectar e reconectar... Roçamos e, posteriormente, novamente roçamos um no outro... É assim a vida humana. Ela não é simplesmente linear nem totalmente disjuntiva... Nem bifurca infinitamente... É, sim, sempre, uma seqüência...

 

 

 

No que tenho de pior, sou uma cacofonia. Uma massa de ruídos humanos que não se somam em uma sinfonia de um ser integrado. No que tenho de melhor, porém, o mundo canta para mim e através de mim como um cristal.

 

O medo mutila a obra.

 

A Literatura deve ser realmente o lugar onde podem surgir novas idéias que repensem o mundo.

 

A Literatura é um lugar em qualquer sociedade onde, dentro da privacidade de nossas próprias cabeças, conseguimos ouvir vozes falando sobre tudo de todo modo possível.

 

Não somos iguais.

 

Às vezes, sentimos que oscilamos entre duas culturas; outras vezes, que sentamos entre duas cadeiras. Mas, por mais ambíguo e movediço que este terreno pareça, não é de modo nenhum território árido para um escritor ocupar. Se a Literatura for em parte a busca de novos ângulos para penetrar na realidade, talvez uma vez mais a distância física e a perspectiva geográfica possam contribuir para os atingirmos.

 

Todos viraram inimigos e estão sendo atingidos pelo preconceito. A América é, hoje, um local sombrio.

 

Não necessariamente aquilo que é real e aquilo que é verdade são a mesmíssima coisa.

 

O ser humano descobre o que pensa a respeito de si mesmo quando sua essência mais íntima está sob ataque.

 

Um livro é uma versão do mundo. Se você não gosta, ignore-o; ou, em troca, ofereça sua própria versão.

 

O trabalho de um poeta é nomear o inominável, assinalar as fraudes, tomar posições, iniciar discussões, dar forma ao mundo e detê-lo ao se deitar.

 

Os livros escolhem os seus autores. O ato de criação não é totalmente racional nem consciente.

 

Dúvida, parece-me, é a condição central de um ser humano no século XX.

 

Queimar um livro não significa destruí-lo. Um minuto de escuridão não nos tornará cegos.

 

A verdade é o que a maioria vê como verdade; mas a maioria também pode mudar de opinião ao longo da história.

 

No catálogo dos direitos humanos não existe o direito a não ser ofendido; se existisse, ninguém poderia dizer ou escrever uma palavra.

 

A linguagem e a imaginação não podem ser aprisionadas.

 

Todas as idéias, mesmo as mais sagradas, devem se adaptar às novas realidades.

 

Eu cresci beijando livros e pão. Desde que eu beijei uma mulher, as minhas atividades com o pão e com os livros perderam o interesse.

 

As sabedorias antigas são as tolices modernas.1

 

Em meu entender, a religião, inclusivamente na sua forma mais sofisticada, infantiliza, sobretudo o nosso eu-ético, ao estabelecer por cima de nós uns árbitros morais infalíveis e uns tentadores imorais irredutíveis.

 

Deus, satã, paraíso e inferno, todos desapareceram um dia nos meus quinze anos, quando abruptamente perdi minha fé. E, além disso, para provar meu ateísmo recém-descoberto, comprei um sanduíche de presunto, e então partilhei, pela primeira vez, a proibida carde do suíno. Nenhum raio caiu em mim. Desde esse dia até hoje eu me considero uma pessoa completamente secular.

 

Deus foi o maior erro da Humanidade.

 

Se Deus existe, creio que não está nem um pouco preocupado com as pessoas que não acreditam Nele.

 

Quanto maior é o medo, maior é o perigo.

 

Antes de nascer de novo, você tem que morrer.

 

Que tipo de ser humano é você? Você é do tipo que assume compromissos, que faz negócios, que se acomoda, que tem como objetivo apenas encontrar um nicho para sobreviver? Ou é um sujeito esquisito, do tipo vareta que quebra com a brisa? Ou, por outro lado, é um cara que em noventa e nove vezes é despedaçado, mas que, na centésima vez consegue mudar o mundo?

 

 

 

 

Desde o início, os homens têm usado Deus para justificar o injustificável.

 

A fotografia é uma decisão moral tomada em um oitavo de segundo.

 

Todos os crentes têm boas razões para descrer de todos os deuses, exceto naquele em que acreditam. Isto me dá todas as razões para não acreditar em nenhum.

 

A memória tem uma função especial Ela escolhe, elimina, altera, exagera, minimiza, glorifica e vilipendia também. Mas, no final, ela cria sua própria realidade, sua versão heterogênea, mas geralmente coerente, dos eventos. E não há pessoa sensata que confie em uma versão mais do que na sua própria.

 

Música, amor, morte. Certamente, uma espécie de triângulo; talvez, mesmo eterno.

 

As únicas pessoas que podem ver o quadro inteiro são aquelas que saem do quadro.

 

O mundo, alguém escreveu, é o lugar que provamos ser real por morrer nele.

 

O fundamentalismo nada tem a ver com religião; tem a ver com o poder.

 

Assim, o problema da Índia torna-se um problema do mundo. O que acontece na Índia acontece em nome de Deus.

 

Eu quero mais do que aquilo que eu quero.2

 

O nome do problema é Deus.

 

Talvez, a história que você termine não seja a que você começou.

 

Um suspiro não é apenas um suspiro. Inalamos o mundo e expiramos um significado.

 

Muitos querem o amor, não a liberdade.

 

Você não pode avaliar um ferimento interno nem o tamanho do buraco.

 

Qual é o oposto da fé? Não é a descrença. Em si, o oposto da fé é uma espécie de crença.

 

Uma construção é frágil porque construímos a partir de materiais inadequados, mas que ferozmente defendemos até a morte.

 

 

A nossa sensação da realidade é uma questão de perspectiva. Quanto mais a partir do passado você começa, mais concreta e plausível ela parece. Mas se você a aborda do presente, inevitavelmente a realidade parece cada vez mais incrível.

 

Nem todas as possibilidades estão disponíveis para nós. O Universo é finito3, e derramamos nossas esperanças apenas sobre a sua camada mais externa.

 

 

 

Não há nada como uma guerra para a reinvenção da vida.

 

Nada vem do nada. Nenhuma história começa do nada. Novas histórias nascem de velhas histórias; são as novas combinações que fazem com que pareçam novas.

 

Somente sob pressão extrema podemos mudar, de tal sorte que o que está em nossa natureza mais profunda possa se manifestar.

 

O triunfo inevitável4 da ilusão sobre a realidade – a única verdade óbvia sobre a história da raça humana.

 

Sem água não somos nada. A água é o verdadeiro monarca, e todos nós somos seus escravos.

 

Molécula de Água

 

Se o amor é um desejo de estar com a pessoa amada, então, o ódio, isto deve ser dito, pode ser gerado pelo mesmo desejo, quando o amor não pode ser cumprido.

 

Como você derrota o terrorismo? Não se aterrorizando.

 

Se você gosta das pessoas, faça como uma raquete. O ruído é vida, e excesso de ruído é sinal de que a vida é boa. Haverá tempo suficiente para todos nós ficarmos quietos quando estivermos bem mortos.

 

Todos os nomes significam algo.5

 

Nossa tragédia é que, geralmente, somos incapazes de compreender nossas experiências; elas deslizam por entre os dedos; não podemos segurá-las. E quanto mais o tempo passa, mais difícil fica a coisa.

 

Qual é a utilidade de histórias que não são mesmo verdade?

 

Pode-se argumentar que o passado é um país do qual todos nós emigramos, e que a sua perda é parte da experiência comum da Humanidade.

 

Não há tal coisa como o acaso.

 

Onde não há crença não há blasfêmia.

 

Se você observar, tudo tem forma. Não há como escapar da forma.

 

 

Oh!, vergonha! Vergonha e humilhação de ser condescendente com os tolos!

 

A Vida venceu a morte, e até mesmo os móveis comemoram.

 

Que tipo de presente de natal Jesus pede para o papai-noel?6

 

Se o nascimento é a queda fora do local da explosão causada pela união de dois elementos instáveis, então, talvez, uma meia-vida é tudo o que podemos esperar.7

 

Entre a vergonha e a sem-vergonhice está o eixo sobre o qual as condições meteorológicas, em ambos os pólos, são do tipo mais extremo e feroz.

 

Talvez, se você quiser continuar a ser apenas mais um indivíduo no meio da multidão fervescente, deva se fazer grotesco.

 

Um povo que permanece convencido da sua grandeza e da sua invulnerabilidade, que opta por acreditar em um mito em face de todas as evidências, é um povo preso nas garras de uma espécie de sono... ou da loucura.

 

O otimismo é uma doença.8

 

O frenesi (sexual, edipiano, político, mágico, animalesco) leva-nos às nossas maiores alturas e às nossas profundezas mais grotescas.

 

A História pode fazer ascensionar assim como pode fazer cair. Os poderosos podem ser ensurdecidos pelos gritos dos pobres.

 

O futuro não pode ser eclipsado pelo passado. Mesmo quando a morte se muda para o centro do palco, a vida continua lutando pela igualdade de direitos.

 

Os deuses não partilham as suas vidas com os homens e as mulheres mortais. O que resta é a vida humana comum.

 

O exílio é o sonho de um retorno glorioso. O exílio é uma visão de revolução.

 

Finais infelizes parecem ser mais realistas do que finais felizes; a realidade, muitas vezes, contém uma seqüência de fantasia que o realismo não tem.

 

 

 

O Governo Iraniano retirou oficialmente a condenação contra mim em 1998, mas, desde então, sempre aparece alguém, uma figura menor do regime, para renovar as ameaças. Esses gestos não têm nenhuma repercussão séria. Eu consegui atravessar o túnel do medo e hoje levo uma vida normal. Tenho endereço certo, tomo o metrô, vou ao mercado, viajo de avião como qualquer pessoa. Já não ando com guarda-costas e não vou me intimidar.

 

Todo mundo tendeu a crer que a 'fatwa' era um incidente isolado. Mais do que uma indicação de algo maior, se tendeu a crer que era culpa minha.

 

Roberto Saviano9, sem dúvida, deve deixar a Itália, mas tem que escolher com prudência seu destino. Suponho que um problema com a máfia seja mais grave do aquele que eu mesmo enfrentei.

 

Se Woody Allen fosse muçulmano, estaria morto agora.

 

O radicalismo infeccioso, de origem religiosa, é um fato recente. Não sou especialista em Oriente Médio, mas tenho falado com muitos amigos que conhecem a região e eles também lamentam a maneira como a cultura do Islã mudou. Em cidades como Beirute e Damasco a transformação foi drástica. Eram lugares maravilhosos, cosmopolitas, cheios de vida artística. Mesmo Bagdá e Teerã eram grandes cidades. Tudo isso está na memória de pessoas da minha geração. É triste que essas cidades tenham regredido tanto em poucas décadas. Mas não há por que imaginar que essa mudança seja irreversível. Hoje, muitos muçulmanos lêem meus livros, entendem o que digo, acham absurdo o que aconteceu comigo e lamentam que essa história tenha posto sua cultura, desnecessariamente, sob luz desfavorável.

 

Nada vem do nada.

 

O hábito de invocar a autoridade divina para legitimar preconceitos, perseguições e atrocidades é muito antigo, mas ressurgiu com força nos últimos tempos. A meu ver, é o problema central do mundo contemporâneo – e não está de maneira nenhuma restrito ao universo islâmico. Há, por exemplo, a crueldade da maioria hindu contra os muçulmanos na região indiana do Punjab. Mesmo em um país democrático como os Estados Unidos, a religião voltou a interferir na vida pública, e este é um fato que eu, que pertenço a uma geração de mentalidade extremamente dessacralizada, só posso lamentar. Nos anos 60, quem usava linguagem religiosa em público, num contexto político, era olhado com estranheza. A religião havia se retirado para o campo privado. Nos últimos tempos, contudo, o pêndulo oscilou para o outro lado.

 

O que não pode ser curado deve ser suportado.

 

Não creio que deva existir qualquer espaço para a religião na esfera política. Estaremos muito melhor com os princípios de separação entre Estado e Igreja estabelecidos pela Revolução Francesa. Se as pessoas querem acreditar em Deus, se derivam prazer, conforto ou apoio moral dessa crença, não sou eu quem vai criticá-las. Mas as coisas tendem a se complicar quando a religião se confunde com o poder e interfere nos processos de decisão política. A linguagem da religião é uma linguagem de absolutos que, mais cedo ou mais tarde, levam à estigmatização de um grupo. Como o grupo dos ateus, por exemplo. Na última eleição presidencial americana, um grande jornal realizou uma pesquisa perguntando em quais candidatos das chamadas minorias os eleitores aceitariam votar. As pessoas, em geral, disseram que não se oporiam a candidatos negros, a mulheres ou a homossexuais. Quando perguntaram se votariam em um ateu, contudo, a situação mudou: mais de 50% disseram que não. Você é inelegível se duvidar da existência de Deus.

 

Um homem que se propõe a se fazer por si mesmo, de acordo com uma maneira pessoal e livre de ver as coisas, toma o papel do Criador...

 

Blasfêmias são importantes, pois é graças a elas que o mundo avança. Considere, por exemplo, que Sócrates, o próprio Jesus e Galileu foram considerados blasfemos. No Iluminismo, blasfemar tornou-se uma tática deliberada dos filósofos e escritores. Voltaire, Rousseau e Diderot acreditavam que o grande inimigo da liberdade intelectual não era o Estado, mas a Igreja. Blasfemar com alegria era seu meio de dizer que não aceitavam mais os limites que a religião impunha ao pensamento. Devemos a eles muito de nosso conceito de liberdade de expressão. Se Deus existe, creio que ele não se importa nem um pouco com as pessoas que não acreditam Nele. Bem menos, em todo caso, do que aqueles que se arrogam o direito de falar em Seu Nome e que usam palavras como 'blasfêmia' e 'heresia' para lutar contra todo tipo de novidade ou desejo de mudança.

 

Para entender apenas uma vida, você tem que engolir o mundo.

 

Com relação à Guerra no Iraque, tive sentimentos ambivalentes. Fui a favor da guerra por acreditar que a derrubada de um tirano como Saddam Hussein era um objetivo desejável. Isto me causou problemas com alguns amigos de esquerda. Mas eu acho que esses amigos se enredaram em posições insustentáveis nos últimos anos. Em nome do 'objetivo maior' de criticar os Estados Unidos e sua política de poder, eles chegaram a ponto de defender o Talibã e Saddam. Quando não defendem, fazem vistas grossas às suas barbaridades. Ora, a denúncia da tirania sempre foi um tema importante do pensamento de esquerda. É inadmissível que um homem que brutalizou seu povo por quase três décadas se transforme em santo apenas porque são os americanos que guerreiam para depô-lo. O que me deixou insatisfeito foi a pouca discussão do rumo a ser tomado no pós-guerra. Como reconstruir a sociedade iraquiana, como ajudá-la a compor um Governo, quanto tempo manter os soldados americanos no País? Nada disto foi discutido abertamente antes da guerra, e vemos as conseqüências. Há o perigo do separatismo curdo, o perigo de o fundamentalismo xiita subir ao poder, toda uma gama de problemas difíceis. Tudo no Iraque é precário e perigoso.

 

Para ser parte do mundo, você precisa morrer também.

 

Qualquer um que chegue aos Estados Unidos e seja originário de um país do Terceiro Mundo, como eu, terá uma vivência dupla do País. É impossível não se maravilhar com a energia dos americanos, e morar em Nova York é extremamente prazeroso. Por outro lado, trazemos conosco o conhecimento – e às vezes a memória – de que os Estados Unidos são uma superpotência nem sempre benévola. Ao descrever o País em 'Fúria', tentei fazer jus a estas ambigüidades. Concentrei no protagonista do romance, o professor Solanka, todas as críticas aos Estados Unidos. Ele é muito rabugento em relação ao País – muito mais do que eu, na verdade. Mas, ao redor de Solanka, coloquei as coisas boas da vida americana.

 

O processo de revisão [revisitação] deve ser constante e sem fim.

 

Eu acho que o valor do romance está em sua flexibilidade infinita, que o torna um instrumento único para espelhar o mundo e registrar a realidade. Olhe em retrospecto e você perceberá que os grandes romances o informam mais profundamente sobre um determinado período histórico do que qualquer outro tipo de documento. Até mesmo os historiadores reconhecem isso. Outra coisa importante sobre os romances é que eles manifestam visões únicas e pessoais do mundo. Poucas formas de arte são tão individuais, tão pouco dependentes da colaboração externa. Acho esta característica incrivelmente valiosa. Uma biblioteca de romances é um repositório de vozes individuais que sobrevivem no tempo – quanto mais vozes desse tipo puderem ser ouvidas, melhor para a sociedade. Finalmente, romances são importantes porque, se não existissem, eu não teria um emprego e morreria de fome.

 

Quando me perguntam se é fácil escrever para crianças, minha resposta é não. É mais difícil porque as crianças são leitores exigentes. Se não gostam do livro, não terminam de ler o livro, e também dizem que não gostam. São leitores muito honestos. Escrever um livro para agradar a uma criança é uma tarefa árdua.

 

A música pop é um assunto tão importante no romance contemporâneo inglês e americano, em primeiro lugar, porque o romance não é uma forma de arte elitista. Para um autor de romances, a distinção entre alta cultura e baixa cultura não é apenas desnecessária; ela é prejudicial. Você precisa estar aberto a tudo, criar personagens que pensem como as pessoas pensam, que se interessem por aquilo que interessa às pessoas. Se só puser referências da alta cultura num romance, você escreverá para poucos, a partir de uma torre de marfim. Quanto à música pop em particular, tenho afinidade natural com esse universo. Ela explodiu enquanto eu crescia, e acho que foi o primeiro fenômeno global de nossa época – a primeira coisa que se espalhou pelo mundo tocando igualmente chineses, europeus ou americanos. E lembre-se de que naquele tempo a mídia não era o que é hoje. No País de minha infância, as rádios eram todas estatais e não tocavam música do Ocidente. Mesmo assim, nós conhecíamos as bandas de rock mais importantes. Em 'O Chão Que Ela Pisa', queria aproximar três mundos diferentes: Índia, Inglaterra e Estados Unidos. Logo descobri que a única coisa que tornaria isso possível era a música pop.

 

Quando o Estado ou a religião começam a limitar nossa liberdade de expressão, começa também um massacre de nosso humanismo.

 

Sou amigo de muitos roqueiros. Eu me encontro com o pessoal do U2 há pelo menos dez anos. Quando fui condenado pelo regime iraniano, eles me deram muito apoio. Ao concluir 'O Chão Que Ela Pisa', mandei uma cópia a Bono. Ele gostou do livro e, lá no meio, encontrou alguns versos que o inspiraram a compor uma canção. Foi tudo assim, por acaso, e por isso mais divertido.

 

Quanto mais você se concentra no outro, mais se vê no outro. O racismo e o nacionalismo atraem os que não sabem como olhar o outro. Provavelmente, nossa maior tragédia é que somos mais semelhantes do que pensamos.

 

Gostaria de fazer uma distinção entre meu trabalho como romancista e como ensaísta. Nunca fiz um romance para provocar polêmica – muito menos 'Os Versos Satânicos'. Não acho que esse seja um papel da ficção. Feita esta ressalva, sempre me interessei em participar das discussões públicas. O exemplo vem de minha infância na Índia. Naquela época, o grande poeta urdu Faiz Ahmed Faiz era amigo de minha família. O artista introspectivo e o homem público conviviam perfeitamente nele. Ele fez poesia maravilhosa, mas também escreveu com paixão sobre os problemas políticos do dia-a-dia. Mas é preciso saber dosar as coisas. No momento, estou um pouco enjoado de política. Escrevi uma coluna para o New York Times por quatro anos, e agora gostaria de ficar recolhido no meu canto.

 

Se o Islã quiser fazer parte do mundo moderno, terá de aceitar a interpretação e a crítica.

 

O rótulo de 'escritor pós-colonial' foi criado na academia para descrever um grupo de autores que chegaram à Inglaterra vindos de antigas colônias britânicas. Não é desprovido de sentido. Eu, por exemplo, nasci em um País que acabava de se tornar independente e, nos meus primeiros escritos, esse dado foi importante. Hoje, no entanto, o legado colonial já está muito diluído. Mesmo nas antigas colônias, o foco da discussão mudou: se você quiser chegar a algum lugar, não adianta mais discutir a relação da Índia com sua antiga metrópole. O problema não é lidar com um passado complicado, mas, sim, com um presente complicado. Os problemas que enfrentamos são de nossa própria conta; não podemos tratá-los eternamente como heranças. Aliás, se existe algo de que posso me orgulhar na Índia é o fato de que o debate político por lá se sofisticou e já não se ouve muito a antiga cantilena de que tudo é culpa dos americanos, dos russos ou de um outro povo estrangeiro qualquer. Essa retórica foi deixada de lado. Eu escrevi várias vezes que a única maneira de se livrar de uma mentalidade colonial é assumir a responsabilidade pela sociedade em que você vive. Enquanto você continuar a fazer papel de oprimido, continuará preso a essa mentalidade.

 

Quando aceitamos que autoridades religiosas nos digam como devemos nos comportar, estamos a perder algo da liberdade.

 

Rememorar não somente o que aconteceu, essa vasta e confusa emoção, mas também o que não aconteceu – aquilo de que nenhum ser humano guarda uma memória viva, pois é em si mesmo o fim da memória significa afirmar a primazia da vida sobre a morte, pois a memória é o instrumento por meio do qual os vivos conhecem, esquecem, compreendem e se equivocam, de modo que não poderia haver melhor instrumento para brandirmos como uma arma contra a morte, não obstante sabermos que será insuficiente, mesmo sabendo do resultado inexorável, sabendo-o e não desistindo, ou não por enquanto, ainda não, não antes que mais algumas palavras tenham sido pronunciadas, não até que a memória tenha falado, tal qual o artista, seja ele Beckett ou Nabokov, exige e determina.

 

Definir as pessoas por uma característica, pela religião, por exemplo, é mau, porque se pode ser muito mais apaixonado pelo clube de futebol do que pela religião.

 

Estou firmemente convencido de que existe um certo fascínio pela morte entre terroristas suicidas. Muitos são influenciados pela imagem enganosa de um tipo de magia que é inerente a esses atos insanos. A imaginação do terrorista suicida o leva a acreditar em um ato brilhante de heroísmo, quando, na verdade, ele está simplesmente se explodindo insensatamente e tirando a vida de outras pessoas. Há uma coisa que não se deve esquecer aqui: as vítimas aterrorizadas por muçulmanos radicais são, na sua absoluta maioria, muçulmanas.

 

Não sei o que os iranianos pensam, nem lhes vou perguntar. Mas o que me dizem é que já não querem tanto me matar. A razão é que parece que têm outros mais importantes para matar.

 

A [escritora iraniana] Azar Nafisi me disse ontem que agora, de repente, os iranianos estão tentando transformar em um julgamento por assassinato, e acusando Sakineh Ashtiani de ter matado o marido, o que não diziam até anteontem. Por causa do clamor internacional sobre a idéia do apedrejamento, agora estão arranjando outro pretexto. É, no mínimo, muito suspeito que este assassinato surja agora.

 

Não estou dizendo que não vá me apaixonar outra vez, mas não há necessidade de casar. Tenho 61 anos, já é o suficiente.

 

É importante lembrar o que os outros pensaram e não apenas o que eu pensei.

 

Todo mundo vai a festas. A diferença é que, quando eu vou, sai na imprensa.

 

Escolhi morar em Nova York por que gosto das mulheres. Gosto de cidade grande; o interior é para as vacas.

 

O bom dos deuses é que eles são descartáveis; viram mitos.

 

Não estou interessado nas pessoas que têm respostas [para tudo]. É muito mais interessante ter dúvidas.

 

 

 

Contraditando:

 

 

 

O nome do problema não é Deus.

O nome do problema, sim, é deus.

Cremos em contos da carochinha,

na Laura Jane e na sua areiazinha...

 

Mas a coisa não é tão-só descrer;

mais do que isto, é preciso crescer.

Descrer é fácil e não paga imposto;

mas, no espelho, como fica o rosto?

 

Em nós, há uma Terra Inexplorada,

em geral, nem lavrada nem cultivada.

Por todos, por enquanto, não ainda!

 

Há um nó que precisa ser desatado

– um Caminho que deve ser achado.

Para todos – Claridade! – boa-vinda!

 

 

 

 

 


 

______

Notas:

1. Pesquisando para compor esta pesquisa, encontrei esta pérola: Conhecimento é saber que o tomate é uma fruta. Sabedoria é saber que ele não deve ser colocado em uma salada de frutas. Desconheço o autor; assim, não posso citá-lo.

2. É mais ou menos como tenho dito: geralmente, queremos o que não precisamos, e precisamos porque metemos na cabeça que precisamos do que não precisamos.

3. Entretanto, é ilimitado.

4. Eu não diria triunfo inevitável da ilusão, mas, sim, triunfo temporário, porque se o triunfo da ilusão fosse inevitável e permanente, de que serviria a encarnação? Qual é o outro significado da vida senão apre(e)nder e ascensionar? Quem diz que morreu, morreu, é porque ainda está cego, ainda que, a bem da verdade, há quem morra... e morra mesmo!

5. E por significarem algo, todos são igualmente importantes. O que não tem importância não existe.

6. Eu sei: — Que todos transmutem 666 em 888 para, um dia, por mérito, poderem conhecer o 999.

7. A meia-vida é a quantidade de tempo característica de um decaimento exponencial. Se a quantidade que decai, possui um valor no início do processo; na meia-vida a quantidade terá metade deste valor. Nos processos radioativos, meia-vida ou período de semidesintegração de um radioisótopo é o tempo necessário para desintegrar a metade da massa deste isótopo, que pode ocorrer em segundos ou em bilhões de anos, dependendo do grau de instabilidade do radioisótopo. Ou seja, se tivermos 100kg de um material, cuja meia-vida é de 100 anos; depois desses 100 anos, teremos 50kg deste material. Mais 100 anos, e teremos 25kg. E assim sucessivamente. Alguns elementos transurânicos (elementos com número atômico acima de 92) apresentam meias-vida de 1 segundo, enquanto o urânio-238 apresenta meia-vida de aproximadamente 5.000.000.000 anos, que é a idade estimada da Terra.

 

 

8. Isto precisa ser bem explicadinho. Otimismo boçal, hipotético e fideísta, sim, é uma doença – dolentia ignorantiæ, a doença da ignorância. Mas, otimismo consciente derivado de uma certeza interior advinda de uma experiência pessoal incontestável é a melhor coisa do mundo. Agora, que não se confunda experiência pessoal incontestável com histeria psíquica ou esquizofrenia. São coisas tão diferentes quanto Ctrl + Scroll e Ctrl + Enter.

9. Roberto Saviano (22 de setembro de 1979) é um jornalista e escritor italiano. Nascido em Nápoles, Saviano escreveu o livro Gomorra, que documenta a atuação das máfias italianas e sua relação com as instituições do País. A obra se tornou um best-seller em todo o mundo. Saviano vive sob escolta permanente de cinco policiais, desde 13 de outubro de 2006. Ele muda constantemente de endereço, e não freqüenta lugares públicos, em virtude de ameaças de morte feitas por mafiosos. Em outubro de 2008, revelou-se que a Camorra tinha um plano para assassinar Saviano no natal daquele ano. Saviano, em 2006, foi agraciado com o Prêmio Viareggio. Ele é o escritor italiano com mais vendas na Internet.

 

Bibliografia:

RUSHDIE, Salman. O último suspiro do mouro. Tradução de Paulo Henriques Britto. 2ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www2b.biglobe.ne.jp/
~neohip/BOMB.gif

http://www.ponteiro.com.br/
vf.php?p4=8409

http://www.laicidade.org/wp-content/
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http://www1.folha.uol.com.br/
folha/ilustrada/ult90u69468.shtml

http://www.direito2.com.br/abr/2010/

http://www1.folha.uol.com.br/

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140503/entrevista.html

http://media.photobucket.com/image/kalei
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Meia-vida

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http://www.euromilhoes.com/forum/
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http://comunidade.sol.pt/blogs/

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http://www.dejovu.com/resultados/
?pesquisa=+Salman+Rushdie

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quotes/salman_rushdie/

http://pensador.uol.com.br/frase/NDgzNDk0/

http://www.ronaud.com/frases-pensamentos
-citacoes-de/salman-rushdie

http://frases.netsaber.com.br/busca_up.
php?l=&buscapor=Salman%20Rushdie

http://pt.wikiquote.org/wiki/Salman_Rushdie

 

Música de fundo:

South Of The Border
Composição: Jimmy Kennedy & Michael Carr
Interpretação: Frank Sinatra

Fonte:

http://beemp3.com/download.php?file=
1242226&song=South+Of+The+Border