Há
demônios demais dentro das pessoas que alegam acreditar em Deus.
Talvez estejamos todos – negros,
castanhos e brancos –
passando
coisas uns para os outros, como uma das minhas personagens disse uma vez,
como os aromas que se misturam quando cozinhamos.
Tendo
abraçado o inevitável, perdi o medo. Vou lhes contar um segredo
sobre o medo: ele é absolutista. Com o medo, é tudo ou nada.
Ou bem, como um tirano arrogante, ele manda na nossa vida com a onipotência
estúpida, que nos torna cegos, ou bem a gente o derruba, e seu poder
se esvanece em fumaça. Mais um segredo: a revolução
contra o medo, a trama que leva à derrubada daquele déspota
ridículo, não tem muito a ver com a tal da 'coragem'. O que
a impele é uma coisa muito mais direta: a necessidade pura e simples
de tocar a vida para frente. Parei de ter medo porque, se a minha passagem
pela Terra seria breve, eu não tinha tempo de ter medo.
Perdi
a conta dos dias que transcorreram desde que fugi dos horrores da fortaleza
louca de Vasco Miranda, na aldeia de Benengeli, nas montanhas de Andaluzia;
fugi da morte na escuridão da noite, deixando uma mensagem pregada
na porta.
O
que começou com perfume terminou com um fedor e tanto... Há
algo em nós que por vezes explode, uma Coisa que vive dentro de nós,
comendo nossa comida, respirando o nosso ar, enxergando por nossos olhos,
e quando essa Coisa
sai para brincar ninguém está imune; possessos, voltamo-nos
uns contra os outros com impulsos assassinos, com a escuridão da
Coisa nos olhos e armas de verdade nas mãos, vizinho contra vizinho,
primo contra primo, irmão contra irmão, filho contra filho,
todos possuídos pela Coisa.
Até
mesmo as lagartixas nas paredes foram capturadas e redistribuídas
irmãmente dos dois lados da divisão central.
Em
primeiro lugar, em uma religião há mil e um deuses, e eles,
de repente, cismam que o bambambã é um só. E em Calcutá,
por exemplo, onde Rama faz sucesso, como é que fica a coisa? E os
templos de Siva? Já não há mais templos legítimos?
É muita estupidez. Em segundo lugar, o Hinduísmo é
cheio de livros sagrados. Não é um só; mas, de repente,
só existe o Ramaiana. E o Gita? E os Puranas? Como é que eles
têm a cara-de-pau de distorcer as coisas desse jeito? Só rindo!
E em terceiro lugar, o Hinduísmo não exige atos religiosos
coletivos, mas sem isso como é que esses caras vão conseguir
reunir multidões que eles adoram? Aí, sem nem mais nem menos,
eles inventam essa tal de puja coletiva, que seria a única maneira
correta de demonstrar devoção. Uma única divindade
marcial, um único livro e a turba no poder: é nisto que eles
transformaram a cultura hindu; com sua beleza multifacetada, sua paz.
Era uma vez, no país de Alefbey,
uma triste cidade, a mais triste das cidades, uma cidade tão arrasadoramente
triste que tinha esquecido até o seu próprio nome. Ficava
à margem de um mar sombrio, cheio de 'peixosos' – peixes queixosos
e pesarosos, tão horríveis de se comer que faziam as pessoas
arrotarem de pura melancolia, mesmo quando o céu estava azul.
Haviam
enterrado os maridos com quem passaram quarenta ou mesmo cinqüenta
anos de vida desconsiderada. Curvadas, fracas, sem expressão, as
velhas lamentavam os destinos misteriosos que as haviam feito dar ali, afastadas,
do outro lado do mundo, de seus pontos de origem. Falavam línguas
estranhas que podiam ser georgiano, croata ou uzbeque. Os maridos lhes falharam
ao morrer. Eram pilares que desmoronaram. Haviam pedido que confiassem neles
e trazido as esposas para longe de tudo que lhes era conhecido, para essa
terra-lótus sem sombra, cheia de gente obscenamente jovem, essa Califórnia
cujo corpo era o templo e cuja ignorância era a felicidade, e depois
tinham se mostrado indignos de confiança, soçobrando em um
campo de golfe ou caindo de cara em uma tigela de sopa de macarrão,
revelando, assim, às suas viúvas nesse último estágio
de suas vidas, o quanto eram pouco confiáveis a vida em geral e os
maridos em particular.
A
despolitização do Islã é a urtiga que todas
as sociedades muçulmanas terão de agarrar com as mãos
para poder se tornar modernas.
Receio
dizer que não gosto do trabalho de Paulo Coelho. Também não
gosto de 'O Código Da Vinci', mas parece que o livro vende muito
bem. Ou eu tenho mau gosto ou as outras pessoas têm. Há livros
facilmente consumíveis e que dão um conforto simples às
pessoas. Não é o meu negócio.
A
liberdade de expressão é o coração da Humanidade.
A
liberdade de expressão é a coisa toda – a bola do jogo.
A liberdade de expressão é a própria vida.
Eu
não preciso da idéia de Deus para explicar o mundo em que
vivo.
Eu
costumava dizer: Há um buraco no formato de Deus em mim. Por muito
tempo eu enfatizei a ausência, o buraco. Agora, eu acho que é
a forma que se tornou mais importante.
Se
me pedissem para formular uma frase sobre qualquer religião, eu diria:
Eu sou contra.
Neste
mundo sem lugares quietos, não pode haver escape fácil da
história, da algazarra, do terrível e inquieto alarido.
É
muito fácil não ser ofendido por um livro. Você apenas
tem que fechá-lo.
A
maior parte do que realmente importa na sua vida tem lugar na sua ausência.
Uma
das coisas extraordinárias sobre os acontecimentos humanos é
que o impensável se torna pensável.
Nossas
vidas não são o que merecemos, pois elas são, vamos
concordar, em muitos aspectos, deficientes.
Nossa
vida nos ensina quem somos.
Às
vezes, as lendas moldam a realidade e se tornam mais úteis do que
os fatos.
A aceitação de que
tudo o que é sólido derrete no ar, de que a realidade e a
moralidade não são dados, mas construções imperfeitas
do ser humano,
são os pontos a partir dos quais começa a ficção.
A
idéia do sagrado é simplesmente uma das noções
mais conservadoras em qualquer cultura, pois tende a transformar as idéias
dos outros – a incerteza, o progresso, a mudança –
em
crimes.
Ao
longo da história, os apóstolos da pureza – aqueles
que alegaram possuir uma explicação irrefutável para
as coisas –
provocaram estragos demais e muita confusão entre os seres humanos.
A
vertigem é o conflito entre o medo de cair e o desejo de [não]
cair.
O
que distingue um extraordinário artista de um medíocre, primeiro,
são a sua sensibilidade e sua ternura; segundo, a sua imaginação;
e terceiro, a sua industriosidade.
O
que um escritor faz na solidão de um quarto é algo que nenhum
poder pode facilmente destruir.
Quando
o pensamento se torna excessivamente doloroso, a ação é
o melhor remédio.
Sociedades livres são sociedades
em movimento; e com o movimento vem a tensão, a dissidência,
o atrito. Pessoas livres soltam faíscas, e estas faíscas
são
a melhor prova da existência da liberdade.
Escritores
e políticos são rivais naturais. Ambos tentam transformar
o mundo em suas próprias imagens. Eles lutam por um mesmo território.
Eu
sou a soma de tudo... Eu sou tudo o que acontece...
A
linguagem é coragem. É a capacidade de conceber um pensamento,
de falar. E ao fazê-lo, devemos tornar a linguagem
real.
Agora
eu sei o que é um fantasma. Uma atividade inacabada, é o que
é.
Antes
de você começar a falar, respire
fundo.
Aponte para as estrelas. Mantenha-se sorrindo.
Nossas
vidas são um
permanente desconectar
e reconectar... Roçamos e, posteriormente, novamente roçamos
um no outro... É assim a vida humana. Ela não é simplesmente
linear nem totalmente disjuntiva... Nem bifurca infinitamente... É,
sim, sempre, uma seqüência...
No
que tenho de pior, sou uma cacofonia. Uma massa de ruídos humanos
que não se somam em uma sinfonia de um ser integrado. No que tenho
de melhor, porém, o mundo canta para mim e através de mim
como um cristal.
O
medo mutila a obra.
A
Literatura deve ser realmente o lugar onde podem surgir novas idéias
que repensem o mundo.
A
Literatura
é um lugar em qualquer sociedade onde, dentro da privacidade
de nossas próprias cabeças, conseguimos ouvir vozes falando
sobre tudo de todo modo possível.
Não
somos iguais.
Às vezes, sentimos que oscilamos
entre duas culturas; outras vezes, que sentamos entre duas cadeiras. Mas,
por mais ambíguo e movediço que este terreno pareça,
não é de modo nenhum território árido para um
escritor ocupar. Se a Literatura for em parte a busca de novos ângulos
para penetrar na realidade, talvez uma vez mais a distância física
e a perspectiva geográfica possam contribuir para os atingirmos.
Todos
viraram inimigos e estão sendo atingidos pelo preconceito. A América
é, hoje, um local sombrio.
Não
necessariamente aquilo que é real e aquilo que é verdade são
a mesmíssima coisa.
O
ser humano descobre o que pensa a respeito de si mesmo quando sua essência
mais íntima está sob ataque.
Um
livro é uma versão do mundo. Se você não gosta,
ignore-o; ou,
em troca, ofereça
sua própria versão.
O
trabalho de um poeta é nomear o inominável, assinalar as fraudes,
tomar posições, iniciar discussões, dar forma ao mundo
e detê-lo ao se deitar.
Os
livros escolhem os seus autores. O ato de criação não
é totalmente racional nem consciente.
Dúvida,
parece-me, é a condição central de um ser humano no
século XX.
Queimar um livro não significa
destruí-lo. Um minuto de escuridão não nos tornará
cegos.
A
verdade é o que a maioria vê como verdade; mas a maioria também
pode mudar de opinião ao longo da história.
No
catálogo dos direitos humanos não existe o direito a não
ser ofendido; se existisse, ninguém poderia dizer ou escrever uma
palavra.
A
linguagem e a imaginação não podem ser aprisionadas.
Todas
as idéias, mesmo as mais sagradas, devem se adaptar às novas
realidades.
Eu cresci beijando livros e pão.
Desde que eu beijei uma mulher, as minhas atividades com o pão e
com os livros perderam o interesse.
As sabedorias antigas são
as tolices modernas.1
Em
meu entender, a religião, inclusivamente na sua forma mais sofisticada,
infantiliza, sobretudo o nosso eu-ético, ao estabelecer
por cima de nós uns
árbitros morais infalíveis e uns tentadores imorais irredutíveis.
Deus, satã, paraíso
e inferno, todos desapareceram um dia nos meus quinze anos, quando abruptamente
perdi minha fé. E, além disso, para provar meu ateísmo
recém-descoberto, comprei um sanduíche de presunto, e então
partilhei, pela primeira vez, a proibida carde do suíno. Nenhum raio
caiu em mim. Desde esse dia até hoje eu me considero uma pessoa completamente
secular.
Deus foi o maior erro da Humanidade.
Se Deus existe, creio que não
está nem um pouco preocupado com as pessoas que não acreditam
Nele.
Quanto
maior é o medo, maior é o perigo.
Antes
de nascer de novo, você tem que morrer.
Que
tipo de ser humano é você? Você é do tipo que
assume compromissos, que faz negócios, que se acomoda, que tem como
objetivo apenas encontrar um nicho para sobreviver? Ou é um sujeito
esquisito, do tipo vareta que quebra com a brisa? Ou, por outro lado, é
um cara que em noventa e nove vezes é despedaçado, mas que,
na centésima vez consegue mudar o mundo?
Desde
o início, os homens têm usado Deus
para
justificar o injustificável.
A
fotografia é uma decisão moral tomada em um oitavo de segundo.
Todos
os crentes têm boas razões para descrer de todos os deuses,
exceto naquele em que acreditam. Isto me dá todas as razões
para não acreditar em nenhum.
A
memória tem uma função especial Ela escolhe, elimina,
altera, exagera, minimiza, glorifica e vilipendia também. Mas, no
final, ela cria sua própria realidade, sua versão heterogênea,
mas geralmente coerente, dos eventos. E não há pessoa sensata
que confie em uma versão
mais do que na sua própria.
Música,
amor, morte. Certamente, uma espécie de triângulo; talvez,
mesmo eterno.
As únicas pessoas que podem
ver o quadro inteiro são aquelas que saem do quadro.
O
mundo, alguém escreveu, é o lugar que provamos ser real por
morrer nele.
O
fundamentalismo nada tem a ver com religião; tem a ver com o poder.
Assim,
o problema da Índia torna-se um problema do mundo. O que acontece
na Índia acontece em nome de Deus.
Eu quero mais do que aquilo que eu
quero.2
O
nome do problema é Deus.
Talvez,
a história que você termine não seja a que você
começou.
Um
suspiro não é apenas um suspiro. Inalamos o mundo e expiramos
um significado.
Muitos querem o amor, não
a liberdade.
Você
não pode avaliar um ferimento interno nem o tamanho do buraco.
Qual
é o oposto da fé? Não é a descrença.
Em si, o
oposto da fé é
uma espécie de crença.
Uma
construção é frágil porque construímos
a partir de materiais inadequados,
mas que ferozmente
defendemos
até a morte.
A
nossa sensação da realidade é uma questão de
perspectiva. Quanto mais
a partir do passado você começa,
mais concreta e plausível ela parece. Mas se você a aborda
do presente, inevitavelmente a realidade
parece cada vez mais incrível.
Nem
todas as possibilidades estão disponíveis para nós.
O Universo é finito3,
e derramamos nossas esperanças apenas sobre a sua camada mais externa.
Não
há nada como uma guerra para a reinvenção da vida.
Nada vem do nada. Nenhuma história
começa do nada. Novas histórias nascem de velhas histórias;
são as novas combinações que fazem com que pareçam
novas.
Somente sob pressão extrema
podemos mudar, de tal sorte que o que está em nossa natureza mais
profunda possa se manifestar.
O
triunfo inevitável4
da ilusão sobre a realidade – a única verdade óbvia
sobre a história da raça humana.
Sem
água não somos nada. A água é o verdadeiro monarca,
e todos nós somos seus escravos.
Molécula
de Água
Se
o amor é um desejo de estar com a pessoa amada, então, o ódio,
isto deve ser dito, pode ser gerado pelo mesmo desejo,
quando o amor não pode ser cumprido.
Como
você derrota o terrorismo? Não se aterrorizando.
Se
você gosta das pessoas, faça
como uma raquete.
O ruído é vida, e excesso de ruído é sinal de
que a vida é boa. Haverá tempo suficiente para todos nós
ficarmos quietos quando estivermos bem mortos.
Todos
os nomes significam algo.5
Nossa
tragédia é que, geralmente, somos incapazes de compreender
nossas experiências; elas deslizam por entre os dedos; não
podemos segurá-las. E quanto mais o tempo passa, mais difícil
fica a coisa.
Qual
é a utilidade de histórias que não são mesmo
verdade?
Pode-se
argumentar que o passado é um país do qual todos nós
emigramos, e que a sua perda é parte da experiência comum da
Humanidade.
Não há tal coisa como
o acaso.
Onde
não há crença não há blasfêmia.
Se você observar, tudo
tem forma.
Não há como escapar da forma.
Oh!,
vergonha! Vergonha e humilhação de ser condescendente com
os tolos!
A Vida venceu a morte, e até
mesmo os móveis comemoram.
Que
tipo de presente de natal Jesus pede para o papai-noel?6
Se
o nascimento é a queda fora do local da explosão causada pela
união de dois elementos instáveis, então, talvez, uma
meia-vida é tudo o que podemos esperar.7
Entre
a vergonha e a sem-vergonhice está o eixo sobre o qual as condições
meteorológicas, em ambos os pólos, são do tipo mais
extremo e feroz.
Talvez,
se você quiser continuar a ser apenas mais um indivíduo no
meio da multidão fervescente, deva se fazer grotesco.
Um
povo que permanece convencido da sua grandeza e da
sua invulnerabilidade,
que opta por acreditar em um mito em face de todas as evidências,
é um povo preso nas garras de uma espécie de sono... ou da
loucura.
O otimismo é uma doença.8
O
frenesi (sexual, edipiano, político, mágico, animalesco) leva-nos
às nossas maiores alturas e às
nossas profundezas
mais grotescas.
A
História pode fazer ascensionar assim como pode fazer cair. Os poderosos
podem ser ensurdecidos pelos gritos dos pobres.
O
futuro não pode ser eclipsado pelo passado. Mesmo quando a morte
se muda para o centro do palco, a vida continua lutando pela igualdade de
direitos.
Os deuses não partilham as
suas vidas com os homens e as mulheres mortais. O que resta é a vida
humana comum.
O
exílio é o sonho de um retorno glorioso. O exílio é
uma visão de revolução.
Finais
infelizes parecem ser mais realistas do que finais felizes; a realidade,
muitas vezes, contém uma seqüência de fantasia que o realismo
não tem.
O
Governo Iraniano retirou oficialmente a condenação contra
mim em 1998, mas, desde então, sempre aparece alguém, uma
figura menor do regime, para renovar as ameaças. Esses gestos não
têm nenhuma repercussão séria. Eu consegui atravessar
o túnel do medo e hoje levo uma vida normal. Tenho endereço
certo, tomo o metrô, vou ao mercado, viajo de avião como qualquer
pessoa. Já não ando com guarda-costas e não vou me
intimidar.
Todo
mundo tendeu a crer que a 'fatwa' era um incidente isolado. Mais do que
uma indicação de algo maior, se tendeu a crer que era culpa
minha.
Roberto
Saviano9,
sem dúvida, deve deixar a Itália, mas tem que escolher com
prudência seu destino. Suponho que um problema com a máfia
seja mais grave do aquele que eu mesmo enfrentei.
Se
Woody Allen fosse muçulmano, estaria morto agora.
O
radicalismo infeccioso, de origem religiosa, é um fato recente. Não
sou especialista em Oriente Médio, mas tenho falado com muitos amigos
que conhecem a região e eles também lamentam a maneira como
a cultura do Islã mudou. Em cidades como Beirute e Damasco a transformação
foi drástica. Eram lugares maravilhosos, cosmopolitas, cheios de
vida artística. Mesmo Bagdá e Teerã eram grandes cidades.
Tudo isso está na memória de pessoas da minha geração.
É triste que essas cidades tenham regredido tanto em poucas décadas.
Mas não há por que imaginar que essa mudança seja irreversível.
Hoje, muitos muçulmanos lêem meus livros, entendem o que digo,
acham absurdo o que aconteceu comigo e lamentam que essa história
tenha posto sua cultura, desnecessariamente, sob luz desfavorável.
Nada
vem do nada.
O
hábito de invocar a autoridade divina para legitimar preconceitos,
perseguições e atrocidades é muito antigo, mas ressurgiu
com força nos últimos tempos. A meu ver, é o problema
central do mundo contemporâneo – e não está de
maneira nenhuma restrito ao universo islâmico. Há, por exemplo,
a crueldade da maioria hindu contra os muçulmanos na região
indiana do Punjab. Mesmo em um país democrático como os Estados
Unidos, a religião voltou a interferir na vida pública, e
este é um fato que eu, que pertenço a uma geração
de mentalidade extremamente dessacralizada, só posso lamentar. Nos
anos 60, quem usava linguagem religiosa em público, num contexto
político, era olhado com estranheza. A religião havia se retirado
para o campo privado. Nos últimos tempos, contudo, o pêndulo
oscilou para o outro lado.
O que não pode ser curado
deve ser suportado.
Não
creio que deva existir qualquer espaço para a religião na
esfera política. Estaremos muito melhor com os princípios
de separação entre Estado e Igreja estabelecidos pela Revolução
Francesa. Se as pessoas querem acreditar em Deus, se derivam prazer, conforto
ou apoio moral dessa crença, não sou eu quem vai criticá-las.
Mas as coisas tendem a se complicar quando a religião se confunde
com o poder e interfere nos processos de decisão política.
A linguagem da religião é uma linguagem de absolutos que,
mais cedo ou mais tarde, levam à estigmatização de
um grupo. Como o grupo dos ateus, por exemplo. Na última eleição
presidencial americana, um grande jornal realizou uma pesquisa perguntando
em quais candidatos das chamadas minorias os eleitores aceitariam votar.
As pessoas, em geral, disseram que não se oporiam a candidatos negros,
a mulheres ou a homossexuais. Quando perguntaram se votariam em um ateu,
contudo, a situação mudou: mais de 50% disseram que não.
Você é inelegível se duvidar da existência de
Deus.
Um
homem que se propõe a se fazer por si mesmo,
de acordo com uma maneira pessoal e livre de ver as coisas,
toma o papel do Criador...
Blasfêmias são importantes,
pois é graças a elas que o mundo avança. Considere,
por exemplo, que Sócrates, o próprio Jesus e Galileu foram
considerados blasfemos. No Iluminismo, blasfemar tornou-se uma tática
deliberada dos filósofos e escritores. Voltaire, Rousseau e Diderot
acreditavam que o grande inimigo da liberdade intelectual não era
o Estado, mas a Igreja. Blasfemar com alegria era seu meio de dizer que
não aceitavam mais os limites que a religião impunha ao pensamento.
Devemos a eles muito de nosso conceito de liberdade de expressão.
Se Deus existe, creio que ele não se importa nem um pouco com as
pessoas que não acreditam Nele. Bem menos, em todo caso, do que aqueles
que se arrogam o direito de falar em Seu Nome e que usam palavras como 'blasfêmia'
e 'heresia' para lutar contra todo tipo de novidade ou desejo de mudança.
Para
entender apenas uma vida, você tem que engolir o mundo.
Com
relação à Guerra no Iraque, tive sentimentos ambivalentes.
Fui a favor da guerra por acreditar que a derrubada de um tirano como Saddam
Hussein era um objetivo desejável. Isto me causou problemas com alguns
amigos de esquerda. Mas eu acho que esses amigos se enredaram em posições
insustentáveis nos últimos anos. Em nome do 'objetivo maior'
de criticar os Estados Unidos e sua política de poder, eles chegaram
a ponto de defender o Talibã e Saddam. Quando não defendem,
fazem vistas grossas às suas barbaridades. Ora, a denúncia
da tirania sempre foi um tema importante do pensamento de esquerda. É
inadmissível que um homem que brutalizou seu povo por quase três
décadas se transforme em santo apenas porque são os americanos
que guerreiam para depô-lo. O que me deixou insatisfeito foi a pouca
discussão do rumo a ser tomado no pós-guerra. Como reconstruir
a sociedade iraquiana, como ajudá-la a compor um Governo, quanto
tempo manter os soldados americanos no País? Nada disto foi discutido
abertamente antes da guerra, e vemos as conseqüências. Há
o perigo do separatismo curdo, o perigo de o fundamentalismo xiita subir
ao poder, toda uma gama de problemas difíceis. Tudo no Iraque é
precário e perigoso.
Para
ser parte do mundo, você precisa morrer também.
Qualquer
um que chegue aos Estados Unidos e seja originário de um país
do Terceiro Mundo, como eu, terá uma vivência dupla do País.
É impossível não se maravilhar com a energia dos americanos,
e morar em Nova York é extremamente prazeroso. Por outro lado, trazemos
conosco o conhecimento – e às vezes a memória –
de que os Estados Unidos são uma superpotência nem sempre benévola.
Ao descrever o País em 'Fúria', tentei fazer jus a estas ambigüidades.
Concentrei no protagonista do romance, o professor Solanka, todas as críticas
aos Estados Unidos. Ele é muito rabugento em relação
ao País – muito mais do que eu, na verdade. Mas, ao redor de
Solanka, coloquei as coisas boas da vida americana.
O
processo de revisão [revisitação]
deve ser constante e sem fim.
Eu
acho que o valor do romance está em sua flexibilidade infinita, que
o torna um instrumento único para espelhar o mundo e registrar a
realidade. Olhe em retrospecto e você perceberá que os grandes
romances o informam mais profundamente sobre um determinado período
histórico do que qualquer outro tipo de documento. Até mesmo
os historiadores reconhecem isso. Outra coisa importante sobre os romances
é que eles manifestam visões únicas e pessoais do mundo.
Poucas formas de arte são tão individuais, tão pouco
dependentes da colaboração externa. Acho esta característica
incrivelmente valiosa. Uma biblioteca de romances é um repositório
de vozes individuais que sobrevivem no tempo – quanto mais vozes desse
tipo puderem ser ouvidas, melhor para a sociedade. Finalmente, romances
são importantes porque, se não existissem, eu não teria
um emprego e morreria de fome.
Quando
me perguntam se é fácil escrever para crianças, minha
resposta é não. É mais difícil porque as crianças
são leitores exigentes. Se não gostam do livro, não
terminam de ler o livro, e também dizem que não gostam. São
leitores muito honestos. Escrever um livro para agradar a uma criança
é uma tarefa árdua.
A
música pop é um assunto tão importante no romance contemporâneo
inglês e americano, em primeiro lugar, porque o romance não
é uma forma de arte elitista. Para um autor de romances, a distinção
entre alta cultura e baixa cultura não é apenas desnecessária;
ela é prejudicial. Você precisa estar aberto a tudo, criar
personagens que pensem como as pessoas pensam, que se interessem por aquilo
que interessa às pessoas. Se só puser referências da
alta cultura num romance, você escreverá para poucos, a partir
de uma torre de marfim. Quanto à música pop em particular,
tenho afinidade natural com esse universo. Ela explodiu enquanto eu crescia,
e acho que foi o primeiro fenômeno global de nossa época –
a primeira coisa que se espalhou pelo mundo tocando igualmente chineses,
europeus ou americanos. E lembre-se de que naquele tempo a mídia
não era o que é hoje. No País de minha infância,
as rádios eram todas estatais e não tocavam música
do Ocidente. Mesmo assim, nós conhecíamos as bandas de rock
mais importantes. Em 'O Chão Que Ela Pisa', queria aproximar três
mundos diferentes: Índia, Inglaterra e Estados Unidos. Logo descobri
que a única coisa que tornaria isso possível era a música
pop.
Quando
o Estado ou a religião começam a limitar nossa liberdade de
expressão, começa também um massacre de nosso humanismo.
Sou
amigo de muitos roqueiros. Eu me encontro com o pessoal do U2 há
pelo menos dez anos. Quando fui condenado pelo regime iraniano, eles me
deram muito apoio. Ao concluir 'O Chão Que Ela Pisa', mandei uma
cópia a Bono. Ele gostou do livro e, lá no meio, encontrou
alguns versos que o inspiraram a compor uma canção. Foi tudo
assim, por acaso, e por isso mais divertido.
Quanto
mais você se concentra no outro, mais se vê no outro. O racismo
e o nacionalismo atraem os que não sabem como olhar o outro. Provavelmente,
nossa maior tragédia é que somos mais semelhantes do que pensamos.
Gostaria
de fazer uma distinção entre meu trabalho como romancista
e como ensaísta. Nunca fiz um romance para provocar polêmica
– muito menos 'Os Versos Satânicos'. Não acho que esse
seja um papel da ficção. Feita esta ressalva, sempre me interessei
em participar das discussões públicas. O exemplo vem de minha
infância na Índia. Naquela época, o grande poeta urdu
Faiz Ahmed Faiz era amigo de minha família. O artista introspectivo
e o homem público conviviam perfeitamente nele. Ele fez poesia maravilhosa,
mas também escreveu com paixão sobre os problemas políticos
do dia-a-dia. Mas é preciso saber dosar as coisas. No momento, estou
um pouco enjoado de política. Escrevi uma coluna para o New York
Times por quatro anos, e agora gostaria de ficar recolhido no meu canto.
Se
o
Islã quiser
fazer parte do mundo moderno, terá de aceitar a interpretação
e a crítica.
O
rótulo de 'escritor pós-colonial' foi criado na academia para
descrever um grupo de autores que chegaram à Inglaterra vindos de
antigas colônias britânicas. Não é desprovido
de sentido. Eu, por exemplo, nasci em um País que acabava de se tornar
independente e, nos meus primeiros escritos, esse dado foi importante. Hoje,
no entanto, o legado colonial já está muito diluído.
Mesmo nas antigas colônias, o foco da discussão mudou: se você
quiser chegar a algum lugar, não adianta mais discutir a relação
da Índia com sua antiga metrópole. O problema não é
lidar com um passado complicado, mas, sim, com um presente complicado. Os
problemas que enfrentamos são de nossa própria conta; não
podemos tratá-los eternamente como heranças. Aliás,
se existe algo de que posso me orgulhar na Índia é o fato
de que o debate político por lá se sofisticou e já
não se ouve muito a antiga cantilena de que tudo é culpa dos
americanos, dos russos ou de um outro povo estrangeiro qualquer. Essa retórica
foi deixada de lado. Eu escrevi várias vezes que a única maneira
de se livrar de uma mentalidade colonial é assumir a responsabilidade
pela sociedade em que você vive. Enquanto você continuar a fazer
papel de oprimido, continuará preso a essa mentalidade.
Quando
aceitamos que autoridades religiosas nos digam como devemos nos
comportar,
estamos a perder algo da liberdade.
Rememorar
não somente o que aconteceu, essa vasta e confusa emoção,
mas também o que não aconteceu – aquilo de que nenhum
ser humano guarda uma memória viva, pois é em si mesmo o fim
da memória –
significa
afirmar a primazia da vida sobre a morte, pois a memória é
o instrumento por meio do qual os vivos conhecem, esquecem, compreendem
e se equivocam, de modo que não poderia haver melhor instrumento
para brandirmos como uma arma contra a morte, não obstante sabermos
que será insuficiente, mesmo sabendo do resultado inexorável,
sabendo-o e não desistindo, ou não por enquanto, ainda não,
não antes que mais algumas palavras tenham sido pronunciadas, não
até que a memória tenha falado, tal qual o artista, seja ele
Beckett ou Nabokov, exige e determina.
Definir
as pessoas por uma só
característica,
pela religião, por exemplo, é mau, porque se pode ser muito
mais apaixonado pelo clube de futebol do que pela religião.
Estou
firmemente convencido de que existe um certo fascínio pela morte
entre terroristas suicidas. Muitos são influenciados pela imagem
enganosa de um tipo de magia que é inerente a esses atos insanos.
A imaginação do terrorista suicida o leva a acreditar em um
ato brilhante de heroísmo, quando, na verdade, ele está simplesmente
se explodindo insensatamente e tirando a vida de outras pessoas. Há
uma coisa que não se deve esquecer aqui: as vítimas aterrorizadas
por muçulmanos radicais são, na sua absoluta maioria, muçulmanas.
Não sei o que os iranianos
pensam, nem lhes vou perguntar. Mas o que me dizem é que já
não querem tanto me matar. A razão é que parece que
têm outros mais importantes para matar.
A
[escritora iraniana]
Azar Nafisi me disse ontem que agora, de repente, os iranianos estão
tentando transformar em um julgamento por assassinato, e acusando Sakineh
Ashtiani de ter matado o marido, o que não diziam até anteontem.
Por causa do clamor internacional sobre a idéia do apedrejamento,
agora estão arranjando outro pretexto. É, no mínimo,
muito suspeito que este assassinato surja agora.
Não
estou dizendo que não vá me apaixonar outra vez, mas não
há necessidade de casar. Tenho 61 anos, já é o suficiente.
É
importante lembrar o que os outros pensaram e não apenas o que eu
pensei.
Todo mundo vai a festas. A diferença
é que, quando eu vou, sai na imprensa.
Escolhi
morar em Nova York por que gosto das mulheres. Gosto de cidade grande; o
interior é para as vacas.
O
bom dos deuses é que eles são descartáveis; viram mitos.
Não estou interessado nas
pessoas que têm respostas [para
tudo]. É muito mais interessante ter dúvidas.
Contraditando:
O
nome do problema não é Deus.
O
nome do problema, sim, é deus.
Cremos
em contos da carochinha,
na
Laura Jane e na sua areiazinha...
Mas
a coisa não é tão-só descrer;
mais
do que isto, é preciso crescer.
Descrer
é fácil e não paga imposto;
mas,
no espelho, como fica o rosto?
Em
nós, há uma Terra Inexplorada,
em
geral, nem lavrada nem cultivada.
Por
todos, por enquanto, não ainda!
Há
um nó que precisa ser desatado
–
um Caminho que deve ser achado.
Para
todos – Claridade! – boa-vinda!
______
Notas:
1. Pesquisando
para compor esta pesquisa, encontrei esta pérola: Conhecimento
é saber que o tomate é uma fruta. Sabedoria é saber
que ele não deve ser colocado em uma salada de frutas.
Desconheço o autor; assim, não posso citá-lo.
2. É
mais ou menos como tenho dito: geralmente, queremos o que não precisamos,
e precisamos porque metemos na cabeça que precisamos do que não
precisamos.
3. Entretanto,
é ilimitado.
4. Eu
não diria triunfo
inevitável
da
ilusão,
mas, sim, triunfo temporário, porque se o triunfo da ilusão
fosse inevitável e permanente, de que serviria a encarnação?
Qual é o outro significado da vida senão apre(e)nder e ascensionar?
Quem diz que morreu, morreu, é porque ainda está cego, ainda
que, a bem da verdade, há quem morra... e morra mesmo!
5. E
por significarem algo, todos são igualmente importantes. O que não
tem importância não existe.
6. Eu
sei: — Que
todos transmutem 666 em 888 para, um dia, por mérito, poderem conhecer
o 999.
7. A
meia-vida é a quantidade de tempo característica de um decaimento
exponencial. Se a quantidade que decai, possui um valor no início
do processo; na meia-vida a quantidade terá metade deste valor. Nos
processos radioativos, meia-vida ou período de semidesintegração
de um radioisótopo é o tempo necessário para desintegrar
a metade da massa deste isótopo, que pode ocorrer em segundos ou
em bilhões de anos, dependendo do grau de instabilidade do radioisótopo.
Ou seja, se tivermos 100kg de um material, cuja meia-vida é de 100
anos; depois desses 100 anos, teremos 50kg deste material. Mais 100 anos,
e teremos 25kg. E assim sucessivamente. Alguns elementos transurânicos
(elementos com número atômico acima de 92) apresentam meias-vida
de 1 segundo, enquanto o urânio-238 apresenta meia-vida de aproximadamente
5.000.000.000 anos, que é a idade estimada da Terra.
8.
Isto precisa ser bem explicadinho. Otimismo boçal, hipotético
e fideísta, sim, é uma doença – dolentia
ignorantiæ, a doença da ignorância. Mas,
otimismo consciente derivado de uma certeza interior advinda de uma experiência
pessoal incontestável é a melhor coisa do mundo. Agora, que
não se confunda experiência pessoal incontestável com
histeria psíquica ou esquizofrenia. São coisas tão
diferentes quanto Ctrl
+ Scroll
e Ctrl
+ Enter.
9.
Roberto Saviano (22 de setembro de 1979) é um jornalista e escritor
italiano. Nascido em Nápoles, Saviano escreveu o livro Gomorra,
que documenta a atuação das máfias italianas e sua
relação com as instituições do País.
A obra se tornou um best-seller
em todo o mundo. Saviano vive sob escolta permanente de cinco policiais,
desde 13 de outubro de 2006. Ele muda constantemente de endereço,
e não freqüenta lugares públicos, em virtude de ameaças
de morte feitas por mafiosos. Em outubro de 2008, revelou-se que a Camorra
tinha um plano para assassinar Saviano no natal daquele ano. Saviano, em
2006, foi agraciado com o Prêmio Viareggio. Ele é o escritor
italiano com mais vendas na Internet.
Bibliografia:
RUSHDIE,
Salman. O último
suspiro do mouro. Tradução de Paulo Henriques
Britto. 2ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras,
1996.
Páginas
da Internet consultadas:
http://www2b.biglobe.ne.jp/
~neohip/BOMB.gif
http://www.ponteiro.com.br/
vf.php?p4=8409
http://www.laicidade.org/wp-content/
uploads/2006/12/c-manha-2006-12-02.pdf
http://www1.folha.uol.com.br/
folha/ilustrada/ult90u69468.shtml
http://www.direito2.com.br/abr/2010/
http://www1.folha.uol.com.br/
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_Saviano
http://www.goodreads.com/author/quotes/
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http://www.islam.com.br/
http://veja.abril.com.br/
140503/entrevista.html
http://media.photobucket.com/image/kalei
doscope/jogiba/kaleidoscope5.gif?o=125
http://pt.wikipedia.org/wiki/Meia-vida
http://www.goodreads.com/author/quotes/
3299.Salman_Rushdie?page=3
http://www.goodreads.com/author/
quotes/3299.Salman_Rushdie?page=2
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quotes/3299.Salman_Rushdie
http://en.wikipedia.org/wiki/File:070312-moire
-a5-a16-same-curves-changing-layers.gif
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http://www.sabidurias.com/
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http://intranet.ufsj.edu.br/rep_sysweb/
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http://comunidade.sol.pt/blogs/
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http://www.dejovu.com/resultados/
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http://pensador.uol.com.br/frase/NDgzNDk0/
http://www.ronaud.com/frases-pensamentos
-citacoes-de/salman-rushdie
http://frases.netsaber.com.br/busca_up.
php?l=&buscapor=Salman%20Rushdie
http://pt.wikiquote.org/wiki/Salman_Rushdie
Música
de fundo:
South
Of The Border
Composição: Jimmy Kennedy & Michael Carr
Interpretação: Frank Sinatra
Fonte:
http://beemp3.com/download.php?file=
1242226&song=South+Of+The+Border