LOUIS-CLAUDE DE SAINT-MARTIN

— PENSAMENTOS —

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga


 

 

INTRODUÇÃO

 

 

O início de tudo aconteceu em 1754 quando Martinès de Pasqually [teósofo do século XVIII - (1710-1774)] criou a Ordem Iniciática dos Elus-Cohen. A base do trabalho iniciático era a reintegração do homem mediante a prática teúrgica. Essa Teurgia, em última instância, apoiava-se no relacionamento do homem com as hierarquias angélicas, única via, segundo Pasqually, para sua reconciliação com a Divindade. O Martinismo, contudo, não é uma extensão da Ordem dos Elus-Cohen, e com o falecimento de Pasqually, em 1774, seus ensinamentos tomaram caminhos distintos. Dois discípulos de Pasqually sobressaíram-se e impuseram orientações esotéricas específicas para o pensamento original de seu Mestre: Jean-Baptiste Willermoz (1730-1824) e Louis-Claude de Saint-Martin (1743-1803) conhecido sob o Nome Iniciático de Phil… Inc… (Philosophe Inconnu).

Willermoz, adepto da Franco-Maçonaria e da Teurgia, apesar de não ter transmitido àquela Agremiação as práticas teúrgicas dos Elus-Cohen, fez com que, em 1782, os ensinamentos de Martinès de Pasqually fossem incorporados aos graus de Professo e de Grande Professo da aludida Fraternidade.

Já Louis-Claude de Saint-Martin renunciou à Teurgia - senda externa segundo seu entendimento - em proveito da senda interna. Considerava a Teurgia perigosa e temerária. Reputava, outrossim, arriscada a invocação angelical quando operada pela via externa. O caminho era o interior. Saint-Martin desejava: entrar no Coração da Divindade e fazer a Divindade entrar em seu Coração.

A Iniciação transmitida por Saint-Martin perpetuou-se até o final do século XIX. Mas não foi ele próprio o fundador de uma associação com o nome de Ordem Martinista. Havia, entretanto, uma Sociedade dos Íntimos (Círculo Íntimo) formada de discípulos que recebiam a Iniciação diretamente de Saint-Martin. No final do século XIX, dois homens eram os depositários desse conhecimento e dessa Iniciação: Gérard Encausse e Pierre-Augustin Chaboseau. Foram esses dois homens, Gérard Encausse, mais conhecido como Papus, e Augustin Chaboseau que, em 1888, decidiram transmitir a Iniciação de que eram depositários a alguns buscadores da verdade e fundaram a Ordem Martinista. É a partir dessa época que se pode efetivamente falar em uma Confraternidade Martinista.

Em 1891 a Ordem Martinista foi dotada de um Conselho Supremo, e Papus foi escolhido Grande Mestre da Ordem. O Coração do Martinismo fixou-se em Paris, e, imediatamente, foram criadas quatro Lojas: Esfinge, Hermanubis, Velleda e Sphinge. Cada uma com características específicas, mas todas fiéis ao pensamento de seu inspirador Louis-Claude de Saint-Martin.

A Ordem, com o tempo, expandiu-se também no estrangeiro, e foram instaladas diversas heptadas na Bélgica, na Alemanha, na Inglaterra, na Espanha, na Itália, no Egito, na Tunísia, nos Estados Unidos, na Argentina, na Guatemala e na Colômbia. Não há registros, s.m.j., do funcionamento da Ordem, naquela época, nem em Portugal, nem no Brasil.

Com o advento da Primeira Guerra Mundial, a Ordem Martinista entrou em dormência. Papus transferiu-se voluntariamente para o front (para servir como médico), vindo a falecer antes do fim do conflito, em 25 de Outubro de 1916. Com a transição de Papus, a Ordem passou por dificuldades e quase desapareceu. Foi exatamente em 24 de Julho de 1931 que os martinistas autênticos, no intuito de distinguir a Ordem de movimentos pseudomartinistas (inautênticos), reuniram-se em torno de Augustin Chaboseau e acrescentam à denominação da Ordem o qualificativo Tradicional.

Nova prova para os martinistas: a Segunda Grande Guerra. A Ordem entra praticamente em nova dormência, pois no dia 14 de Agosto de 1940 o jornal oficial publicou um Decreto do Governo de Vichy proibindo na França o funcionamento de todas as organizações secretas. Todavia, duas Lojas continuavam a operar incógnita e silentemente: Athanor e Brocéliande. A Gestapo não dava sossego às organizações iniciáticas. E alguns iniciados, não apenas da TOM, foram martirizados e mortos nos porões do nacional-socialismo pelos títeres nazistas.

1945: término das hostilidades. Augustin Chaboseau (Sâr Augustus), incansavelmente, reativou a Ordem pela última vez, pois veio a falecer em 2 de Janeiro de 1946. Na Europa, com a morte de Chaboseau, o movimento martinista passou mais uma vez por grandes dificuldades. Sua sustentação deveu-se a Ralph M. Lewis (Sâr Validivar), então Imperator da Ordem Rosacruz e Grande Mestre Regional da Tradicional Ordem Martinista que, com seu incansável trabalho e acurado senso de organização, sedimentou a agremiação na Europa. Foi eleito Soberano Grande Mestre da Ordem e dirigiu-a por 48 anos até o momento de sua Grande Iniciação, em 12 de Janeiro de 1987. Hoje, a Tradicional Ordem Martinista é dirigida universalmente por Christian Bernard, também Imperator da Ordem Rosacruz - AMORC. Presentemente, a TOM está instalada também no Brasil.

Apesar de todas as adversidades, a Tradicional Ordem Martinista sempre conseguiu manter e transmitir sua Luz ao longo do tempo. Os martinistas - Servidores Incógnitos - sabem e concordam com Victor Hugo quando afirmou: A revolução muda tudo, menos o Coração do homem. Por isso, como preconizou Saint-Martin, não é no exterior que se deve produzir a mudança, mas sim no Coração de cada homem. É esse conceito que os martinistas denominaram (e denominam) de SENDA CARDÍACA.

 

Conforme afirmei anteriormente, Martinès de Pasqually entendia que a ascensão do homem só poderia se operar pela Teurgia, ou seja, por um conjunto complexo de práticas ritualísticas, visando obter sua reintegração com a Divindade com intermediação angélica. Saint-Martin desaprovava essas práticas. Achava-as perigosas e ultrapassadas. Acreditava que com o advento do Cristo o homem poderia ter acesso ao Reino Divino sem intermediários. Evocar ao invés de invocar. Dentro e não fora. Interior e não exterior. A ascese interior é o caminho, e, nesse sentido, é no Coração do homem que tudo deve acontecer. Para os martinistas, o Universo e o homem formam um todo, e como ensinava Saint-Martin: não podemos ler senão no próprio Deus, nem nos compreender senão em seu próprio esplendor. Se o homem não é mais capaz dessa harmonia é porque se tornou vazio de Deus. Ficou adormecido para a espiritualidade. Escolheu que assim sucedesse. Lutar pela reintegração é preciso. É sobre essa questão primordial que repousa todo o trabalho martinista: a Reintegração do Homem. O poder original perdeu-se. Mas não se perdeu, certamente, o germe desse poder. Só depende - e depende exclusivamente - do homem cultivá-lo, trabalhá-lo, e fazê-lo crescer e frutificar. Mas há aqueles que têm consciência dessa nostalgia. Há os que sentem um impulso interior de reencontrar a pureza original. São os Homens do Desejo. É o desejo de Deus. É a fome de Deus. É a saudade metafísica insatisfazível do reencontro interno e insubstituível com a Divindade Interior. No âmbito do Rosacrucianismo isto corresponde à construção in corde do Mestre-Deus pessoal de cada Iniciado.

Assim, a senda martinista é a senda da Vontade, voltada para a reconstrução do Templo Interior. Para edificar e reconstruir esse Templo, o Iniciado Martinista apoia-se em três pilares: a Iniciação, os Ensinamentos Martinistas e a Beleza. Pelos dois primeiros adquire (ou readquire) Força e Sabedoria. Alcançadas ou (re)alcançadas essas instâncias do ser, nascerá (ou renascerá) a Beleza que marcará com seu selo a reconstrução de seu Templo Interior. Portanto, a edificação do Templo Interior, como tudo, apóia-se na Lei do Triângulo.

 

Lei do Triângulo

Sobre a questão da iniciação, vale a pena recordar o que ensinou Saint-Martin a Kirchberger: Pela iniciação podemos entrar no CORAÇÃO DE DEUS e fazer o CORAÇÃO DE DEUS entrar em nós, para aí fazer um casamento indissolúvel. (Maiúsculas e grifos meus). Pela Iniciação o homem lentamente tornar-se-á seu próprio Rei e seu próprio Mestre. Um dia poderá também dizer: Eu meu Pai somos Um.

Os ensinamentos de Saint-Martin são, sem exceção, aplicáveis a toda a Hhumanidade. Considerava a fraternidade (e não a igualdade) a base de toda a vida social e propugnava a união de todos os seres humanos em nome do amor. Justiça e caridade, força e fraqueza, só podem encontrar seu ponto de equilíbrio pela e na fraternidade. Assim, a Tradicional Ordem Martinista - que é uma das Fraternidades Martinistas que preserva os ensinamentos de Louis-Claude de Saint-Martin - propugna que a felicidade dos homens é dependente e proporcional à felicidade de cada um de seus membros e na união de todos pela fraternidade, que propicia uma verdadeira igualdade pelo equilíbrio estável de direitos e de deveres. A resultante desses dois lados do triângulo conduz ao terceiro - a liberdade - que determina a segurança e a preservação de todos. Mas, nada poderá acontecer efetivamente sem Humildade e Caridade.

Em seu trabalho os martinistas não empregam nem Magia nem Teurgia, nem se preocupam com a acumulação de um saber puramente intelectual, pois entendem que para progredir na Senda da Reintegração não é a cabeça que é preciso empenhar e sim o Coração. É no Coração - o templo sagrado e alquímico de transmutação do homem antigo no homem perpétuo - que serão encontradas as Sete Fontes Sacramentais, as Sete Colunas, que harmonizarão e fertilizarão todas as regiões do ser do homem. Dessa Alquimia Transcendental e perene manifestar-se-ão, para sempre, a Sabedoria, a Força e a Magnificência.

Segundo Saint-Martin na obra O Novo Homem, essas possibilidades estão à disposição do ser humano, porque nunca dele lhe foram subtraídas, e tais maravilhas encontram-se perpetuamente no seu Coração, eis que aí têm existido desde a origem.

No discipulado, o martinista utiliza dois livros simbólicos (díade martinista): o Livro da Natureza - imenso repositório de conhecimentos - e o Livro do Homem - a ser lido por introspecção, pelo retorno ao centro do ser, pelo retorno ao Coração. Aí é o lugar para e de contemplação interior, de transmutação divina, e que se constitui na via Esotérica, Alquímica e Secreta de e para todos os seres, martinistas ou não. Nesse processo, o homem velho acaba por ceder lugar ao Homem Novo. Essa regeneração foi definida por Saint-Martin como uma imitação interior do Cristo; e, tendo se tornado Homem-Espírito, poderá cumprir seu ministério: ser o intermediário ativo entre o Absoluto e o Universo. Este é o significado oculto da sentença: Lázaro, levanta-te. Todo Martinista (e todo místico sincero) é potencialmente um Lázaro. Um dia o homem se levantará e não haverá mais em cima ou embaixo, exterior ou interior, dentro ou fora. A comunicação será permanente e consciente, e o homem terá alquimicamente se transmutado no templo de seu Deus interior. A Jerusalém Celestial terá sido restabelecida, pois o homem foi, então, batizado pelo Fogo Sagrado do Santo Espírito. I-NRI. I-Na-Ra. I-Na-Ra-Ya. YN-RI. A Doutrina Martinista veio (re)anunciar, portanto, a Era do Cristo Cósmico, que já começa a se revelar na alma de todos os seres, que, ainda que vacilantemente, estão começando a perceber que a insistência em chafurdar em valores transitórios, subalternos e ilusórios só pode conduzir a sofrimentos e a desastres, qualquer que seja a dimensão dessas transigências, qualquer que seja a dimensão de cada tentativa. Ambas (e todas) serão sempre frustras e, muitas vezes, dolorosas.

E assim, se se puder simplificar ao limite máximo para a mínima compreensão do que possa ser Esoterismo ou Iniciação no sentido martinista, talvez um resumo do que deixou escrito Saint-Martin, possa desarmar as consciências, de um modo geral, e estimular o início de uma pesquisa e de um estudo mais sistemático e mais aprofundado sobre essa possibilidade de acesso a um conhecimento, que está a todos disponível, aberto e sem reservas: A única Iniciação... é aquela pela qual podemos penetrar o Coração de Deus e induzir este Coração divino a penetrar o nosso. Kirchberger, como se viu, teve o privilégio de receber esse inspirador pensamento do próprio Formulador. A vereda martinista é, portanto, CARDÍACA. Interna. Não-teúrgica. Cabalística e ao mesmo tempo Iniciática e Gnóstico-Cristã. Assim, contrariamente à tagarelice profana e vulgar, Iniciação (no sentido esotérico) é experiência pessoal, aprendizado pessoal, compromisso com o Bem, com a Beleza, com a Justiça, com a Fraternidade e com a Liberdade; é o propósito de servir e de atuar neste Plano de existência com firmeza e tolerância, mas também com bondade e compreensão, respeitando a multiplicidade de credos e de opiniões, sempre colaborando para a ascensão social e espiritual da Humanidade. É, em suma, a prática plena pela compreensão plena do PRIMEIRO MANDAMENTO: Amai-vos. Sobre a Verdade, Saint-Martin deixou escrito: A opressiva desventura do homem não é ignorar a existência da verdade, mas interpretar erroneamente sua natureza. Este conceito é equivalente ao entendimento pitagórico a respeito da anarquia.

O Martinismo é, portanto e minimamente, como admite um espiritualista contemporâneo, o caminho do equilíbrio entre a ciência e a religião. É, assim, um método desenvolvido e destinado a facilitar a compreensão da existência da harmonia entre todas as coisas e o empenho da prática cristã do Amor Universal.

Segundo Papus: A Magia, considerada como uma ciência de aplicação, limita quase unicamente sua ação ao desenvolvimento das relações que existem entre o homem e a natureza. O estudo das relações que existem entre o homem e o Pano Superior ou Divino, em todas as suas modalidades, pertence à Teurgia. (É sabido que Papus, no final da vida, abandonou in pectore tanto a Teurgia como a Magia para seguir a Senda do Coração, o que lhe causou certos constrangimentos por parte de seus confrades.)

Enfim, o Martinismo pratica Magia ou Teurgia? A Teurgia ou a prática teúrgica se apresenta, necessariamente, com um caráter absolutamente secreto, impossível de ser violado, sendo, desta forma, inteiramente desconhecida da grande maioria dos estudantes de misticismo, pois exige do operador aptidões excepcionais, que, dificilmente, são encontradas hoje em um único indivíduo. Para um exercício teúrgico realmente eficaz e eficiente é sabido que é necessária uma instrução adequada e uma amplidão de conhecimentos que consiste, no mínimo e inclusive, do domínio de uma língua antiga (hebraico, grego ou latim), de conhecimentos consistentes de Astronomia e de Astrologia, e de substanciosa sapiência de Alquimia e de Ritualismo Cerimonial. Como pode ser facilmente observado, torna-se a enfatizar, é muito difícil que, contemporaneamente, alguém possa deter todos esses conhecimentos. Também, são imperativas uma conduta pura, uma vida pura e uma consciência pura. Analisando de maneira realista o que é denominado de Teurgia, pode-se dizer que é, no máximo, uma forma de Magia, ou melhor, de Alta Magia, através da qual é provável (mas não aconselhável), com determinação e com muito estudo, que sejam conquistados alguns resultados de natureza psíquica. Mas, o que poderia ser considerado um resultado teúrgico satisfatório? Talvez, um nível de harmonização, de paz interior e de conhecimentos não acessíveis à grande maioria dos estudantes. Sob este entendimento o Martinista é um praticante de Magia, ou melhor, de Alta Magia. Mas o que realmente deve ser importante para o Buscador? A prática Teúrgica? Alta Magia? Os resultados oriundos de uma presumida comunicação com os seres angelicais, ou melhor, com as Hierarquias Celestes? Ou, o importante é a Transmutação Interior? É a Alquimia Interior – cujos instrumentos são a devoção, a dedicação e o estudo – que é proporcionada ao operador, ao Buscador, ou, ainda, ao estudante para poder servir altruisticamente. O Martinismo, primordialmente, como já foi dito, tenta conciliar a Ciência com a Religião, e isto é Conhecimento que suplanta a Fé cega, que, no inexistente tempo, também será transmutado em Santa Sabedoria –› ShOPhIa.

Parafraseando, colando e recortando palavras de Monte Cristo SI, o intuito desta compilação-revisitação foi o de fornecer informações históricas sobre o Martinismo através dos séculos e de oferecer alguns fragmentos do pensamento saintmartiniano para reflexão. Como todo Martinista sabe (qualquer que seja a Ordem Martinista a que pertença), não se julga um Irmão pela riqueza ou pela pobreza do berço que o embalou, e sim pela fraternidade que une os seres que possuem gravados em seus íntimos a mesma Iniciação e a mesma paternidade espiritual. Este é o elo iniciático, místico, fraterno, histórico e tradicional que une todos os Martinistas de todas as Fraternidades.

De qualquer forma, repito: Louis-Claude de Saint-Martin renunciou à Teurgia - senda externa - em proveito da SENDA INTERNA. Considerava a Teurgia perigosa e temerária. Reputava, outrossim, arriscada a invocação angelical quando operada pela via externa. O caminho era o interior. Saint-Martin desejava: entrar no Coração da Divindade e fazer a Divindade entrar em seu Coração. Acreditava - e eu também acredito - que, com o advento do Cristo Cósmico, o homem pode ter acesso ao Reino Divino sem intermediários. Evocar ao invés de invocar. Dentro e não fora. Interior e não exterior. A ascese interior é o caminho, e, nesse sentido, é no Coração do homem que tudo deve acontecer. A este processo Místico-Alquímico-Iniciático os Martinistas, particularmente os membros da TOM, denominam, como já foi dito e deve ser repetido, de SENDA CARDÍACA.

Antes de concluir esta já longa Introdução reproduzirei a reflexão do Irmão Saryh SI, retirada de:

http://www.hermanubis.com.br

Nos faz meditar, profundamente, o brado de alerta de uma das maiores inteligências contemporâneas, a do filósofo francês Jean François Revel, que no discurso intitulado Elogio da Virtude, proferido na Academia Francesa de Letras, na sessão de encerramento do ano de 1998, perante as mais destacadas figuras representativas do mundo cultural e científico da Europa, finalizou-o, assustadoramente, com as seguintes palavras: ... 'Para além de todos os limites até agora conhecidos, o século 20 foi o século do vício. Nossa civilização democrática não se perpetuará e não se estenderá, se no século 21 não for o século da VIRTUDE.' (Maiúsculas minhas).

Mas, o que é virtude...

Platão a chama de 'Ciência do Bem'. Aristóteles, 'o hábito de dirigir a nossa conduta pela inteligência'; os estóicos, 'a disposição da alma que, durante todo o decurso da vida, está de acordo consigo mesma'; Malebranche (1638-1715), 'o amor da ordem'; Kant (1724-1804), 'a força moral pela qual obedecemos às ordens da razão'.

Comparando todas estas definições, vê-se que a virtude implica essencialmente em duas condições: o conhecimento do dever e uma disposição firme e constante de praticá-lo.

Os antigos reuniam toda a Moral em quatro virtudes, que denominaram de virtudes cardeais, isto é, preeminentes ou principais, em torno das quais giram todas as outras ou das quais dependem as outras. Estas qualidades 'virtus, virtutis' eram: Sabedoria, Coragem, Justiça e Temperança. Foram posteriormente classificadas como: Temperança, Fortaleza, Prudência e Justiça. Após esses esclarecimentos iniciais, os Martinistas, em razão de sua condição de Buscadores da Verdade no caminho ascendente em direção ao Grande Arquiteto do Universo, praticam e cultuam a Virtude, combatendo, como se fossem inimigos mortais, a hipocrisia e a traição, defendendo a Virtude e a Inocência contra a violência, o engano e a calúnia.

Lutam ardorosamente, e sem desfalecer jamais nesta empresa, em favor da Liberdade, do Direito e da Livre Manifestação do Pensamento e da Palavra; defendem a Sabedoria contra a superstição; têm por princípio o Amor aos semelhantes, por base a Ordem e por fim o Progresso.

As sete virtudes que devem praticar: SINCERIDADE, PACIÊNCIA, CORAGEM, PRUDÊNCIA, JUSTIÇA, TOLERÂNCIA e DEVOTAMENTO.

O Martinista tem como premissa de vida, o Amor ao Grande Arquiteto do Universo e o Amor ao seu próximo. O Amor Martinista é, com efeito, muito mais do que uma virtude de ordem moral; é o Amor no sentido cristão, como dele falam São João e São Paulo, realização do conhecimento, participação direta no Absoluto.

A fé e a Caridade, unindo-se a todos os homens na comunhão do Amor, procuram tudo o que pode contribuir para a reabilitação da Humanidade.

O mal desaparecerá sobre a Terra, uma vez que a Humanidade seja remunerada pela Lei do Amor, uma vez que todos os homens se amem a si mesmos, graças à propagação pelo Martinismo das doutrinas da Fé, da Esperança, da Caridade e do Amor fraternais que constituem a Verdade.

O Martinista tem a mais ampla visão relativamente aos seus deveres para com seus semelhantes. O seu Amor por eles aumenta, porque sabe que é somente pelo Amor que a Humanidade poderá aniquilar as tiranias, destruir as intolerâncias e fazer desaparecer os fanáticos, sejam eles de ordem política ou de ordem religiosa.

A Lei do Dever induz a prática do Bem; fazer o Bem é dever do Martinista, e ele deve ser praticado sem visar recompensa, nem futura, nem imediata.

Para o Martinista o dever deve ser cumprido porque é o DEVER. Ele não se limita aos bens materiais, auxílio em forma de bens perecíveis; mas ao apoio que todo irmão deve a seu irmão, que é um imperativo absoluto; não se pode fazer parcialmente um bem; ele é completo e total.

Esse, também, foi o espírito da Cavalaria. E, se no passado, tantos nobres como plebeus, leigos quanto religiosos, deram a sua própria vida pelo ideal da prática do BEM, merecem seguimento. Finalmente, os Martinistas são os Cavaleiros do Século 21 que devem praticar e difundir as virtudes morais, para que todos tenham a oportUnidade de, seguindo o caminho do meio, talvez, neste novo Milênio, se aproximar do ABSOLUTO.

Por último, informo que para a produção desta revisitação do pensamento saintmartiniano tive que fazer pequeníssimas edições sem, contudo, alterar em nada as reflexões originais de Saint-Martin. Ora, isso seria, no mínimo, uma falsidade. E também não há nenhum mérito no que fiz: ou colei o que escreveu Saint-Marin, ou colei o que outros escreveram sobre ele. Pouco pus de mim. O único propósito deste ensaio é distribuir com o meu Coração o que recebi do Coração de meus Irmãos. Apenas isso. Também furtei fraternalmente uma animação sobre a Seção Dourada (ou Áurea) de um Website (citado) que será apresentada um pouco mais abaixo. Obviamente os detentores dos direitos autorais permanecem os legítimos donos dessa espetacular animação em flash.

 



FRAGMENTOS SAINTMARTINIANOS


 

É devido à obra de Abbadie – intitulada L'Art de se Connaitre – que devo meu afastamento das coisas mundanas. É a Burlamaqui que devo minha inclinação pelas bases naturais da razão e da justiça dos homens. É a Martinès de Pasqually que devo meu ingresso nas verdades superiores. É a Jacob Böehme que devo os passos mais importantes que dei nos caminhos da verdade.

Li, vi e escutei os filósofos da matéria e os doutores que devastam o mundo com suas instruções. Nenhuma gota de seus venenos penetrou-me; nem as mordidas de uma só dessas serpentes me prejudicaram.

Todavia, em todos os instantes, eu sentia forte inclinação para o caminho intimamente secreto; o externo nunca me seduziu, nem em minha juventude.

Acredito que, mesmo nos encontrando nas melhores condições, quando todas as cerimônias são empregadas com a maior regularidade, a Coisa pode ainda guardar seu véu para nós tanto quanto quiser; ela está tão pouco à disposição do homem que ele não pode, jamais, apesar de seus esforços, estar certo de obtê-La. Ele deve esperar e orar sempre, eis nossa condição. O Espírito conduz seu sopro onde quer, quando quer, sem que saibamos de onde vem e para onde vai... Se o poder não se manifestar agora, ele poderá ocorrer mais tarde; se não se operar pela visão, ele preparará a forma daquele que se mantém puro para receber as impressões salutares, quando o espírito assim quiser. Não atribuais, então, o estado em que vos encontrais a algum problema de vossa parte ou à invalidade das cerimônias.

Uma corrente de prestígios inundou a inteligência humana em geral, e a dos parisienses em particular, porque a Cidade, que comporta sábios e doutores de toda espécie, possui poucos que orientam seu pensamento na direção dos conhecimentos verdadeiros, e há menos ainda os que buscam esses conhecimentos com um espírito reto. A maior parte deles não faz mais do que dissecar as cascas da Natureza, medir, pesar e enumerar todas as suas moléculas. Eles tentam, insensatos, a conquista de tudo que se encontra em composição no Universo, como se isso lhes fosse possível. Esses sábios, tão célebres e tão ruidosos, não sabem que o Universo (ou o Templo) é a imagem reduzida da indivisível e universal eternidade; eles podem contemplar e admirar pelo espetáculo de suas propriedades e de suas maravilhas... mas jamais poderão conquistar o segredo de sua existência.

Não há nenhum outro mistério para se chegar a essa Sagrada Iniciação, senão penetrando cada vez mais no fundo de nosso ser e não esmorecendo até que possamos produzir a viva e edificante raiz, porque, então, todos os frutos que haveremos de gerar, conforme nossa espécie, serão produzidos dentro de nós e sem nós, naturalmente; é o que ocorre com as árvores terrestres, porque elas aderem às próprias raízes e, incessantemente, retiram sua seiva.

Se eu não tivesse encontrado Deus jamais meu espírito teria podido se fixar em algo sobre a Terra.

A Divindade me recusou um máximo de astral porque queria ser meu móvel, meu elemento e meu termo universal.

Na minha infância não consegui me persuadir de que os homens conhecedores das doçuras da razão e do espírito pudessem ocupar-se, por um momento, das coisas da matéria.

Todos os homens podem me ser úteis, mas nenhum deles poderia jamais me satisfazer. Deus me basta.

Existe um Deus e eu tenho uma alma. Não é necessário mais nada para ser sábio. Foi sobre essa base que se ergueu todo o meu edifício.

Dou mais valor a um idólatra do que a um deísta, porque este abjura e proscreve toda comunicação entre Deus e o homem, enquanto o outro, apenas se engana sobre o órgão e a maneira da comunicação.

Sobre Voltaire: Talvez um homem sensato fizesse melhor em recusar totalmente seu espírito, se com isso, fosse obrigado, ao mesmo tempo, a aceitar sua moral.

À leitura das Confissões de Jean-Jacques Rousseau, impressionei-me com a semelhança de meu pensamento com o dele, tanto pelas nossas maneiras tomadas às mulheres como pelas nossas tendências, ao mesmo tempo racionais e infantis, na facilidade com a qual nos julgaram estúpidos no mundo, quando não tínhamos uma liberdade plena em nosso desenvolvimento.

Martinès de Pasqually possuía a chave ativa... mas não acreditava que nos pudesse conduzir a essas altas verdades.

A verdadeira meta dos teurgistas é menos a ciência da alma do que a dos espíritos.

Não são minhas obras que me fazem lamentar sobre a negligência daqueles que lêem sem compreender, são aquelas de um homem do qual não sou digno de desatar o cordão do sapato — meu caríssimo Böehme. É preciso que o homem tenha se transformado inteiramente em pedra ou em demônio para não tirar proveito deste tesouro enviado ao mundo há 180 anos.

Minha seita é a Providência; meus prosélitos sou eu; meu oculto é a Justiça.

A alma feminina não sai da mesma fonte que aquela revestida de um corpo masculino? Não tem ela a mesma tarefa a cumprir, o mesmo espírito a combater, os mesmos frutos a esperar?

As grandes verdades só se ensinam bem no silêncio.

A lança composta de quatro metais não é outra coisa do que o grande nome de Deus composto de quatro letras.

Em carta a Willermoz: Vós tendes razão de crer que a nossa sorte depende de nossas disposições pessoais; tendes ainda razão de crer que o grau... dá ao Iniciado um caráter. Nada é mais verdadeiro do que a perfeita harmonia dessas duas coisas, e não deve ter um efeito real que, sem dúvida, aumenta com o tempo pelas instruções e pelos cuidados que cada um pode lhe acrescentar.

Se o poder da Iniciação não opera sensivelmente pela visão, opera, não obstante, infalivelmente como preservativo, e prepara a forma daquele que se mantém puro para receber instruções salutares quando o Espírito o julga conveniente.

A Santa Aliança só pode ser contraída após uma perfeita purificação.

Os princípios naturais são os únicos que se devem, primeiramente, apresentar à inteligência humana, e as tradições que se seguem, por mais sublimes e profundas que sejam, jamais devem ser empregadas, senão como confirmações, porque a existência humana surgiu antes dos livros.

É um espetáculo bem aflitivo quando se quer contemplar o homem e vê-lo, ao mesmo tempo, atormentado pelo desejo de conhecer, não percebendo as razões de nada e, entretanto, tendo a audácia de querer dá-las a tudo.

Uma teoria que não visasse, em primeira instância, o bem do homem, seria totalmente inútil.

Aquele que possuir o conhecimento de si mesmo terá acesso à ciência do mundo e dos outros seres. Mas o conhecimento de si é somente em si que convém buscar. É no espírito do homem que devemos encontrar as leis que dirigiram a sua origem.

A própria natureza humana traz consigo testemunhos bem mais evidentes do que aqueles que se possam encontrar nas observações dos objetos sensíveis e materiais.

Ora, àqueles que não tivessem sentido a sua verdadeira natureza só lhes pediria que se precavessem contra os desprezos. Porque no que eles chamam homem, no que denominamos moral, no que chamam ciência, enfim, no que se poderia chamar o caos e o campo de batalha de suas diversas doutrinas, eles encontrariam tantas ações duplas e opostas, tantas forças que se digladiam e se destroem, tantos agentes nitidamente ativos e tantos outros nitidamente passivos, e isto sem buscar fora de sua própria individualização, talvez, sem poder dizer, ainda, o que nos compõe, concordariam que, seguramente, tudo em nós não é semelhante e que não existimos senão em uma perpétua diferença, seja conosco, seja com tudo o que nos circunda e tudo o que possamos atingir ou considerar. Apenas seria necessário, em seguida, auxiliar com alguma ciência essas diferenças, para perceber seu verdadeiro caráter e para colocar o homem no seu devido lugar.

Quando sentimos uma só vez nossa alma não podemos ter nenhuma dúvida sobre suas possibilidades.

O homem, na verdade, na qualidade de Ser intelectual, leva sempre sobre os seres corporais, a vantagem de sentir uma necessidade que lhe é desconhecida.

Não existe uma pessoa de boa-fé que não considere a vida corporal do homem uma privação e um sofrimento contínuo. Tanto é verdade que o estudo do homem faz-nos descobrir, em nós, relações com o primeiro de todos os princípios e os vestígios de uma origem gloriosa, quanto o mesmo estudo deixa-nos perceber uma horrível degradação.

A miséria espiritual é o sentimento vivo da nossa privação Divina aqui na Terra, operação que se combina: 1º - com o desejo sincero de reencontrar nossa pátria; 2º - com os reflexos interiores que o Sol Divino nos irradia, algumas vezes, a graça de nos enviar até o centro de nossa alma; 3º - com a dor que experimentamos quando, após ter sentido alguns desses Divinos reflexos tão consoladores, recaímos em nossa região tenebrosa, para aí, continuarmos nossa expiação.

Existem seres que só são inteligentes; existem outros que só são sensíveis. O homem é ao mesmo tempo um e outro; eis aí a palavra do enigma.

A grandeza do homem é grande na medida em que ele se reconhece miserável.

Pelo sentimento doloroso da horrível situação que é a nossa, podemos formar uma idéia do estado feliz onde estivéramos anteriormente.

Se o homem não tem nada é porque tinha tudo.

No que se refere às duas portas – o Coração e o Espírito – creio que a primeira é muito mais preferível do que a outra, sobretudo, quando se tem a felicidade de participar dela. Mas ela não deve ser, absolutamente exclusiva, principalmente quando é necessário falar a pessoas que só possuem a porta do Espírito apenas entreaberta, e é preciso ser muito escrupuloso sobre esse ensinamento, até que surja a Luz.

A única Iniciação que prego e que procuro com todo o ardor de minha alma é aquela que nos permite entrar no Coração de Deus e fazer entrar o Coração de Deus em nós, para aí fazer um casamento indissolúvel, transformando-nos no amigo, no irmão e na esposa do Divino Reparador. Não existe outro mistério para se chegar a essa Santa Iniciação a não ser este: penetrar cada vez mais nas profundezas de nosso ser até aflorar a viva e vivificante raiz. Porque, então, todos os frutos que deveremos portar, segundo nossa espécie, irão se produzir naturalmente em nós e fora de nós, como aqueles que vemos nascer em nossas árvores terrestres, porque são aderentes à sua raiz particular e porque não cessam de sugar seu sumo.

Quando sofremos por nossas próprias obras, falsas e infectas, o fogo é corrosivo e queima; e, entretanto ele deve ser menos corrosivo do que aquele que serve de fonte a essas obras falsas. Também tenho dito, mais por sentimento do que por luz, que a penitência é mais doce do que o pecado. Quando sofremos pelos outros homens, o fogo é ainda mais vizinho do Óleo e da Luz; mesmo que ele nos rasgue a alma e nos inunde de lágrimas não passaremos por essas provas sem delas retirar deliciosas consolações e as mais nutritivas substâncias.

Os elementos mistos foram o meio de que se serviu o Cristo para vir até nós, enquanto devemos quebrar e atravessar esses elementos para chegar até ele. Assim, enquanto repousarmos sobre esses elementos estaremos atrasados.

O Reparador e a Causa Ativa são a mesma coisa.

Acredito que a Palavra [Verbum Dimissum] comunicou-se sempre, diretamente e sem intermediário, desde o começo das coisas. Ela falou diretamente a Adão, a seus filhos e sucessores, a Noé, a Abraão, a Moisés, aos Profetas etc. até o tempo de Jesus Cristo. Ela falou pelo Grande Nome e queria tanto transmiti-Lo, diretamente, que segundo a lei levita o grande sacerdote encerrava-se sozinho no Santo dos Santos para pronunciá-Lo; e, segundo algumas tradições, ele possuía campainhas na barra de seu balandrau para ocultar sua voz aos que permaneciam nos recintos vizinhos.

 

 

Quando o Cristo veio, tornou a pronúncia dessa Palavra ainda mais central ou mais interior, uma vez que o Grande Nome que essas Quatro Letras exprimem é a explosão quaternária ou o sinal crucial de toda vida. Jesus Cristo, transportando do alto o A [ALeF] dos hebreus – ou a letra S [ShIN] – juntou o Santo Ternário ao Grande Nome Quaternário, devendo encontrar em nós sua própria fonte nas ordenações antigas, com mais forte razão o nome do Cristo deve também esperar dele, exclusivamente, toda eficácia [efetividade] e toda Luz. Também, Ele nos disse para nos encerrarmos em nosso quarto quando desejássemos orar; ao passo que, na antiga lei, era absolutamente necessário ir ao Templo de Jerusalém para adorar. E aqui, vos envio os pequenos tratados de vosso amigo sobre a penitência, a santa oração, o verdadeiro abandono, intitulados Der Weg zu Christ (O Caminho de Cristo). Aí vereis, passo a passo, que se todos os costumes humanos não desaparecerem, e se é possível que qualquer coisa nos seja transmitida, verdadeiramente, se o espírito não se criar em nós, como criasse eternamente no princípio da natureza universal, onde se encontra permanentemente a imagem de onde adquirimos nossa origem e que serviu de exemplo a Mensebwerdung. Sem dúvida, há uma grande virtude ligada a essa verdadeira pronúncia, tão central quanto oral, deste Grande Nome e daquele de Jesus Cristo que é como a flor. A vibração de nosso ar elementar é uma coisa bem secundária na operação pela qual esses Nomes tornam sensíveis aquilo que não o foi. A virtude Deles é de fazer hoje, e a todo momento, o que fizeram no começo de todas as coisas para lhes dar a origem. E como produziram toda coisa antes que o ar existisse, sem dúvida que ainda estão abaixo do ar, quando desempenham as mesmas funções. Não é impossível a esta Divina Palavra se fazer escutar mesmo por um surdo e em lugar privado de ar, pois não será difícil à Luz Espiritual tornar-se sensível a nossos olhos mesmo físicos, pelo menos não ficaríamos cegos e ofuscados no mais tenebroso calabouço. Quando os homens fazem sair as palavras fora de seu verdadeiro lugar, livrando-as por ignorância, imprudência ou impiedade às regiões exteriores ou à disposição dos homens de torrente, elas conservam sempre, sem dúvida, sua virtude, mas daí retiram muito de si próprias, porque não se acomodam por combinações humanas. Também, esses tesouros tão respeitáveis não fizeram outra coisa senão provar a escória, passando pela mão dos homens, sem contar que não cessaram de ser substituídos pelos ingredientes nulos ou perigosos, que, produzindo enormes efeitos, acabaram por encher o mundo inteiro de ídolos, porque ele é o templo do Deus verdadeiro, que é o centro da Palavra.

Todas essas manifestações que vêm após a Iniciação, não seriam do reino astral? Uma vez tendo colocado os pés nesse domínio, não se entraria em sociedade com os seres que aí habitam, cuja maior parte, se me for permitido, em assunto dessa natureza, servir-me de uma expressão trivial, é má companhia? Não se entra em contato com seres que podem atormentar até ao excesso. O operador que vive nessa multidão, ao ponto de suscitar-lhe o desespero e de inspirar-lhe o suicídio, como testemunharam Schoroper e o Conde de Cagliostro! Sem dúvida que terão os Iniciados os meios mais ou menos eficazes para se protegerem das visões. Mas, em geral, parece-me que essa situação, que está fora da ordem estabelecida pela Providência, pode ter antes conseqüências mais funestas do que favoráveis ao nosso progresso espiritual.

Não podemos ler senão no próprio Deus, nem nos compreender senão em seu próprio esplendor.

A opressiva desventura do homem não é ignorar a existência da verdade, mas interpretar erroneamente sua natureza.

Meu primeiro mestre, a quem eu fazia perguntas semelhantes em minha juventude, respondia-me que se aos sessenta anos eu tivesse atingido o termo, não deveria lamentar. Ora, tenho apenas cinqüenta anos!

A ciência Matemática é apenas uma cópia ilusória da Verdadeira Ciência. A álgebra é, de certa forma, a degradação dos números. A base da Matemática é a relação, assim como a relação é também o seu resultado. Os princípios matemáticos não são materiais, mas são a verdadeira lei dos fenômenos perceptíveis. Contanto que os matemáticos se restrinjam a estes princípios, eles não podem errar; mas quando eles partem para a aplicação de idéias deduzidas a partir de seus raciocínios, eles são escravizados pelos princípios.

A verdade dos axiomas se assenta no fato de que eles são independentes daquilo que percebemos, ou da matéria. Em uma palavra: eles são puramente intelectuais. Se os geômetras nunca perdessem os seus axiomas de vista, eles nunca avançariam em suas reflexões, pois as suas sentenças estão ligadas à essência específica dos princípios intelectuais, assim sendo, apoiadas na mais completa certeza.

Como todas as outras propriedades dos corpos, a extensão é um produto do princípio gerador da matéria, seguindo as leis e a ordem impostas a este princípio a atuar pelo princípio mais elevado que o dirige. Neste sentido, a extensão é um produto secundário e não pode ter as mesmas vantagens (ou qualidades) do que os seres incluídos naquela primeira instância.

Há apenas dois tipos de seres: os sensitivos e os intelectuais. Os intelectuais pertencem a uma outra ordem do que os princípios corpóreos imateriais que eles governam; eles devem portanto ter efeitos e ações diferentes do perceptível - como eles mesmos são - e isto é um tipo de efeito no qual o perceptível não conta para nada. Também devemos supor que suas atividades existem antes e depois dos seres sensitivos. Portanto, é incontestável que o movimento possa ser concebido sem extensão, já que o princípio do movimento, seja ele captado pelos sentidos físicos ou intelectuais, está, na verdade, fora da extensão.

As medidas tomadas da extensão estão sujeitas às mesmas desvantagens do que o objeto para o qual ela foi criada para medir.

A extensão existe apenas pelo movimento, o que não quer dizer, contudo, que o movimento se origine daquilo que tem extensão. É certo que no nível perceptível o movimento não pode ser concebido fora da extensão, mas apesar dos princípios que geram o movimento no plano perceptível serem imateriais, a sua ação não é necessária e eterna, porque eles (os princípios) são seres secundários para os quais a transmissão da ação da Causa Ativa e Inteligente só ocorre uma vez.

É certo que os geômetras criticam os números usados para tomar medidas perceptíveis e difíceis (como no caso de curvas). Mas estes números são relativos, são uma convenção; com a escala deles não podemos medir extensões de outro tipo. A dificuldade experimentada na medida de curvas deve ser atribuída à isto. A medida empregada para tal fim foi feita para linhas retas e oferece obstáculos intransponíveis ao ser aplicada às linhas circulares, ou qualquer curva delas derivadas.

Se a circunferência fosse a junção de pequenas linhas retas, por menores que fossem, todos os seus pontos não poderiam ser eqüidistantes do centro, já que estas linhas retas seriam elas mesmas compostas por pontos, entre os quais os extremos e os intermediários não podem estar à mesma distância do centro, que não é, portanto, comum a todos eles, pelo que a circunferência deixa de ser uma circunferência.

O objetivo da linha reta é perpetuar, até o infinito, a produção do ponto do qual ela emana; no entanto, a linha curva limita, em cada um de seus pontos, a produção de uma linha reta, já que ela tende a destruí-la constantemente, e pode ser considerada, por assim dizer, como inimiga da reta. Não existe nenhuma característica comum a estes dois tipos de linha, portanto não pode haver uma medida comum possível de ser aplicada às duas.

Uma linha grande ou pequena, é, cada uma, o resultado de sua lei e de seu número, operando de forma diversificada. Isto é: com mais ou menos poder em cada caso, já que estes números permanecem sempre intactos, apesar de suas faculdades serem aumentadas ou diminuídas, na variação à qual cada extensão for suscetível.

Os princípios dos seres corpóreos são simples e, portanto, indivisíveis. Da mesma forma, os números que os representam gozam de idêntica faculdade.

O círculo é equivalente a zero; seu centro pode ser visto como uma Unidade porque uma circunferência pode ter apenas um centro; a Unidade justaposta ao zero forma o número 10, ou o centro com a circunferência. O círculo, no entanto, pode ser entendido como um ser corpóreo, sendo a circunferência o corpo, e o centro o princípio imaterial. Mas, o princípio imaterial pode sempre ser separado intelectualmente da forma corpórea, operação que é equivalente à separação do centro e da circunferência ou, 1 retirado de 10. A subtração de 1 de 10 resulta em 9; a subtração da Unidade deixa a linha circular como zero; portanto, 9 é equivalente ao círculo. Esta correspondência entre o zero, que sozinho não é nada, com o número 9, pode ser usada para justificar o ponto de vista de que a matéria é ilusória. (Grifos meus).

 

 

A Natureza material e a sua extensão não podem ser compostas através de linhas retas, ou em outras palavras, não há linhas retas em a Natureza. [Por esse motivo, com o qual concordo, escrevi a algum tempo no poema Unidade Cósmica: Não há ontem, amanhã ou dois lados no seio da Eterna Atualidade.Todos os quadrados são círculos nessa Sempiterna Atualidade. Entretanto, cometerá graves equívocos aquele que confundir a Atualidade Cósmica com a realidade objetiva ou fenomênica e tentar efetuar, por exemplo, a quadratura do círculo apenas com régua e compasso. Tentativas como essa só acontecem no Plano Objetivo influenciadas pela ilusão da mente objetiva. Um segundo exemplo é moto-contínuo (perpetuum mobile), na verdade um símbolo da utopia. Um moto-contínuo é uma máquina utópica que hipoteticamente operaria indefinidamente sem consumo de energia ou ação externa, apenas por conversões internas de energia, ou seja, uma máquina totalmente conservativa (ou seja, produziria energia a partir do nada), o que, obviamente, não pode acontecer ou existir porque toda e qualquer máquina sempre dissipa alguma energia, e para que isso pudesse acontecer seria necessário que fosse violada ou a primeira ou a segunda lei da termodinâmica. Se isso acontecesse, de duas uma: ou o mundo viraria de pernas para o ar ou entraria nos eixos.]. Para ler o poema Unidade Cósmica, dirija-se a:

http://paxprofundis.org/livros/unicosmic/unicosmic.htm

Existem três princípios em todos os corpos; o círculo é um corpo; os raios de um círculo são linhas retas, materialmente falando; e por sua aparente retidão e capacidade de se prolongar ao infinito eles são a imagem real do princípio gerador. Os espaços entre os raios são triângulos, e, assim, a ação do princípio gerador é manifestada pela produção de uma tríade. Ao juntar o número do centro com a tríade por ele gerada teremos um sinal do quaternário. Portanto, há a concepção de uma ligação íntima entre o centro (ou princípio gerador) e o princípio secundário, que está provado ser 3. Os 3 lados do triângulo e as 3 dimensões nos dão a idéia mais perfeita do que seja o nosso quaternário imaterial. Como esta manifestação quaternária acontece somente pela emanação do raio a partir do centro, e como estes raios, sempre prolongados em linha reta, são os órgãos e a ação do princípio central, aplicamos o número 4, sem receio, à linha reta e ao raio que a representa. A linha curva, por sua vez, não produz nada, mas limita a ação e a produção do raio. De fato, é ao número 4 e ao quadrado que a Geometria refere tudo que mede, considerando todos os triângulos como divisões de quadrados. Esta figura (do quadrado) é formada por 4 linhas tidas como retas, similares ao raio da circunferência e, conseqüentemente, quaternárias.

Há, portanto, grande analogia entre o princípio do movimento e o da linha reta. Este fenômeno não é, todavia, apenas uma analogia de seu número idêntico, mas também porque a fonte da ação das coisas sensoriais reside no movimento e, também porque a linha reta é o emblema do infinito, e a continuidade da produção do ponto do qual ela se origina. A linha reta dirige as coisas corpóreas e estendidas, mas nunca se mistura a elas e nunca se torna perceptível, pois um princípio não pode ser confundido com aquilo que gera. (Grifo meu).

Apesar de ser possível julgar a medida da extensão das coisas pelo recurso aos princípios seria profanação empregá-lo em combinações materiais, pois pode nos levar à descoberta de verdades mais importantes do que aquelas relacionadas à matéria, enquanto que os sentidos são suficientes para orientar o homem em assuntos materiais.

Desde a queda, o homem tem tentado conciliar a linha reta com a curva. Em outras palavras: tem-se esforçado para descobrir o que é chamado de quadratura do círculo. Antes da sua queda ele não buscava a realização de uma impossibilidade evidente, a redução de 9 a 4, ou a extensão de 4 a 9. O verdadeiro meio de se chegar ao conhecimento das coisas é iniciar por não confundi-las, mas por dedicar-se ao exame de cada uma delas de acordo com o seu número e lei próprios.

A verdadeira geometria transcendental é a das linhas retas pois esta originou a geometria das linhas curvas, sendo mais central, mais inacessível ao nosso conhecimento, pois opera dentro do círculo, ou por trás do invólucro das coisas, enquanto que a geometria das curvas opera apenas na superfície, sendo portanto sua circunferência e perímetro.

Os números são a expressão perceptível, sejam sensoriais ou intelectuais, das diferentes propriedades dos seres, os quais todos se originam da Fonte Única. Apesar de deduzirmos da tradição e de ensinamentos teóricos uma parte desta ciência, só a regeneração nos mostra a verdadeira base. Assim, cada um a seu modo, obtêm as verdadeiras chaves sem mestres. Além disso, os números expressam verdades, mas não as dão; o homem não escolheu os números, mas os discerniu nas propriedades naturais das coisas. (Grifo meu).

Os números são os envoltórios invisíveis dos seres, assim como os corpos são seus invólucros perceptíveis. Devemos tomar o cuidado de separar os números das idéias que são representadas por eles, pois assim eles perdem toda a sua virtude e são como a sintaxe de uma linguagem cujas palavras nos são desconhecidas.

Grandes vantagens podem ser conseguidas pelos homens através do uso inteligente e correto dos números. O desenvolvimento das propriedades dos seres é ativo e estas propriedades têm inúmeras correspondências crescentes e decrescentes entre elas. Portanto, a combinação dos números, tomada na regularidade dos sentidos neles descobertos por uma observação racional, nos levará a especulações incertas e poderá retificar o que é falso, considerando que este cálculo verdadeiro e espiritual, ou álgebra das realidades, como os cálculos e a álgebra convencional das aparências, a partir do momento que seus valores são conhecidos, nos levarão a resultados precisos e positivos. [A título de revisitação e como exemplo da reflexão de Saint-Martin, a Proporção Áurea (Número de Ouro ou Número Áureo) é uma constante transcendente. Este número irracional (cujo valor aproximado é 1,618034) é considerado por muitos o símbolo da harmonia. Um retângulo cujo resultado da divisão do lado maior pelo lado menor for igual a 1,618034 configura um Retângulo de Ouro. Esta Proporção Áurea (muito usada em obras de arte) aparece, por exemplo, na Grande Pirâmide de Quéops e no Pathernon. Piet Mondrian (1872-1944) a conhecia e a usou em algumas de suas telas.]. A página Web abaixo apresenta a interessante animação que se segue (para assisti-la, ou assisti-la novamente, clique em atualizar ou em F5, pois ela não inicia e não se repete automaticamente):

Fonte da animação em flash:

http://www.defatima.com.br/saladeaula/dicas.htm

 

 

A Seção Dourada

 

Proporções áureas
em uma mão

 

Sem a chave dos números, as correspondências entre as três regiões da verdadeira filosofia – divina, espiritual e natural – não poderiam ser estabelecidas ou observadas corretamente.

Entre as maravilhas oferecidas àqueles que circunspectamente caminham na trilha dos números, não apenas somos ensinados a admirar a magnificência de Deus, mas também a distinguir entre aquilo que nos é permitido conhecer, daquilo que é permanentemente velado à nossa compreensão e fora do alcance de nossa compreensão.

O número é aquilo que engendra a ação, a medida é o que governa esta ação e o peso é o que a opera. Eles estão no seio da Sabedoria que acompanha a todos os seres ao serem gerados. Isto lhes concede uma emanação de sua própria essência e ao mesmo tempo de sua sabedoria, de que a criação pode ser a sua semelhança. Portanto, todos os seres têm consigo uma parcela daquele peso, daquele número e de sua medida.

 

 

O número um existe e é concebido independentemente dos outros números. Tendo lhes vivificado através do curso dos dez números, ele os deixa para trás e retorna à Unidade.

O número dois tem princípio nele mesmo, mas não se origina de si mesmo.

O Número Três não deriva seu princípio de si próprio e nem mesmo tem um princípio. Na ordem divina, 3 é a Santíssima Trindade – como 4 é o ato de sua explosão e o 7 o produto universal e a imensidão infinita que resultaram das maravilhas desta explosão.

É dito que 2 se torna 3 pela sua diminuição, 3 se torna 4 pelo seu centro, 4 é falsificado pelo seu centro duplo, que perfaz 5, e 5 é restringido pelos números 6, 7, 8, 9 e 10 que formam os corretores e retificadores da pêntada maléfica.

Não é menos verdade que a héxada, sendo apenas a forma de atuação de todas as coisas, não pode ser vista, precisamente, como um número ativo e real, mas sim como uma lei eterna impressa em todos os números. Também representa aquilo sobre o que o homem tinha o domínio, originalmente, e sobre o que ele irá governar novamente, depois da sua Reintegração. [6 é o Valor Secreto de 3 porque 1 + 2 + 3 = 6].

O sete é ao mesmo tempo o número do Espírito porque se origina do Divino e perfaz 28 na contagem de seu poder duplo contrário ao poder lunar. Deveria ser notado que o número 28 indica que a Palavra não se realizou até a segunda prevaricação.

O número 50 desapareceu quando a Santíssima Oitava se aproximou, porque os dois não poderiam coexistir. A injustiça e as aparências não se sustentariam perante a Unidade e o seu poder. Esta é a razão de ser da Divina Igreja, fora à qual nenhum homem pode ser salvo e contra a qual os portais do inferno não devem prevalecer. A ôctada é a chave que abre e que ninguém fecha, ou que tranca e que ninguém mais abre. [O Valor Secreto de 8 é 36, que por sua vez tem por Valor Secreto 666].

Se soubéssemos o caminho através do qual a Unidade afeta a manifestação de seus poderes seríamos seus iguais. No entanto, sabemos que Ela realiza suas expansões apenas nesta série de dez aqui apresentada. As expansões sozinhas operam apenas fora desta série. Há expansões espirituais e das formas que atuam por leis diferentes e produzem resultados distintos. Os poderes secundários estão ligados diretamente ao centro, mas os ternários se ligam ao centro só de forma mediadora (como meios para expressá-lo) assim produzindo formas, sem uma lei criativa ou geradora, pois esta característica é da Unidade e sem leis administrativas, pois estas são restritas aos poderes secundários.

É sabido que os criminosos permaneceram no número 56, enquanto que os justos e purificados chegarão ao 64, ou seja, à Unidade.

O denário temporal é formado de dois números: o 3 e o 7. Mas o seu caráter está diretamente relacionado à Unidade e não está sujeito a qualquer divisão ou subtração.

Quando os números são ligados à década, nenhum deles apresenta qualquer traço de corrupção ou deformidade; sendo que estas características se manifestam apenas em suas separações. Entre os números com estas características específicas alguns são totalmente maus, como 2 e 5, que sozinhos são capazes de dividir a série sagrada de dez. Outros, estão em um processo ativo, de sofrimento ou cura, como acontece com o 4, o 7 e o 8. Outros ainda são dados apenas pela sua aparência, como o 3, o 6 e o 9. Mas nada disto é visto na série completa de dez, porque naquela ordem suprema não há deformações, ilusões, ou sofrimentos.

A música suprema não tem métrica e a poesia pertence a esta classe.

 

 

Repetindo para concluir: Pela iniciação podemos entrar no CORAÇÃO DE DEUS e fazer o CORAÇÃO DE DEUS entrar em nós, para aí fazer um casamento indissolúvel. [Ad semper].


Websites consultados:

http://www.hermanubis.com.br/Biografias/BioSaintMartin.htm
http://www.geocities.com/Athens/2341/livros/llcsmm11.htm
http://www.geocities.com/Athens/2341/artigos/asmm13.htm
http://www.hermanubis.com.br
http://www.pedreiroslivres.com.br
http://planeta.terra.com.br
http://tectus.sites.uol.com.br/tec_art_om.htm
http://www.sca.org.br/artigos/abhmb25.pdf
http://www.sca.org.br/artigos/asmm13.pdf
http://inforum.insite.com.br/4301/faq/
http://www.martinismo.hpg.ig.com.br/galeria.htm
http://www.amorc.org.br/
http://perso.wanadoo.fr/rosae-crucis/kybal/latable.htm
http://www.iniciados.org/
http://www.iniciados.org/martinismo/port/pom.htm
http://www.casadobruxo.com.br/textos/mistica.htm
http://www.casadobruxo.com.br/textos/filosofia.htm
http://www.casadobruxo.com.br/textos/tabela.htm
http://www.la-rose-bleue.org/Biographies/Saint-Martin.html
http://www.ezooccult.net/
http://inforum.insite.com.br/1726/?forum=1726&limit=0&max_msg=55&sort=

http://pt.wikipedia.org/wiki/Moto_cont%C3%ADnuo
http://www.feiradeciencias.com.br/sala25/25_C04.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%BAmero_de_ouro
http://www.somatematica.com.br/dicionarioMatematico/n.php

 

Música de fundo:

Hey, There (Richard Adler & Jerry Ross)

Fonte:

http://members.tripod.com/~rosemck1/jukebox-nostalgia.html