O SAGRADO ALCORÃO

(Parte XXIX e última)

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Objetivo Deste Estudo

 

 

Al-Fatihah

Al-Fatihah

 

Tempos tumultuados! Tempos de conflitos! Tempos de desconcórdias! Tempos de ofensividades! Tempos de separatividades! Tempos de desirmandades! Tempos de fanatismos! Tempos de terrorismos! Tempos de assassinatos! Tempos de medo! Tempos de mudanças! Por isto, esforçada, diligente e acuradamente, decidi reler, reestudar e comentar (utilizando muitos conhecimentos que aprendi nas obras publicadas por Alice Ann Bailey, e recebidos telepaticamente do Mestre Ascensionado Tibetano Djwhal Khul – um Iniciado da Sabedoria Eterna) o Sagrado Alcorão (o Livro Sagrado do Islamismo) – que vem sendo o centro da cultura islâmica, dos movimentos filosóficos e de todas as atividades intelectuais muçulmanas ao longo de catorze séculos (na 38ª Surata, Versículo 29, está escrito: Eis o Livro que te revelamos, para que os sensatos recordem seus versículos e neles meditem) – pela 3ª vez, e, iniciaticamente, discutir alguns versículos que possam gerar dúvidas de compreensão, má interpretação, contradições, interpolações, fabulações irreais ou erros conceituais inadvertidos por parte de muçulmanos e de não-muçulmanos. Não devemos esquecer de que todas as Religiões da 2ª Via (Judaísmo, Budismo, Catolicismo e Islamismo) são e estão subdivididas em duas partes: uma aberta, comum, para o público em geral; a outra, Oculta, Iniciática, Libertadora, pouco conhecida e, muitas vezes, negada. E, no que concerne ao Islã (palavra que significa submissão incondicional à vontade de Allah), ele é uma Religião de Misericórdia para todas as pessoas, muçulmanas e não-muçulmanas. Quanto a isto, diz-se que o Profeta teria afirmado: Cuidado! Quem quer que seja cruel e duro com uma minoria não-muçulmana, restrinja seus direitos, a sobrecarregue com mais do que possa suportar ou tome dela qualquer coisa contra sua vontade, eu [Profeta Muhammad] apresentarei queixa contra essa pessoa no Dia do Juízo. Em uma época em que os muçulmanos estavam sendo torturados até a morte, na então pagã Meca, os judeus sendo perseguidos na Europa cristã e vários povos sendo subjugados devido à sua raça ou casta particular, o Islã conclamou ao tratamento justo de todos os povos e de todas as religiões, devido aos seus princípios misericordiosos que deram à Humanidade o direito hereditário à sua Humanidade. Portanto, confundir as diversas formas de terrorismo fanático e fanatizador que vem assolando e agoniando o mundo com o Islã, mais do que uma injustiça, é um erro cultural de avaliação que precisa ser consertado. O Islã e a imensa maioria dos muçulmanos são pessoas de bem e magnânimas, e não merecem a pecha de violentas, cruentas e sangrentas. Muito ao contrário. Este estudo, além do seu objetivo principal, tem o objetivo subsidiário de tentar repor a dignidade do povo islâmico – irmão mais velho do Ocidente – no seu devido lugar. Particularmente, com humildade, peço ao Senhor Donald John Trump, candidato republicano à eleição presidencial americana de 2016, que reveja sua posição quanto ao povo islâmico, que não representa um perigo para os Estados Unidos da América e, majoritariamente, não acredita nem apóia a jihad terrorista intolerante-fanático-sangrenta, mas, pratica a Jihad Espiritual, no sentido de empenho-esforço-luta, mediante a vontade pessoal, de buscar e conquistar a fé perfeita e de alcançar a libertação interior. Este seu preconceito contra o Islã, Senhor Trump, é inteiramente contrário aos valores fraternos, libertadores e democráticos dos Estados Unidos, à irmandade-unicidade homossapiensiana, à boa vontade mundial e aos próprios interesses e princípios norteadores de uma estabilidade harmoniosa e da segurança nacional americana. Atitudes e ações restringentes, separatistas e isolacionistas só fomentam o ressuscitamento de comportamentos intolerantes, fascistas e xenofóbicos, e isto é o que a Humanidade menos precisa nesta quadra tão complicada que está vivendo. Enfim, Senhor Donald Trump, recorde o início da letra da música The House I Live In, de autoria de Earl Hawley Robinson (1910 – 1991), e gravada, em 1945, por Frank Sinatra:

What is America to me?
A name, a map or a flag I see.
A certain word – Democracy!

 

Para realizar este estudo, utilizei a tradução alcorânica de Samir El Hayek, que pode ser consultada na fonte digital do Centro Cultural Beneficente Árabe Islâmico de Foz do Iguaçu, cujo endereço eletrônico é:

http://www.culturabrasil.org/zip/alcorao.pdf

 

 

 

Estudando o Sagrado Alcorão

 

 

Tudo depende de nós!

 

 

 

Surata Nuh, Versículo 4: ... quando chegar a hora do término...

Comentário: Os Iniciados sabem que o Universo e tudo o que Nele se evidencia como existência se manifestam por intermédio de ciclos, que têm começo, meio e fim. ... Construção —› Destruição —› (Re)construção ...

 

Surata Al Jin, Versículo 21: Em verdade, não posso vos livrar do mal nem vos trazer para a conduta verdadeira.

Comentário: Os Iniciados sabem que ninguém pode fazer absolutamente nada para mudar nada em nós (no que concerne ao nosso karma individual). Somos nós os nossos próprios Deuses-ciadores e os nossos próprios demônios-destrutores. Toda e qualquer mudança depende exclusivamente de nós, e isto implica insubstituivelmente na Transmutação Alquímico-Iniciática dos nossos demônios-destrutores em Deuses-ciadores.

 

Surata Al Mudáscir, Versículo 6: E não esperes, ao dares, qualquer aumento (em teu interesse)...

Comentário: Os Iniciados sabem que este Versículo está relacionado com o tema muito para lá de fedorento dos tais negócios com Deus, já comentado anteriormente neste estudo.

 

Surata Al Mudáscir, Versículo 38: Toda a alma é depositária das suas ações...

Comentário: Os Iniciados sabem que este Versículo está relacionado com a Lei da Causa e do Efeito, também já comentada exaustivamente neste estudo.

 

Surata Al Mudáscir, Versículo 46: ... o Dia do Juízo...

Comentário: Os Iniciados sabem que o Dia do Juízo tem início, em cada encarnação, no exato momento em que ocorre a morte ou transição. O julgado e o julgador somos nós. Então, não há um Dia do Juízo global ou geral; o Dia do Juízo – a (Hora) Infalível, o Dia da Discriminação, o Grande Evento, o Dia (do Julgamento) – é individual, pessoal.

 

Surata Al Quiáma, Versículo 2: E juro, pela alma que reprova a si mesma...

Comentário: Os Iniciados sabem que a personalidade-alma não se reprova a si mesma. Ao ter início o processo de conscientização-libertação, é o nosso ego que tenta se aproximar e se fundir com a personalidade-alma.

 

Surata Al Quiáma, Versículo 9: E o Sol e a Lua se juntarem!

Comentário: Os Iniciados sabem que isto, simbolicamente, pode ser interpretado como o fim da Noite Negra, que, segundo Fernando Martini Bulhões, conhecido como Santo António de Pádua, mas, que nasceu em Lisboa, é um processo necessário à purificação-preparação da personalidade-alma para atuar em um plano mais elevado de consciência, e está subdividida em três estágios ou momentos: começo (Conticínio), meio (Meia-noite) e fim (Aurora), e o tempo de duração é individual.

 

Surata Al Mussalat, Versículo 7: ... o que vos é prometido está iminente!

Comentário: Os Iniciados sabem que o iminente e o longínquo só têm cabimento no espaço e no tempo objetivos, pois, no Espaço e no Tempo Cósmicos, ambos ilimitados e incriados, estas categorias inexistem. Um dos grandes problemas limitadores da Humanidade é transferir para além de si-mesma as categorias que ela mesma engendrou para poder existir estruturada. E por isto, no que concerne à Divindade, ela sempre antropomorfiza.

 

Surata An Nazi'at, Versículo : ... o homem haverá de recordar de tudo quanto tiver feito...

Comentário: Os Iniciados sabem que este será o momento, logo após a morte ou transição, da Grande Revisitação.

 

Surata Ábaça, Versículo 2: ... o cego foi ter com ele...

Comentário: Os Iniciados sabem que a nossa cegueira começa a ser dissipada com a Primeira Iniciação.

 

 

 

           

 

 

Surata At Taquir, Versículos 8 e 9: 8 – Quando a filha, sepultada viva, for interrogada: 9 – Por que delito foi assassinada?

Comentário: Os Iniciados sabem que, nestes Versículos, a filha sepultada viva simboliza a ignorância superada. E Por que delito foi assassinada? simboliza todos os desejos, todas as cobiças e todas as paixões que mantiveram girando a Roda do Samsara e impuseram e vêm impondo a todos nós as sucessivas encarnações educativas.

 

Surata At Taquir, Versículo 10: Quando as páginas forem abertas...

Comentário: Os Iniciados sabem que, simbolicamente, isto significa a abertura do Livro do nosso Registro Akáshico pessoal (um registro escrito, como está descrito na Surata Al Mutaffifin, Versículo 9) logo após a nossa morte ou transição, no qual estão gravados (registrados) todos os acontecimentos da nossa existência (ações, conspirações, omissões, neutralidades, abstenções, não-engajamentos etc.). Quando as páginas forem abertas Início da Grande Revisitação. E, então, como está descrito na Surata Al Infitar, Versículo 5, saberá [revisitará] cada [personalidade-]alma o que fez e o que deixou de fazer. E, no Versículo 19, desta Surata Al Infitar, está dito: e nenhuma alma poderá advogar por outra, o que significa e enfatiza o que tanto tenho dito: somos os únicos responsáveis por tudo. Não há testemunha de defesa (socorredor) que minimize isto nem testemunha de acusação que maximize isto. E o Sagrado Alcorão é absolutamente claro com relação a isto.

 

Surata Al Mutaffifin, Versículos 1, 2 e 3: 1 – Ai dos fraudadores! 2 – Aqueles que, quando alguém lhes mede algo, exigem a medida plena. 3 – Todavia, quando eles medem ou pesam para os demais, dão-lhes menos que o devido.

Comentário: Os Iniciados sabem que são muitas as injustiças praticadas pelos seres humanos. Mas, uma coisa que, geralmente, esquecemos é que as maldades-injustiças levadas a efeito pelas pessoas contra nós são as nossas melhores professoras. Então, humildade não-subserviente! Sempre humildade não-subserviente! Portanto, as injustiças fazem parte do nosso aprendizado-libertação. Odiar um injusto é equivalente a odiar um professor que nos ensina algo difícil de ser entendido. Imagine uma pessoa não afeita à Matemática tentando entender o que representa, na Relatividade Restrita, o Fator de Lorentz, comum no cálculo da dilatação do tempo, da contração do comprimento, da energia cinética e do momento linear. Ora, o que adiantará ela odiar o professor por não estar entendendo neca de pitibiriba na Avenida Sernambetiba? O Fator de Lorentz (que não é tão difícil assim de ser percebido pela inteligência) continuará sendo o Fator de Lorentz e ela, além de continuar uma cavalgadura, acabará arrumando uma úlcera!

 

Fator de Lorentz

Fator de Lorentz

 

= Fator de Lorentz

v = velocidade de uma partícula medida a partir de um referencial inercial (onde ocorre o evento)

c = velocidade da luz no vácuo (o vácuo perfeito, porém, não é possível em a Natureza, ainda que ocorram situações muito próximas dele, por exemplo, no espaço intergaláctico)

 

Fator de Lorentz

Gráfico do aumento do Fator de Lorentz em função da velocidade

 

Surata Al Inxicac, Versículo : ... caminhareis de estágio em estágio.

Comentário: Os Iniciados sabem que de estágio em estágio significa de encarnação em encarnação, de treva em treva, de Luz em Luz, de experiência em experiência, de aprendizado em aprendizado, de Iniciação em Iniciação... Não existe uma só vida; não existe uma só morte!

 

Surata Al Buruj, Versículo 10: ... aqueles que perseguem os crentes e as crentes...

Comentário: Os Iniciados sabem que ninguém tem o direito de recriminar ninguém por sua fé ou sua religião. Na verdade, ninguém tem o direito de recriminar ninguém por nada. As mudanças progressivas que acontecem em nossas consciências, entre outros fatores, dependem da nossa percepção-realização individual das coisas, dos Raios saintes e entrantes e da manifestação das diversas Raças-raízes. Ontem, Raça Atlante; hoje, Raça Ária. Ontem, Piscis; hoje, Aquarius. Ontem, 6º Raio; hoje, 7º Raio. Ontem, ignorância; hoje, menos ignorância. Então, busca a felicidade agora, já, pois, não sabes do amanhã. Apanha um Grande Copo cheio de Vinho, senta-te ao luar e pensa: talvez, amanhã, a Lua me procure em vão! [(Omar Khayyam, in: Rubaiyat, Tradução de Alfredo Braga (ligeiramente editada por mim)].

 

Surata At Táric, Versículo 1: ... o visitante noturno...

Comentário: Os Iniciados sabem que o visitante noturno (a estrela fulgurante) é o inexorável cumprimento! Por outro lado...

 

 

Por outro lado...

 

 

Surata At Bálad, Versículo 10: E lhe indicamos os Dois Caminhos.

Comentário: Os Iniciados sabem que há Dois Caminhos, duas escolhas: esquerda – G.'.'L.'.N.'.; e direita – G.'.'L.'.B.'..

 

Surata Ax Xams, Versículo 8: E lhe inspirou o que é certo e o que é errado...

Comentário: Os Iniciados sabem que ninguém pode dizer a ninguém o que é certo e o que é errado, pois, o que é considerado certo hoje, amanhã poderá estar errado, e o que é considerado errado hoje amanhã poderá estar certo. Dentre os muitos exemplos, a escravidão, apoiada e justificada pelo ambíguo e preconceituoso Aristóteles (Estagira, 384 a.C. – Atenas, 322 a.C.), é um deles! Aristóteles escreveu: aquele que, por natureza, não se pertence, mas, é o homem de outro, esse é escravo por natureza. A Natureza modelou os escravos com a força necessária para os trabalhos pesados, dando a outros a postura ereta e tornando-os impróprios para esse gênero de trabalhos, mas, os tornou aptos para a vida de cidadão. O que não muda? Se Aristóteles tivesse nascido no século XXI da nossa Era, talvez, não escrevesse o monte de besteiras que escreveu, mas, que Santo Tomás de Aquino (Roccasecca, 1225 – Fossanova, 7 de março de 1274) adorava e se babava! Em princípio, a experiência é pessoal e intransferível.

 

Surata Al Bayinat, Versículo 1: Os incrédulos, entre os adeptos do Livro, bem como os idólatras, não desistiriam da sua religião, a não ser quando lhes chegasse a Clara Evidência...

Comentário: Os Iniciados sabem que os fideísmos religiosos – particularmente os fundamentalistas, ultraconservadores e ultramontanistas – só poderão ser Illuminados pela Compreensão, que vem de Dentro, nunca de fora! Que o Espírito de Paz se difunda por todo o mundo. E que assim seja! Está feito! Está selado! ... .'. ... .'. ... .'.

 

 

 

 

 

 

Umas Palavrinhas Finais

 

 

 

 

Foi com imenso prazer que fiz e que concluí este estudo sobre o Sagrado Alcorão (uma obra admirável simbólico-alegórica que mais oculta do que desvela). Acho que nunca havia sido feita uma reflexão tão minudenciosa, circunstanciada, cuidadosa, impessoal e sistemática como esta. Então, espero que, para todos que, pacientemente, chegaram até aqui, tenha sido útil. Espero também não ter dito muita besteira! Se eu disse, peço perdão.

 

Aprendi a amar e a admirar o povo muçulmano, mais ou menos, aos 10 anos de idade, quando li os Rubaiyat, de autoria do poeta sufi, matemático e astrônomo persa Omar Khayyam (Nishapur, Pérsia, 18 de maio de 1048 – 4 de dezembro de 1131). Claro, pensei que havia entendido o que havia lido, mas, logo percebi que não havia entendido bulhufas de xongas! E assim, os anos se passaram... Só vim a entender a poesia de Omar décadas depois. E nem sei se entendi tudo! Mas, pelo menos, uma coisa eu sei: Vinho não é vinho.

 

No Sufismo (a corrente mística e contemplativa do Islã), tudo começa pelo Amor, continua com o Amor e termina no Amor. Ilimitadamente. Ad æternum e mais seis meses! Tal Amor é freqüentemente expresso através da música, dos poemas e das estórias, e o objetivo do Sufismo é proporcionar ao ser humano retornar (reintegrar-se) à Fonte Original, por meio do autoconhecimento e da sua relação consciente com o Universo e com o Deus do seu Coração. Com Omar não poderia ser diferente. Com os Adeptos Sufis continua a ser assim.

 

Bem, quanto a este estudo que fiz do Sagrado Alcorão – que acabou se constituindo em uma espécie de resumo revisitativo de tudo quanto publiquei até hoje (com alguns acréscimos multifacetados e entrelinhados) – com todo o respeito que tenho pelos milhões de devotos muçulmanos, devo dizer cinco coisas importantes: Primeira – o Profeta Muhammad, o Primeiro dos Muçulmanos – que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre Ele – foi um Iniciado vinculado à Grande Loja Branca (coisa pouco conhecida, e, portanto, inapreciada), e, em sua vida, como é sabido, teve como missão primordial divulgar o Sagrado Alcorão, em uma época difícil da jornada humana. Deixando de lado os relatos históricos e outros comentários, à semelhança do Livro da Revelação (Apocalipse), escrito por João, na Ilha Patmos, e inspirado pelo Mestre Hilarion, o Sagrado Alcorão (inspirado pelo Mestre Jesus, coisa que também poucos sabem) está redigido em uma linguagem cifrada (codificada), hermética e Iniciática, e, portanto, não deve (pode) ser lido nem aplicado ao pé da letra. Jardins, abaixo dos quais correm rios, por exemplo, não são jardins adornados de flores como os conhecemos na Terra, nem a Água destes rios é a H2O formada de dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio. Esotericamente, o Jardim, masculino, simboliza a Perfeição, a Harmonia do Cosmos e a Pureza Espiritual. Logo, para conhecermos e penetrarmos no Jardim, precisa(re)mos merecer. Já a Água, feminina, está associada aos conceitos de Purificação e Cura (das astralidades escravizantes), ao Espírito e à Vida Espiritual, também podendo simbolizar a Regeneração, a Sabedoria e as Virtudes Libertadoras. Por isto, no Sagrado Alcorão, os Jardins e a Água aparecem coligados. Não há Jardim sem Água nem pode haver Água sem Jardim. Mas, os Jardineiros somos nós! Enfim, não devemos nos esquecer de que, no desenvolvimento dos Elementos, a Água é o Terceiro dos Quatro Elementos, depois do Fogo e do Ar, e, Alquimicamente, simboliza a Purificação (Albedo Alquímico). Nigredo (Morte Mspiritual) –› Albedo (Purificação) –› Citrinitas (Despertar) –› Rubedo (Illuminação). E como explicou Helena Petrovna Blavatsky (31 de julho de 1831 – 8 de maio de 1891) na sua Doutrina Secreta, Fogo, Água e Ar formam a Trindade Cósmica Primordial.

 

 

Moléculas de H2O
(Como as conhecemos na Terra)

 

 

E assim, em um certo sentido, o Sagrado Alcorão inteiro, conforme afirmei mais acima, mais oculta do que revela, mais esconde do que mostra. Lê-Lo e aplicá-Lo ipsis litteris e ipsis verbis poderá levar a acontecimentos desastrosos, que causarão sofrimentos e grandes prejuízos (físicos, morais, materiais, emocionais, individuais e coletivos). Não há exemplo contemporâneo mais flagrante do que o terrorismo internacional fundamentalista e fanático, que tem ceifado milhares de vidas em todos os quadrantes da Terra. Todavia, eu não tenho a menor dúvida de que os nossos irmãos terroristas acabarão compreendendo o erro que estão cometendo em Nome de Allah e da sua fé, e que esta amargura planetária passará. Isto não é um devaneio nefelibático; é uma certeza discipular. No fundo, em termos esotéricos, o terrorismo é um resquício ou resíduo devocional-fideísta às avessas, ainda frondejante, como outros vestígios, restos ou sobras da Era de Piscis, que está concluída. Nada chega ao fim de supetão. Como disse Martinho da Vila, a coisa toda é e anda devagar, devagarinho, quase parando! Quanto a tudo isto, os governantes do mundo precisam compreender que o terrorismo-horrorismo não será solucionado com retaliações, revides, agressões, represálias, vinganças e mais matanças – sejam indiscriminadas e sem querer, sejam discriminadas e querendo. Tiros não acabam com tiros, bombas não acabam com bombas, fanatismo não acaba com fanatismo, mortes não acabam com mais mortes. Terrorismo não acaba com vindita, desagravo ou desforra! Isto, mais do que uma ilusão, é uma impropriedade estupidificante. No fundo, tudo isto é fratricídio! Somos irmãos a matar irmãos, porque somos todos filhos de um mesmo Pai e de uma mesma Mãe! Tudo está associado, interligado, interconectado. Ou compreendemos isto ou nos infelicitaremos e nos desgraçaremos todos! Considerando a nossa História recente, haverá triângulo mais exemplificativo desta compreensão, que pôs fim ao apartheid (política de segregação racial da África do Sul), do que República da África do Sul–Nelson Madiba Rolihlahla Mandela–Frederik Willem de Klerk? Pensando nisto tudo, me vieram à cabeça as seguintes questões: para nos amargurar, será que não serão suficientes os terremotos, os tsunamis, os furacões, os tornados, os temporais, as inundações, as avalanches, os afundamentos e os colapsos, os deslizamentos ou escorregamentos de terra, os vulcões, os fluxos piroclásticos, as sopas de lama tóxica, o aquecimento global com conseqüências imprevisíveis, as epidemias e as pandemias, as ondas de calor, os incêndios florestais, as quedas de meteoros, as rajadas violentas de vento etc.? Será isto pouco? Queremos sofrer mais, e, por isto, toma de terrorismo? Queremos sofrer um pouco mais, e, por isto, toma de contraterrorismo? Repetindo: terrorismo não acaba com vindita, desagravo ou desforra! Se acabasse, já teria acabado. O que se vê é que, ao se desarticular um grupo ou uma célula terrorista aqui, brotam não sei quantos ali, lá e acolá! Até parecem o cordão dos puxa-sacos, uma passarinhada de papagaios de pirata ou uma choldraboldra de mensalocratas e de petroleocratas! Cada vez aumentam mais...

 

Segunda: o Profeta Muhammad – que a misericórdia e as bênçãos de Allah estejam sobre Ele – não foi o último Mensageiro que a Humanidade conheceu, no sentido de que não virá mais nenhum. O próprio Sagrado Alcorão reconhece diversos Mensageiros que O antecederam, como foi o caso, por exemplo, de Abraão, de Lot, de Xuaib, de Noé, de Jonas, de Elias e de Issa. Por exemplo, na Surata Yunus, Versículo 47, está afirmado: Cada povo teve seu Mensageiro; na Surata Ar Ra'd, Versículo 38 está asseverado: A cada época corresponde um Livro; na Surata Al Isrá, Versículo 77, está declarado: ... Mensageiros que havíamos enviado antes de ti...; e na Surata Ar Rum, Versículo 47, está dito: Antes de ti, enviamos Mensageiros aos seus povos, que lhes apresentaram as evidências. Logo, se Muhammad teve predecessores, oportunamente, terá sucessores (maiores e menores, pesos pesados, pesos-penas e pesos-minhocas, e com Missões específicas). As Coisas Divinas descem, digamos assim, de acordo com a época, com o ciclo em manifestação e com a compreensão da Humanidade. Causa, efeito, necessidade e oportunidade são os agentes regularizadores e convenientes desta descida, que está atrelada e é dependente do Raio prevalente. Não há extemporaneidade; há tempo para tudo. Se a compreensão atlante foi superior à compreensão lemuriana, certamente foi inferior à compreensão ária. A próxima Raça-raiz que virá no futuro estará em um nível tão avançado de conhecimento, que as antigas Religiões da 2ª Via epocalmente úteis (Judaísmo, Budismo, Catolicismo e Islamismo) terão que ser reformuladas ou fundidas em uma só (o que é o mais provável e o que deverá acontecer). Isto, de certa forma, já está se tornando patente nesta Era de Aquarius que estamos vivendo. Basta observar com atenção, por exemplo, no caso do Catolicismo, o que o Papa Francisco anda implementando e dizendo por aí aos quatro ventos. A Cúria Vaticana, de maneira geral, retrógrada e preconceituosa, está com os cabelos em pé, pois, se crê acima do Papa e do episcopado universal! Os meios de comunicação não cessam de falar da oposição que o Papa Francisco encontra entre os seus mais imediatos colaboradores. Na verdade, simbolicamente, o fato é que, nesta Era de Aquarius, os ponteiros do relógio tenderão a girar no sentido anti-horário. Tudo isto resultará em Liberdade sem adjetivos, sem imposições, sem dependências, sem preconceitos e, particularmente, sem céus e sem infernos. Aprenderemos, definitivamente, que somos responsáveis por tudo. E eu, aqui, quietinho no meu cantinho, só posso desejar vivamente e augurar: que assim seja!

 

 

 

 

Terceira: os Iniciados costumam se referir a Deus como Aquilo Incognoscível ou Aquele Inconhecível de Que ou de Quem nada se pode falar. Logo, quando o Sagrado Alcorão se refere a Allah como Clemente, Misericordioso, Indulgente, Prudente, Sapientíssimo, Onipotente, Agraciador, Onisciente etc., isto, na realidade, é um almejo sincero do Coração, e, portanto, uma espécie de transferência categorial e espiritual antropomórfica, pois, a consciência humana, originariamente e em seu imo – in Corde – é Divina. In potentia, Homo Deus est, só que, quase generalizadamente, ele (ainda) não sabe! Seja como for, Clemência, Indulgência, Complacência, Misericórdia, Prudência, Sapiência, Onipotência, Agraciação e Onisciência não se coadunam nem combinam com punição, castigo, impiedade, desvalimento, intransigência, rancor, vingança, talionato e exterminação. Estas coisas (ainda) são humano-plexo-solarizadas, não Divinas. Se acontecesse o inacontecível fato de que a Divindade viesse a cometer um ato vingativo, punitivo ou desconforme, por menor que o possamos conceber, o Universo entraria em colapso, e, aí, sim, teria início mesmo o Big Crunch (Grande Colapso). A antonímia-contradição Deus-premiador versus Deus-punidor – seja no sentido de gradação, seja no sentido de reciprocidade – foi (e, ainda, de certa forma, continua prevalecendo) uma necessidade educativo-coibitivo-impositiva, isto é, um argumento baculino que, desprezando a razão e empregando a força, apelou (e continua apelando) para a fé temerosa. Para a Divindade, coisas dissonantes são inteiramente impossíveis. Isto só cabe na mente humana, que ainda é, acima de tudo, cavernosa, limitada, preconceituosa e intolerante.

 

Quarta: o Clemente e o Misericordioso Allah de todos nós, de nossos Corações, sob nenhum aspecto, deve ser temido, mas, amado. Somente amado. Sempre amado. Acima do que quer que seja amado. Por que temer Aquilo ou Aquele que é Clemente, Misericordioso, Prudente, Sapientíssimo, Complacente, Onipotente, Agraciador, Onisciente et cetera? Isto não é conceptível. O Discernimento, a Libertação e a Ascensão não virão pelo temor a Allah nem por qualquer tipo de temor. Isto é inteiramente impossível. Cristãos, judeus e muçulmanos, com medo do inferno, rezam; mas, se realmente soubessem os Segredos de Deus, não plantariam as mesquinhas sementes do medo e da súplica. [In: Rubaiyat, Omar Khayyam; tradução (ligeiramente editada por mim) de Alfredo Braga.]

 

Quinta: usar a fé, a religião e uma idéia política – qualquer fé, qualquer religião e qualquer idéia política – como alavancas justificantes para promover atos de terror e cometer fratricídios é, no mínimo, uma abominação execrável, repulsiva e absurda, porque, na realidade, é muito mais e muito pior do que isto. Mas, como a Inquisição passou, o terrorismo também passará. Não se mata uma Pheretima havayana, quanto mais um ser-irmão-humano! Enfim, eu não tenho qualquer dúvida de que os senhores terroristas do ad-Dawlat al-Islamiyah e do ama'atu Ahlis Sunna Lidda'awati wal-Jihad, por exemplo, oportunamente, haverão de compreender isto. Allah não se compraz com degolas, destruições e sangue! Se aprovasse estas coisas e se se deleitasse com elas, como poderia ser Allah?

 

 

Crianças-soldados do ad-Dawlat al-Islamiyah
(Como isto pode ser possível?)

 

 

Eu só posso concluir este estudo dizendo: não há o eu-aqui e o ele-lá; somos todos Um. O perdão das ofensas será a tônica fundamental da Era de Aquarius. Não há essa separação-desunião-divisão extranatural e extravagante de Oriente e Ocidente, de acima do Equador e abaixo do Equador, de árabes e judeus, de sem-solidéu e com-solidéu, de devotos e ateus, de escolhidos e rejeitados, de abençoados e malditos, de carecas e cabeludos, de obesos e desembarrigados, de Bíblia Sagrada e Sagrado Alcorão, de Issa e Muhammad etc. Só há o Homo Universalis Divinus et Æternus. Como disse Protágoras (Abdera, cerca de 490 a.C. – Sicília, cerca de 415 a.C.), o homem é a medida de todas as coisas: das coisas que são, enquanto são, e das coisas que não são, enquanto não são. As Forças da LLuz Illuminarão a Humanidade. O Espírito de Paz se difundirá por todo o Planeta. O Espírito de Cooperação unirá os homens em uma só Vontade Fraterna. A Grande Loja Negra e o império do mal serão deletados. Está feito. Está selado. Para sempre. A.'.U.'.M.'. Que haja Paz!

 

 

 

 

 

 

Música de fundo:

Surat Al-Masadd
Interpretação: Al-Hussayni Al-'Azazy (with Children)

Fonte:

http://quranicaudio.com/quran/55

 

Páginas da Internet consultadas:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Nigredo

http://www.dicionariodesimbolos.com.br/agua/

http://www.dicionariodesimbolos.com.br/j/

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Water
_molecule_rotation_animation_large.gif

http://cliparts.co/clipart/3428896

http://www.fflch.usp.br/df/opessoa/FiFi-14-Cap09.pdf

http://hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/
hbase/relativ/ltrans.html

http://www.whatitequals.com/variables/lorentz-factor

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fator_de_Lorentz

http://www.barenakedislam.com/2015/01/13/islamic-state

https://www.jihadwatch.org/2014/11/islamic
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https://www.google.com.br/search?q=islamic+state

http://br.depositphotos.com/74857069/
stock-illustration-stamp-web-icon.html

https://pixabay.com/pt/photos/heart%20hands/

http://proscreensurveys.com/author/doncuniff/

http://cliparts.co/clipart/2585000

http://www.ibamendes.com/2011/04/
aristoteles-e-justificacao-da.html

http://www.culturabrasil.org/zip/alcorao.pdf

 

Direitos autorais:

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