Duas
flores se encontraram,
e
a papear começaram.
Com
um ar de não sei não,
chuchou
a rosa-do-japão:
—
Sou
mais linda do que tu.
—
Mas também
cagas pelo cu —
respondeu
a rosa-de-cão,
dando
um traquinho de salão.
Uma
linda rosa-vermelha,
num
vaso, ouvia a intriguelha.
—
És pra lá
de mal-educada —
chiou
a rosa-do-japão, abalada.
—
Não
sou não, ó do-japão.
Só
não dou uma de beija-mão.
Manja
só a rosa-vermelha:
que
flor à ela se assemelha?
—
Nossa vida dura pouco.
Melhor
faz o pia-pouco
que
não entra em papo-furado
nem causa qualquer desagrado.
—
Flores que se acham estupendas,
um
dia, secarão e ficarão horrendas.
Mas,
se espargirem compassividade,
ao
partirem, deixarão saudade.
Passada,
ciciou a rosa-do-japão:
—
Irmã, tu tens toda a razão;
derramei
um tolo palavrório.
Obrigada
pelo bom adjutório.